Belo Horizonte é uma cidade medíocre, pelo que poderia ter sido: cidade planejada, nascida do nada, toda inventada pelos homens. Eu que nasci e passei toda a minha vida aqui tenho direito de dizer isso. Cidade capitalista na sua essência: prevaleceram sempre no seu crescimento os interesses do capital, que tudo destrói em busca do lucro, sem pensar no futuro, a não ser no futuro com mais riqueza individual, não coletiva. Bastava que o planejamento inicial fosse mantido pelos governos seguintes, ao longo deste século e quase meio, com revisões periódicas, decisões pensando nos interesses da população e das gerações futuras, e poderia ter se tornado uma metrópole fantástica, mas não foi nada disso que aconteceu. O que BH tinha de bom na origem foi destruído, o que foi feito depois também. O que restou são ruínas de um futuro do passado: a Pampulha, o Mercado Central, o Parque Municipal, a Praça da Liberdade, este adorável Parque das Mangabeiras, no sopé da Serra do Curral, não muito mais. Tudo funcionando em condições precárias, sempre ameaçado pelo avanço dos interesses do dinheiro privado e abandonado pela falta de dinheiro público. Medíocre e triste.
Crédito da foto: Suziane Brugnara / PBH.