quarta-feira, 17 de setembro de 2025
Jornalismo no coração da Amazônia: 3 anos de Sumaúma
terça-feira, 16 de setembro de 2025
Calma urgente! Pacificação na era da má-fé
Desde quando escuto, este podcast, que reúne jovens brilhantes, é defensor ferrenho do Lula, mas aos poucos, parece, vai entendendo a história toda. Lá pelas tantas a Alessandra diz que os políticos, inclusive do PT, são todos iguais, que não existe mais ideologia na política. Na discussão sobre a indicação do ministro fux, feita pela ex-presidenta Dilma e apadrinhada pelo José Dirceu (pra gente colocar na conta das incompetências desses dois), o lulolátra Duvivier diz que naquela época não se sabia a importância que tem um ministro do STF para a democracia, no que é contestado pela Alessandra. Eles ainda não tiraram todas as consequências, mas estão aprofundando a discussão.
sexta-feira, 12 de setembro de 2025
Um julgamento político
Todos são. Desde o de Sócrates, há 2.300 anos, e o de Jesus Cristo, há 2.000. O impeachment da Dilma foi. O mensalão foi. O impeachment do Collor também foi. O Brasil agora também tem o seu 11 de Setembro, a exemplo do Chile e dos EUA, mas o nosso é edificante para a democracia. Suscita várias reflexões e a primeira é sobre continuidade da própria democracia, que deu sua segunda demonstração de vigor, ao condenar à prisão militares golpistas pela primeira vez; a primeira demonstração de vigor foi o próprio desfecho da tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. As análises agora vão focar nas repercussões do julgamento sobre a candidatura da extrema direita na eleição presidencial do ano que vem. Eu sou pessimista. Penso que, a despeito dos fatos, há um movimento social profundo que encaminha as massas populares para a direita e esse movimento deve favorecer o candidato da oposição da extrema direita, seja ele qual for. Lula será o candidato do sistema mais uma vez. Não há, por enquanto, candidato de oposição da esquerda. A tragédia brasileira do século XXI é que a esquerda não tem um projeto hegemônico. Os projetos de esquerda, dos quais o do Ciro Gomes, é o mais visível, assim como no passado foi o do Brizola, não conseguiram se impor ao que se tornou o projeto hegemônico da nossa época, que foi o neoliberalismo, e que se personificou na liderança política do Lula. Sem um projeto de esquerda vigoroso, as insatisfações populares são despejadas na esperança com candidatos de direita, como aconteceu na inimaginável eleição de 2018. A esquerda brasileira, depois do vigoroso movimento de massas iniciado nos anos 1970 e que levou ao fim de 21 anos de ditadura militar, optou por concentrar toda sua força na eleição do Lula, mas Lula e o PT caminharam cada vez mais para o centro, adotaram o projeto neoliberal e se converteram no próprio partido da ordem burguesa, ao mesmo tempo em que se afastaram das massas populares, cada vez mais conquistadas pelo movimento evangélico de extrema direita. Seja como for, a Era Lula está prestes a terminar. O presidente completa 80 anos no mês que vem e, dependendo do que virá, pode vencer a eleição de 2026 e começar um novo mandato, quem sabe encerrá-lo na glória, como aconteceu em 2010, quem saber encerrar sua carreira política com uma derrota. O julgamento do ex-presidente ex-capitão coloca o ministro Alexandre de Moraes na posição de herdeiro do Lula como líder do, digamos, centro democrático. Essa é a ideologia prevalecente no Brasil hoje, à qual adere pela primeira na história a imprensa empresarial, depois da traumática experiência no governo do bozo. A prisão do seu expoente máximo é um golpe duro para a extrema direita e projeta o Brasil mundialmente como nação democrática, o que não é pouca coisa na atual conjuntura e uma novidade na nossa história. Oxalá todas as frustrações das últimas décadas tenham essa compensação: uma democracia estável, capaz de resistir não só às turbulências de um governo de extrema direita e novas investidas militares, mas também a um posterior renascimento da esquerda. O fato que não se pode negar é que, graças ao STF, em especial ao ministro Moraes, mas também aos votos firmes da ministra Cármen Lúcia e dos ministros Dino e Zanin e às manifestações do presidente Barroso e do ministro Mendes, o nosso 11 de Setembro será uma data a ser celebradas pela democracia, ou melhor, pelo que hoje chamamos de democracia. Democracia que tem muito a avançar para que possa ser realmente chamada assim, mas isso cabe ao povo fazer. Antes, porém ele precisa ser reconquistado pela esquerda. Faltou falar da figura lamentável do julgamento, o ministro fux. Acovardou-se diante das ameaças da extrema direita local e ianque, apostou na continuidade das coações do governo norte-americano e na vitória da extrema direita em 2026. Cometeu um crime mortal: traiu o espírito de corpo, os seus pares no STF.
