O brilhante jornalista Breno Altman, que já nos deus aulas sobre a história do sionismo, do Estado de Israel e do genocídio dos palestinos (sempre é importante lembrar que ele é judeu), nos dá agora uma aula detalhada da história da Venezuela, chegando ao chavismo e à situação atual, que acompanha de perto desde 1984. Vale a pena ouvir. Conhecer história muda a ideologia.
Breno Altaman - A história da Venezuela - podcast 3 Irmãos #857
Mais entreguismo e mais destruição ambiental. A simpatia do presidente americano pelo presidente brasileiro não é à toa. Com um governo "de esquerda" bom assim, pra que extrema direita? Conforme lembra Jones Manoel, o governo FHC equiparou empresas estrangeiras a empresas nacionais e em cinco governos o PT ainda não quis mudar isso. Assim como manteve a política econômica do tucano e não revogou a desregulamentação do trabalho feita por temer e bozo.
Eles não são burros nem ignorantes, ao contrário. Além de ricos e membros da elite econômica e cultural do país (uma, mais uma vez, está nos EUA, o outro está sempre viajando para Portugal e pelo Brasil afora), estão a par de tudo, leem e falam em vários idiomas, conhecem a fundo assuntos que eu não domino. É por isso mesmo que fico admirado da limitação da sua percepção da realidade. Desconfio que é porque, para a elite, ainda está bom, porque desfrutam do fim do mundo. Fico pensando quanto tempo vai levar para que compreendam que o governo lulopetista é e sempre foi um governo neoliberal que engana o povo para governar para o capital. Eles mesmos, há uma semana, revelaram que o acordo entre Lula e Trump passa por instalar no Brasil, com grandes incentivos fiscais e prejuízos ambientais terríveis, data centers americanos. Realizar os desejos de, digamos, um Brasil melhor, para não dizer um mundo melhor, exige políticos e partidos muito melhores, uma nova força política, que eles poderiam ajudar a construir, se não ficassem no seu míope lulopetismo.
Já fui assim, já fiz isso, inclusive escrevi versos, claro que não tão bonitos. Nenhum motivo especial, apesar dizer que te amo, impulso, amor. Uma vez presenteei com uma orquídea, outra capturei o perfume da jabuticabeira em flor. Quando jovem, liguei, não disse nada, pus uma música para tocar. Por que o mundo não pode ser assim, movido a amor? Não é, comigo não deu certo. E no entanto é capaz de produzir coisas belas assim, que o dinheiro e o poder não fazem.
Vinicius de Moraes era o rei do piropo, segundo Chico, um poeta genial, para o meu gosto o melhor. E poesia encaixada na música, transformando em grande arte palavras banais, como neste sublime Desalento: "Sim, vai e diz, diz assim, que eu chorei, que eu morri...
de arrependimento". Sugerir uma coisa e dizer outra é uma capacidade de mestres. E repete a manha: "diz que eu estive por pouco, diz a ela que estou louco... pra perdoar". O mais bonito, porém vem em seguida: "que seja lá como for, por amor, por favor... é pra ela voltar". E vai assim, com ideias preciosas e rimas precisas, até o fim. Vinicius era mesmo o rei do piropo.
Curiosa a forma da Revista Fórum dar essa notícia: o país do título é o Brasil. Talvez seja por que a revista é lulista, estamos às vésperas da COP30, em Belém, e a barra do governo brasileiro já está muito suja, com a licença para pesquisa de petróleo na foz do Amazonas, que tira qualquer moral do país para ser liderança mundial na defesa do ambiente, como pretende e proclama o presidente Lula. Obviamente, se o Brasil vai produzir mais petróleo, não vai reduzir o consumo e as emissões, assim como, se é líder em desmatamento, este não está sendo contido. Há uma terceira péssima notícia nesse quadro que mostra como Brasil se tornou um imenso latifúndio exportador de produtos primários às custas da devastação ambiental: Lula negocia a instalação de data centers americanos com incentivos fiscais e gigantescos consumos de água e energia. Com um governo assim, pra que o capital precisa do bozo?
Revista Fórum
Um único país é responsável por 70% da destruição de florestas no mundo, de acordo com a ONU
O país que concentra boa parte da maior floresta tropical do planeta também é responsável pela maior taxa de destruição líquida de florestas, diz relatório da FAO Por Anne Silva Meio ambiente e sustentabilidade 22/10/2025 · 10:21
Dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) nesta segunda-feira (20/10/25), combinados com plataformas de monitoramento terrestre, mostram que, entre 2015 e 2025, o Brasil foi responsável pela maior parte da perda líquida de florestas do planeta.
Foram cerca de 2,94 milhões de hectares de florestas perdidos por ano, enquanto o número global é de 4,12 milhões de hectares anuais. A parcela brasileira do desmatamento corresponde, portanto, a mais de 70% da perda total.
De acordo com o relatório Global Forest Resources Assessment (FRA 2025), a taxa anual da perda líquida de florestas caiu no mundo inteiro em relação às décadas anteriores — passou de cerca de 10,7 milhões de hectares/ano nos anos 1990 para 4,12 milhões de hectares/ano no período 2015 a 2025.
“As florestas plantadas representam cerca de 8% da área florestal total, cobrindo cerca de 312 milhões de hectares”, informa a FAO. “Sua área aumentou em todas as regiões desde 1990, mas globalmente a um ritmo mais lento na última década.”
