sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Pingue-pongue. Pongue: cresce o não-capitalismo

O problema da humanidade não é econômico -- produzir mais. Já produzimos muito, mais do que podemos consumir. Basta ver o lixo que geramos. O problema da humanidade é social: distribuir a riqueza produzida. Pode ser menos, muito menos. Precisa ser o que o planeta -- que é a nossa casa e nossa origem -- é capaz de nos dar. Precisa ser o que mantenha a vida aqui possível para as próximas gerações: nossos filhos, netos, bisnetos. Precisa ser o que possibilite a todos os seres humanos viver em condições dignas, "modernas": sem fome, com casa pra morar, acesso aos serviços, acesso às novas tecnologias, acesso ao conhecimento.

Do saite Outras Palavras.
Castells vê "expansão do não-capitalismo"
Entrevista a Paul Mason, tradução de Gabriela Leite
O professor Manuel Castells é um dos sociólogos mais citados no mundo. Em 1990, quando os mais tecnologicamente integrados de nós ainda lutavam para conseguir conectar seus modens, o acadêmico espanhol já documentava o surgimento da Sociedade em Rede e estudava a interação entre o uso da internet, a contracultura, movimentos de protesto urbanos e a identidade pessoal.
Paul Mason, editor de notícias econômicas da rádio BBC, entrevistou o professor Castells na London School of Economics (Escola de Economia de Londres) sobre seu último livro, “Aftermath: The Cultures of Economic Crisis” (“Resultado: as Culturas da Crise Econômica”), ainda sem tradução para português.
Castells sugere que talvez estejamos prestes a ver o surgimento de um novo tipo de economia. Os novos estilos de viver dão sentido à existência, mas a mudança tem também um segundo motor: consumidores que não têm dinheiro para consumir.
São práticas econômicas não motivadas pelo lucro, tais como o escambo, as moedas sociais, as cooperativas, as redes de agricultura e de ajuda mútua, com serviços gratuitos – tudo isso já existe e está se expandindo ao redor do mundo, diz ele. Se as instituições políticas vão se abrir para as mudanças que acontecem na sociedade – é cedo para saber. Seguem trechos da conversa. 
O que é surgimento de novas culturas econômicas?
Quando menciono essa Cultura Econômica Alternativa, é uma combinação de duas coisas. Várias pessoas têm feito isso já há algum tempo, porque não concordam com a falta de sentido em suas vidas. Agora, há algo mais – é a legião de consumidores que não podem consumir. Como não consomem – por não terem dinheiro, nem crédito, nem nada – tentam dar sentido a suas vidas fazendo alguma coisa diferente. Portanto, é por causa das necessidades e valores – as duas coisas juntas – que isso está se expandindo. 
Você escreveu que as economias são culturais. Pode falar mais sobre isso?
Se queremos trabalhar para ganhar dinheiro, para consumir, é porque acreditamos que comprando um carro novo ou uma nova televisão, ou um apartamento melhor, seremos mais felizes. Isso é uma forma de cultura. As pessoas estão revertendo essa noção. Pelo contrário: o que é importante em suas vidas não pode ser comprado, na maioria dos casos. Mas elas não têm mais escolha porque já foram capturadas pelo sistema. O que acontece quando a máquina não funciona mais? As pessoas dizem "bem, eu sou mesmo burro. Estou o tempo todo correndo atrás de coisa nenhuma". 
Qual a importância dessa mudança cultural?
É fundamental, porque desencadeia uma crise de confiança nos dois maiores poderes do mundo: o sistema político e o financeiro. As pessoas não confiam mais no lugar onde depositam seu dinheiro, e não acreditam mais naqueles a quem delegam seu voto. É uma crise dramática de confiança – e se não há confiança, não há sociedade. O que nós não vamos ver é o colapso econômico per se, porque as sociedades não conseguem existir em um vácuo social. Se as instituições econômicas e financeiras não funcionam, as relações de poder produzem transformações favoráveis ao sistema financeiro, de forma que ele não entre em colapso. As pessoas é que entram em colapso em seu lugar.
A ideia é que os bancos vão ficar bem, nós não. Aí está a mudança cultural. E grande: uma completa descrença nas instituições políticas e financeiras. Algumas pessoas já começam a viver de modo diferente, conforme conseguem – ou porque desejam outras formas de vida, ou porque não têm escolha. Estou me referindo ao que observei em um dos meus últimos estudos sobre pessoas que decidiram não esperar pela revolução para começar a viver de outra maneira – o que resulta na expansão do que eu chamo de "práticas não-capitalistas".
São práticas econômicas, mas que não são motivadas pelo lucro – redes de escambo, moedas sociais, cooperativas, autogestão, redes de agricultura, ajuda mútua, simplesmente pela vontade de estar junto, redes de serviços gratuitos para os outros, na expectativa de que outros também proverão você. Tudo isso existe e está se expandindo ao redor do mundo.
A íntegra.

Pingue-pongue. Pingue: PIB não cresce

É a crise internacional do capitalismo. 

Da BBC Brasil. 
PIB frustra expectativas e cresce 0,6% no 3º trimestre
João Fellet
Dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a economia brasileira cresceu apenas 0,6% no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período anterior, frustrando expectativas de que os vários estímulos adotados pelo governo federal neste ano surtissem efeitos mais profundos.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2011, a expansão foi um pouco maior, de 0,9%.
FMI rebaixa previsão de crescimento da economia mundial; Brasil crescerá menos
Mercado eleva previsão de inflação em 2012 e reduz a de 2013
Os únicos destaques positivos na relação entre o terceiro e o segundo trimestres deste ano foram o setor agropecuário, com crescimento de 2,5%, e a indústria, com 1,1%. O setor de serviços encerrou o período em estagnação.
Quanto à demanda, os investimentos, considerados fundamentais para que o país obtenha um ciclo de crescimento mais duradouro, caíram 2%, sua quinta redução consecutiva. Houve, porém, aumento de 0,9% no consumo das famílias.
As exportações cresceram 0,2%, ao passo que as importações, descontadas do cálculo do PIB, caíram 6,5%.
A maioria das consultorias e instituições financeiras esperava que o PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas no país) crescesse em torno de 1,2% no terceiro trimestre, reagindo às ações do governo federal para aquecer a economia.
A íntegra.

O fim do mundo

Respondendo a inúmeras interpelações, cientistas da Nasa descartaram colisão de um planeta com a Terra e tempestades solares que levariam ao fim do mundo. O que vai acabar com este planeta é mesmo o capitalismo predador.

Da BBC Brasil.
Nasa desmente 'fim do mundo' e alerta sobre suicídios
Após receber uma enxurrada de cartas de pessoas seriamente preocupadas com teorias que preveem o fim do mundo no dia 21 de dezembro de 2012, a agência espacial americana resolveu "desmentir" esses rumores na internet. Na quarta-feira (28/11), a Nasa fez uma conferência online com a participação de diversos cientistas. Além disso, também criou uma seção em seu website para desmentir que haja indícios de que um fim do mundo esteja próximo.
Segundo o astrobiologista David Morrison, do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, muitas das cartas expondo preocupações com as teorias apocalípticas são enviadas por jovens e crianças.
Líderes maias vão aos EUA explicar mudanças no ciclo do calendário
Fim do mundo previsto pelos maias é um erro de interpretação
Uma em 7 pessoas acredita que fim do mundo está chegando
Cientistas desvendam profecia maia do 'fim do mundo em 2012'
Antropólogo exibe pedra maia para desmentir o fim do mundo em 2012
Textos maias não profetizam fim do mundo em 2012
Alguns dizem até pensar em suicídio, de acordo com o cientista, que também mencionou um caso, reportado por um professor, de um casal que teria manifestado intenção de matar os filhos para que eles não presenciassem o apocalipse.
"Estamos fazendo isso porque muitas pessoas escrevem para a Nasa pedindo uma resposta (sobre as teorias do fim do mundo). Em particular, estou preocupado com crianças que me escrevem dizendo que estão com medo, que não conseguem dormir, não conseguem comer. Algumas dizem que estão até pensando em suicídio", afirmou Morrison.
"Há um caso de um professor que disse que pais de seus alunos estariam planejando matar seus filhos para escapar desse apocalipse. O que é uma piada para muitos e um mistério para outros está preocupando de verdade algumas pessoas e por isso é importante que a Nasa responda a essas perguntas enviadas para nós."
Um desses rumores difundidos pela internet justifica a crença de que o mundo acabará no dia 21 dizendo que essa seria a última data do calendário da civilização maia.
Outro rumor tem origens em textos do escritor Zecharia Sitchi dos anos 70. Segundo tais teorias, documentos da civilização suméria, que povoou a Mesopotâmia, preveriam que um planeta se chocaria com a Terra. Alguns chamam esse planeta de Nibiru. Outros de Planeta X.
"A data para esse suposto choque estava inicialmente prevista para maio de 2003, mas como nada aconteceu, o dia foi mudado para dezembro de 2012, para coincidir com o fim de um ciclo no antigo calendário maia", diz o saite da Nasa.
Sobre o fim do calendário maia, a Nasa esclarece que, da mesma forma que o tempo não para quando os "calendários de cozinha" chegam ao fim, no dia 31 de dezembro, não há motivo para pensar que com o calendário maia seria diferente – 21 de dezembro de 2012 também seria apenas o fim de um ciclo.
A agência espacial americana enfatiza que não há evidências de que os planetas do sistema solar "estejam se alinhando", como dizem algumas teorias, e diz que, mesmo que se isso ocorresse, os efeitos sobre a Terra seriam irrelevantes. Também esclarece que não há indícios de que uma tempestade solar possa ocorrer no final de 2012 e muito menos de que haja um planeta em rota de colisão com a Terra.

Manifestação contra a privatização dos espaços públicos

Em Porto Alegre. O Manifesto em Defesa Pública da Redenção acontece às 19 horas desta sexta-feira, no Parque Farroupilha. 

Do Sul 21.
Manifestantes protestam em Defesa Pública da Redenção 
Com motivação de fundo similar ao primeiro manifesto organizado de forma livre em Defesa Pública da Alegria, um grupo de portoalegrenses se organizou para reivindicar sobre a gestão da Prefeitura de Porto Alegre nas praças e parques da capital gaúcha, em especial o tradicional Parque Farroupilha, a Redenção. Segundo o grupo, a Redenção inclui os espaços púbicos concedidos a empresas privadas e que restringe a liberdade dos usuários. A principal crítica é o cercamento físico do parque junto ao Auditório Araújo Vianna. O manifesto chamado Defesa Pública da Redenção está marcado para às 19 horas desta sexta-feira (30), no próprio parque.
A íntegra.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Para onde vai o dinheiro público

A história dessa fábrica é exemplar. Dessas que a "grande" imprensa não publica. Lúcio Flávio é um jornalista processado por contá-las. É sempre a mesma coisa: o capital internacional recebe incentivos e empréstimos subsidiados, sob a justificativa de que vai gerar empregos e criar o "progresso". Lucra muito, exporta e manda o dinheiro para o exterior. Demite, fecha, destrói o ambiente, chantageia o governo, corrompe políticos. Sempre impunemente. E comumente ainda é premiado.

