No plebiscito de 1993 votei pelo parlamentarismo como sistema de governo. A consulta popular era falha e não continha essa opção, mas para mim era óbvio, e eu a defendi: na monarquia parlamentarista o rei deveria ser Pelé, já que rei é um representante simbólico da nação e ninguém simbolizava melhor o Brasil do que ele. Seria ridículo ressuscitar, depois de 104 anos, a família real dos Braganças, que se alvoroçaram todos na época, mas, se tivéssemos aprendido com o impeachment do primeiro presidente eleito pelo voto direto depois de trinta anos, teríamos evitado muitos problemas que o chamado "presidencialismo de coalizão" nos causou depois, com sua instabilidade corrupta, a começar pela emenda da reeleição do presidente. Teríamos uma monarquia estável sob o Rei Pelé, com governos necessariamente sustentados por maioria parlamentar, e só agora nos preocuparíamos com a sucessão real, coincidentemente no mesmo ano em que a Grã-Bretanha passou por isso. Em eleição direta, escolheríamos um novo símbolo nacional, por que não? Lula, por exemplo. A sabedoria e a política, porém, parecem inimigas mortais.