quinta-feira, 11 de setembro de 2025
11 de Setembro
A "mídia" não fez o mesmo estardalhaço quando o terrorismo foi no Chile, 28 anos antes. Os episódios têm ligações. O terrorismo oriental tem a ver com o terrorismo ianque. As pessoas que ignoraram o terrorismo no Chile ficaram horrorizadas com o terrorismo nos EUA. Diziam que se sentiam em um filme, tamanho o horror. Entretanto não são capazes de aprender e mudar, não compreendem que o terror continua, que é muito maior hoje do que há 24 anos e que contribuímos para ele aderindo ao capitalismo. A tragédia humana é uma tragédia anunciada.
11 de Setembro de 1973. 11 de Setembro de 2001.
terça-feira, 9 de setembro de 2025
Influenciadores "marxistas"
Acompanho muitos podcasts, há uma efervescência de discussões na internet, especialmente no YT. São os revolucionários de redes sociais. Me distraio, me informo, admiro muitos participantes, “influenciadores”, mas minha admiração é limitada. Quer dizer, minha admiração considera o que as pessoas fazem, não o que dizem. Um dos influenciadores mais destacados, por exemplo, é um brilhante artista, ator, escritor, mas será que ele quer mudar o mundo, acabar com o capitalismo, salvar o ambiente, criar o socialismo que só pode ser ambientalista? Acho que não, porque não age para isso, acho que o que ele quer é viajar, apresentar seus espetáculos, ser admirado e aplaudido, ganhar dinheiro para manter sua arte, enfim, continuar levando uma boa vida no sistema capitalista.
E assim vai, influenciador após influenciador; todos estão sobrevivendo, o que significa ganhando dinheiro e mantendo vivo o sistema capitalista, produzindo entretenimento na internet. O conhecimento que difundem e a consequente elevação da consciência do público, se é que acontece, corresponde à formação de uma ideologia, mas que ideologia é essa? A que ela leva? No caso do podcast citado, não é muito mais do que condenar a extrema direita e apoiar o Lula, ou rejeitar o sionismo e apoiar os palestinos.
O que eu quero dizer é que não existe um horizonte, uma estratégia, um projeto do que se chama de esquerda e reverencia o pensamento marxista. As críticas, as análises, as discussões que acontecem na internet, inúmeras, não levam a um plano para mudar a sociedade, extinguir o capitalismo e criar o socialismo, embora todos se digam revolucionários ou pelo menos reformistas, comunistas ou socialistas. Todos estão extremamente preocupados com a sociedade, mas cuidam só das suas vidas individuais, todos estão apavorados com o futuro, mas se ocupam de gozar o presente, todos, enfim, se dizem socialistas, mas vivem vidas capitalistas.
Ok, no capitalismo só se pode viver de forma capitalista, mas é preciso reconhecer então que nada fazemos para a acabar com o capitalismo, ao contrário, estamos contribuindo para sua continuação e para a barbárie à qual ele nos conduz. A internet é um interessante meio de difusão de conhecimentos, mas a transformação social é outra coisa, não será feita por multidões de seguidores lideradas por influenciadores. Ou será? Penso que a "revolução" precisa ser feita por pessoas reais, em relações sociais reais, em ambientes reais. Mais do que isso: é preciso ter instituições concretas, formas de organização de pessoas físicas, na sociedade real. E mais ainda: é preciso ter um plano, um projeto para a sociedade, um programa bem concreto contemplando tudo que se quer mudar, com soluções melhores do que o conforto destruidor da civilização capitalista. Quem tem esse plano?
Socialismo ambientalista
Todas as manhãs, quando ligo meu computador, vejo uma imagem deslumbrante, quase sempre uma imagem da Natureza em algum ponto remoto do planeta, raramente é uma imagem urbana. Isso aparenta que uma grande empresa capitalista mundial se preocupa com a Natureza e que nós, usuários, gostamos da Natureza também. No entanto, o que fazemos todos, multinacionais capitalistas e indivíduos da espécie humana, é destruir a Natureza incessante e crescentemente, a ponto de estarmos impossibilitando a continuidade da nossa própria existência.