Da Adital.
Jari: fábrica de celulose deixa de produzir. E daí?
Lúcio Flávio Pinto
O grupo Orsa, de São Paulo, anunciou na semana passada, em São Paulo, a intenção de interromper por quase um ano, a partir de janeiro [2013], as atividades da sua fábrica de celulose instalada em Monte Dourado, no Pará. A paralisação duraria 10 meses. Nesse período a fábrica, especializada em celulose de fibra curta, seria substituída por outra unidade para passar a produzir celulose solúvel, em outubro de 2013. Todos os funcionários atualmente contratados, cujo total varia entre cinco mil e seis mil, seriam demitidos. Nas suas novas operações, a fábrica irá utilizar um contingente muito menor de empregados.
Dirigentes sindicais e alguns políticos do Pará e do Amapá, onde a Jari se instalou, começaram a pressionar para tentar garantir os atuais empregos. O principal alvo das gestões é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES, que concedeu 145,4 milhões de reais à Jari Celulose, para a modernização da unidade industrial de Monte Dourado, localizada no município paraense de Almeirim, e ao plantio de até 33,7 mil de hectares de florestas de eucalipto no período de 2006 a 2008. O dinheiro do BNDES corresponde a 70% do custo total do empreendimento, de R$ 207 milhões. Esse visou a manutenção da competitividade internacional da empresa, a partir da redução de custo de produção proporcionada pelos investimentos industriais e do aumento da rentabilidade dos seus ativos florestais.
O Pará, o Amapá e a Amazônia, como ficam nesse novo enredo? Apesar do grande impacto que a decisão representa, a opinião pública local recebeu com espantoso silêncio a informação.
A íntegra.

A seca no Nordeste

Desde do século XIX a denúncia abaixo é repetida ciclicamente e governos sucessivos prometem resolver o problema; enormes recursos públicos são investidos, mas não chegam às mãos de quem precisa nem resolvem o problema -- é a indústria da seca. O governo Lula começou o projeto de construir um milhão de cisternas e depois sucumbiu à grandiosidade da transposição do Rio São Francisco, que, segundo os críticos -- os mesmos que denunciam a indústria da seca --, é obra para o agronegócio exportador, não para o povo, e além disso tem consequências danosas para o ambiente. A indústria da seca interfere até no tipo de cisterna que é construída, em prejuízo dos interesses coletivos.

Do Instituto Humanistas Unisinos.
Nota da CNBB sobre a seca no Nordeste
"Somos afligidos de todos os lados, mas não vencidos pela angústia; postos em apuros, mas não desesperançados" (2Cor 4,8) 
Nós, bispos do Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil -CNBB, reunidos em Brasília-DF, nos dias 27 e 28 de novembro de 2012, vimos manifestar nossa solidariedade aos irmãos e irmãs que sofrem com a seca no Nordeste. Esta situação, que se prolonga de forma desalentadora, exige a soma de esforços e de iniciativas de todos: governo, Igrejas, empresários, sociedade civil organizada -- para garantir às famílias a superação de tamanha adversidade.
Os recursos liberados pelo governo e o auxílio das Cáritas Diocesanas e de outras entidades são, sem dúvida, imprescindíveis para o socorro imediato dos afetados por tão longa estiagem, considerada a pior nos últimos 30 anos. Estas iniciativas têm contribuído para diminuir a fome, a mortalidade infantil e o êxodo. Sendo, porém, a seca uma realidade do semiárido brasileiro, é urgente tomar medidas eficazes que possibilitem a convivência com este fenômeno. Considerem-se, para esse fim, o desenvolvimento de políticas públicas específicas para a região e o aproveitamento das potencialidades das populações locais.
A íntegra.

Multinacional Vale quer destruir e exportar parque nacional em Minas

Depois que foi privatizada, a Vale abandonou os compromissos que tinha com o Brasil e os brasileiros. Segue só a lógica do capital: dar o maior lucro possível para seus acionistas, o que significa explorar todas as jazidas de minério disponíveis e exportá-las baratinho, destruindo o meio ambiente, seja em Minas Gerais, seja em Carajás ou em qualquer parte. Como qualquer mineração. É a história de Minas Gerais, é a história do Brasil. Os lucros são privados, os prejuízos socializados. As riquezas vão para os países ricos, a destruição ambiental fica aqui. A Serra do Gandarela é a própria paisagem central mineira: abrange os municípios de Caeté, Santa Barbara, Barão de Cocais, Rio Acima, Itabirito e Raposos, e faz parte da Reserva da Biosfera do Espinhaço. Será transformada em buracos para dar lucro aos acionistas da Vale. É o que se chama progresso. Para as próximas gerações de brasileiros restarão desertos e problemas, sem os tais recursos minerais, sem matas, sem nascentes e rios, sem bichos, sem nada. Conciliar desenvolvimento e conservação é possível, o que não é possível é conciliar os interesses coletivos com os interesses mesquinhos e imediatistas do capital. Um forte e amplo movimento se organizou publicamente, à luz do dia, para criar um Parque Nacional e impedir a destruição da Serra do Gandarela, mas a influência da multinacional nos governos mineiro e federal é mais forte do que a vontade da população e dos eleitores que elegem os governantes. Como disse o ex-presidente Lula: "Quem nos elege são os pobres, mas quem tem acesso aos gabinetes são os ricos".

Do Águas do Gandarela.org.
COMUNICADO  
Parque Nacional da Serra do Gandarela ameaçado
Comunicamos que a Vale S.A. pediu Licença de Operação de Pesquisa Mineral (LOP) para fazer 227 praças de sondagem geotécnica e 26,20 quilômetros de acessos complementares para seu empreendimento na Serra do Gandarela, incluindo as barragens de rejeito na bacia do Ribeirão da Prata (águas Classe 1).
Denunciamos como muito grave esta tentativa da Vale S.A. de iniciar o projeto Mina Apolo na Serra do Gandarela, à revelia do processo de criação do Parque Nacional e da relevância ambiental para Belo Horizonte e sua região metropolitana, especialmente no que se refere à produção de água e biodiversidade.
Mais grave ainda é que parte das sondagens (e seus inúmeros impactos) estão dentro dos limites propostos para o Parque Nacional da Serra do Gandarela.
A íntegra.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

A educação na Finlândia

Visto no Diário do Centro do Mundo.

Todo mundo tem uma história pra contar

Hoje, no Rio.

A farsa do Riocentro

Documentos divulgados pelo jornal gaúcho Zero Hora mostram como o governo militar transformou uma mal sucedida ação terrorista de direita numa ameaça terrorista da esquerda. Não que alguém acreditasse: afinal, os jovens "guerrilheiros" já tinham sido presos, exilados ou mortos e nenhuma ação armada de esquerda acontecia há dez anos. A direita, ao contrário, explodia bancas de revista e enviava bombas para oposicionistas, reagindo contra a "abertura". As bombas no Riocentro lotado seriam mais um episódio, o maior de todos, que provocaria uma tragédia, mas os terroristas foram incompetentes e atingiram a si próprios. Para esconder o fato, os militares forjaram uma investigação que inocentou seus agentes. A velha "grande" imprensa conta a história antiga, mas deturpa a história atual.

Do jornal Zero Hora, 26/11/12.
Documentos revelam como o Exército se articulou para ocultar explosões no Riocentro
Ataques tinham como alvo o show com cerca de 20 mil pessoas no Rio de Janeiro, há 31 anos 
José Luis Costa e Humberto Trezzi
Missão Nº 115. Esse era o nome oficial da vigilância desencadeada pelos serviços de espionagem do Exército no centro de convenções Riocentro, no Rio, em 30 de abril de 1981, quando 20 mil pessoas ali se reuniam para um show musical em protesto contra o regime militar. Duas bombas explodiram lá, e os agentes "supervisores" da ação foram as únicas vítimas do episódio, que lançou suspeitas sobre atividades terroristas praticadas por militares e mergulhou em agonia uma ditadura que vinha desde 1964 e acabaria sepultada em 1985. Tudo isso a população brasileira já intuía, por meio de depoimentos. O que até agora permanecia oculto – e está sendo revelado por Zero Hora, em primeira mão – são registros de militares envolvidos no episódio e manobras de abafamento do incidente, arquitetadas por servidores da repressão.
O segredo está em arquivos que eram guardados em casa pelo coronel reformado do Exército Julio Miguel Molinas Dias – assassinado aos 78 anos, em 1º de novembro, em Porto Alegre, vítima de um crime ainda nebuloso. Molinas Dias era, na época do atentado, comandante do Destacamento de Operações e Informações -- Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro, conhecido como Aparelhão. O arquivo do coronel continha 200 páginas, várias delas encabeçadas pelo carimbo "confidencial" ou "reservado". O calhamaço evidencia que o aparelho repressivo militar tentou maquiar o cenário do Riocentro para fazer com que as explosões parecessem obra de guerrilheiros esquerdistas.
Os registros estavam guardados pelo minucioso oficial. A unidade comandada por Molinas era reponsável por espionar e reprimir opositores ao regime militar. O DOI-Codi era localizado dentro do 1º Batalhão de Polícia do Exército, na Rua Barão de Mesquita,no bairro da Tijuca. Ao se aposentar, o coronel levou para casa documentos preciosos, contando pormenores da sigilosa rotina da caserna. O dossiê deixa transparecer que a bomba no Riocentro também fez estragos dentro da sede do DOI-Codi, distante 30 quilômetros do centro de eventos.
Em meio aos papéis, surgem evidências de que oficiais forjaram fatos. Há inclusive uma orientação para simular o furto do veículo pertencente ao sargento que morreu na explosão, no sentido de desaparecer com pistas que seriam comprometedoras.
A íntegra.

O outro destino de Vladimir Herzog

Que história. O pai de Mauro é Zuenir. A vida é feita de histórias assim.

