quarta-feira, 18 de junho de 2025
Natália Pasternak: psicanálise é pseudociência
"Freud fraudou resultados."
terça-feira, 17 de junho de 2025
História do Brasil de 1500 a 2025, resumida
Os europeus chegaram neste continente, trouxeram com eles os primórdios do capitalismo, começaram a destruir a Natureza e dizimar os indígenas, cujos sobreviventes fugiram para a Amazônia, os descendentes dos europeus foram atrás, destruindo tudo que encontraram pelo caminho, para produzir minério, madeira, criar gado, plantar cana-de-açúcar, café e soja para exportação, o que chamam de agronegócio, que é um negócio criminoso financiado com dinheiro público e apoiado pelas polícias e justiça, que ganha ou toma à força as terras dos seus habitantes originais e terras públicas, derruba a vegetação, contamina e seca os rios, envenena a terra e as plantações, massacra populações, escraviza trabalhadores e ganha bilhões, se apropria junto com os banqueiros de toda a riqueza produzida no país pelo trabalho dos brasileiros que vivem na miséria e destrói a biodiversidade extraordinária destas terras.
Como isso foi e é possível?
Primeiro, a partir de 1500, pela força das armas, da tecnologia e da religião cujos missionários acompanharam a ocupação portuguesa; lá pelas tantas, em 1808, o rei português colonizador e sua corte vieram para o Brasil, fugindo da invasão da sua nação por Napoleão, ficaram treze anos e quando voltaram deixaram aqui o herdeiro do trono, Pedro, que se tornou imperador do Brasil, sucedido depois por seu filho Pedro II; lá pelas tantas também, em 1889, quando o Império aboliu a escravidão dos africanos e seus descendentes, os militares do Exército recém-criado para lutar contra o Paraguai (uma guerra cruel e a mais longa do continente, mais longa que a Guerra de Secessão americana, e que fez 400 mil mortos, 70% deles paraguaios, toda a população masculina adulta e juvenil), em associação com os fazendeiros, dos quais os atuais agrotoxiconegociantes são descendentes, derrubaram e exilaram o imperador, sua família e seu séquito e começaram a República; lá pelas tantas, em 1930, quando o capitalismo mundial entrou na sua maior crise, em meio a revoluções socialistas e fascistas, e as exportações brasileiras entraram em colapso, setores dos fazendeiros e do Exército derrubaram o governo republicano, implantaram uma ditadura e começaram a construção do “Estado Novo”, baseado no nacionalismo, na modernização, na industrialização, na urbanização; lá pelas tantas, quando a II Guerra Mundial acabou com a derrota da Alemanha, da Itália e do Japão e a divisão do mundo em dois blocos de influência, um capitalista, liderado pelos EUA, e outro socialista, liderado pela URSS, um novo golpe derrubou a ditadura que tinha durado 15 anos e começou a “república populista”, com eleições diretas do presidente, governadores, prefeitos, senadores, deputados federais e estaduais e vereadores, organização de novos partidos e organizações de trabalhadores, além da disputa da continuação do projeto nacionalista entre o modelo original e um modelo sob influência dos EUA; lá pelas tantas, os militares do projeto sob influência dos EUA, que perdia todas as eleições presidenciais para o projeto nacionalista, deram um novo golpe e implantaram uma ditadura que durou 21 anos; lá pelas tantas, desgastados por crises econômicas, impopulares e perdendo apoio dos ricos, setores militares resolveram devolver o poder para os civis, foram diminuindo a ditadura aos poucos e finalmente, em 1985, perderam a eleição no colégio eleitoral que referendava os presidentes militares (foram cinco, além de uma junta militar provisória) e um presidente civil foi eleito, mas morreu antes de tomar posse, de forma que assumiu o seu vice, que tinha sido um civil colaborador da ditadura, o qual governou durante cinco anos e depois aconteceu a primeira eleição direta para presidente desde o golpe militar de 1964, inaugurando uma nova Constituição cheia de direitos e liberdades que representavam os anseios do movimento de redemocratização que ajudou a derrubar a ditadura e promoveu as maiores manifestações populares da história do Brasil, na chamada campanha da Diretas já!; começa então, em 1989, uma nova fase política que já dura 35 anos, caracterizada pela vigência da nova Constituição, da eleição direta do presidente, primeiro com mandato de cinco anos, depois com mandato de quatro anos com reeleição, copiando o modelo americano, e adoção da cartilha do capitalismo neoliberal na qual o Brasil abandona o nacionalismo e a industrialização e se torna exportador de minérios, carnes, soja, café e outros produtos agrícolas, comandado por