Com mais de um século de atraso, os marxistas-leninistas-trotskistas compreendem que "progresso" e capitalismo são sinônimos, que uma mudança revolucionária na vida humana passa pelo decrescimento econômico e pela convivência harmônica entre a espécie humana e a Natureza. Salvar a humanidade da autodestruição e recuperar a biodiversidade e os ambientes naturais da Terra passam pelo fim do capitalismo. Capitalismo significa crescimento econômico permanente, destruição permanente, catástrofes cada vez mais frequentes e graves, e guerras com uso de armas e tecnologias com capacidade de destruição como nunca houve antes, como se vê hoje em Gaza e no Irã. O manifesto, cujos primeiros parágrafos reproduzo abaixo, foi aprovado no 18º Congresso Mundial da IV Internacional em fevereiro passado e publicado na Revista Movimento.
Manifesto por uma revolução ecossocialista – Romper com o crescimento capitalista
Manifesto ecossocialista da IV Internacional aprovado no 18º Congresso Mundial realizado em fevereiro de 2025
Introdução
Este manifesto é um documento da IV Internacional, aprovado em seu
18º Congresso Mundial, em fevereiro de 2025. A IV foi fundada em 1938
por Leon Trotsky e seus companheiros com o objetivo de salvar o legado
da Revolução russa de outubro (1917) do desastre stalinista. Rejeitando o
dogmatismo estéril, a IV Internacional integrou os desafios dos
movimentos sociais e a crise ecológica em seu pensamento e em sua
prática. Suas forças são limitadas, mas estão presentes em todos os
continentes e contribuíram ativamente para a resistência ao nazismo,
para o maio de 68 na França, para a solidariedade com as lutas
anticoloniais (como as da Argélia, Vietnã e Cuba), para o crescimento do
movimento antiglobalização e o para o desenvolvimento do
ecossocialismo.
A IV Internacional não se vê como a única vanguarda. Suas
organizações e militantes participam, na medida de suas forças, de
formações anticapitalistas amplas. Seu objetivo é contribuir para a
formação de uma nova Internacional, de caráter de massa, da qual ela
seria um dos componentes.
Nossa época é de uma dupla crise histórica: a crise da alternativa
socialista em face da crise multifacetada da “civilização” capitalista. A
IV Internacional está publicando este manifesto agora, porque estamos
convencidos de que o processo de revolução ecossocialista, em diferentes
níveis territoriais, mas com uma dimensão planetária, é mais necessário
do que nunca. Trata–se não apenas de pôr fim às regressões sociais e
democráticas que acompanham a expansão capitalista global, mas também de
salvar a humanidade de uma catástrofe ecológica sem precedentes. Esses
dois objetivos estão intrinsecamente ligados.
No entanto, o projeto socialista que baseia nossas propostas exige
uma ampla recomposição de forças. Uma refundação a ser alimentada por
uma avaliação pluralista das experiências e pelas contribuições dos
principais movimentos que lutam contra todas as formas de dominação e
opressão (classe, gênero, comunidades nacionais oprimidas etc.). O
socialismo pelo qual lutamos é radicalmente diferente dos modelos que
dominaram o século passado e de qualquer regime estatista ou ditatorial:
é um projeto revolucionário, radicalmente democrático, para o qual
contribuem as lutas feministas, ecológicas, antirracistas,
anticolonialistas, antimilitaristas e LGBTQI+.
Temos usado o termo ecossocialismo há algumas décadas porque estamos
convencidos de que as ameaças e os desafios globais impostos pela crise
ecológica devem permear todas as lutas dentro/contra a ordem globalizada
existente. O relacionamento com nosso planeta, a superação da “ruptura
metabólica”1
(Marx) entre as sociedades humanas e seu ambiente de vida, e o respeito
pelo equilíbrio ecológico do planeta não são apenas capítulos de nosso
programa e estratégia, mas seu fio condutor.
A necessidade de atualizar as análises do marxismo revolucionário
sempre inspirou a ação e o pensamento da IV Internacional. Ao escrever
este Manifesto Ecossocialista, continuamos naquela abordagem: queremos
ajudar a formular uma perspectiva revolucionária capaz de enfrentar os
desafios do século XXI. Uma perspectiva que se inspire nas lutas sociais
e ecológicas e nas reflexões críticas genuinamente anticapitalistas que
estão se desenvolvendo em todo o mundo.
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