Do blog DizVentura.
O assassinato de Vlado 
Mauro Ventura
Vlado e meu pai eram grandes amigos. Trabalhavam juntos na revista "Visão". Ele era editor de Cultura em SP, enquanto meu pai chefiava a sucursal do Rio. Quando ele vinha ao Rio, ficava em nossa casa. Quando meu pai ia a SP, ficava na casa dele. "Raramente falávamos de política. O que mais nos interessava era cultura", diz meu pai. Um dia, meu pai recebeu um convite: chefiar o departamento de telejornalismo da TV Cultura, em SP. Ligou para Vlado e disse: "Tenho uma novidade. Quando chegar a SP te conto." Ao se encontrarem, Vlado falou: "Também tenho uma novidade. Mas conte a sua primeiro." Meu pai respondeu: "Não, conte a sua." E Vlado disse: "Fui convidado para chefiar o departamento de telejornalismo da TV Cultura." Os dois haviam recebido a mesma proposta. "E você?", perguntou Vlado. Diante do que o amigo havia dito, e para evitar a saia-justa, meu pai inventou que era algo relativo a um jornal.
A íntegra.

O desmatamento da Amazônia

A Europa destruiu suas florestas no século XVIII, os Estados Unidos destruiu as suas no século XIX. O desmatamento da Amazônia começou em outra época, quando a destruição provocada por europeus e americanos já era tanta que a consciência ambiental foi despertada. Ninguém ouve falar que os EUA estão replantando as florestas que derrubaram, muito menos a Europa, mas existe a preocupação mundial com a destruição da Amazônia. É um acontecimento similar ao "desenvolvimento": americanos e europeus atingiram um grau de riqueza e consumo que, transplantado agora para chineses, indianos, brasileiros e outros povos, levará a humanidade à catástrofe, porque seriam necessárias três Terras para fornecer matéria prima. E então os países "em desenvolvimento", do "terceiro mundo", "periféricos" e outras classificações que mudam ao longo do tempo, são obrigados a controlar seu crescimento. O "desenvolvimento" capitalista só funciona para poucos -- basta pensar em 7 bilhões de humanos dirigindo carros, cada um dono de uma frota inteira, como acontece nas casas das elites -- e leva a humanidade à autodestruição, porque não é possível continuar consumindo assim, porque não vai sobrar "mundo" para nossos filhos e netos, porque as condições ambietais que possibilitaram a existência humana estão desaparecendo, porque o capital não planeja nem se preocupa com o futuro e com os outros, só cuida de si mesmo e imediatamente. E é por isso que um novo sistema precisa ser implantado, se ainda houver tempo.

Da Agência Brasil
Taxa de desmatamento da Amazônia é a menor já registrada
Carolina Gonçalves
Brasília – A derrubada ilegal de árvores na Amazônia Legal atingiu a menor taxa anual de desmatamento desde que a região começou a ser monitorada pelo governo, em 1988. De acordo com os dados divulgados hoje (26) pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, a expansão da área desmatada caiu de 6,4 mil quilômetros quadrados para 4,6 mil quilômetros quadrados por ano.
Os resultados se referem ao período de agosto de 2011 a julho deste ano comparado aos 12 meses anteriores. "É a menor taxa de desmatamento da história. Tem o grande marco que é jogar o desmatamento abaixo dos 5 mil quilômetros quadrados", comemorou a ministra.
"Ouso dizer que esta é a única boa noticia ambiental que o planeta teve este ano do ponto de vista de mudanças do clima. Em relação aos compromissos de metas voluntárias de redução de emissões estamos bastante avançados", acrescentou.
A íntegra.

Danuza Leão e o tédio dos ricos

O velho médico, mais jovem que Danuza, ficou escandalizado com a crônica abaixo. Ele define a elite brasileira como "escravagista" e, embora nunca tenha votado em Lula, votaria agora, tão impressionado está com as manifestações de ódio contra o ex-presidente. Eu não tinha visto, só leio jornal raramente, mas procurei-a na internet. Danuza Leão vai fazer oitenta anos e escreve como uma adolescente. Tem um história admirável, mas destacou-se mais pelos ambientes que frequentou e personalidades com as quais conviveu do que por si mesma: a irmã Nara, o ex-marido Samuel Wainer, o jornalista e compositor Antônio Maria e outros. De tanto se casar com jornalistas, acabou jornalista também, mas sua maior, digamos, qualidade foi frequentar os ambientes dos ricos e famosos, testemunhar e experimentar a vida das elites. Sua autobiografia é ótima leitura. Ela nasceu em família de classe média no Espírito Santo e conta que aprendeu com o pai que mulher não pode depender de homem. Era modelo de sucesso, quando se casou com Wainer, aos 20 anos -- ele tinha passado dos 40 e era o grande jornalista do País, celebrizado pela entrevista exclusiva e profética em que Getúlio, deposto em 1945, anunciou que voltaria nos braços do povo, como presidente eleito (o ex-ditador apelidou-o de Profeta); logo se tornaria dono do Última Hora, um presente de Getúlio. Personagem importante da Era Vargas, Wainer morreu em 1980, aos 68 anos. (Uma curiosidade: o livro de memórias de SW foi organizado por um reverente Augusto Nunes, jornalista que hoje é oficial da tropa da imprensa protofascista.) Tiveram três filhos, um dos quais, Samuca, morreu jovem num acidente, trabalhando para a Rede Globo. Danuza largou Wainer para viver com Antônio Maria, autor de músicas lindas como Valsa de uma cidade, um homem grande, gordo e feio, segundo a ex-modelo. Foi uma paixão daquelas em que os dois se dedicam exclusivamente um ao outro. Quando ela conseguiu largá-lo, fugiu para o exterior; ele teve um enfarte e morreu. Maria é pai do Antônio Maria Filho, jornalista de futebol famoso. Danuza não parece generosa, mas acho que seria exagero alinhá-la com a direita protofascista que campeia na velha "grande" imprensa. Ela está muito acima desses colunistas que servem de cavalo para empresários analfabetos. Tem estilo, um estilo de rico culto e entediado, que olha a vida com prazer e desprezo ao mesmo tempo, sem drama e sem deslumbramento. Às vezes parece arrogância. Às vezes uma crônica é menos do que acaba se tornando, é apenas o resultado de uma obrigação que se tem de cumprir. Talvez Danuza só quisesse dizer que ela, que conheceu o mundo em tempos melhores e grandes companhias (por exemplo: na China, com Wainer, foi recebida por Mao Tse-Tung), hoje prefere sentar-se no conforto do seu lar e ler um bom livro. Acabou exprimindo o desconforto preconceituoso das elites "escravagistas" diante da "ascensão da nova classe média".

Da Folha de S. Paulo.
Ser especial
Danuza Leão
Afinal, qual a graça de ter muito dinheiro? Quanto mais coisas se tem, mais se quer ter e os desejos e anseios vão mudando -- e aumentando -- a cada dia, só que a coisa não é assim tão simples. Bom mesmo é possuir coisas exclusivas, a que só nós temos acesso; se todo mundo fosse rico, a vida seria um tédio.
Um homem que começa do nada, por exemplo: no início de sua vida, ter um apartamento era uma ambição quase impossível de alcançar; mas, agora, cheio de sucesso, se você falar que está pensando em comprar um com menos de 800 metros quadrados, piscina, sauna e churrasqueira, ele vai olhar para você com o maior desprezo -- isso se olhar.
Vai longe o tempo do primeiro fusquinha comprado com o maior sacrifício; agora, se não for um importado, com televisão, bar e computador, não interessa -- e só tem graça se for o único a ter o brinquedinho. Somos todos verdadeiras crianças, e só queremos ser únicos, especiais e raros; simples, não?
Queremos todas as brincadeirinhas eletrônicas, que acabaram de ser lançadas, mas qual a graça, se até o vizinho tiver as mesmas? O problema é: como se diferenciar do resto da humanidade, se todos têm acesso a absolutamente tudo, pagando módicas prestações mensais?
As viagens, por exemplo: já se foi o tempo em que ir a Paris era só para alguns; hoje, ninguém quer ouvir o relato da subida do Nilo, do passeio de balão pelo deserto ou ver as fotos da viagem -- e se for o vídeo, pior ainda -- de quem foi às muralhas da China. Ir a Nova York ver os musicais da Broadway já teve sua graça, mas, por R$ 50 mensais, o porteiro do prédio também pode ir, então qual a graça? Enfrentar 12 horas de avião para chegar a Paris, entrar nas perfumarias que dão 40% de desconto, com vendedoras falando português e onde você só encontra brasileiros -- não é melhor ficar por aqui mesmo?
Viajar ficou banal e a pergunta é: o que se pode fazer de diferente, original, para deslumbrar os amigos e mostrar que se é um ser raro, com imaginação e criatividade, diferente do resto da humanidade?
Até outro dia causava um certo frisson ter um jatinho para viagens mais longas e um helicóptero para chegar a Petrópolis ou Angra sem passar pelo desconforto dos congestionamentos.
Mas hoje esses pequenos objetos de desejo ficaram tão banais que só podem deslumbrar uma menina modesta que ainda não passou dos 18. A não ser, talvez, que o interior do jatinho seja feito de couro de cobra -- talvez.
É claro que ficar rico deve ser muito bom, mas algumas coisas os ricos perdem quando chegam lá. Maracanã nunca mais, Carnaval também não, e ver os fogos do dia 31 na praia de Copacabana, nem pensar. Se todos têm acesso a esses prazeres, eles passam a não ter mais graça.
Seguindo esse raciocínio, subir o Champs Elysées numa linda tarde de primavera, junto a milhares de turistas tendo as mesmas visões de beleza, é de uma banalidade insuportável. Não importa estar no lugar mais bonito do mundo; o que interessa é saber que só poucos, como você, podem desfrutar do mesmo encantamento.
Quando se chega a esse ponto, a vida fica difícil. Ir para o Caribe não dá, porque as praias estão infestadas de turistas -- assim como Nova York, Londres e Paris; e como no Nordeste só tem alemães e japoneses, chega-se à conclusão de que o mundo está ficando pequeno.
Para os muito exigentes, passa a existir uma única solução: trancar-se em casa com um livro, uma enorme caixa de chocolates -- sem medo de engordar --, o ar-condicionado ligado, a televisão desligada, e sozinha.
E quer saber? Se o livro for mesmo bom, não tem nada melhor na vida.
Quase nada, digamos.

Na Folha.

A situação da Cemig

O conflito entre a Cemig e o governo federal, na análise do Nassif. 