banqueiros e latifundiários associados ao capital internacional, ao qual se submetem os partidos e líderes políticos emergentes após a ditadura, a saber: PRN, PSDB, PT, PL, Collor, FHC, Lula, Dilma, Bolsonaro, período no qual não faltam golpes, agora dados pelo Congresso e legitimados pelo STF, com maior ou menor participação dos militares e aos quais aderem os principais partidos e políticos no momento que lhes convém, nas formas de impeachment, processos judiciais, prisões, mudança no mandato presidencial, em 1992, 1997, 2016, 2018, 2025; a fase atual do Brasil é de deterioração política, econômica, ambiental, social e institucional, que caracteriza o fim do modelo citado acima, no qual políticos corruptos e corrompidos pelo sistema ajustam permanentemente as leis e as instituições para permanecerem no poder e servirem ao capital hegemônico, isto é, banqueiros e agrotoxiconegociantes, equilibrando-se entre os poderes do capital (“mercado”, “bolsas”, “investidores” etc.), do Congresso, da justiça, especialmente do STF, pesquisas de opinião, redes sociais, veículos de comunicação, interesses das suas bases eleitores, além dos seus interesses particulares, do interesse nacional e do voto popular expresso de quatro em quatro anos, sendo que dois últimos, os mais importantes, são os menos considerados, na verdade são incômodos que, se fosse possível, eles aboliriam e sempre que podem abandonam – o interesse nacional submetendo-o aos interesses dos lobbies e o voto popular logo depois da eleição (agora mesmo o Congresso está em vias de aprovar uma nova mudança nas regras eleitorais que aumenta os mandatos para cinco anos, proíbe a reeleição nos cargos do Executivo e faz coincidir as eleições, ou seja, o incômodo da manifestação popular só acontecerá de cinco em cinco anos; os deputados, senadores e vereadores continuarão com o direito à reeleição eterna. É curioso observar que, quando o interesse da reeleição era manter FHC no cargo, a mudança valeu para o presidente em exercício, mas agora o fim da reeleição não vai valer para os atuais prefeitos, governadores e presidente; além disso, os mandatos dos futuros prefeitos serão aumentados para seis anos, para possibilitar a coincidência das eleições, ou seja, teremos prefeitos com mandatos de dez anos! – os políticos só legislam em causa própria, o que é uma característica do corporativismo dominante no país, que longe de ser uma nação é formado por castas, que nunca pensam no interesse nacional ou do povo).
segunda-feira, 16 de junho de 2025
Cenas do fim do mundo: vida individual e ação política
Há alguns dias notei que o ator Lázaro Ramos anda sumido, mas eu não tenho televisão e não acompanho noticiário de celebridades, podia estar enganado. Hoje vi essa notícia abaixo, que não pode ser compartilhada, mas pode ser lida no link. Reproduzo aqui porque é uma questão importante do mundo globalizado: a relação entre a vida individual e a situação geral da espécie humana e da Terra. O que aconteceu com o ator é o que acontece silenciosamente com todos nós que acompanhamos as notícias do mundo e do Brasil e olhamos a nossa cidade quando andamos nas ruas.
Os idiotas não sofrem com o que está acontecendo e até justificam e promovem as atrocidades, os conscientes sofrem. É comum que aqueles que protestam por causas gerais ajam na vida pessoal de forma contrária ao que dizem defender. O genocídio dos palestinos por um povo que sofreu genocídio é um terror que mobiliza ativistas, o genocídio dos pretos no Brasil pelas polícias não mobiliza. O que indivíduos podem fazer para melhorar o mundo? Eis a questão. Quando a ação se dá em torno de instituições, como partidos e outras, torna-se política e política é negociação, é falsidade, aparência, dinheiro, corrupção, interesses e coisas assim. O controle dos judeus sionistas sobre a comunicação mundial é impressionante, o controle dos banqueiros sobre a comunicação brasileira, também. O filme de um banqueiro que denuncia a ditadura militar ganhou Oscar, mas o cineasta não fala do Brasil contemporâneo, dos 99,99% dos brasileiros que os juros bancários mantêm na pobreza e na miséria. Sofrer pelo mundo e fazer o quê? E as vidas dos pobres e miseráveis que já são tão sofridas? E as vidas individuais de luxos dos ricos e célebres hipócritas que protestam? Coerência entre vida individual e vida social, ação política consequente e radical: acho difícil salvar o Homo sapiens (por sinal, o grande escritor e judeu sionista israelense Yuval Harari se cala criminosamente sobre o genocídios dos palestinos) e a Terra de outra forma que não esta. Tudo nesse cenário do fim do mundo é muito contraditório.
