quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Meio século de dilemas da esquerda democratista dita revolucionária

As discussões da esquerda de meio século atrás continuam na ordem do dia, ou voltaram a ela. Em meados dos anos 1970, depois que a luta armada foi derrotada pela ditadura militar, o que restou da esquerda revolucionária, isto é, aqueles que não foram assassinados, presos ou exilados, passaaram a avaliar seus erros e discutir com atuar dali pra frente. Havia muitas divergências, a esquerda autoproclamada marxista-leninista se dividia em inúmeras organizações clandestinas, mas todas concordavam em duas coisas: a afirmação da revolução socialista e a avaliação de que a luta armada tinha sido um erro. O que fazer numa conjuntura em que a esquerda, que até 1968 demonstrara força impressionante, apesar da ditadura, a ponto de tentar derrubar o governo, estava agora muito enfraquecida, tinha sido golpeada quase mortalmente? Esta era a questão. 

Lembremos: as lideranças trabalhistas, que estavam no poder até 1º de abril de 1964, e seus apoiadores comunistas, do PCB, o "partidão", ou seja, a esquerda reformista, tinham foram mortos, presos ou exilados na primeira hora, portanto uma década antes; a esquerda revolucionária, que foi a parte que radicalizou entre 1964 e 1968, rompendo com os reformistas, e que liderou um movimento de massas principalmente estudantil, que fez greves e manifestações de massa nas ruas, também foi dizimada após o AI-5, pela ditadura total. 

Enquanto isso, a ditadura militar dominava o país com censura à imprensa e às artes, controle dos sindicatos e da política convencional, na qual só dois partidos eram tolerados, a Arena, partido do governo, e o MDB, partido pretensamente da oposição. A máquina repressiva do governo funcionava a todo vapor, também clandestinamente, fora do controle até mesmo do general presidente, perseguindo, prendendo, torturando, matando, desaparecendo com corpos e o que mais fosse necessário para eliminar fisicamente toda e qualquer oposição. 

Era nessas condições extremamente adversas, traumáticas, obscurantistas que a esquerda revolucionária sobrevivente e clandestina atuava, isto é, pensava, discutia, fazia autocrítica da atuação anterior e elaborava suas novas formas de atuação. Sob risco permanente de ser descoberta, presa, torturada, morta e desaparecer, como continuava acontecendo. De tempos em tempos, a repressão da ditadura fazia novas prisões e eliminava "comunistas" -- o caso mais lembrado é o da emboscada que fuzilou o célebre Carlos Marighela, mas há inúmeros outros. 

O fato que eu quero ressaltar é que, nessas condições extremamente frágeis, a esquerda revolucionária brasileira optou majoritariamente por um programa político, sintetizado no lema "Pelas liberdades democráticas", que defendeu a aliança com todos os setores burgueses que se opunham à ditadura militar com o objetivo de alcançar a volta da democracia burguesa. E foi o que veio. 

Desse ponto de vista, a esquerda revolucionária foi bem-sucedida; até mesmo uma ala dos militares, liderada pelo general presidente Geisel, pelo general Golberi e pelo general presidente Figueiredo, hegemônica, passou a defender a volta da democracia e tomou uma série de medidas nesse rumo: suspensão da censura à imprensa, anistia, liberdade partidária, eleição direta de governadores e outras, de forma que ainda sob o último governo militar parecia que o Brasil era novamente uma democracia burguesa, condição que ele proclamava. 

Faltava só eleger o presidente pelo voto direto. E nisso a ditadura militar não transigiu, apesar da campanha popular Diretas Já!, a maior da história do país, e impediu a aprovação pelo Congresso da emenda constitucional com esse teor, de forma que tivemos de esperar mais um governo não eleito pelo povo depois do último presidente militar. Certamente, a ditadura não queria correr o risco de ver eleito Brizola ou outro líder de esquerda e a volta do reformismo, com um acerto de contas com os militares. 

Se a gente pode dizer que foi vitoriosa a bandeira das liberdades democráticas levantada pelo esquerda revolucionária nos anos 70 para unir todos os setores oposicionistas e derrubar a ditadura, com mais certeza se pode afirmar que o projeto dos militares de devolverem o poder aos civis foi plenamente exitoso. A eleição direta do primeiro presidente adiada para 1989, portanto 25 anos depois do começo da ditadura militar (incluídas aí a presidência do Sarney e a eleição do Collor, dois filhotes da ditadura), foi só o êxito final, mas não foi o único nem o principal. Com a anistia, os militares garantiram que seus crimes não seriam punidos; com a entrega da legenda do PTB para uma aliada, garantiram que Brizola não reacendesse a chama do trabalhismo forte e ascendente entre 1945 e 1964; com a liberdade partidária, dividiram o MDB, que vinha se tornando de fato oposicionista. 