Coluna Econômica do blog Luís Nassif Online.
As questões pendentes no setor elétrico
Por Luís Nassif
Há alguns impasses e uma certeza entre o governo federal e a Cemig (Centrais Elétricas de Minas Gerais), em relação à Medida Provisória do Setor Elétrico: não interessa a nenhuma parte a judicialização da questão. Portanto, está em andamento um processo de negociação ainda não definido.
Em relação à Cemig há duas pendências.
A primeira, a não renovação automática das concessões de três hidrelétricas. A segunda, o valor da indenização, caso a Cemig opte por entregar a concessão com dois anos de antecedência – as três concessões vencem em 2015.
A alegação da Cemig é que ela tem 18 concessões de geração sujeitas à MP. Mas têm três usinas com contratos diferenciados, como explica Luiz Fernando Rolla, Diretor de Relações Institucionais. Pelo contrato, há possibilidade – não a obrigatoriedade - da União renovar a concessão nas bases originais. Pouco antes do anúncio da MP, outras usinas nas mesmas condições conseguiram a renovação. A Cemig pleiteia o mesmo tratamento.
A opinião do presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) Maurício Tomalsquim é que não havia outro jeito de implementar a redução tarifária senão impondo uma data de corte. E a data acabou deixando de fora as três usinas da Cemig.
Além disso, alega Tomalsquim, o contrato abria uma presunção de direito – a possibilidade da União autorizar a renovação – mas não um direito líquido e certo. E, se abrir exceção, haverá brecha para outros questionamentos.
A opinião de Rolla é que o fato dos contratos serem diferenciados impediria essa abertura da exceção.
A outra discussão é sobre a indenização para o caso de antecipação em dois anos do vencimento do prazo de concessão.
Até agora o mercado não tem noção sobre os impactos nos ativos e no fluxo das companhias, diz o analista Pedro Gualdi. No caso da Eletrobrás, por exemplo, inicialmente falava-se em indenização de R$ 30 bilhões. O governo autorizou R$ 14 bi.
Segundo Tomalsquim, para calcular a indenização, a Aneel adotou os mesmos critérios já utilizados para transmissão e distribuição. Valora-se a concessão pelo valor financeiro dos ativos (pela receita que geram) e não pelo valor contábil. Com isso, não entram nos cálculos nem investimentos desnecessários, desperdícios ou erros do passado.
Hoje em dia, usinas são construídas em 3 anos e poucoem média. Háusinas como Itumbiara, de Furnas, que levou 6 anos; Xingó, da Chesf, em 7 anos; Ilha Solteira em 8, Itaparica, em 9 e Porto Primavera em 19 anos. Maior tempo significa maiores custos e desperdícios que não podem entrar no valor das companhias.
Rolla informa que a Cemig não é contra a redução tarifária. Partiram delas algumas sugestões para compensar a redução de impostos nas tarifas e tem se empenhado em cumprir as redução de custos para se adequar às exigências da Aneel de redução das tarifas. Alega também que as três usinas da Cemig não tinham aparecido nos cálculos iniciais para a meta de redução tarifária de 20%. Apareceram depois, na lista da Aneel.
De qualquer modo, assim como no Planalto, a posição da Cemig é que é melhor um mau acordo do que uma boa demanda.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Demonstração da "vertigem do Supremo"

A revista Retrato do Brasil, que publicou as melhores reportagens sobre o "mensalão", demonstra o grande delírio do relator Joaquim Barbosa e do presidente Ayres Brito, acompanhados por seus pares menores, com exceção honrosa do ministro Lewandowski, no julgamento da ação penal 470.

Da Retrato do Brasil.
A vertigem do Supremo
Os ministros do STF deliraram: não houve o desvio de 73,8 milhões de reais do Banco do Brasil, viga mestra da tese do mensalão. Acompanhe a nossa demonstração
A tese do mensalão como um dos maiores crimes de corrupção da história do País foi consagrada no STF. Veja-se o que disse, por exemplo, o presidente do tribunal, ministro Ayres Britto, ao condenar José Dirceu como o chefe da "quadrilha dos mensaleiros": o mensalão foi "um projeto de poder", "que vai muito além de um quadriênio quadruplicado". Foi "continuísmo governamental"; "golpe, portanto". Em outro voto, que postou no saite do tribunal dias antes, Britto disse que o mensalão envolveu "crimes em quantidades enlouquecidas", "volumosas somas de recursos financeiros e interesses conversíveis em pecúnia", pessoas jurídicas tais como "a União Federal pela sua Câmara dos Deputados, Banco do Brasil-Visanet, Banco Central da República".
Britto, data venia, é um poeta. Na sua caracterização do mensalão como um crime gigante, um golpe na República, o que ele chama de Banco do Brasil-Visanet, por exemplo? É uma nova entidade financeira? Banco do Brasil (BB) a gente sabe o que é: é aquele banco estatal que os liberais queriam transformar em Banco Brasil, assim como quiseram transformar a Petrobras em Petrobrax, porque achavam ser necessário, pelo menos por palavras, nos integrarmos ao mundo financeiro globalizado.
De fato, Visanet é o nome fantasia da Companhia Brasileira de Meios de Pagamento (CBMP), responsável, no Brasil, pelos cartões emitidos com a chamada bandeira Visa (hoje o nome fantasia mudou, é Cielo). Banco do Brasil-Visanet não existia, nem existe; é uma entidade criada pelo ministro Britto. E por que, como disse no voto citado, ele a colocou junto com os mais altos poderes do País -- a União, a Câmara dos Deputados e o Banco Central da República? Com certeza porque, como a maioria do STF, num surto anticorrupção tão ruim quanto os piores presenciados na história política do País, viu, num suposto escândalo Banco do Brasil-Visanet, uma espécie de revelação divina. Ele seria a chave para transformar num delito de proporções inéditas o esquema de distribuição, a políticos associados e colaboradores do PT, de cerca de 50 milhões de reais tomados de empréstimo, de dois bancos mineiros, pelo partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No dia 13 de julho de 2005, menos de um mês depois de o escândalo do mensalão ter surgido, com as denúncias do então deputado Roberto Jefferson, a Polícia Federal descobriu, no arquivo central do Banco Rural, em Belo Horizonte, todos os recibos da dinheirama distribuída. Delúbio Soares, tesoureiro do PT, e Marcos Valério, um empresário de publicidade mineiro, principais operadores da distribuição, contaram sua história logo depois. E não só eles como mais algumas dezenas de pessoas, também envolvidas no escândalo de alguma forma, foram chamados a depor em dezenas de inquéritos policiais e nas três comissões parlamentares de inquérito que o Congresso organizou para deslindar a trama.
Todos disseram que se tratava do famoso caixa dois, dinheiro para o pagamento de campanhas eleitorais, passadas e futuras. Como dizemos, desde 2005, tratava-se de uma tese razoável. Por que razoável, apenas? Porque as teses, mesmo as melhores, nunca conseguem juntar todos os fatos e sempre deixam alguns de lado. A do caixa dois é razoável. O próprio STF absolveu o publicitário Duda Mendonça, sua sócia Zilmar Fernandes e vários petistas, que receberam a maior parte do dinheiro do chamado valerioduto, porque, a despeito de proclamar que esse escândalo é o maior de todos, a corte reconheceu tratar-se, no caso das pessoas citadas, de dinheiro para campanhas eleitorais. E a tese do caixa dois é apenas razoável, como dissemos também, porque fatos ficam de fora.
É sabido, por exemplo, que, dos 4 milhões de reais recebidos pelo denunciante Roberto Jefferson -- que jura ser o dinheiro dele caixa dois e o dos outros, mensalão --, uma parte (modesta, é verdade) foi para uma jovem amiga de um velho dirigente político ligado ao próprio Jefferson e falecido pouco antes. Qualquer criança relativamente esperta suporia também que os banqueiros não emprestaram dinheiro ao PT porque são altruístas e teria de se perguntar por que o partido repassou dinheiro a PTB, PL e PP, aliados novos, e não a PSB e PCdoB, aliados mais fiéis e antigos. Um arguto repórter da Folha de S.Paulo, num debate recente sobre o escândalo, com a participação de Retrato do Brasil, disse que dinheiro de caixa dois é assim mesmo e que viu deputado acusado de ter recebido o dinheiro do valerioduto vestido de modo mais sofisticado depois desses deploráveis acontecimentos.
A íntegra.

domingo, 25 de novembro de 2012

Dirceu: "Não fui fuzilado porque no Brasil não tem pena de morte"

A antipatia geral contra José Dirceu foi construída pela velha imprensa de direita, que em outros tempos disseminava a ideia de que comunista come criancinha e outras imbecilidades criminosas. Quem, entre os que não gostam dele, tem uma experiência pessoal para julgá-lo? A antipatia vem da leitura sistemática de notícias que o demonizam, dos preconceitos que correm de boca em boca contados por quem não para pra pensar. Faz parte do mesmo processo que tentou e continua -- sem sucesso -- tentando demonizar Lula, o alvo principal dessa campanha protofascita contra o PT.

Da Rede Brasil Atual.
Dirceu: 'Eu estava marcado para morrer, mas não tenho vocação para a morte'
Por João Paulo Soares
São Paulo - O ex-ministro José Dirceu afirmou neste sábado (24/11/12) que estava "marcado para morrer" desde o início o processo político e midiático conhecido por mensalão. Da cassação de seu mandato de deputado pela Câmara Federal, em 2005, à condenação pelo STF na Ação Penal 470, agora, Dirceu fez um histórico detalhado dos vários momentos em que as leis e as regras democráticas foram reinterpretadas ou ignoradas para que a investida contra ele e o PT se transformasse num "julgamento de exceção, de caráter sumário".
"Eu estava marcado para morrer. Só não fui fuzilado porque no Brasil não existe pena de morte. E o problema é que eu não tenho vocação para a morte. Vou ficar de pé", disse o ex-ministro, arrancando aplausos das pessoas que compareceram ao Sindicato dos Engenheiros, no centro de São Paulo, para o "Ato em Defesa do PT".
O ato foi organizado pela corrente O Trabalho – na abertura do 5º Encontro Nacional Diálogo Petista. A corrente, adversária histórica de Dirceu e de seu grupo dentro do partido, é uma das que estão mais à esquerda no espectro político petista. Segundo Markus Sokol, um de seus líderes, as divergências internas não impedem a solidariedade aos companheiros e a denúncia da maneira como se deu o julgamento, cujo objetivo real seria atingir o PT, a esquerda e as forças populares.
Participaram da plenária, que também contou com o ex-deputado José Genoino, igualmente condenado sem provas, representantes de movimentos sociais e da CUT, além da militância e de parlamentares, como o senador Eduardo Suplicy (SP) e o deputado estadual paulista Zico Prado.
Dirceu classificou de "desfaçatez" a série de manobras criadas para cassá-lo e depois condená-lo, em especial a "narrativa sem provas e sem contraditório" do STF, que "violou" princípios constitucionais como a presunção da inocência e o direito ao recurso a outras instâncias da Justiça. "O que aconteceu (comigo) é grave e transcende ao julgamento, porque suspende as garantias individuais de todos os cidadão", avaliou. Segundo ele, o seu caso e de outros criou uma jurisprudência segundo a qual, a partir de agora, qualquer pessoa pode ser condenada sem provas ou testemunhos.

A íntegra.