A questão ambiental é, de longe, a mais importante da civilização. A questão climática não é a questão ambiental, é apenas parte dela: porque destruímos os ambientes, mudamos o clima. A questão ambiental é como conciliar a civilização com a conservação da Natureza. O Homo sapiens só vai sobreviver se resolver essa questão. A espécie humana não vê a Natureza de forma, digamos, global, mas apenas pontual. Sabe que tem de fazer coisas urgentes para conter as mudanças climáticas e não faz; as consequências das mudanças climáticas se agravam em catástrofes e mesmo assim não agimos. Ao contrário, os governos de extrema direita neoliberais agem para agravá-las. Ao mesmo tempo, os indivíduos, formados pelas máquinas de propaganda ideológica capitalistas, querem consumir mais e melhor.
A destruição ambiental acelerada é o capitalismo. O capital é um câncer que não para de crescer enquanto não mata o corpo que habita. O corpo que o capital habita é a Terra, que ele destrói para criar riquezas para a espécie humana, que se considera dona da Natureza e que ela é matéria-prima. O capital só vai parar quando a espécie humana não puder mais destruir a Natureza, isto é, quando se exterminar também.
Simples assim. Há pelo menos quase dois séculos, desde que Karl Marx escreveu seu livro O Capital, temos consciência do que é o capitalismo. Foi no século XIX, o século em que o capitalismo industrial se estabeleceu, mudando radicalmente a Europa e o restante do planeta que ela colonizou a partir do século XV. Foi também o século em que se desenvolveram inúmeras ciências. Temos hoje a pretensão de viver numa civilização que se guia pelas ciências, seja na saúde, seja na comunicação, seja ao enviar naves ao espaço, mas ignoramos o conhecimento científico sobre como organizamos a nossa própria sociedade, sobre o capital.
A obra científica de Marx, digamos assim, propiciou o surgimento de um movimento social com o objetivo de tomar o poder político, acabar com o capitalismo e implantar o socialismo, uma sociedade sem os horrores do capitalismo, que todos viam e Marx descreveu magistralmente, que só se tornaram maiores desde então. Aquele movimento existe ainda hoje, mas já teve momentos melhores: no começo do século passado foi bem-sucedido em comandar uma revolução na maior nação do planeta e reorganizar sua economia, mas depois de 74 anos ela ruiu e voltou a ser dominada pelo capital. Outra grande nação asiática, a mais populosa, também fez uma revolução guiada pelo pensamento marxista e promoveu nas últimas décadas um desenvolvimento econômico sem igual, mas, tal qual o capitalismo, contribui enormemente para a destruição ambiental, o que me faz pensar que, caso os marxistas tivessem tido sucesso na Europa e outras nações desenvolvidas, esse caminho que seguimos rumo ao fim da civilização não seria diferente.
Das duas uma: ou a China não é comunista, é uma nação capitalista governada por um partido que controla a estrutura do Estado e impõe planejamento para produção econômica capitalista, ou o comunismo marxista-leninista não é suficiente para evitar a barbárie a que o capitalismo conduz a espécie humana, depois de destruir os ambientes naturais e exterminar as demais espécies da Terra.
O sentido do comunismo defendido pela obra científica do Marx é salvar a espécie humana e o planeta, é proporcionar ao Homo sapiens uma vida boa e longa na Terra, uma vida racional, uma vida sábia, o que pressupõe igualdade, liberdade, fraternidade, democracia. Não tem outro sentido a ideia da sociedade socialista. Se é para destruir a Terra e extinguir a espécie humana, tanto faz capitalismo ou socialismo, não é preciso mudar o sistema econômico. O socialismo só pode ser ambientalista. Isso é óbvio, carece de explicação, é a essência da teoria marxista, da ciência que explica o capitalismo.
segunda-feira, 8 de setembro de 2025
Um filme revolucionário
sábado, 6 de setembro de 2025
Revolucionários de redes sociais
Há um crescente movimento de marxistas de internet no Brasil, não sei se em outros lugares também. São várias correntes representadas por verdadeiras estrelas do marxismo de redes sociais. É um movimento muito interessante e informativo, quando comecei a ver só tinha elogios para ele, apesar de olhar criticamente, porque tenho minha opinião sobre o assunto, mas os “influenciadores” marxistas são jovens com formação acadêmica, muita leitura e muito conhecimento.