Política é isso mesmo, um jogo de xadrez, um jogo de movimentação de peças e ocupação de espaços, de vitórias e derrotas. O que eu quero ressaltar é o significado do aparente sucesso da bandeira das liberdades democráticas levantada pela esquerda revolucionária. Dos militares redemocratizantes às organizações marxistas-leninistas, todos estavam disputando espaço, ou, como se diz, a hegemonia no que viria a ser novo regime civil pós-ditadura. E a esquerda dita revolucionária renunciou ao horizonte revolucionário. 

Em nenhum momento desde então, e já se vão quase cinquenta anos, a esquerda revolucionária brasileira sobrevivente da ditadura militar, cuja obra mais expressiva foi o PT, colocou a conquista do socialismo como objetivo posterior e superior à conquista da democracia burguesa. A revolução, o socialismo, a superação do capitalismo e da democracia burguesa foram completamente abandonados. Com o passar do tempo -- e das eleições burguesas -- o objetivo da esquerda marxista-leninista foi se transformando na eleição do Lula presidente, e depois que esse objetivo foi alcançado, na sua reeleição, na eleição e reeleição da sua escolhida, na sua nova eleição, e novamente e mais uma vez, no ano que vem. 

A esquerda marxista-leninista foi fagocitada pelo PT, que se transformou no partido da ordem burguesa, partido no poder em praticamente todo o século XXI, de tal forma que o partido e os políticos que contestam a ordem são da extrema direita. Era isso mesmo que ela pretendia? Ser o partido da ordem burguesa? Ou as "liberdades democráticas" eram só uma bandeira tática para unir a oposição e derrubar a ditadura? 

O fato é que, depois de derrubada a ditadura e alcançada a democracia burguesa, o Brasil não deu nem um passo além para a esquerda. O ápice foi a Constituição de 1988, cuja regulamentação ficou pendente, incapaz de afirmar importantes avanços sociais, permanentemente dependente das decisões do STF, um tribunal claramente político, marcado por decisões questionáveis, por avanços e retrocessos e que hoje se posiciona à esquerda do governo, tanto este se encaminhou para a direita. A conquista das "liberdades democráticas" não foi, definitivamente, um meio para se alcançar a revolução e o socialismo, objetivo da esquerda marxista-leninista completamente abandonado. 

O vídeo abaixo suscita a mesma questão de outra forma: em nome da revolução, deve-se abandonar então a luta por objetivos imediatos? É evidente que não, mas, como disse, a esquerda só tem objetivos imediatos, não tem um objetivo final, abandonou o socialismo e a revolução. O governo petista -- melhor dizendo lulista, ou lulopetista -- sequer é reformista, nem o atual nem os anteriores. Os governos lulupetistas estão muito à direita do que foram os governos trabalhistas pré-64. 

Em resumo, falta à esquerda marxista-leninista ser marxista-leninista, falta à esquerda revolucionária almejar a revolução, falta à esquerda brasileira ser de fato esquerda. Falta ao Brasil um partido com um programa de esquerda, com militância, propaganda e ações de esquerda, que participe da vida política burguesa afirmando sempre que seu objetivo é o socialismo e apontando as bandeiras concretas que defende para atingir esse objetivo. Mais ou menos um partido que diga assim ao povo: nós vamos fazer isso e isso e isso, se chegarmos ao poder, vamos implantar o socialismo, vamos fazer uma revolução, é só você me dar a chance. Não existe isso no Brasil. Os grupos de esquerda ditos revolucionários que ainda existem são inexpressivos, sectários e incompetentes, seus projetos não são factíveis e sequer chegam aos trabalhadores ou são compreendidos por eles. A impressão que eu tenho é que a esquerda brasileira dita revolucionária não tem a menor ideia do que fazer realmente para conquistar o poder e transformar o Brasil numa nação socialista. 


Qual o programa da revolução brasileira? Programa 20 minutos, com Breno Altman e Nildo Ouriques. 

domingo, 2 de novembro de 2025

Uma aula de história da Venezuela, da colônia até hoje

O brilhante jornalista Breno Altman, que já nos deus aulas sobre a história do sionismo, do Estado de Israel e do genocídio dos palestinos (sempre é importante lembrar que ele é judeu), nos dá agora uma aula detalhada da história da Venezuela, chegando ao chavismo e à situação atual, que acompanha de perto desde 1984. Vale a pena ouvir. Conhecer história muda a ideologia. 