Noam Chomsky e o campo de concentração de palestinos em Gaza

Há cerca de setenta anos, os alemães exterminaram judeus, até que os nazistas foram derrotados pelos exércitos russos e americanos. Hoje, os judeus exterminam palestinos com cumplicidade dos EUA e da ONU.

Da Agência Carta Maior.
Impressões de uma visita a Gaza
Noam Chomsky
Uma noite encarcerado é o bastante para que se conheça o sabor de estar sob total controle de uma força externa. E dificilmente demora mais de um dia em Gaza para que se comece a perceber como é tentar sobreviver na maior prisão a céu aberto do mundo. Na Faixa de Gaza, a área de maior densidade populacional do planeta, um milhão e meio de pessoas estão constantemente sujeitas a eventuais e amiúde ferozes e arbitrárias punições, cujo propósito não é senão humilhar e rebaixar a população palestina e ulteriormente garantir tanto o esmagamento das esperanças de um futuro decente quanto a nulidade do vasto apoio internacional para um acordo diplomático que sancione o direito a essas esperanças.
O comprometimento a isso por parte das lideranças políticas israelenses foi ilustrado expressivamente nos últimos dias, quando eles advertiram que 'enlouqueceriam' se os direitos palestinos fossem reconhecidos, mesmo que limitadamente, pela ONU. Essa postura não é nova. A ameaça de 'enlouquecer' ('nishtagea') tem raízes profundas, lá nos governos trabalhistas dos anos 1950 e em seus respectivos "complexos de Sansão": "se nos contrariarem, implodimos as paredes do Templo à nossa volta". À época, essa ameaça era inútil; hoje não é mais.
A humilhação deliberada também não é nova, apesar de adquirir novas formas constantemente. Há trinta anos, líderes políticos, inclusive alguns dos mais notórios 'falcões' (sionistas mais conservadores), apresentaram ao primeiro-ministro um relato detalhado de como colonos regularmente violavam palestinos da forma mais vil e com total impunidade. A proeminente analista Yoram Peri notou com repugnância que a tarefa do exército não é a de defender o Estado, mas de "acabar com os direitos de pessoas inocentes somente porque são araboushim (uma ofensa racial) vivendo numa terra que Deus nos prometeu".
O povo de Gaza foi selecionado para punições particularmente cruéis. É quase miraculoso que eles suportem tal existência. Raja Shehadeh descreveu como eles o fazem num eloquente livro de memórias, A Terceira Via, escrito há 30 anos. O texto relata seu trabalho como advogado empenhado na tarefa de tentar proteger direitos elementares num sistema legal feito para ser insuficiente, além de sua experiência como um resistente que vê sua casa tornar-se uma prisão por ocupantes violentos e nada pode fazer além de "aguentar".
A íntegra.

Tudo que você queria saber sobre o "mensalão", mas Veja e Folha não publicaram

Na cobertura da Agência Carta Maior, as análises e opiniões de inúmeros juristas, advogados, intelectuais, políticos e até ministros do STF não manipulados pela velha "grande" imprensa. É só clicar e ler um artigo inteligente, coisa que se tornou praticamente impossível em Veja, Folha, Globo e seus seguidores menores.

Decisões do STF provocam clima de insegurança jurídica  
Ação Penal 470 e o triângulo de quatro pontas
PT reage e critica STF pela politização de julgamento
Barbosa inverte ordem para antecipar condenação de petistas
Violação da ampla defesa pode anular Ação Penal 470
STF determina retenção dos passaportes dos réus do "mensalão"
"Mensalão": Os 6 argumentos dos que acusam o STF de promover um julgamento de exceção 
STF e o "mensalão": decisão perigosa para a segurança do indivíduo
O que ficou provado e o que não ficou no processo do mensalão

sábado, 24 de novembro de 2012

Vaga para carroça

Uma notícia interessante de um blog muito bom sobre um bairro especial de São Paulo, e que ressalta, comparativamente, a degradação de Belo Horizonte nos últimos quatro anos. Basta pensar na Savassi, que já foi nosso local mais bacana e que foi descaracterizada pela péssima reforma da praça.

Do blog Vilamundo.
Vila Madalena ganha a primeira vaga para carroça do Brasil  
Por Felipe Blumen do Catraca Livre 
A cidade de São Paulo ganhou, no domingo, 19, a primeira vaga exclusiva para carroças do Brasil. O espaço, localizado em frente ao Ecoponto da Vila Madalena, na zona oeste, é reservado para os catadores de materiais recicláveis pararem os seus "veículos" de trabalho.
"O lugar já era usado pelos catadores que vinham usar o Ecoponto ou almoçar no Bar do Corno", explica o grafiteiro Mundano, autor da pintura. No espaço não é permitido o estacionamento de carros, mas alguns ainda paravam. A ideia é que agora só fiquem as carroças.
A íntegra.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Governo Anastasia proíbe eleição do sindicato dos professores

 
Quando a gente pensa que já viu tudo, os tucanos se superam. A secretária Gazola proibiu o uso de escolas públicas para realização das eleições do Sind-UTE, como sempre aconteceu. Não investir em educação não basta, não pagar aos professores o piso salarial determinado por lei também não basta. Agora o governo que gasta muito em propaganda para dizer que a educação em Minas é uma maravilha tenta impedir que os professores elejam a diretoria do seu sindicato.

Do saite do Sind-UTE.
Nota de esclarecimento
Diante da divulgação do Ofício 003881/12 do Gabinete da Secretária de Educação, proibindo a realização das eleições do Sind-UTE MG nas escolas estaduais, a direção estadual presta esclarecimentos e faz as orientações abaixo:
1) A direção, através da mediação da Assembleia Legislativa, tentou dialogar com a SEE para que a proibição fosse revista. No entanto, a SEE optou por não dialogar e manter a proibição.
2) Em toda a história do nosso sindicato, mesmo nos períodos de maior conflito com o governo estadual, jamais ocorreu interferência nas eleições da entidade.  Sempre houve respeito ao nosso processo eleitoral.
3) A Secretária de Estado da Educação não conhece a realidade das escolas estaduais porque se conhecesse saberia que a eleição do sindicato nunca causou qualquer tumulto ou intranquilidade ao ambiente escolar como ela alega.
4) Os prazos e regras eleitorais são determinados pelo estatuto da entidade que é registrado no Cartório. Por isso, não haverá qualquer mudança na data de eleição.
5) Onde o sindicato for proibido de entrar, orientamos que seja montada uma “banca” na porta da escola para colher o voto, mesmo que a mesma tenha que ser montada no passeio ou na rua e esse fato deverá ser noticiado à imprensa local. O que não pode ocorrer é a categoria ser impedida de votar para a direção do seu sindicato.
A íntegra. 

O anti-Lula

Um bom artigo sobre Barbosão. A gente torceu intimamente pelo primeiro ministro negro do STF, assim como torceu pelo primeiro operário e pela primeira mulher presidentes. Porque as mulheres foram historicamente subalternas na sociedade machista, porque trabalhadores foram sempre explorados e humilhados, porque os africanos chegaram ao Brasil como escravos e, depois da abolição, seus descendentes continuaram formando as camadas mais pobres da população. Dilma faz um governo digno, Lula superou todas as expectativas. Quem acha que somos todos iguais, que diferenças de cor, sexo, religião e posição social não definem a essência do ser humano, torceu por Barbosão. E então ele se prestou a fazer o papel de capitão do mato e servir às elites reacionárias da casa-grande em troca de capas de revista. O anti-Lula.

Da Agência Carta Maior.
E agora Joaquim? A encruzilhada de um juiz
Por Saul Leblon
Joaquim Barbosa assumiu a presidência de uma Suprema Corte manchada pela nódoa de um julgamento político conduzido contra lideranças importantes da esquerda brasileira.
Monocraticamente, como avocou e demonstrou inúmeras vezes, mas sempre com o apoio indutor da mídia conservadora, e de seu jogral togado -- à exceção corajosa do ministro Ricardo Lewandowski, Barbosa fez o trabalho como e quando mais desfrutável ele se apresentava aos interesses historicamente retrógrados da sociedade brasileira -- os mesmos cuja tradição egressa da casa-grande deixaram cicatrizes fundas no meio de origem do primeiro ministro negro do Supremo.
Não será a primeira vez que diferenças históricas se dissolvem no liquidificador da vida.
Eficiente no uso do relho, Barbosa posicionou o calendário dos julgamentos para os holofotes da boca de urna no pleito municipal de 2012.
Provas foram elididas; conceitos estuprados ao abrigo tolerante dos doutos rábulas das redações --o famoso "domínio do fato"; circunstâncias atropeladas; personagens egressos do governo FHC, acobertados em processos paralelos, mantidos sob sigilo inquebrantável, por determinação monocrática de Barbosa (leia: "Policarpo & Gurgel: ruídos na sinfonia dos contentes"); tudo para preservar a coerência formal do enredo, há sete anos preconcebido.Arriadas as bandeiras da festa condenatória, esgotadas as genuflexões da posse solene desta 5ª feira, o espelho da história perguntará nesta noite e a cada manhã ao juiz da suprema instância: -- E agora Joaquim?
O mesmo relho, o mesmo "domínio do fato", o mesmo atropelo da inocência presumida, a mesma pressa condenatória orientarão o julgamento da Ação Penal 536 -- vulgo "mensalão mineiro"?
Coube a Genoíno, já condenado -- e também ao presidente nacional do PT, Rui Falcão -- fixar aquela que deve ser a posição de princípio da opinião democrática e progressista diante da encruzilhada de Barbosa: "Não quero para os tucanos o julgamento injusto imposto ao PT", fixou sem hesitação o ex-guerrilheiro do Araguaia, no que é subscrito por Carta Maior.
A íntegra.

A reforma agrária do PT

Não é divisão de terra, é distribuição de renda.

