Consta que o gesto do palestino Wessam Abou Ali comemorando o segundo dos três gols que marcou no jogo do seu time, o egípcio Al Ahly, contra o português Porto foi um protesto pelo genocídio do seu povo em Gaza. O UOL Esporte publicou um perfil do jogador, que pode ser lido clicando aqui, no qual ficamos sabendo que a Palestina, essa nação que Israel está exterminando, também foi boicotada no futebol: ia se classificar para a Copa do Mundo do ano que vem, mas um pênalti "polêmico" marcado no último minuto eliminou sua seleção. Na situação em que se encontra, seria um feito fantástico com repercussão política mundial. Abou Ali é um jogador importante e tem uma história de superação impressionante.
quarta-feira, 25 de junho de 2025
segunda-feira, 23 de junho de 2025
Paredes de Vidro, vídeo narrado por Paul McCartney
Ecossocialismo ou extinção
Enfim, uma discussão política pertinente. Debate com João Pedro Stédile, Luciana Genro, Thiago Torres e José Eduardo Bernardes. A gente devia estar discutindo só isso. O jovem Torres expõe praticamente um programa político para a esquerda, essa posição que deixou de existir no Brasil quando Lula se apropriou do PT e o dirigiu para ser o partido do capital, em vez de ser o partido dos trabalhadores. O mediador puxa para a discussão acadêmica, como o jornalismo em geral, mas os debatedores o encaminham para a realidade atual. Luciana expõe um começo de organização política de base: mobilizar os atingidos pelas catástrofes climáticas para ações de prevenção, que atingem em cheio o capital. E informa que a IV Internacional, que pensava ter sido extinta antes do Hs, assumiu um programa ecossocialista. Aplausos. Torres diz uma coisa básica: "Não é a população que tem que vir para as lutas da esquerda, é a esquerda que tem que ir para as lutas que a população está travando". Aplausos mais uma vez. Em resumo: o PT, que foi criado pela minha geração para ser o partido de esquerda brasileiro, tornou-se o partido da ordem, ou seja, do centro e da direita.
quinta-feira, 19 de junho de 2025
Como a leitura molda o cérebro humano
quarta-feira, 18 de junho de 2025
Música do dia (3): Adagio de Albinoni
Non so come cercarti
Ma sento una voce che
Nel vento parla di te
Quest'anima senza cuore
Aspetta te
Adagio
Le notti senza pelle
I sogni senza stelle
Immagini del tuo viso
Che passano all'improvviso
Mi fanno sperare ancora
Che ti troverò
Adagio
Chiudo gli occhi e vedo te
Trovo il cammino che
Mi porta via
Dall'agonia
Sento battere in me
Questa musica che
Ho inventato per te
Se sai come trovarmi
Se sai dove certami
Abbracciami con la mente
Il sole mi sembra spento
Accendi il tuo nome in cielo
Dimmi che ci sei
Quello che vorrei
Vivere in te
Il sole come sembra spento
Abbracciami con la mente
Smarrita senza di te
Dimmi chi sei e ci crederò
Musica sei
Adagio
Natália Pasternak: psicanálise é pseudociência
"Freud fraudou resultados."
terça-feira, 17 de junho de 2025
História do Brasil de 1500 a 2025, resumida
Os europeus chegaram neste continente, trouxeram com eles os primórdios do capitalismo, começaram a destruir a Natureza e dizimar os indígenas, cujos sobreviventes fugiram para a Amazônia, os descendentes dos europeus foram atrás, destruindo tudo que encontraram pelo caminho, para produzir minério, madeira, criar gado, plantar cana-de-açúcar, café e soja para exportação, o que chamam de agronegócio, que é um negócio criminoso financiado com dinheiro público e apoiado pelas polícias e justiça, que ganha ou toma à força as terras dos seus habitantes originais e terras públicas, derruba a vegetação, contamina e seca os rios, envenena a terra e as plantações, massacra populações, escraviza trabalhadores e ganha bilhões, se apropria junto com os banqueiros de toda a riqueza produzida no país pelo trabalho dos brasileiros que vivem na miséria e destrói a biodiversidade extraordinária destas terras.
Como isso foi e é possível?
