quinta-feira, 13 de março de 2025
Tostão, num vídeodocumentário
"Meu Atlético (do time de botões) sempre teve Tostão; Tostão e Beto jogando juntos", escrevi no meu conto O jogo, inédito. Tostão é um dos meus ícones. Temos muitas coisas em comum, ele na sua genialidade, eu na minha obscuridade, além do fato de sermos ambos aquarianos. Entramos na universidade no mesmo ano e frequentamos a UFMG no mesmo período, lembro de vê-lo várias vezes na Escola de Medicina, embora ele não participasse do "nosso" movimento estudantil. Mais velho que eu, ele voltou a estudar quando parou de jogar bola. Eu também sofri um descolamento da retina no olho esquerdo e também parei de jogar bola por isso (eu não era craque, mas era louco por futebol). Nossos pais foram colegas de banco e ele cresceu no mesmo bairro que eu. Temos amigos comuns, mas não o conheço pessoalmente e sequer tive oportunidade de entrevistá-lo como jornalista. Sempre o admirei a distância acompanhando sua trajetória, sua volta ao futebol como comentarista, suas análises sem semelhantes. Tostão é uma espécie de John Lennon do futebol para mim, por sua coerência brilhante a iluminar a mediocridade, coerência rara entre celebridades; os dois sofreram tragédias, embora a do Tostão não lhe tenha tirado a vida, só uma visão, e eu sei bem o que é isso. Quieto no seu canto, numa época em que ser visto é a moeda e todos cada vez mais se expõem para ganhar dezenas ou bilhões de centavos pagos pelos magnatas da tecnologia como esta aqui, Tostão se aproxima dos 80 anos de vida coerente e discreta. Daí a importância desse vídeo raro sobre ele, bom, embora capcioso e pobre em imagens e informações. Viva Tostão!