quinta-feira, 26 de junho de 2025

Manifesto por uma revolução ecossocialista: romper com o crescimento capitalista

Com mais de um século de atraso, os marxistas-leninistas-trotskistas compreendem que "progresso" e capitalismo são sinônimos, que uma mudança revolucionária na vida humana passa pelo decrescimento econômico e pela convivência harmônica entre a espécie humana e a Natureza. Salvar a humanidade da autodestruição e recuperar a biodiversidade e os ambientes naturais da Terra passam pelo fim do capitalismo. Capitalismo significa crescimento econômico permanente, destruição permanente, catástrofes cada vez mais frequentes e graves, e guerras com uso de armas e tecnologias com capacidade de destruição como nunca houve antes, como se vê hoje em Gaza e no Irã. O manifesto, cujos primeiros parágrafos reproduzo abaixo, foi aprovado no 18º Congresso Mundial da IV Internacional em fevereiro passado e publicado na Revista Movimento. 

Manifesto por uma revolução ecossocialista – Romper com o crescimento capitalista

Manifesto ecossocialista da IV Internacional aprovado no 18º Congresso Mundial realizado em fevereiro de 2025 

Introdução

Este manifesto é um documento da IV Internacional, aprovado em seu 18º Congresso Mundial, em fevereiro de 2025. A IV foi fundada em 1938 por Leon Trotsky e seus companheiros com o objetivo de salvar o legado da Revolução russa de outubro (1917) do desastre stalinista. Rejeitando o dogmatismo estéril, a IV Internacional integrou os desafios dos movimentos sociais e a crise ecológica em seu pensamento e em sua prática. Suas forças são limitadas, mas estão presentes em todos os continentes e contribuíram ativamente para a resistência ao nazismo, para o maio de 68 na França, para a solidariedade com as lutas anticoloniais (como as da Argélia, Vietnã e Cuba), para o crescimento do movimento antiglobalização e o para o desenvolvimento do ecossocialismo.

A IV Internacional não se vê como a única vanguarda. Suas organizações e militantes participam, na medida de suas forças, de formações anticapitalistas amplas. Seu objetivo é contribuir para a formação de uma nova Internacional, de caráter de massa, da qual ela seria um dos componentes.

Nossa época é de uma dupla crise histórica: a crise da alternativa socialista em face da crise multifacetada da “civilização” capitalista. A IV Internacional está publicando este manifesto agora, porque estamos convencidos de que o processo de revolução ecossocialista, em diferentes níveis territoriais, mas com uma dimensão planetária, é mais necessário do que nunca. Trata–se não apenas de pôr fim às regressões sociais e democráticas que acompanham a expansão capitalista global, mas também de salvar a humanidade de uma catástrofe ecológica sem precedentes. Esses dois objetivos estão intrinsecamente ligados.

No entanto, o projeto socialista que baseia nossas propostas exige uma ampla recomposição de forças. Uma refundação a ser alimentada por uma avaliação pluralista das experiências e pelas contribuições dos principais movimentos que lutam contra todas as formas de dominação e opressão (classe, gênero, comunidades nacionais oprimidas etc.). O socialismo pelo qual lutamos é radicalmente diferente dos modelos que dominaram o século passado e de qualquer regime estatista ou ditatorial: é um projeto revolucionário, radicalmente democrático, para o qual contribuem as lutas feministas, ecológicas, antirracistas, anticolonialistas, antimilitaristas e LGBTQI+.

Temos usado o termo ecossocialismo há algumas décadas porque estamos convencidos de que as ameaças e os desafios globais impostos pela crise ecológica devem permear todas as lutas dentro/contra a ordem globalizada existente. O relacionamento com nosso planeta, a superação da “ruptura metabólica”1 (Marx) entre as sociedades humanas e seu ambiente de vida, e o respeito pelo equilíbrio ecológico do planeta não são apenas capítulos de nosso programa e estratégia, mas seu fio condutor.

A necessidade de atualizar as análises do marxismo revolucionário sempre inspirou a ação e o pensamento da IV Internacional. Ao escrever este Manifesto Ecossocialista, continuamos naquela abordagem: queremos ajudar a formular uma perspectiva revolucionária capaz de enfrentar os desafios do século XXI. Uma perspectiva que se inspire nas lutas sociais e ecológicas e nas reflexões críticas genuinamente anticapitalistas que estão se desenvolvendo em todo o mundo. 

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