quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Água mineral: por quê?

A propósito de água mineral, essa expansão do consumo nos últimos anos não deixa de ser intrigante. Por que, de repente, trocamos a água fresca e gratuita da talha de barro pela água morna e comprada? Esta dá mais trabalho, pois nos faz preocupar com abastecimento e armazenamento. O custo não se limita à garrafa, tem também o equipamento e a energia que consome para manter a água gelada. Acompanha o conjunto o copo descartável, outro gasto e problema ambiental, pois representa mais plástico no ambiente. Como o costume se disseminou, são mais milhões de copos descartados diariamente. Milhares de caminhões enchem estradas e ruas levando garrafões para um lado e para outro, engarrafando também o trânsito e poluindo o ar. Por último e não menos importante, tem a questão da saúde pública, o risco de consumirmos água de má qualidade. Para garantir que isso não aconteça, é preciso ampliar, intensificar e melhorar a fiscalização, o que significa mais gastos do Estado. Isso, o pessoal que defende a privatização de tudo e ao mesmo tempo a diminuição do Estado não vê. Na prática, as terceirizações aumentam – e muito – as despesas do Estado.
Na verdade, se a gente pensa um pouco, entende o que aconteceu: a expansão do consumo de água mineral combina com a onda neoliberal, na qual a iniciativa privada avança sobre serviços públicos. É a terceirização da água potável, com todos os custos para o Estado e prejuízos para o meio ambiente que acarreta. E riscos para a nossa saúde, como demonstram inúmeras reportagens sobre águas proibidas pela Anvisa. A ganância do capital, a propaganda enganosa e nossa estupidez passiva e imitadora nos fizeram perder um hábito salutar. Ficou bacana tomar água mineral. Trocamos a velha e boa água fresca da talha pela água quente de garrafão. Trocamos o serviço estatal confiável, prestado por empresas experientes e poucas, cujo trabalho se pode fiscalizar facilmente, por milhares de fornecedores duvidosos.