Da Agência Carta Maior.
Renda cresce mais nas áreas pobres rurais 
Marco Aurélio Weissheimer
O setor rural brasileiro, no período entre 2003 e 2009, cresceu mais economicamente se comparado ao restante do pais. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE), a chamada "nova classe média", que atingia 20,6% da população rural em 2003, chegou a 35,4% dessa população em 2009 e deverá atingir a casa dos 50% em 2014, mantida a tendência atual. A renda cresceu mais nas áreas pobres rurais do que nas cidades, assim como a renda na região Nordeste cresceu mais do que no Sudeste. Um novo estudo, realizado pela Fundação Getúlio Vargas, revela que a pobreza no campo, em comparação com as grandes cidades, caiu 16,2% entre 2009 e 2010.
Os dados são do livro "Superação da pobreza e a nova classe média no campo", de Marcelo Neri, Luisa Carvalhaes Coutinho de Melo e Samanta dos Reis Sacramento Monte (FGV Editora), lançado quinta-feira (22/11/12), na VIII Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, no Rio de Janeiro. Produzido pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário (Nead/MDA), o livro é resultado de pesquisa realizada por Marcelo Neri, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) e professor da Fundação Getúlio Vargas.
Segundo o estudo, o crescimento da renda no campo esteve menos associado ao agronegócio e mais à expansão de transferências públicas no meio rural (aposentadoria rural, Benefícios de Prestação Continuada (BPC), Bolsa Família, entre outros programas. O crescimento acumulado de 71,8%, de 2003 a 2009, aponta ainda o estudo, equivale a 3,7 milhões de brasileiros do campo que passaram a integrar a classe C (um universo de 9,1 milhões de pessoas em 2009).
Entre 2003 e 2009, a renda per capita média do brasileiro que vive na área rural cresceu 6,1% ao ano em termos reais, ou seja, já descontada a inflação e o crescimento populacional, afirma também a pesquisa. Ela passou de R$ 212,58 para R$ 303,30. O crescimento médio nacional no mesmo período foi de 4,72%.
A íntegra.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Assassino no trânsito vai para a prisão

Foram 16 anos de espera por justiça e 33 recursos para pegar um rico assassino. Um caso raro de punição, ainda assim. Essa é a justiça da qual Joaquim Barbosa representante é o representante máximo, a partir de hoje. Se realmente quiser, o juiz que pensa ser o Batman brasileiro, pode fazer muita coisa pela justiça -- pela justiça verdadeira, que não faz distinção entre ricos e pobres, não a justiça de capa de revista veja.

Da Tribuna de Minas, via Luís Nassif Online.
Uma condenação definitiva por homicídio doloso no trânsito
Após 16 anos do 'racha' (pega) de carro que matou cinco pessoas de uma mesma família, na MG-126, entre Bicas e Mar de Espanha, um dos envolvidos na tragédia, o médico Ademar Pessoa Cardoso, 65 anos, começou ontem a cumprir a pena a que foi condenado. Às 7h30, desta quarta-feira, 21/11, ele se apresentou na cadeia pública de Mar de Espanha, onde reside, após ter a prisão decretada na segunda-feira, pelo juiz da Comarca de Bicas, Ricardo Domingos de Andrade.
Ele foi condenado por homicídio doloso a 12 anos e nove meses de prisão. Junto com o industrial Ismael Keller Loth, condutor da Blazer que atingiu na contramão o Fusca onde estavam as vítimas, Ademar participava do "pega" e apresentou, ao longo do processo, 27 recursos no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outros seis no Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado do médico disse ontem que não irá impetrar ordem de habeas corpus, mesmo porque o entendimento jurídico é de que não cabe mais recurso. O advogado José Ramos, que representa a família dizimada pelo racha, informou que a prisão de Ismael também já foi peticionada e o processo concluso. No entanto, um recurso ainda tramita na Justiça. Ele já foi condenado a 16 anos em júri popular realizado em 2004.
A notícia da prisão de Ademar foi recebida com emoção pelo engenheiro aposentado José Geraldo Carnaúba Corrêa de Souza, 80 anos, pai e avô das vítimas do acidente de trânsito provocado pelo pega. Ele é pai de Adriana, 31 anos, avô de Victória, 2 anos, e Theodora, 7 meses, além de sogro de Júlio César, 32, todos passageiros do Fusca atingido no acidente. Morreu ainda Isabel Benecdita, 93, que também estava no carro e era parente da família.
A íntegra.

A corrupção nas obras do Mineirão

Da Tribuna de Minas.
Juiz bloqueia bens de envolvidos com obras do Mineirão
Por Marcelo Portela, da Agência Estado
Denúncias de irregularidades nas obras do Mineirão para sediar os jogos da Copa de 2014 em Belo Horizonte levaram a Justiça Federal em Minas Gerais a bloquear bens de integrantes do governo mineiro e do escritório Gustavo Penna Arquitetos & Associados, responsável pelo projeto de reforma do estádio. O pedido de bloqueio de bens foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF), que apontou uma série de ilegalidades no contrato com o escritório, no valor de R$ 17,8 milhões, feito sem licitação.
Os atingidos pela liminar expedida pela 10ª Vara da Justiça Federal são o coordenador do Grupo Executivo da Copa do Mundo (Gecopa), Luís Manuel Rebelo Fernandes, o diretor-geral do Departamento de Obras Públicas do Estado (Deop-MG), Gerson Barros de Carvalho, o antigo ocupante do cargo de diretor-geral do Deop-MG, João Antônio Fleury Teixeira, o gerente de Projetos e Custos do Deop-MG, Oizer Myssior, o ex-presidente do Comitê Executivo da Copa, Tadeu Barreto Guimarães, e o escritório de arquitetura responsável pelo projeto. Os bens bloqueados somam R$ 3,8 milhões, sendo R$ 1,9 milhão dos integrantes do governo e R$ 1,9 milhão do Gustavo Penna Arquitetos & Associados.
A íntegra.

O indiciamento do diretor da revista Veja Policarpo Júnior

É bom ler o que escreve um ex-jornalista da Abril, que ocupou cargos importantes na empresa, sobre o comportamento do diretor da Veja em Brasília, indiciado por formação de quadrilha e prontamente defendido pela "grande" imprensa. Mesmo que não se concorde sobre a boa fé de Policarpo. Parte da imprensa brasileira, a mais forte, quer ter imunidade jornalística para cometer crimes.

Do Diário do Centro do Mundo.
O jornalismo segundo Pulitzer e o caso Cachoeira 
Paulo Nogueira
Quando jornalistas viram amigos de suas fontes, o interesse público é sempre o maior perdedor.
Antes de tudo: não acredito que o jornalista Policarpo Júnior tenha tido, em suas relações com Carlinhos Cachoeira, a intenção de obter nada além de furos.
Isto posto, do ponto de vista estritamente jornalístico, Policarpo foi longe demais em sua busca de notícias, como os fatos deixaram claro.
Policarpo infringiu uma lei capital do bom jornalismo, enunciada há mais de um século por um dos mais brilhantes jornalistas da história, Joseph Pulitzer: "Jornalista não tem amigo".
Pulitzer sabia que a amizade acaba influenciando o discernimento do jornalista, e subtraindo dele a capacidade de enxergar objetivamente sua fonte. É um preço muito alto para o bom jornalismo.
Os telefonemas trocados entre Cachoeira e Policarpo não mostram cumplicidade, no sentido pejorativo de companheirismo em delinquências. Mas revelam uma intimidade inaceitável no bom jornalismo, uma camaradagem que vai além dos limites do que é razoável.
Tiremos o excesso das palavras que têm varrido as discussões políticas, jurídicas e ideológicas no Brasil. Somos, subitamente, a pátria dos "quadrilheiros". Policarpo está longe de se enquadrar, tecnicamente, nesta categoria, e disso estou certo.
Mas, por ter se tornado tão próximo de Cachoeira, ele acabou se deixando usar por um grupo no qual o interesse público era provavelmente a última coisa que importava. Logo, havia um envenenamento, já na origem, nas informações que ele passava.
Minha convicção é que ele não terá dificuldades, perante a justiça tão louvada pela mídia por sua atuação no Mensalão, em provar que fez apenas jornalismo com Cachoeira – ainda que mau jornalismo.
Mas é necessário que Policarpo enfrente o mesmo percurso de outros envolvidos neste caso.
Teria sido infame não arrolá-lo. Isso teria reforçado a ideia de que jornalista é uma categoria à parte, acima do bem e do mal, acima da lei.
Não existe nenhuma ameaça à "imprensa livre", "imprensa independente" ou "imprensa crítica" quando jornalistas são instados a se explicar à justiça.
A íntegra.

Da Carta Capital.
A importância do relatório da CPMI para a própria mídia
Luís Nassif
No final dos anos 90 escrevi um conjunto de colunas na Folha, sobre os desvios e abusos da cobertura jornalística.
Na Abril, Roberto Civita xerocou e enviou para diretores de redação de diversas publicaçòes. No Estadão, Ruy Mesquita encaminhou cópias para o diretor de Redação Aluizio Maranhão. Na RBS ocorreu o mesmo processo. Na Folha, além do espaço que me davam, havia a figura do ombudsman e do Painel do Leitor permitindo algum contraponto.
Por trás desse interesse, a preocupação com um projeto de lei de um deputado federal de São José do Rio Preto – e, se não me engano, de Ibrahim abi-Ackel – definindo de forma mais rigorosa punições contra abusos de mídia.
O projeto arrefeceu e, com ele, arrefeceu a intenção da mídia de praticar um jornalismo mais responsável.
De lá para cá, o jornalismo investigativo foi piorando e enveredando por caminhos que, muitas vezes, ultrapassaram os limites da legalidade. Especialmente depois dos episódios Veja-Opportunity e Veja-Cachoeira.
Criou-se um círculo vicioso do qual a própria mídia se tornou prisioneira.
A íntegra.

Do Pragmatismo Político.
A inédita mobilização da grande mídia para blindar chefões da Veja
Indiciamentos do jornalista Policarpo Júnior e de Roberto Cívita (diretor e proprietário de Veja, respectivamente) por formação de quadrilha provocam reação inédita na imprensa brasileira
Em menos de 24 horas, relatório de Odair Cunha (PT-MG) conseguiu provocar uma reação inédita dos grandes meios comunicação brasileiros: editoriais do Estado, de Francisco Mesquita Neto, e da Folha, de Otávio Frias, uma capa do Globo, de João Roberto Marinho, além de artigos de Merval Pereira e Ricardo Noblat. Tudo por conta da proposta de indiciamento do jornalista Policarpo Júnior, de Veja, de Roberto Civita, por formação de quadrilha, em razão de seu estreito vínculo com o bicheiro Carlos Cachoeira.
A íntegra.

Como o capital lucra com as catástrofes

O capital cria os desastres e, em vez de reconcer sua responsabilidade e mudar seu comportamento, procura lucrar também com eles. O caso mais emblemático é a exploração de petróleo no Ártico degelado.