Breno Altaman - A história da Venezuela - podcast 3 Irmãos #857

sábado, 1 de novembro de 2025

Além de data centers, Lula negocia entregar terras raras

Mais entreguismo e mais destruição ambiental. A simpatia do presidente americano pelo presidente brasileiro não é à toa. Com um governo "de esquerda" bom assim, pra que extrema direita? Conforme lembra Jones Manoel, o governo FHC equiparou empresas estrangeiras a empresas nacionais e em cinco governos o PT ainda não quis mudar isso. Assim como manteve a política econômica do tucano e não revogou a desregulamentação do trabalho feita por temer e bozo. 

Trump, Lula e o interesse nas terras raras

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Esquerda socialista em Nova York e exploração de petróleo no Amazonas

Eles não são burros nem ignorantes, ao contrário. Além de ricos e membros da elite econômica e cultural do país (uma, mais uma vez, está nos EUA, o outro está sempre viajando para Portugal e pelo Brasil afora), estão a par de tudo, leem e falam em vários idiomas, conhecem a fundo assuntos que eu não domino. É por isso mesmo que fico admirado da limitação da sua percepção da realidade. Desconfio que é porque, para a elite, ainda está bom, porque desfrutam do fim do mundo. Fico pensando quanto tempo vai levar para que compreendam que o governo lulopetista é e sempre foi um governo neoliberal que engana o povo para governar para o capital. Eles mesmos, há uma semana, revelaram que o acordo entre Lula e Trump passa por instalar no Brasil, com grandes incentivos fiscais e prejuízos ambientais terríveis, data centers americanos. Realizar os desejos de, digamos, um Brasil melhor, para não dizer um mundo melhor, exige políticos e partidos muito melhores, uma nova força política, que eles poderiam ajudar a construir, se não ficassem no seu míope lulopetismo. 

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Música do dia: I just called to say I love you, Stevie Wonder

Já fui assim, já fiz isso, inclusive escrevi versos, claro que não tão bonitos. Nenhum motivo especial, apesar dizer que te amo, impulso, amor. Uma vez presenteei com uma orquídea, outra capturei o perfume da jabuticabeira em flor. Quando jovem, liguei, não disse nada, pus uma música para tocar. Por que o mundo não pode ser assim, movido a amor? Não é, comigo não deu certo. E no entanto é capaz de produzir coisas belas assim, que o dinheiro e o poder não fazem. 

sábado, 25 de outubro de 2025

Música do dia: Desalento, Chico e Vinicius

Vinicius de Moraes era o rei do piropo, segundo Chico, um poeta genial, para o meu gosto o melhor. E poesia encaixada na música, transformando em grande arte palavras banais, como neste sublime Desalento: "Sim, vai e diz, diz assim, que eu chorei, que eu morri... de arrependimento". Sugerir uma coisa e dizer outra é uma capacidade de mestres. E repete a manha: "diz que eu estive por pouco, diz a ela que estou louco... pra perdoar". O mais bonito, porém vem em seguida: "que seja lá como for, por amor, por favor... é pra ela voltar". E vai assim, com ideias preciosas e rimas precisas, até o fim. Vinicius era mesmo o rei do piropo. 

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

ONU: Brasil é responsável por 71% da destruição de florestas do mundo

Curiosa a forma da Revista Fórum dar essa notícia: o país do título é o Brasil. Talvez seja por que a revista é lulista, estamos às vésperas da COP30, em Belém, e a barra do governo brasileiro já está muito suja, com a licença para pesquisa de petróleo na foz do Amazonas, que tira qualquer moral do país para ser liderança mundial na defesa do ambiente, como pretende e proclama o presidente Lula. Obviamente, se o Brasil vai produzir mais petróleo, não vai reduzir o consumo e as emissões, assim como, se é líder em desmatamento, este não está sendo contido. Há uma terceira péssima notícia nesse quadro que mostra como Brasil se tornou um imenso latifúndio exportador de produtos primários às custas da devastação ambiental: Lula negocia a instalação de data centers americanos com incentivos fiscais e gigantescos consumos de água e energia. Com um governo assim, pra que o capital precisa do bozo? 

Revista Fórum 

Um único país é responsável por 70% da destruição de florestas no mundo, de acordo com a ONU

O país que concentra boa parte da maior floresta tropical do planeta também é responsável pela maior taxa de destruição líquida de florestas, diz relatório da FAO
Por Anne Silva 
Meio ambiente e sustentabilidade 22/10/2025 · 10:21

Dados divulgados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) nesta segunda-feira (20/10/25), combinados com plataformas de monitoramento terrestre, mostram que, entre 2015 e 2025, o Brasil foi responsável pela maior parte da perda líquida de florestas do planeta.

Foram cerca de 2,94 milhões de hectares de florestas perdidos por ano, enquanto o número global é de 4,12 milhões de hectares anuais. A parcela brasileira do desmatamento corresponde, portanto, a mais de 70% da perda total.