Minha admiração vem também do fato de serem destemidos, se proclamam revolucionários numa sociedade em que a extrema direita cresce e persegue comunistas, há décadas ataca ferozmente a esquerda que sequer é comunista, na verdade é reformista, menos que isso, de centro, e na prática neoliberal, numa palavra, petista. É uma posição corajosa, portanto se declarar marxista e revolucionário numa sociedade em que é a extrema direita (que muitos chamam de fascista e outros discordam, pois consideram que o fascismo foi um fenômeno específico da Itália nos anos 1920) é agressiva e violenta.
Os marxistas de redes sociais cumprem um papel interessante, inclusive porque discutem entre si, democraticamente, frequentam inúmeros podcasts e promovem o conhecimento.
Enfim, só vejo benefícios nesse movimento, inclusive para mim, que testo minhas posições e ganho conhecimentos, mas não posso deixar de pensar que importância tem isso para a “revolução”, isto é, para a transformação social.
Talvez, de fato, não passe de mais uma onda de entretenimento. Não basta conhecer Marx e Lênin, é preciso agir politicamente.
O PT está cheio de marxistas e leninistas, que eram mais ativos socialmente há quarenta anos do que os marxistas de redes sociais são hoje, isto é, estavam ligados a movimentos sociais, embora fossem igualmente acadêmicos. O PSOL foi um racha de esquerda do PT, mas toda a esquerda que entra na política burguesa real se rende a ela; alguns resistem bravamente e nesses raros casos, que eu admiro, é possível ver como é difícil conciliar a coerência ideológica com a ação efetiva.
Esses novos marxistas de redes sociais, por enquanto, até onde sei, não passam de militantes de internet. De qualquer forma é bom, eu sempre fui e continua sendo a favor do novo, da renovação, do questionamento, da contestação.
A questão que eu coloco é que influência real esse marxismo tem. Ou por outra: embora se digam revolucionários, eles não têm atuação revolucionária, porque, na concepção marxista, a revolução será feita pelo trabalhadores e eles não têm atuação concreta entre trabalhadores.
Esta é a velha fraqueza da esquerda e foi a força do PT, diante da qual sucumbiram todos os marxistas-leninistas da minha geração, a de 77, e da geração de 68. A novidade histórica, em 2025, é que Lula está completando 80 anos, sua influência está prestes a acabar.
A questão é saber como esses novos marxistas vão se ligar às massas. Será que sua pretensão é serem líderes virtuais? Será que pretendem fazer a revolução com seus “seguidores”?
O grande lance da Revolução Russa de 1917 foi Lênin e Trotski terem conseguido liderar as massas, a partir do partido bolchevique e dos sovietes operários. Eles conseguiram unir a teoria marxista com a ação política e lideraram as massas para tomar o poder político e começarem a construção de uma nova sociedade. O fato único da revolução russa foi ter sido planejada a partir de uma teoria política. Embora vitoriosos, eles fracassaram, ao contrário do que pensa Breno Altman, mas já é impressionante seu feito, antes que a ditadura stalinista se impusesse.
A questão sobre os marxistas de redes sociais, portanto é simples e clara, para mim: eles são excelentes, modernos e democráticos divulgadores do marxismo e suas variantes, e isso ajuda a formar cidadãos bem informados e críticos, mas sua influência não é revolucionária, porque a revolução depende de atuação política nas classes sociais, nos seus movimentos e organizações.
Eu duvido que uma revolução possa ser feita com “seguidores” e “laiques”. É claro que posso estar errado. Seja como for, é preciso esclarecer isso: marxistas de redes sociais pretendem ser líderes políticos revolucionários, a exemplo do Lênin, do Trotski e outros, ou apenas (o que não é pouco) divulgadores do marxismo e suas vertentes?
Como seria essa revolução liderada por marxistas de redes sociais? Mobilizam-se os seguidores para manifestações, como das “primaveras”, e para o voto nas eleições burguesas? Mantêm-se os mecanismos burgueses de poder, o Congresso, os governos executivos, o Judiciário? Esses poderes continuarão como são? A mudança será só de ocupantes? Ou será reformados? Ou serão criados novos mecanismos de poder? Quais? O melhor disso, conforme disse, é colocar em pauta a discussão de uma revolução popular democrática.