Do The Guardian, via Outras Palavras.
O furacão Sandy e as escolhas da humanidade
Diante da mudança climática e seus desastres, restam duas opções: privatização radical, como nos EUA, ou multiplicar os bens comuns
Por Naomi Klein*, tradução Guilherme Bianchi
Menos de três dias depois de a tempestade Sandy chegar à terra firme na costa leste dos Estados Unidos, Iain Murray do Competitive Enterprise Institute culpou a resistência dos nova-iorquinos às mega-lojas como causa da miséria que eles estavam prestes a enfrentar. Escrevendo na Forbes.com[1], ele explicou que a recusa da cidade em adotar o Walmart provavelmente vai tornar a recuperação urbana muito mais difícil. "As pequenas lojas simplesmente não podem fazer o que podem as grandes lojas nessas circunstâncias", escreveu ele. Também alertou que, se o ritmo de reconstrução acabar por ser lento (como tantas vezes é), a culpa será das "leis sindicais como a Lei David-Bacon[2]", referindo-se à norma que exige que os trabalhos em projetos de obras públicos sejam baseados não no salário mínimo, mas no salário prevalecente na região.
No mesmo dia, Frank Rapoport, um advogado que representa construtoras bilionárias e vários empreiteiros imobiliários, escreveu sugerindo que muitos dos projetos públicos de obras não devem ser integralmente públicos. Em vez disso, sem dinheiro, os governos deveriam recorrer às parcerias público-privadas, conhecidas como "P3" nos Estados Unidos. Isso significa estradas, pontes e túneis sendo reconstruídos por empresas privadas, através das quais, por exemplo, poderiam construir pedágios e manter os lucros. Esses acordos não são autorizados em Nova York ou Nova Jersey, mas Rapoport acredita que isso pode mudar. "Em Nova York e Nova Jersey, algumas das pontes atingidas precisam de substituição estrutural, e isso será muito caro", disse ele. "O governo pode muito bem não ter o dinheiro para construí-las de maneira certa. E aí você se interessa por um P3."
O prêmio para o capitalismo de desastre mais vergonhoso, no entanto, certamente vai para o economista de direita Russel S. Sobel, que publicou no fórum online do New York Times. Ele sugeriu que, nas áreas mais atingidas, a Agência Federal de Gerenciamento de Emergência (Fema) deveria criar "zonas de livre comércio – em que todas as normas, licenciamentos e impostos estariam suspensos". Esta empresa "livre-para-tudo" poderia, aparentemente, "fornecer melhor os bens e serviços necessários às vítimas".
Sim, é isso mesmo: esta catástrofe, muito provavelmente criada pela mudança climática — uma crise nascida do fracasso colossal em criar regras capazes de evitar que corporações tratem a atmosfera como seu esgoto a céu aberto – é apenas uma oportunidade a mais para mais desregulamentações. E o fato de esta tempestade demonstrar que as pessoas pobres e a classe trabalhadora são muito mais vulneráveis à crise climática sugere a alguns que este é o momento certo para retirar, dessas pessoas, as poucas proteções trabalhistas que ainda lhes restam, bem como promover a privatização de parcos serviços públicos disponíveis para elas. E sobretudo, mesmo diante do fato de ser uma crise extraordinariamente cara e que nasceu da ganância corporativa, distribuir isenções fiscais para as corporações.
A íntegra.

A fábrica de Eike Batista em MG

Da série "Para onde vai o dinheiro público". Imprensa dos ricos protesta quando o dinheiro é para pobres, como no caso do Bolsa Família, mas nada diz quando é para empresários, exceto quando o veículo em questão tem diferenças com o beneficiado, como é o caso do bilionário pai daquele rapaz que atropelou e matou um ciclista dirigindo a 135 km por hora sua Mercedes-Benz SLR McLaren, carro de um novo tempo, que custa R$ 2,7 milhões. E é para esses ricos que vai o grosso do dinheiro público, como se lê aqui. Para que possam comprar novas Mercedes, Ferraris e helicópteros. A matéria não fala no "empurrão" dado pelo governo tucano de Minas, mas teve, mesmo porque o BDMG também sócio da empresa. Deve ter sido nas formas de isenção fiscal durante trinta anos, terreno de graça, obras também, água e energia subsidiada outros recursos públicos que os governos dão às empresas, usando o dinheiro dos impostos que todos pagamos e que deveriam estar sendo empregados em educação, saúde, transportes, segurança etc.

Da Agência Estado, 20/11/12
Governo banca nova fábrica de Eike
Six Semicondutores terá ajuda pública total de R$ 714 milhões; Planalto considera indústria estratégica, mas especialistas criticam gasto
Depois de mais seis meses de adiamentos, o projeto do governo de construção de uma fábrica de semicondutores no País foi anunciado ontem oficialmente. A Six Semicondutores, a mais nova empresa do grupo de Eike Batista, saiu do papel com uma forte ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável por mais da metade do investimento de R$ 1 bilhão.
Eike tem 72,5% do patrimônio nos Estados Unidos
Além de entrar com R$ 245 milhões para garantir uma fatia de 33% na sociedade, o banco ainda aprovou financiamento de R$ 267 milhões para a nova fábrica, que será construída no município de Ribeirão das Neves, em Minas Gerais, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Outro empurrão do governo veio na forma de financiamento da estatal Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que liberou à Six uma linha de empréstimo de R$ 202 milhões.
A nova fábrica, que tem previsão de começar a produzir em 2014, tem como sócios, além do BNDES e de Eike Batista (que também terá 33%), o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), a americana IBM e a Matec Investimentos e Tecnologia Infinita, do ex-presidente da Volkswagen do Brasil Wolfgang Sauer.
A íntegra.

Jornalistas brasileiros e o crime organizado

Do blog Luís Nassif Online.
Coluna Econômica
A CPMI de Cachoeira e o papel da mídia
Por Luís Nassif
O papel moderno da imprensa, no mundo, tem dois divisores de água.
O primeiro, legítimo, o episódio Watergate, no qual um jornal (The Washington Post), com um jornalismo rigoroso e corajoso, logrou derrubar o presidente da República da maior Nação democrática do planeta.
O segundo, tenebroso, o processo ao qual foi submetido o magnata da mídia, Rupert Murdoch, depois de revelados os métodos criminosos do seu tabloide, "The Sun", para obter reportagens sensacionalistas.
O crime do The Sun foi ter se envolvido com baixos e médios escalões da polícia para atentar contra o direito à privacidade de cidadãos ingleses.
O relatório da CPMI de Cachoeira, traz dados muito mais graves do que os crimes do "The Sun". Mostra ligações diretas entre jornalistas e o crime organizado.
A acusação maior é contra a revista Veja e seu diretor em Brasília, Policarpo Jr. O relatório mostra, com abundância de detalhes, como Policarpo era acionado para derrubar autoridades e servidores públicos que incomodassem Carlinhos Cachoeira, atacar concorrentes do marginal e como encomendava dossiês a ele, muitos obtidos por métodos criminosos.
A íntegra.

A incompetência da Fifa

A Fifa, que é um antro de corrupção, é também incompetente. Não consegue nem vender ingressos pela internet. E vem ao Brasil fazer exigências nas obras para a copa. 

Do Superesportes. 
Fifa suspende venda de ingressos para a Copa das Confederações
Devido aos problemas técnicos enfrentados ao longo do dia, a Federação Internacional de Futebol (Fifa) decidiu suspender temporariamente a venda online dos ingressos para a Copa das Confederações. Segundo a entidade, muitas compras foram feitas com sucesso. No entanto, muitos torcedores não conseguiram suas entradas.
A Match Services AG, responsável pelo sistema de vendas, tenta resolver os problemas. A Fifa só reabrirá as compras quando a normalidade for retomada. Dúvidas podem ser encaminhadas ao e-mail enquiries@2013ftc.com.br.
O torcedor que tentou, nesta quarta-feira (21/11/12), comprar ingressos na pré-venda realizada pela Fifa para a Copa das Confederações teve que exercitar a paciência. Embora fosse uma pré-venda apenas para portadores de cartões da bandeira Visa, patrocinadora do evento, o congestionamento na rede e os erros no processo fizeram muita gente perder tempo.
A reportagem do Superesportes tentou fazer o processo de compra no início da tarde desta quarta-feira. Após preencher o login e a senha, o saite passou para uma tela de espera com um pedido de desculpas em português e inglês. Foram cerca de 30 minutos de espera e o processo ainda estava em curso.
A íntegra.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

STF hipertrofiado desobedece a Constituição

A democracia brasileira se transformou em refém do STF, que extrapola seus poderes e não cumpre a Constituição. A Constituição brasileira veda aos juízes a prática da política. Com a palavra o Senado, que tem a atribuição constitucional de "processar e julgar os ministros do Supremo Tribunal Federal". A pompa da posse do ministro Joaquim Barbosa, um mero juiz, sugere a investidura de um superpresidente, acima de todos os poderes, um monarca ungido pelo direito divino, já que não foi eleito.

Da Agência Carta Maior.
Antes da posse, Barbosa já pode se indispor com Legislativo  
Najla Passos 
O relator do processo ação penal 470, Joaquim Barbosa, será empossado presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta (22/11/12), em cerimônia para 2,5 mil pessoas, incluindo as maiores autoridades do país, do mundo jurídico, ativistas raciais, clebridades e familiares do ministro. Antes disso, porém, conduzirá, nesta quarta (21), a 44ª sessão do julgamento do "mensalão" na qualidade de presidente interino. E promete atacar uma pauta polêmica, que poderá resultar no primeiro entrevero da sua gestão com com outro poder da República: a questão da cassação do mandado dos deputados condenados na ação penal.
A questão é polêmica porque Joaquim Barbosa irá propor que o STF defina pela perda do mandato, mas o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) já deixou claro que irá lutar para que a casa dê a última palavra sobre o assunto, como prevê a Constituição, em seu artigo 55. A cassação afeta os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP), além do ex-presidente do PT, José Genoino (PT-SP), que é suplente, mas manifestou intenção de assumir seu mandato a partir de janeiro.
Barbosa tentou colocar o tema em pauta, na quarta (14), durante a sessão de despedida do seu antecessor na presidência, o ex-ministro Ayres Britto. Saiu derrotado porque, naquele momento, o entendimento foi o de que calendário inicial, definido por ele próprio, previa a continuidade da dosimetria da pena dos réus do chamado núcleo financeiro. O episódio gerou bate-boca com o relator da ação, Ricardo Lewandowsky. Nesta quarta, porém, a discussão do assunto já está prevista. E se a posição do relator sair vitoriosa, causará constrangimentos aos presidentes da Câmara e do Senado, que já confirmaram presença na sua posse.
A presidenta Dilma Rousseff, que também confirmou presença, é outra que pode ter que ouvir o que não quer durante o evento. E sem poder responder, porque o rígido cerimonial do STF não dá voz aos presidentes dos demais poderes. Barbosa até quebrou o protocolo para sua posse, mas foi para convidar o ministro Luiz Fux para falar na cerimônia, no lugar do decano da corte, ministro Celso de Mello, como manda a tradição. O discurso de Fux, que acompanha o colega em 99% dos seus votos, é um dos que pode significar risco de constragimento à presidenta.
A íntegra.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O criador de super-herois

As primeiras leituras que eu devorei foram as histórias em quadrinhos do Stan Lee. O autor do artigo também é um grande escritor.

