terça-feira, 16 de novembro de 2010

Agronegócio derruba Cerrado para plantar eucalipto

Na lógica do lucro, o Cerrado não vale nada. É derrubado para dar lugar à monocultura do eucalipto, a peste das árvores, que elimina a biodiversidade e seca a terra, mas cresce rápido e vira carvão para as siderúrgicas. Em 2006 foram plantados 16 mil hectares no Tocantins; em 2011, serão 208 mil. É o avanço do agronegócio, liderado pela senadora Kátia Abreu (DEM), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e agora pelo seu filho, deputado eleito Irajá Abreu (DEM), multado por desmatar Área de Proteção Permanente (APP) e contaminar o solo.

Filho de Kátia Abreu quer 'reflorestar' o Cerrado
Leilane Marinho
O Eco
Palmas - No telão, cenas mostram plantações de eucalipto a perder de vista, motosserras cortando árvores, centenas de madeiras derrubadas e uma fabricação acelerada de carvão. A produção cinematográfica acompanhou o Hino Nacional, entoada por mais de 500 pessoas entre empresários, investidores, produtores rurais e políticos na abertura do 1º Congresso Florestal do Tocantins, realizado em Palmas, nos dias 9 e 10. O clipe arrancou aplausos da platéia e só foi abafado com a subida ao palco da senadora Kátia Abreu (DEM), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que conforme previa a programação, ministraria a palestra "magna" sobre o Novo Código Florestal. O convite para falar sobre a mudança na legislação ambiental veio de casa. Seu filho, Irajá Silvestre (DEM) - que agora responde pelo sobrenome Abreu após ganhar na justiça eleitoral o direito de usá-lo – é o vice-presidente da recém criada Associação dos Reflorestadores do Tocantins (Aretins), que promoveu o congresso. Seguindo os passos da mãe, na solenidade de criação da Aretins Irajá entregou ao coordenador da equipe de transição do governo estadual, Eduardo Siqueira Campos (PSDB), uma relação de reivindicações ao governador eleito, Siqueira Campos (PSDB). No documento ele pede "a desburocratização das licenças ambientais hoje concedidas pelo Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins)". Eduardo garantiu ao vice-presidente que "faria de tudo para atender as solicitações da associação". Poucas horas depois da abertura do congresso, uma nota de repúdio do Naturatins rebateu as críticas: "a insistência do Dep. Irajá em dizer que o órgão é burocrático, atrapalha o produtor rural e não libera as licenças é por que ele esta se referindo a licença ambiental da propriedade dele, no município de Aliança e de Ponte Alta do Tocantins, na qual o mesmo foi multado por derramar resíduos tóxicos que contaminam o solo e desmatar em Áreas de Proteção Permanente (APP)".