sábado, 23 de agosto de 2025

Debate entre um stalinista e um trotskista

Interessante. As discussões sobre socialismo etc., que o lulopetismo eliminou nas últimas décadas, estão voltando. Breno Altman não me parecia um stalinista ardoroso como se revela aqui. É o segundo que vejo, o primeiro é do PCdoB, Elias Jabbour. Ressuscitar Stalin em 2025 é o fim da picada. Conhecer a história e debatê-la é fundamental, mas vamos partir do princípio de que os crimes do Stalin não têm justificativa, se não queremos repeti-los ou que se repitam. É impressionante, eu pensava, ingenuamente, que o stalinismo tinha acabado, pela evidência histórica do seu fracasso e dos seus crimes, que não foram erros, como quer Altman. O trotskista Gustavo Machado tem muitas informações, mas é fraco na retórica. Ele até toca nas questões, mas não é convincente, Altaman é muito mais, mas tergiversa o tempo todo e Machado não o aperta, por exemplo: a matança dos comunistas, a eliminação das lideranças dos trabalhadores e do partido bolchevique são toleráveis? Foram corretas? Altman diz: "Se Stalin foi um tirano..." Se? Não foi então? Machado não o obriga a afirmar isso. Na prática, Altman não tem muito o que ganhar num debate assim, exatamente porque o trotskismo é muito fraco e não convence. É perda de tempo, a não ser que seja para defender o stalinismo, mas ele afirma logo no começo que não existe stalinismo. O que seria então o stalinismo se não é stalinismo? A questão principal, para mim, é que o trotskismo joga no campo do stalinismo e nele não tem como ganhar, pode desgastar o adversário, mas não derrotá-lo. Obviamente, Stalin não chegou nem se manteve no poder sendo um idiota, como Trotski o pintou. Um assassino, um genocida, um antirrevolucionário, um antimarxista e antileninista, mas não um imbecil. Seja com o for, é um debate ideológico que não tem ganho para a esquerda, para os trabalhadores, para a espécie humana sobreviver, enfim. São os mesmos argumentos da década de 1970. No fim das contas, é um depoimento aterrorizador sobre a revolução bolchevique. Lá pelas tantas Altman compara Trotski a Ciro Gomes. Dá vontade de rir. Eu até pressentia que ia chegar nisso, porque os stalinistas defendem Lula com a mesma cara de pau. Considerando que nunca tinha visto um debate franco e civilizado entre um trotskista e um stalinista, foi importante e até provoca esperança, embora não haja convergência. A consideração final do Altman sobre Stalin é lamentável. Apesar do extenso conhecimento que ele tem, sua posição mantém vivo o pior do stalinismo. No fim, minha crítica ao trotskismo é a mesma do Altman: ele não foi capaz de conquistar a classe operária mundial, de formar uma IV Internacional dos trabalhadores forte e influente. A crítica ao stalinismo é maior: nada justifica os crimes do Stalin contra seus opositores internos (isto é, todas as lideranças bolcheviques) e contra as revoluções em outros países. A propósito, hoje é aniversário (76 anos) da assinatura do pacto de não agressão entre a URSS stalinista e a Alemanha hitlerista. 

 

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