“Quando eu morrer, não quero choro nem vela, quero uma fita amarela gravada com o nome dela. Meus inimigos, que hoje falam mal de mim, vão dizer que nunca viram uma pessoa tão boa assim.” Noel de Medeiros Rosa conheceu bem a alma humana, que “tem muito do bem e um pouquinho do mal”, como escreveu outro poeta. Não é outra a função da poesia senão expressar os abismos e também os cumes (por que não?) da alma humana, que não é alma nem espírito, é só o cérebro, como ensina Suzana Herculano, mas o cérebro é fantástico, nas suas infinitas capacidades. Sou sempre tentado a dizer que Noel foi o mais genial dos compositores populares brasileiros, mas escuto outros e fico em dúvida. O que impressiona é ele criar obra tão genial tendo morrido aos 26 anos. O que me leva a pensar que aquele vigor criativo que a gente sente na juventude, que extrapola a razão e brota das profundezas da alma, profundezas tão profundas que não pertencem ao indivíduo, mas à sua herança genética, esse vigor criativo deve ser vivido intensamente, mas também parece ser fato que ele consome a vida mais rapidamente. Criar ou viver, ser insano ou sensato, dilema da "alma" humana, do Homo sapiens, dessa história louca de maravilhas e horrores, cuja única certeza é que não há nela nada maior do que a arte. Esta gravação, assim como todo o disco, é primorosa. Infelizmente, só achei para comprar o número 1, mas sei que tem o volume 2 e acho que o 3 também. Todos podem ser escutados no YT, com paciência para interrupções cada vez mais frequentes de propagandas. Mais infelizmente mesmo é que sei que não terei a tal fita amarela.