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sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Uma história exemplar do Brasil contemporâneo

Eu diria que o Brasil contemporâneo está dividido entre três forças políticas (a política é expressão da sociedade): a primeira, pujante, é a do crime organizado, que expressa o neoliberalismo desenfreado, assumiu o poder com o golpe do temer em 2016, continuou no governo do bozo, ocupou diversos governos estaduais, conta com o apoio eleitoral crescente do povão liderado pelas igrejas evangélicas (que prometem progresso aos pobres como o desta história, e sabemos com provas agora como esse progresso se dá) e manipulado pelas redes sociais, apesar da derrota eleitoral em 2022 e do processo exemplar que condenou os golpistas de extrema direita, tenho dúvida se não voltará ao poder federal no ano que vem; a segunda é a força rendida ao neoliberalismo que tenta desesperadamente manter o Estado sob rédeas civilizadas, inclusive na corrupção e no crime, que se traduz em instituições como o STF, a PF, o Lula (sim, Lula se transformou numa instituição brasileira), parte da imprensa e outras instituições republicanas; a terceira é uma força emergente, que diz que não é possível controlar a ordem burguesa neoliberal corrupta, criminosa e destruidora e que o sistema capitalista precisa ser substituído por outra ordem que coloque a conservação do ambiente, a igualdade e a democracia em primeiro lugar.  

O destruidor da Serra do Curral 

O destruidor da Serra do Curral 

Quem é Alan Cavalcante do Nascimento, empresário que a PF aponta como líder de um esquema que corrompia funcionários públicos e fraudava licenças ambientais em Minas Gerais

Por Allan de Abreu, revista Piauí, 17 set 2025, 11h31 

Na manhã desta quarta-feira (17), a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram uma operação que investiga a corrupção de servidores públicos na área ambiental e de mineração em Minas Gerais. A suspeita é de que empresários pagavam propina para liberar projetos e fraudar licenças ambientais. Segundo a PF, o líder desse grupo criminoso é Alan Cavalcante do Nascimento, um alagoano que fez fortuna na mineração e deixou um rastro de devastação no estado. A piauí publica, abaixo, o trecho de uma reportagem de outubro de 2023 que conta a história de Nascimento e seus rolos na Justiça.



A festa de Réveillon do empresário Alan Cavalcante do Nascimento talvez seja a coisa mais parecida com as luxuosas farras de O grande Gatsby que Alagoas já viu. Na sua mansão de três andares, no Laguna Heliport, o condomínio com o metro quadrado mais caro do estado, o empresário promove três semanas de festa, com direito a pool party e passeios de catamarã. O ponto alto é o dia da virada para o Ano-Novo, quando cerca de quinhentos convidados costumam assistir a shows ao vivo – o último foi o da banda Saia Rodada, cujo cachê pode chegar a 400 mil reais por apresentação. O notável é que, há apenas dez anos, a diversão de Alan Cavalcante – ele prefere ser chamado pelo primeiro sobrenome – limitava-se a corridas de motocross e comemorações no modesto quintal da casa em que vivia, uma edícula em Arapiraca, no agreste alagoano.  

“Eu não era pobre, eu era muito pobre”, disse ele, em conversa com a piauí. “Eu enriqueci com muito trabalho, de segunda a segunda, mais de doze horas por dia.” Em abril do ano passado, numa festa de aniversário, o empresário se emocionou, abraçado à sua mulher, Monica, e à sua irmã Alany, a aniversariante do dia, quando a dupla sertaneja César Menotti & Fabiano, em um show na mansão do Laguna, cantou Tá chorando por quê?. A letra fala de como a prosperidade chega com a bênção divina: Lembra de onde você veio e aonde que você chegou/Lembra de todos os livramentos que você já passou/Nem era para você estar aqui/Mas Deus falou assim:/“Esse aí vou levantar”/“E onde colocar a mão ele vai prosperar.”

E Cavalcante prosperou. Seu patrimônio formal inclui um conglomerado de 38 empresas, entre mineradoras, construtoras e imobiliárias, a maioria em Minas Gerais, e uma multiplicidade de sócios. O capital social de suas empresas, somado, passa de 100 milhões de reais. Em junho passado, seu rosto tornou-se mais conhecido nas redes sociais quando deu o maior lance no leilão beneficente do atacante Neymar, em São Paulo: 1,2 milhão de reais pelo blazer e pelo cordão de ouro e diamantes que o jogador usava no evento. O valor incluiu ainda o Rolex de um empresário amigo do jogador.

Clique aqui para continuar lendo na piauí. Não identifiquei, na revista, o crédito da foto. 

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