Quanto mais me informo sobre a China, mais me convenço de que é um exemplo de racionalidade, planejamento e estabilidade para o mundo que caminha para seu fim. Ciro Gomes, ao contrário, é o retrato da falta de rumo do Brasil. De longe, ele é o melhor político brasileiro em meio século, isto é, desde que os civis assumiram o poder, com liberdades, eleições periódicas, Constituição etc., enfim a tal democracia pela qual lutamos contra a ditadura militar (1964-1985). Não vou entrar em detalhes sobre ele: acompanho-o desde que li seu primeiro livro, publicado em 1996, e já escrevi diversas vezes a respeito dele. No entanto, sua trajetória foi totalmente equivocada. Ele agora volta ao PSDB, partido do qual talvez nunca devesse ter saído. Saiu por quê? Porque divergiu da linha neoliberal adotada a partir do governo FHC. E ficou trocando de partidos, por fim se fixou no PDT, do qual saiu agora, para voltar ao PSDB e provavelmente se candidatar ao governo do Ceará, ou seja, ao ponto culminante da sua meteórica trajetória, cujo passo seguinte deveria ser a Presidência da República. Os partidos brasileiros não são democráticos, eles têm donos. Por que Ciro não foi presidente? Porque no meio do caminho tinha Lula, o eterno. Se a política brasileira fosse como era a americana antes do Trump, Lula iria embora em 2010 e o caminho do Ciro e dos demais políticos ficaria livre, não teríamos Dilma, incapaz de ser eleita por conta própria, haveria alternância no poder, mas o Brasil não é os EUA antes do Trump e agora se tornou até melhor, mas também está longe de ser uma democracia como desejávamos há meio século. Não só pelo modelo político corrupto e antipopular que se instalou, mas principalmente pelos indicadores sociais. A China mostra o que a democracia e os civis poderiam ter feito pelos brasileiros nesse período. Em vez da realização dos sonhos, o que tivemos foi uma volta acelerada à condição de exportadores de matérias-primas à custa da devastação ambiental e agora prestes a destruir a Amazônia, com todas as consequências para o clima da Terra que isso significa. Agora mesmo estamos prestes a ceder terra, água e energia de graça para instalação de uma das maiores pragas modernas, os data centers. A desigualdade social se aprofundou, com violência, miséria, desregulamentação das relações de trabalho. Tudo patrocinado por quem? Pelo partido que nasceu para representar os trabalhadores, pelos governos do ex-operário que seria a redenção dos trabalhadores, mas infelizmente seguiu a cartilha neoliberal, governou e governa ainda para o sistema financeiro, para o agrotoxiconegócio, para os industriais, para os grandes comerciantes, para o capital e para as castas. Ciro poderia ter sido uma alternativa à política do FHC e do Lula, mas ficou pulando de galho em galho, em vez de fazer a única coisa certa que Lula fez: construir um partido para dar sustentação ao seu projeto de poder. Sou defensor da alternância no poder como característica de afirmação democrática, não gostaria que Ciro se tornasse outro Lula, mas certamente seria melhor experimentar seu projeto de desenvolvimento nacional e, no mínimo, que ele revezasse com o petista no poder. Teríamos alguma comparação. Cada vez tenho mais convicção, assim como tenho sobre a China, que o maior político brasileiro de todos os tempos, por sua incrível e única trajetória e por sua capacidade maquiavélica, no sentido exato do termo, de se manter no poder, foi a arma mais eficiente que o capital poderia usar para manter a dominação sobre o povo: um legítimo operário apoiado por um partido dos trabalhadores. Nenhuma força política de esquerda floresceu sob Lula, todas que tentaram foram liquidadas, Ciro inclusive. O poder do Lula só vai acabar quando ele morrer ou perder uma eleição -- a segunda alternativa é duvidosa no ano que vem, se isso acontecer, certamente será para um candidato à sua direita, e a primeira eu espero sinceramente que ainda demore, que ele viva tanto quanto FHC e Sarney. O fato é que, depois de todo o desgaste provocado pelos governos peseudoesquerdistas da Era Lula, a esquerda brasileira provavelmente vai levar muito tempo para se recuperar e voltar ao poder. Certamente não será com o Ciro, que está próximo dos setenta anos e já teve dias melhores.
Mais um a enaltecer a ascensão da China, dessa vez baseando-se na teoria do economista e cientista político austríaco Joseph Schumpeter. Me parece que a China é daqueles casos de realidades que a gente não vê porque não quer, porque é evidente. O que significa? Uma alternativa de rumo para a humanidade, socialista, um socialismo muito diferente do que os idealistas imaginam e do que foi a URSS. Seu planejamento não é só econômico, a China preparou-se inclusive para a volta do Trump e enfrentar as sanções comerciais que estão em curso.
Xi Jinping e o fim do capitalismo liberal: o socialismo schumpeteriano da China.
O grande líder neoliberal brasileiro está entregando terras, água e energia e renúncia fiscal para big techs americanas se instalarem no Brasil, em troca da revogação do tarifaço. Já está no Congresso. Por isso Trump disse que "pintou um clima (com Lula)". Poderia dizer que pintou um agravamento das mudanças climáticas, que as populações locais vão sofrer ainda mais com falta de água, secas etc.
PS: o podcast toca no assunto sobre o qual publiquei esta manhã, sobre o vício do celular, e cita uma fala interessante do Lula sobre isso. Lula fala contra o celular e, secretamente, negocia a instalação de data center com incentivos fiscais, oferecendo terra, água e energia abundantes de graça.