Começou um novo governo e começou uma nova fase do conflito distributivo.
Isso significa que ao fazer mudanças na economia o novo governo vai afetar interesses e que os interesses que estão ganhando vão reclamar. Mônica de Bolle explica isso muito bem, de forma que todo mundo entende, desmascarando "o mercado".
"O teto de gastos é inconstitucional. A tecnocracia ignora a Constituição. Essa economia não serve mais. Essa economia levou o mundo ao estado de extrema desigualdade que hoje temos", diz Mônica, que é economista excelente e trabalha nos EUA. O que dizer? Não há nada a acrescentar, exceto bater palmas.
Quando os analistas e pseudojornalistas da Globoetc. dizem "o mercado" na verdade estão falando dos interesses dos ricaços e dos que têm influência na mídia, na Globo, na Folha, na CNN, na Band, no Estadão, na Record etc.
Por isso eles defendem o teto de gastos e dizem que as mudanças na política econômica vão desequilibrar as contas públicas e provocar inflação bla-bla-bla.
Inflação é uma coisa ruim, é a pior coisa para quem vive de salário, mas essa gente não vive de salário, vive de renda, por que então diz isso?
Para assustar o povo e parecer que estão preocupados com o país, com o Brasil, com os brasileiros, com o povo. Na verdade, eles estão preocupados com a sua renda, que vem dos juros altíssimos pagos à dívida do governo.
Por isso eles defendem o teto de gastos que impede que o governo gaste mais com programas sociais, saúde, educação etc., mas não impede que o governo gaste mais com pagamento de juros, que está fora do teto de gastos.
Na verdade, o teto de gastos é para que o governo gaste com juros e não com programas sociais.
Simples assim. Isso é conflito distributivo. O dinheiro é escasso, quem vai ficar com ele? Os ricaços que ganham R$ 737 bilhões por ano e que têm voz na Globoetc. querem que fique com eles, para continuarem vivendo no luxo, comprando jatinhos e iates e mansões e fazendas e todo tipo de artigo de luxo e dando festas de arromba para celebridades. Enquanto isso, milhões passam fome, quem trabalha tem salário sem reajuste, porque o salário mínimo é uma miséria e os sindicatos foram destruídos pelos governos Temer e bozo, e para completar o imposto sobre o salário aumentou nos últimos anos, já que as alíquotas não foram reajustadas.
(Chamam o imposto sobre salários de "imposto de renda", embora só o pague quem ganha salário. Quem realmente vive de renda não paga "imposto de renda", porque sua renda vem de lucros e dividendos, que não são tributados. O Brasil é assim, um país de absurdos, que continua o mesmo sai governo, entra governo. Moto, o verdadeiro "carro popular", paga IPVA, mais iate e jatinho não pagam. Por quê? Porque é bom para o país? Não, porque quem manda na política e na mídia são os que têm jatinho e iate e vivem de lucros e dividendos. O único candidato na eleição do ano passado que denunciou e prometeu mudar isso foi Ciro, mas ninguém queria escutá-lo. Agora é inevitável que a discussão retorne, com o novo governo, que assumiu compromissos com os trabalhadores. Será que terá coragem de enfrentar os ricos e a Globoetc. que o apoiaram?)
Tudo é política, mas os ricos e poderosos se escondem por trás de mentiras que dizem ser ciência econômica. Como bem lembra Mônica, a economia não existe sem a política e o direito. Eu acrescentaria: e sem a ideologia produzida pela mídia. Por isso os ricaços controlam o governo, fazem reformas constitucionais e dominam os veículos de comunicação.
Essa gente ganhou R$ 737 bilhões em 2022 graças à diferença entre a inflação de 5% e os juros de 13%. E quer continuar ganhando.
É isso o conflito distributivo, a essência da economia, que a economia não resolve, quem resolve é a política. E a lei, o direito. Por isso temos uma Constituição magnífica, democratizante, que nunca foi regulamentada em vários pontos, os pontos que não interessam aos ricaços e poderosos, e que foi emendada inúmeras vezes, nos pontos que interessam aos ricaços e poderosos.
Simples assim.
A esquerda, porém, em vez de enfrentar a política real, prefere fazer discursos ideológicos socialistas e se corromper. Esse é o resumo dos governos do PSDB e do PT. Será que Lula terceiro, que tem um tucano histórico como vice, será diferente?
Será que Lula vai governar para o povo que o elegeu no único dia em que teve poder, o dia da eleição, ou será que vai governar para aqueles que têm poder em todos os outros dias, os ricaços, os donos da mídia, o "mercado"?