Do Diário do Centro do Mundo.
O artista mais influente da história da cultura pop 
Por Dagomir Marquezi 

Nenhum outro artista tem tanta influência sobre a cultura pop quanto Stan Lee. Esse simpático senhor passou meio século criando e administrando uma complexa mitologia de seres extraordinários — como Thor, Homem- Aranha e Homem de Ferro —, que se perpetua por meio de HQs, games e filmes. Daí a pergunta: onde está o Nobel de Literatura de mister Lee? Pode parecer descabido para quem só se lembra do tiozinho que fala dos deuses da vida real no programa Os Super-Humanos de Stan Lee (no canal pago History Channel), em que apresenta casos reais e extraordinários — um homem imune à eletricidade, outro que controla o magnetismo —, mas, analisando o conjunto da obra, o gênio da Marvel está mais do que habilitado à comenda.
A animada vida de Stanley Martin Lieber — e das criaturas que viria a inventar — começou em 28 de dezembro de 1922, na cidade de Nova York. Seu pai, Jack, lhe ensinou duas coisas básicas: 1) nunca pare de trabalhar; e 2) leia muito. A mãe, Celia, contava que ele traçava as aventuras de Sherlock Holmes, os livros de Tarzan e até Shakespeare. Aos 17 anos, empregou-se como office boy na editora Funnies — e logo estava escrevendo roteiros de  quadrinhos. Mas Stan cansou-se logo de histórias bobas. Pensava em desistir. Até que o dono da editora, Martin Goodman, lhe mostrou o sucesso da concorrente — A Liga da Justiça da América, que reunia Superman, Batman e a Mulher-Maravilha — e propôs a Lee uma revista com um time de heróis da casa. "Queria escrever histórias que não insultassem a inteligência do leitor. Que eu mesmo tivesse prazer em ler", lembra.
A íntegra.

O novo banho de sangue de Israel

Ficar indiferente aos crimes de Israel contra os palestinos equivale à indiferença que possibilitou os crimes do nazismo contra os judeus.

Do Pragmatismo Político.
O desabafo irado de Robert Fisk, um dos maiores especialistas em Oriente Médio
Israel chama este banho de sangue em Gaza de Operação Pilares da Defesa. Pilares da Hipocrisia seria mais adequado
Por Robert Fisk
Terror, terror, terror, terror, terror. Aqui vamos nós outra vez. Israel vai "extirpar o terrorismo palestino" – coisa que afirma fazer, sem sucesso, há 64 anos –, enquanto o Hamas, a mais recente das "milícias mórbidas" da Palestina, anuncia que Israel "abriu as portas do inferno", assassinando seu líder militar Ahmed al-Jabari.
O Hezbollah várias vezes anunciou que Israel "abriu os portões do inferno" para atacar o Líbano. Yasser Arafat, que era um super-terrorista, em seguida um super-estadista – depois de adentrar o gramado da Casa Branca – e, em seguida, tornou-se um super-terrorista novamente quando percebeu que tinha sido enganado nas negociações de paz em Camp David, ele também falou das "portas do inferno" em 1982.
E nós, os jornalistas, estamos escrevendo como ursos malabaristas de circo, repetindo todos os clichês dos últimos 40 anos. A morte de Jabari era um "ataque direcionado", um "ataque aéreo cirúrgico" – como os que mataram quase 17 mil civis no Líbano, em 1982, os 1 200 libaneses, a maioria civis, em 2006 , ou os 1 300 palestinos, a maioria civis, em Gaza, em 2008-9, ou a mulher grávida e o bebê que foram mortos pelos "ataques aéreos cirúrgicos" na Faixa de Gaza, na semana passada. Pelo menos o Hamas, com seus foguetes Godzilla, não reivindica nada "cirúrgico". Eles são destinados a matar israelenses – quaisquer israelenses, mulher, homem ou criança.
A íntegra.

A creches do governo Dilma

O prefeito Lacerda faz propaganda de creches? É obra do governo federal.

Do Blog do Planalto.
Em coluna, Dilma dá detalhes sobre a construção de mais de 3 mil creches
Na coluna Conversa com a Presidenta desta terça-feira (20/11/12), Dilma detalhou o investimento de R$ 3,4 bilhões em creches. Em resposta a Josane Maria Dias Nascimento, de 46 anos, ela falou da importância da construção de 3.019 unidades em todo o país, e 12 em Cuiabá, cidade de Josane. Até 2014, serão 6 mil unidades em parceria com os municípios.
"Vamos construir, em parceria com os municípios, seis mil creches e pré-escolas até 2014. Para isso, nós repassamos para as prefeituras os recursos para as obras e, no primeiro ano de funcionamento da creche, pagamos também o custeio. Atualmente, temos 3.019 creches em construção em todo o país, nas quais estamos investindo R$ 3,4 bilhões", explicou.
Dilma explicou que o primeiro passo para a construção de uma unidade deve ser dado pela prefeitura, que deve assinar termo de adesão e firmar convênio com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do Ministério da Educação. A presidenta ainda ressaltou a importância da medida para o desenvolvimento adequado das crianças.
"Cada creche pode atender de 120 a 240 crianças, dependendo do modelo adotado. As creches, Josane, são muito importantes nessa fase que vai dos primeiros dias de vida da criança até ela completar cinco anos, quando as crianças precisam de estímulos que serão decisivos para seu desenvolvimento nas etapas seguintes do aprendizado", completou.
A íntegra.

Paraíso mineiro

Dia de fotos dos amigos. Black River, por Sílvio Lourenço.

O avanço do neonazismo em SP

Em BH do profeito Lacerda ainda não teve isso, mas tem água em mendigo, pedras debaixo dos viadutos, recolhimento de documentos e objetos e extermínio de moradores de rua. O nazismo avança aos poucos, diante da apatia da maioria.

Do Pragmatismo Político.
Morador de rua é torturado, queimado e tem símbolo nazista gravado no corpo
Um morador de rua de Presidente Venceslau (611 km de São Paulo) foi encontrado na madrugada desta segunda-feira (19) com traumatismo craniano, queimaduras e uma suástica, o símbolo do nazismo, gravada nas costas, possivelmente com uma faca ou estilete.
O estado de saúde de Sebastião Costa, 42, é gravíssimo, segundo Odélio Vilarinho, médico plantonista da Santa Casa.
"Ele está com 25% do corpo queimado e apresenta sinais de que foi torturado", afirmou. Entre esses sinais, segundo o médico, estão cortes no abdome.
Costa foi encontrado desacordado no banheiro público que fica na praça José Bonifácio, onde vivia, segundo o delegado Emerson Abade. Ele foi agredido na cabeça com um tampo de concreto possivelmente por mais de uma pessoa, devido ao peso do artefato.
"É um tampo muito pesado. Foram precisos três investigadores para carregá-lo. Nunca houve uma violência nessa proporção por aqui", declarou o delegado.
A íntegra.

A falácia da meritocracia

Do Diário do Centro do Mundo.
Por que a meritocracia é uma ilusão no Brasil 
Paulo Nogueira
Michael Gove, ministro da Educação do Reino Unido, é um conservador. Faz parte do gabinete do premiê David Cameron. Não há nele, portanto, nenhum resquício do que o PIB, o Perfeito Idiota Brasileiro, classificaria de esquerdismo.
Considere, diante disso, o que Gove disse a respeito da mobilidade social entre os britânicos.
Gove colocou o foco na educação. Apenas 7% dos britânicos são educados em escolas privadas. São os filhos das famílias ricas, é claro.
O que acontece, então? Os alunos saídos das escolas particulares têm, na vida adulta, imensa vantagem sobre os demais.
"Mais do que em quase todo país desenvolvido, na Inglaterra o berço dita o progresso da pessoa", disse Gove. "Aqueles que nasceram pobres provavelmente permanecerão pobres e aqueles que herdaram privilégios provavelmente transmitirão os privilégios a seus filhos. Para aqueles de nós que acreditam em justiça social, esta estratificação e esta segregação são moralmente indefensáveis."
Justiça social?
Nosso PIB tremeria diante dessa expressão de comunistas ateus que comem criancinhas e amordaçam a "imprensa crítica", para usar a nova e engraçada expressão usada pela Folha de S. Paulo. E correria para ler o que Reinaldo Azevedo diz sobre "justiça social", para se sentir protegido e reassegurado em suas convicções.
A íntegra.

Mais uma do procurador Gurgel

O procurador que não apresentou provas contra Dirceu e Genoíno, mas pediu sua condenação com base em indícios, dá um golpe no Conselho Nacional do Ministério Público. Essa gente que não é eleita e só se afasta quando se aposenta, repleta de vantagens e vencimentos astronômicos (é o caso também do Barbosão e demais ministros do STF), quer se impor sobre a vontade dos brasileiros, que pelo voto escolhem os representantes dos poderes Executivo e Legislativo. É a ditadura do Judiciário aliado à "grande" imprensa.

Da Carta Capital.
O golpe de Gurgel 
Maurício Dias
Sob a permanente e severa fiscalização do senador Fernando Collor, o procurador Roberto Gurgel adotou a velha lição de que o seguro morreu de velho e cuidou de blindar a retaguarda no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que ele, por lei, preside.
Lerdo para agir em certos casos, ele é ágil quando é preciso. Foi rápido, por exemplo, ao promover reforma no regimento interno, na última sessão do CNMP, realizada no dia 24 de outubro e, com isso, o Ministério Público Federal passou a ter 8 dos 14 votos nesse conselho. Gurgel controla a maioria. Um golpe típico.
Não bastou, para ele, a liminar concedida pela ministra Rosa Weber, do STF, em mandado de segurança impetrado por Gurgel. Ela suspendeu a apuração no CNMP em representação encaminhada pelo senador Collor, que acusa o procurador-geral por "inércia ou excesso de prazo" nas investigações sobre o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Para Collor, tanto Gurgel quanto a subprocuradora-geral da República, Cláudia Sampaio Marques, "teriam permanecido inertes quanto ao dever de investigar, permitindo que os delitos atribuídos ao grupo chefiado por Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Cachoeira, continuassem a ser praticados".
De fato, Gurgel "sentou" sobre as investigações e só mesmo a força natural de uma CPI o fez sair de cima. Em decisão que ainda será apreciada no mérito, Rosa Weber guarneceu Gurgel apoiada no princípio da "simetria". A "preeminência" do CNMP equivaleria à do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ou seja, a exoneração cabe ao presidente da República com apreciação do Senado.
A propósito, Collor fez da tribuna do Senado um lugar especial para fustigar o poder de Gurgel. Um poder fácil de ser percebido diante do silêncio, de descaso ou cumplicidade, da maioria dos senadores.
A íntegra.