Recapitulando:
o PSDB não aceitou o resultado da eleição de 2014, pediu
recontagem de votos e pôs em dúvida a reeleição da presidenta
Dilma;
a operação larva jato decidiu derrubar o governo, perseguir o PT
e prender o ex-presidente Lula;
a direita decidiu pedir o impeachment da presidenta e
convocou manifestações;
a mídia golpista incentivou as manifestações, o impeachment
e a larva jato;
a classe média reacionária bateu panelas, vestiu a camisa da
corrupta CBF, comprou bandeiras da nação que ela detesta e foi para
as ruas manifestar seu ódio contra pobres, negros, minorias sexuais,
trabalhadores e esquerdistas;
o Congresso reacionário e corrupto aprovou o impeachment;
o Supremo Tribunal Federal, que tem a função de defender a
Constituição, prevaricou e apoiou o golpe com decisões e omissões;
o vice-presidente traidor comprou o Congresso, assumiu o governo e
pôs em prática aceleradamente o programa derrotado nas urnas, e até
o que a oposição não defendeu, um programa antipovo, antidireitos,
antinacional;
a perseguição ao PT, travestido de combate à corrupção, se
tornou uma perseguição aos políticos em geral e até um novo
impeachment contra o vice-presidente foi tentado;
a crise econômica se agravou, o desemprego se multiplicou, fome,
miséria, violência aumentaram; a popularidade dos políticos
tradicionais caiu e o candidato da extrema direita se projetou como
salvador da pátria, apoiado pelas forças ideológicas e
capitalistas mais reacionárias;
o ex-presidente Lula, cuja popularidade ao deixar o governo chegou
ao recorde de 87% e que continuava sendo a principal opção do
eleitorado, foi perseguido implacavelmente pela larva jato, preso e
impedidode concorrer;
um incidente providencial ocorrido durante a campanha, o
esfaqueamento por um popular, tirou o candidato da extrema direita da
campanha, ele não teve de participar de debates, nos quais se saía
muito mal, e sua popularidade cresceu;
sem precisar debater nem se mostrar, o candidato de extrema
direita fez uma campanha virtual com informações falsas a seu favor
e principalmente contra o principal adversário, do PT, copiando a
campanha do presidente americano Donald Trump;
o resultado eleitoral confirmou a liderança do candidato de
extrema direita, com votação muito superior à que se poderia
esperar numa eleição normal, e o candidato do PT em segundo lugar;
para a esquerda, o candidato de extrema direita seria o mais fácil
de derrotar, para a direita, o candidato do PT seria também o mais
fácil de derrotar;
a eleição se tornou uma disputa entre petismo e antipetismo, com
algumas variantes: autoritarismo contra democracia, barbárie contra
civilização, um governo já testado contra um governo imprevisível;
o sentimento antipetista, inflado por uma intolerância que saiu
do armário, uma respulsa aos políticos, um autoengano de que o
candidato de extrema direita representa o novo e a eterna esperança
na mudança, conquistou a maioria do eleitorado, ao que tudo indica,
e pela primeira vez levará ao poder no Brasil, pelo voto, um
presidente declaradamente autoritário e conservador, além de
despreparado e inexperiente;
mais do que isso, com ele irão para o governo as forças
políticas, ideológicas e sociais mais reacionárias, que querem
fazer retroceder os direitos sociais;
se os quatro últimos anos foram terríveis, aproximam-se tempos
ainda piores.