segunda-feira, 15 de junho de 2020

Por que não o parlamentarismo?

E por que não a reforma política urgente? Com parlamentarismo, essa história de impeachment político acaba. Se o governo não tem apoio ou comete crime, cai.
O impeachment da Dilma foi político, o impeachment do Collor foi político. Temer não teve impeachment porque comprou o Congresso e o despresidente atual lá vai pelo mesmo caminho.
Ou seja, impeachment no Brasil funciona igual derrubada de gabinete no parlamentarismo, não tem nada a ver com crime de responsabilidade, como se alegou contra a Dilma, quando o senador Anastasia forjou um crime, conforme os golpistas queriam.
O impeachment no Brasil é queda de um governo que não consegue governar, que perde a maioria, como acontece no parlamentarismo, com uma diferença fundamental: o povo não é chamado a eleger um novo governo, o governo que emerge do golpe é um governo da oposição. Por isso é golpe, por isso não é democrático, por isso é contra o povo. Temos uma democracia sem-vergonha, na qual o povo escolhe o presidente com seu programa, mas ele não tem maioria no Congresso, então é obrigado a comprar parlamentares e abrir do seu programa, o que significa que todo governo é necessariamente traidor do povo e corrupto.
E nenhum país pode funcionar com mais de trinta partidos, inclusive uma maioria de parlamentares que estão lá só pra fazer negócios pessoais ou de grupos, o tal centrão, sem o qual nenhum presidente governa. Bastam uns cinco partidos para representar todas as ideologias, e todos eles deveriam ter programas claros para se distinguirem. Quem não consegue 10% dos votos fica de fora. E parlamentar não deve ter salário, deve continuar ganhando o que ganhava como profissional, antes de ser eleito. Nem verbas de gabinete, carro, funcionários sem concurso etc. E só ser reeleito uma vez, igual no poder Executivo.

Crédito da foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil. 



Da BBC Brasil

Instituições respondem com 'luvas de pelica' a risco de Bolsonaro à democracia, diz cientista político

Mariana Alvim - @marianaalvim Da BBC News Brasil em São Paulo

O cientista político Sérgio Abranches vem defendendo nos últimos anos que o impeachment é um "processo traumático" e uma "ruptura política grave" na jovem democracia do país, e também sintoma das disfunções do nosso modelo político — um presidencialismo multipartidário fragmentado, que exige do Planalto uma grande esforço para cultivar uma coalizão no Congresso; e um federalismo com forte concentração de poder pelo governo federal.

Clique aqui para ler a entrevista.