Tem me impressionado ultimamente (sempre me impressionou, desde jovem, mas ultimamente mais, como se estivéssemos numa época realmente de barbárie, e de fato estamos) como as pessoas riem de coisas sérias, tristes, desgraças, tragédias. Falo isso a propósito dos entrevistadores desse programa, que são rapazes aparentemente competentes, embora não os conheça, que riem em alguns trechos que seriam para chorar, mas há pouco, no ônibus, aconteceu um fato semelhante numa situação completamente diferente, do nosso drama diário de uma vida absolutamente sofrida e sem graça. Me parece que perdemos a noção da realidade e lidamos com tudo como se fosse virtual, por isso é engraçado, mas de fato, repito, trata-se da nossa vida cada vez mais desgraçada nesse mundo violento, no qual ninguém reage mais contra os desmandos e atrocidades cometidos pelos poderosos. "Tá rindo de quê?", era a pergunta que se fazia tempos atrás, e o bobalhão ficava sem graça. Hoje ninguém nem pergunta mais.
No mais, a lucidez do Nicolelis, falando o que precisa ser dito e redito e continua se perdendo.