'Meu corpo parou e eu me vi adoecido': o desabafo de Lázaro Ramos na Bienal
Filipe Pavão De Splash, no Rio 15/6/2025 22h52
Lázaro Ramos, 46, relembrou o episódio de burnout que teve em 2024 e fez um desabafo hoje, durante a Bienal do Livro, no Rio. Compartilhou uma confissão particular sobre adoecimento emocional recente, causado por um período intenso de trabalho, como revelou anteriormente, e por absorver as "dores do mundo" – em especial, as que atingem as pessoas negras. "Uma das coisas que me fez adoecer no ano passado foi porque estava ouvindo os problemas das pessoas, do mundo e eu processava como se fosse comigo. Eu tinha sensações físicas, mentais, pensamento… Não conseguia distinguir um pensamento do outro. Eram quatro coisas ao mesmo tempo."
Cenas do fim do mundo: troca de CPF em mandado de prisão atinge jornalista
Sakamoto é parado pela PM, CPF e placa de carro em mandado de prisão foram adulterados.
Cientista judeu especialista em genocídio afirma que Israel pratica genocídio dos palestinos
É óbvio. O fato de a imprensa não tratar o assunto dessa forma e o mundo não se revoltar mostra como Israel e Estados Unidos controlam a informação mundial. Timidamente, a BBC toca no assunto. É significativo que a entrevista não esteja assinada: é para proteger o autor ou a autora da perseguição de Israel. Nessa cena do fim do mundo, o mundo acompanha um genocídio como nunca aconteceu antes e não nos revoltamos, as autoridades nacionais e mundiais não o impedem. Escolas, hospitais, igrejas, áreas residenciais são bombardeados, crianças, mulheres, médicos, enfermeiros, jornalistas, funcionários de instituições de ajuda internacional são mortos. Tudo acontece há dois anos diariamente e assistimos pela televisão e pela internet. O mundo vai acabar assim, sem reação da espécie humana para defender a vida, a vida individual e a vida de todos.
'O que Israel faz em Gaza não tem precedentes no século 21', diz historiador israelense especialista em holocausto
BBC News Mundo
"O que está acontecendo em Gaza se encaixa na definição de genocídio, uma tentativa de destruir um grupo como tal", afirmou Omer Bartov à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC.
Bartov é professor de estudos sobre Holocausto e genocídio na Universidade Brown, nos Estados Unidos. Ele é um dos maiores especialistas em genocídio mundialmente, de acordo com o site do Museu Memorial do Holocausto dos EUA.
O historiador é cidadão israelense e americano e, na década de 1970, foi soldado do Exército israelense.
Inicialmente, Bartov não classificou como genocídio as ações militares de Israel em Gaza após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. Agora, ele não hesita em fazer isso, e afirma que há um consenso neste sentido entre especialistas em genocídio.
Bartov explicou à BBC News Mundo por que mudou de posição e por que a ação israelense em Gaza "não tem equivalente" na história recente. Ele também refletiu sobre algo que descreve como "perturbador": a indiferença de muitos israelenses ao sofrimento dos palestinos.
Israel enfrenta uma acusação de genocídio na Corte Internacional de Justiça (CIJ), e o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, tem um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por supostos crimes de guerra.
O parlamentar israelense Boaz Bismuth, leal a Netanyahu e suas políticas, argumenta: "Como podem nos acusar de genocídio quando a população palestina cresceu não sei quantas vezes? Como podem nos acusar de limpeza étnica quando estou deslocando a população dentro de Gaza para protegê-la? Como podem nos acusar quando estamos perdendo soldados para proteger nossos inimigos?"
Israel lançou uma campanha militar em Gaza em resposta ao ataque pela fronteira do Hamas em 7 de outubro de 2023, no qual cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e outras 251 foram feitas reféns.
Desde então, os ataques israelenses mataram pelo menos 54.470 pessoas em Gaza, incluindo mais de 17 mil crianças, de acordo com o Ministério da Saúde do território, administrado pelo Hamas.
A seguir, está a entrevista que a BBC News Mundo fez com Omer Bartov.
BBC News Mundo - Nos primeiros meses após o ataque do Hamas, você não usou a palavra genocídio para se referir às ações de Israel em Gaza. Quando e por que você mudou de posição?
Omer Bartov - Mudei de opinião e passei a acreditar que Gaza é inegavelmente um caso de genocídio no início de maio de 2024.
Em novembro de 2023, escrevi que havia evidências de crimes de guerra, possivelmente crimes contra a humanidade.
Eu ainda não tinha certeza de que havia provas suficientes de genocídio. Mas havia indícios de que poderia chegar a isso, porque havia declarações com conteúdo genocida.
Em maio de 2024, quando as Forças de Defesa de Israel (FDI) entraram em Rafah e desalojaram cerca de um milhão de pessoas para a região de Al-Mawasi, uma área sem infraestrutura à beira-mar, isso parecia indicar que se tratava de uma operação com intenções genocidas, intenções que já haviam sido manifestadas em outubro de 2023.