quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Conflito distributivo

Começou um novo governo e começou uma nova fase do conflito distributivo. 

Isso significa que ao fazer mudanças na economia o novo governo vai afetar interesses e que os interesses que estão ganhando vão reclamar. Mônica de Bolle explica isso muito bem, de forma que todo mundo entende, desmascarando "o mercado". 

"O teto de gastos é inconstitucional. A tecnocracia ignora a Constituição. Essa economia não serve mais. Essa economia levou o mundo ao estado de extrema desigualdade que hoje temos", diz Mônica, que é economista excelente e trabalha nos EUA. O que dizer? Não há nada a acrescentar, exceto bater palmas.

Quando os analistas e pseudojornalistas da Globoetc. dizem "o mercado" na verdade estão falando dos interesses dos ricaços e dos que têm influência na mídia, na Globo, na Folha, na CNN, na Band, no Estadão, na Record etc.

Por isso eles defendem o teto de gastos e dizem que as mudanças na política econômica vão desequilibrar as contas públicas e provocar inflação bla-bla-bla. 

Inflação é uma coisa ruim, é a pior coisa para quem vive de salário, mas essa gente não vive de salário, vive de renda, por que então diz isso? 

Para assustar o povo e parecer que estão preocupados com o país, com o Brasil, com os brasileiros, com o povo. Na verdade, eles estão preocupados com a sua renda, que vem dos juros altíssimos pagos à dívida do governo.

Por isso eles defendem o teto de gastos que impede que o governo gaste mais com programas sociais, saúde, educação etc., mas não impede que o governo gaste mais com pagamento de juros, que está fora do teto de gastos. 

Na verdade, o teto de gastos é para que o governo gaste com juros e não com programas sociais. 

Simples assim. Isso é conflito distributivo. O dinheiro é escasso, quem vai ficar com ele? Os ricaços que ganham R$ 737 bilhões por ano e que têm voz na Globoetc. querem que fique com eles, para continuarem vivendo no luxo, comprando jatinhos e iates e mansões e fazendas e todo tipo de artigo de luxo e dando festas de arromba para celebridades. Enquanto isso, milhões passam fome, quem trabalha tem salário sem reajuste, porque o salário mínimo é uma miséria e os sindicatos foram destruídos pelos governos Temer e bozo, e para completar o imposto sobre o salário aumentou nos últimos anos, já que as alíquotas não foram reajustadas. 

(Chamam o imposto sobre salários de "imposto de renda", embora só o pague quem ganha salário. Quem realmente vive de renda não paga "imposto de renda", porque sua renda vem de lucros e dividendos, que não são tributados. O Brasil é assim, um país de absurdos, que continua o mesmo sai governo, entra governo. Moto, o verdadeiro "carro popular", paga IPVA, mais iate e jatinho não pagam. Por quê? Porque é bom para o país? Não, porque quem manda na política e na mídia são os que têm jatinho e iate e vivem de lucros e dividendos. O único candidato na eleição do ano passado que denunciou e prometeu mudar isso foi Ciro, mas ninguém queria escutá-lo. Agora é inevitável que a discussão retorne, com o novo governo, que assumiu compromissos com os trabalhadores. Será que terá coragem de enfrentar os ricos e a Globoetc. que o apoiaram?) 

Tudo é política, mas os ricos e poderosos se escondem por trás de mentiras que dizem ser ciência econômica. Como bem lembra Mônica, a economia não existe sem a política e o direito. Eu acrescentaria: e sem a ideologia produzida pela mídia. Por isso os ricaços controlam o governo, fazem reformas constitucionais e dominam os veículos de comunicação. 

Mônica explica, por exemplo, que as fontes que os jornalistas da Globoetc. citam em defesa do teto de gastos etc. são na verdade economistas que trabalharam em governos anteriores e há décadas vivem de ganhar dinheiro com os juros da dívida pública, por isso querem que eles continuem altíssimos. 

Essa gente ganhou R$ 737 bilhões em 2022 graças à diferença entre a inflação de 5% e os juros de 13%. E quer continuar ganhando. 

É isso o conflito distributivo, a essência da economia, que a economia não resolve, quem resolve é a política. E a lei, o direito. Por isso temos uma Constituição magnífica, democratizante, que nunca foi regulamentada em vários pontos, os pontos que não interessam aos ricaços e poderosos, e que foi emendada inúmeras vezes, nos pontos que interessam aos ricaços e poderosos. 

Simples assim. 

A esquerda, porém, em vez de enfrentar a política real, prefere fazer discursos ideológicos socialistas e se corromper. Esse é o resumo dos governos do PSDB e do PT. Será que Lula terceiro, que tem um tucano histórico como vice, será diferente? 

Será que Lula vai governar para o povo que o elegeu no único dia em que teve poder, o dia da eleição, ou será que vai governar para aqueles que têm poder em todos os outros dias, os ricaços, os donos da mídia, o "mercado"?