terça-feira, 9 de setembro de 2025

Influenciadores "marxistas"

Acompanho muitos podcasts, há uma efervescência de discussões na internet, especialmente no YT. São os revolucionários de redes sociais. Me distraio, me informo, admiro muitos participantes, “influenciadores”, mas minha admiração é limitada. Quer dizer, minha admiração considera o que as pessoas fazem, não o que dizem. Um dos influenciadores mais destacados, por exemplo, é um brilhante artista, ator, escritor, mas será que ele quer mudar o mundo, acabar com o capitalismo, salvar o ambiente, criar o socialismo que só pode ser ambientalista? Acho que não, porque não age para isso, acho que o que ele quer é viajar, apresentar seus espetáculos, ser admirado e aplaudido, ganhar dinheiro para manter sua arte, enfim, continuar levando uma boa vida no sistema capitalista.

E assim vai, influenciador após influenciador; todos estão sobrevivendo, o que significa ganhando dinheiro e mantendo vivo o sistema capitalista, produzindo entretenimento na internet. O conhecimento que difundem e a consequente elevação da consciência do público, se é que acontece, corresponde à formação de uma ideologia, mas que ideologia é essa? A que ela leva? No caso do podcast citado, não é muito mais do que condenar a extrema direita e apoiar o Lula, ou rejeitar o sionismo e apoiar os palestinos.

O que eu quero dizer é que não existe um horizonte, uma estratégia, um projeto do que se chama de esquerda e reverencia o pensamento marxista. As críticas, as análises, as discussões que acontecem na internet, inúmeras, não levam a um plano para mudar a sociedade, extinguir o capitalismo e criar o socialismo, embora todos se digam revolucionários ou pelo menos reformistas, comunistas ou socialistas. Todos estão extremamente preocupados com a sociedade, mas cuidam só das suas vidas individuais, todos estão apavorados com o futuro, mas se ocupam de gozar o presente, todos, enfim, se dizem socialistas, mas vivem vidas capitalistas.

Ok, no capitalismo só se pode viver de forma capitalista, mas é preciso reconhecer então que nada fazemos para a acabar com o capitalismo, ao contrário, estamos contribuindo para sua continuação e para a barbárie à qual ele nos conduz. A internet é um interessante meio de difusão de conhecimentos, mas a transformação social é outra coisa, não será feita por multidões de seguidores lideradas por influenciadores. Ou será? Penso que a "revolução" precisa ser feita por pessoas reais, em relações sociais reais, em ambientes reais. Mais do que isso: é preciso ter instituições concretas, formas de organização de pessoas físicas, na sociedade real. E mais ainda: é preciso ter um plano, um projeto para a sociedade, um programa bem concreto contemplando tudo que se quer mudar, com soluções melhores do que o conforto destruidor da civilização capitalista. Quem tem esse plano?

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