terça-feira, 5 de maio de 2020

A pandemia e as mudanças climáticas

Na Índia, a cadela do Himalaia ficou visível depois de décadas porque o ar ficou mais limpo. E assim vai, mundo afora, basta a gente olhar a nossa própria cidade. Essa é uma das coisas que a humanidade deve aprender com a pandemia. Agora é questão de vida ou morte, é possível que o vírus tenha vindo para ficar, que outros vírus venham, que nossos hábitos tenham de mudar para sempre. Não é melhor a gente ganhar juízo e fazer um mundo melhor, em vez de prosseguir nessa vida insana de destruição ambiental, desigualdades e violências?
Mas também nisso o Brasil está na contramão: aqui, o desmatamento é o principal problema, e ele aumentou durante a pandemia, porque o governo incentiva os infratores e pune os fiscais do Ibama. 


Como o meio ambiente reage à redução da atividade econômica

Juliana Domingos de Lima, 4/5/20, Nexo

Foto: Vias expressas quase vazias em Los Angeles durante a quarentena, com menos carros e ar limpo. Crédito da foto: Lucy Nicholson / Reuters.

Emissões de gases do efeito estufa apresentam queda e há melhora na qualidade do ar. Mas reflexo sobre mudança climática depende das medidas a serem tomadas pós-pandemia.

A redução da atividade econômica em todo o mundo durante a pandemia do novo coronavírus, decretada em 11 de março pela OMS (Organização Mundial da Saúde), tem impactado o meio ambiente.

Espera-se uma queda de cerca de 5% nas emissões de carbono em 2020, em relação ao ano anterior. Houve melhora na qualidade do ar de grandes cidades — na Índia, a cadeia de montanhas do Himalaia ficou visível a partir de cidades do norte do país pela primeira vez em décadas.

Também foram registradas algumas aparições de animais silvestres em localidades urbanas. Muitas das postagens sobre essa fauna que estaria “tomando conta” das cidades desertas, no entanto, são falsas.

Pesquisadores e ativistas não comemoram esses impactos. “É a pior maneira possível de se vivenciar uma melhora no meio ambiente e mostra o tamanho da tarefa [que temos pela frente]”, disse ao jornal britânico The Guardian o professor da Universidade de Columbia Michael Gerrard, referindo-se ao cenário trágico da pandemia, em que os benefícios ambientais dividem espaço com as mortes e a recessão.

Segundo cientistas, a queda nas emissões provocada pela pandemia ainda está aquém da diminuição que precisa ser mantida ao longo dos próximos anos a fim de evitar um desastre climático. Para a ONU (Organização das Nações Unidas), seria necessária uma redução anual de 7,6% pela próxima década para limitar o aquecimento do planeta e suas consequências.

Também é cedo para dizer se esses efeitos são temporários ou se a atual crise pode ter um impacto mais duradouro no curso da mudança climática. Esse rumo dependerá menos do vírus e mais das decisões políticas que se seguirão à crise sanitária.

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