sábado, 6 de setembro de 2025

Revolução dos "seguidores"?

Há um crescente movimento de marxistas de internet no Brasil, não sei se em outros lugares também. São várias correntes representadas por verdadeiras estrelas do marxismo de redes sociais. É um movimento muito interessante e informativo, quando comecei a ver só tinha elogios, apesar de olhar criticamente, porque tenho minha opinião sobre o assunto, mas os “influenciadores” marxistas são jovens com formação acadêmica, muita leitura e muito conhecimento. 

Minha admiração vem também do fato de serem destemidos, se proclamam revolucionários numa sociedade em que a extrema direita cresce e persegue comunistas, há décadas ataca ferozmente a esquerda que sequer é comunista, na verdade é reformista, menos que isso, de centro, e na prática neoliberal, numa palavra, petista. É uma posição corajosa, portanto se declarar marxista e revolucionário numa sociedade em que é a extrema direita (que muitos chamam de fascista e outros discordam, pois consideram que o fascismo foi um fenômeno específico da Itália nos anos 1920) é agressiva e violenta. 

Os marxistas de redes sociais cumprem um papel interessante, inclusive porque discutem entre si, democraticamente, frequentam inúmeros podcasts e promovem o conhecimento. 

Enfim, só vejo benefícios nesse movimento, inclusive para mim, que testo minhas posições e ganho conhecimentos, mas não posso deixar de pensar que importância tem isso para a “revolução”, isto é, para a transformação social. 

Talvez, de fato, não passe de mais uma onda de entretenimento. Não basta conhecer Marx e Lênin, é preciso agir politicamente. 

O PT está cheio de marxistas e leninistas, que eram mais ativos socialmente há quarenta anos do que os marxistas de redes sociais são hoje, isto é, estavam ligados a movimentos sociais, embora fossem igualmente acadêmicos. O PSOL foi um racha de esquerda do PT, mas toda a esquerda que entra na política burguesa real se rende a ela; alguns resistem bravamente e nesses raros casos, que eu admiro, é possível ver como é difícil conciliar a coerência ideológica com a ação efetiva. 

Esses novos marxistas de redes sociais, por enquanto, até onde sei, não passam de militantes de internet. De qualquer forma é bom, eu sempre fui e continua sendo a favor do novo, da renovação, do questionamento, da contestação. 

A questão que eu coloco é que influência real esse marxismo tem. Ou por outra: embora se digam revolucionários, eles não têm atuação revolucionária, porque, na concepção marxista, a revolução será feita pelo trabalhadores e eles não têm atuação concreta entre trabalhadores. 

Esta é a velha fraqueza da esquerda e foi a força do PT, diante da qual sucumbiram todos os marxistas-leninistas da minha geração, a de 77, e da geração de 68. A novidade histórica, em 2025, é que Lula está completando 80 anos, sua influência está prestes a acabar. 

A questão é saber como esses novos marxistas vão se ligar às massas. Será que sua pretensão é serem líderes virtuais? Será que pretendem fazer a revolução com seus “seguidores”? 

O grande lance da Revolução Russa de 1917 foi Lênin e Trotski terem conseguido liderar as massas, a partir do partido bolchevique e dos sovietes operários. Eles conseguiram unir a teoria marxista com a ação política e lideraram as massas para tomar o poder político e começarem a construção de uma nova sociedade. O fato único da revolução russa foi ter sido planejada a partir de uma teoria política. Embora vitoriosos, eles fracassaram, ao contrário do que pensa Breno Altman, mas já é impressionante seu feito, antes que a ditadura stalinista se impusesse. 

A questão sobre os marxistas de redes sociais, portanto é simples e clara, para mim: eles são excelentes, modernos e democráticos divulgadores do marxismo e suas variantes, e isso ajuda a formar cidadãos bem informados e críticos, mas sua influência não é revolucionária, porque a revolução depende de atuação política nas classes sociais, nos seus movimentos e organizações. 

Eu duvido que uma revolução possa ser feita com “seguidores” e “laiques”. É claro que posso estar errado. Seja como for, é preciso esclarecer isso: marxistas de redes sociais pretendem ser líderes políticos revolucionários, a exemplo do Lênin, do Trotski e outros, ou apenas (o que não é pouco) divulgadores do marxismo e suas vertentes? 

Como seria essa revolução liderada por marxistas de redes sociais? Mobilizam-se os seguidores para manifestações, como das “primaveras”, e para o voto nas eleições burguesas? Mantêm-se os mecanismos burgueses de poder, o Congresso, os governos executivos, o Judiciário? Esses poderes continuarão como são? A mudança será só de ocupantes? Ou será reformados? Ou serão criados novos mecanismos de poder? Quais? O melhor disso, conforme disse, é colocar em pauta a discussão de uma revolução popular democrática.  

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