Há um crescente movimento de marxistas de internet no Brasil, não sei se em outros lugares também. São várias correntes representadas por verdadeiras estrelas do marxismo de redes sociais. É um movimento muito interessante e informativo, quando comecei a ver só tinha elogios, apesar de olhar criticamente, porque tenho minha opinião sobre o assunto, mas os “influenciadores” marxistas são jovens com formação acadêmica, muita leitura e muito conhecimento.
Minha admiração vem também do fato de serem destemidos, se proclamam revolucionários numa sociedade em que a extrema direita cresce e persegue comunistas, há décadas ataca ferozmente a esquerda que sequer é comunista, na verdade é reformista, menos que isso, de centro, e na prática neoliberal, numa palavra, petista. É uma posição corajosa, portanto se declarar marxista e revolucionário numa sociedade em que é a extrema direita (que muitos chamam de fascista e outros discordam, pois consideram que o fascismo foi um fenômeno específico da Itália nos anos 1920) é agressiva e violenta.
Os marxistas de redes sociais cumprem um papel interessante, inclusive porque discutem entre si, democraticamente, frequentam inúmeros podcasts e promovem o conhecimento.
Enfim, só vejo benefícios nesse movimento, inclusive para mim, que testo minhas posições e ganho conhecimentos, mas não posso deixar de pensar que importância tem isso para a “revolução”, isto é, para a transformação social.
Talvez, de fato, não passe de mais uma onda de entretenimento. Não basta conhecer Marx e Lênin, é preciso agir politicamente.
O PT está cheio de marxistas e leninistas, que eram mais ativos socialmente há quarenta anos do que os marxistas de redes sociais são hoje, isto é, estavam ligados a movimentos sociais, embora fossem igualmente acadêmicos. O PSOL foi um racha de esquerda do PT, mas toda a esquerda que entra na política burguesa real se rende a ela; alguns resistem bravamente e nesses raros casos, que eu admiro, é possível ver como é difícil conciliar a coerência ideológica com a ação efetiva.
Esses novos marxistas de redes sociais, por enquanto, até onde sei, não passam de militantes de internet. De qualquer forma é bom, eu sempre fui e continua sendo a favor do novo, da renovação, do questionamento, da contestação.
A questão que eu coloco é que influência real esse marxismo tem. Ou por outra: embora se digam revolucionários, eles não têm atuação revolucionária, porque, na concepção marxista, a revolução será feita pelo trabalhadores e eles não têm atuação concreta entre trabalhadores.
Esta é a velha fraqueza da esquerda e foi a força do PT, diante da qual sucumbiram todos os marxistas-leninistas da minha geração, a de 77, e da geração de 68. A novidade histórica, em 2025, é que Lula está completando 80 anos, sua influência está prestes a acabar.
A questão é saber como esses novos marxistas vão se ligar às massas. Será que sua pretensão é serem líderes virtuais? Será que pretendem fazer a revolução com seus “seguidores”?
O grande lance da Revolução Russa de 1917 foi Lênin e Trotski terem conseguido liderar as massas, a partir do partido bolchevique e dos sovietes operários. Eles conseguiram unir a teoria marxista com a ação política e lideraram as massas para tomar o poder político e começarem a construção de uma nova sociedade. O fato único da revolução russa foi ter sido planejada a partir de uma teoria política. Embora vitoriosos, eles fracassaram, ao contrário do que pensa Breno Altman, mas já é impressionante seu feito, antes que a ditadura stalinista se impusesse.
A questão sobre os marxistas de redes sociais, portanto é simples e clara, para mim: eles são excelentes, modernos e democráticos divulgadores do marxismo e suas variantes, e isso ajuda a formar cidadãos bem informados e críticos, mas sua influência não é revolucionária, porque a revolução depende de atuação política nas classes sociais, nos seus movimentos e organizações.
Eu duvido que uma revolução possa ser feita com “seguidores” e “laiques”. É claro que posso estar errado. Seja como for, é preciso esclarecer isso: marxistas de redes sociais pretendem ser líderes políticos revolucionários, a exemplo do Lênin, do Trotski e outros, ou apenas (o que não é pouco) divulgadores do marxismo e suas vertentes?
Como seria essa revolução liderada por marxistas de redes sociais? Mobilizam-se os seguidores para manifestações, como das “primaveras”, e para o voto nas eleições burguesas? Mantêm-se os mecanismos burgueses de poder, o Congresso, os governos executivos, o Judiciário? Esses poderes continuarão como são? A mudança será só de ocupantes? Ou será reformados? Ou serão criados novos mecanismos de poder? Quais? O melhor disso, conforme disse, é colocar em pauta a discussão de uma revolução popular democrática.
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