De acordo com o relatório Global Forest Resources Assessment (FRA 2025), a taxa anual da perda líquida de florestas caiu no mundo inteiro em relação às décadas anteriores — passou de cerca de 10,7 milhões de hectares/ano nos anos 1990 para 4,12 milhões de hectares/ano no período 2015 a 2025.

“As florestas plantadas representam cerca de 8% da área florestal total, cobrindo cerca de 312 milhões de hectares”, informa a FAO. “Sua área aumentou em todas as regiões desde 1990, mas globalmente a um ritmo mais lento na última década.” 

Clique aqui para ler a íntegra. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Olho para a China e penso no Brasil

Quanto mais me informo sobre a China, mais me convenço de que é um exemplo de racionalidade, planejamento e estabilidade para o mundo que caminha para seu fim. Ciro Gomes, ao contrário, é o retrato da falta de rumo do Brasil. De longe, ele é o melhor político brasileiro em meio século, isto é, desde que os civis assumiram o poder, com liberdades, eleições periódicas, Constituição etc., enfim a tal democracia pela qual lutamos contra a ditadura militar (1964-1985). Não vou entrar em detalhes sobre ele: acompanho-o desde que li seu primeiro livro, publicado em 1996, e já escrevi diversas vezes a respeito dele. No entanto, sua trajetória foi totalmente equivocada. Ele agora volta ao PSDB, partido do qual talvez nunca devesse ter saído. Saiu por quê? Porque divergiu da linha neoliberal adotada a partir do governo FHC. E ficou trocando de partidos, por fim se fixou no PDT, do qual saiu agora, para voltar ao PSDB e provavelmente se candidatar ao governo do Ceará, ou seja, ao ponto culminante da sua meteórica trajetória, cujo passo seguinte deveria ser a Presidência da República. Os partidos brasileiros não são democráticos, eles têm donos. Por que Ciro não foi presidente? Porque no meio do caminho tinha Lula, o eterno. Se a política brasileira fosse como era a americana antes do Trump, Lula iria embora em 2010 e o caminho do Ciro e dos demais políticos ficaria livre, não teríamos Dilma, incapaz de ser eleita por conta própria, haveria alternância no poder, mas o Brasil não é os EUA antes do Trump e agora se tornou até melhor, mas também está longe de ser uma democracia como desejávamos há meio século. Não só pelo modelo político corrupto e antipopular que se instalou, mas principalmente pelos indicadores sociais. A China mostra o que a democracia e os civis poderiam ter feito pelos brasileiros nesse período. Em vez da realização dos sonhos, o que tivemos foi uma volta acelerada à condição de exportadores de matérias-primas à custa da devastação ambiental e agora prestes a destruir a Amazônia, com todas as consequências para o clima da Terra que isso significa. Agora mesmo estamos prestes a ceder terra, água e energia de graça para instalação de uma das maiores pragas modernas, os data centers. A desigualdade social se aprofundou, com violência, miséria, desregulamentação das relações de trabalho. Tudo patrocinado por quem? Pelo partido que nasceu para representar os trabalhadores, pelos governos do ex-operário que seria a redenção dos trabalhadores, mas infelizmente seguiu a cartilha neoliberal, governou e governa ainda para o sistema financeiro, para o agrotoxiconegócio, para os industriais, para os grandes comerciantes, para o capital e para as castas. Ciro poderia ter sido uma alternativa à política do FHC e do Lula, mas ficou pulando de galho em galho, em vez de fazer a única coisa certa que Lula fez: construir um partido para dar sustentação ao seu projeto de poder. Sou defensor da alternância no poder como característica de afirmação democrática, não gostaria que Ciro se tornasse outro Lula, mas certamente seria melhor experimentar seu projeto de desenvolvimento nacional e, no mínimo, que ele revezasse com o petista no poder. Teríamos alguma comparação. Cada vez tenho mais convicção, assim como tenho sobre a China, que o maior político brasileiro de todos os tempos, por sua incrível e única trajetória e por sua capacidade maquiavélica, no sentido exato do termo, de se manter no poder, foi a arma mais eficiente que o capital poderia usar para manter a dominação sobre o povo: um legítimo operário apoiado por um partido dos trabalhadores. Nenhuma força política de esquerda floresceu sob Lula, todas que tentaram foram liquidadas, Ciro inclusive. O poder do Lula só vai acabar quando ele morrer ou perder uma eleição -- a segunda alternativa é duvidosa no ano que vem, se isso acontecer, certamente será para um candidato à sua direita, e a primeira eu espero sinceramente que ainda demore, que ele viva tanto quanto FHC e Sarney. O fato é que, depois de todo o desgaste provocado pelos governos peseudoesquerdistas da Era Lula, a esquerda brasileira provavelmente vai levar muito tempo para se recuperar e voltar ao poder. Certamente não será com o Ciro, que está próximo dos setenta anos e já teve dias melhores.