Primeiro, a partir de 1500, pela força das armas, da tecnologia e da religião cujos missionários acompanharam a ocupação portuguesa; lá pelas tantas, em 1808, o rei português colonizador e sua corte vieram para o Brasil, fugindo da invasão da sua nação por Napoleão, ficaram treze anos e quando voltaram deixaram aqui o herdeiro do trono, Pedro, que se tornou imperador do Brasil, sucedido depois por seu filho Pedro II; lá pelas tantas também, em 1889, quando o Império aboliu a escravidão dos africanos e seus descendentes, os militares do Exército recém-criado para lutar contra o Paraguai (uma guerra cruel e a mais longa do continente, mais longa que a Guerra de Secessão americana, e que fez 400 mil mortos, 70% deles paraguaios, toda a população masculina adulta e juvenil), em associação com os fazendeiros, dos quais os atuais agrotoxiconegociantes são descendentes, derrubaram e exilaram o imperador, sua família e seu séquito e começaram a República; lá pelas tantas, em 1930, quando o capitalismo mundial entrou na sua maior crise, em meio a revoluções socialistas e fascistas, e as exportações brasileiras entraram em colapso, setores dos fazendeiros e do Exército derrubaram o governo republicano, implantaram uma ditadura e começaram a construção do “Estado Novo”, baseado no nacionalismo, na modernização, na industrialização, na urbanização; lá pelas tantas, quando a II Guerra Mundial acabou com a derrota da Alemanha, da Itália e do Japão e a divisão do mundo em dois blocos de influência, um capitalista, liderado pelos EUA, e outro socialista, liderado pela URSS, um novo golpe derrubou a ditadura que tinha durado 15 anos e começou a “república populista”, com eleições diretas do presidente, governadores, prefeitos, senadores, deputados federais e estaduais e vereadores, organização de novos partidos e organizações de trabalhadores, além da disputa da continuação do projeto nacionalista entre o modelo original e um modelo sob influência dos EUA; lá pelas tantas, os militares do projeto sob influência dos EUA, que perdia todas as eleições presidenciais para o projeto nacionalista, deram um novo golpe e implantaram uma ditadura que durou 21 anos; lá pelas tantas, desgastados por crises econômicas, impopulares e perdendo apoio dos ricos, setores militares resolveram devolver o poder para os civis, foram diminuindo a ditadura aos poucos e finalmente, em 1985, perderam a eleição no colégio eleitoral que referendava os presidentes militares (foram cinco, além de uma junta militar provisória) e um presidente civil foi eleito, mas morreu antes de tomar posse, de forma que assumiu o seu vice, que tinha sido um civil colaborador da ditadura, o qual governou durante cinco anos e depois aconteceu a primeira eleição direta para presidente desde o golpe militar de 1964, inaugurando uma nova Constituição cheia de direitos e liberdades que representavam os anseios do movimento de redemocratização que ajudou a derrubar a ditadura e promoveu as maiores manifestações populares da história do Brasil, na chamada campanha da Diretas já!; começa então, em 1989, uma nova fase política que já dura 35 anos, caracterizada pela vigência da nova Constituição, da eleição direta do presidente, primeiro com mandato de cinco anos, depois com mandato de quatro anos com reeleição, copiando o modelo americano, e adoção da cartilha do capitalismo neoliberal na qual o Brasil abandona o nacionalismo e a industrialização e se torna exportador de minérios, carnes, soja, café e outros produtos agrícolas, comandado por banqueiros e latifundiários associados ao capital internacional, ao qual se submetem os partidos e líderes políticos emergentes após a ditadura, a saber: PRN, PSDB, PT, PL, Collor, FHC, Lula, Dilma, Bolsonaro, período no qual não faltam golpes, agora dados pelo Congresso e legitimados pelo STF, com maior ou menor participação dos militares e aos quais aderem os principais partidos e políticos no momento que lhes convém, nas formas de impeachment, processos judiciais, prisões, mudança no mandato presidencial, em 1992, 1997, 2016, 2018, 2025; a fase atual do Brasil é de deterioração política, econômica, ambiental, social e institucional, que caracteriza o fim do modelo citado acima, no qual políticos corruptos e corrompidos pelo sistema ajustam permanentemente as leis e as instituições para permanecerem no poder e servirem ao capital hegemônico, isto é, banqueiros e agrotoxiconegociantes, equilibrando-se entre os poderes do capital (“mercado”, “bolsas”, “investidores” etc.), do Congresso, da justiça, especialmente do STF, pesquisas de opinião, redes sociais, veículos de comunicação, interesses das suas bases eleitores, além dos seus interesses particulares, do interesse nacional e do voto popular expresso de quatro em quatro anos, sendo que dois últimos, os mais importantes, são os menos considerados, na verdade são incômodos que, se fosse possível, eles aboliriam e sempre que podem abandonam – o interesse nacional submetendo-o aos interesses dos lobbies e o voto popular logo depois da eleição (agora mesmo o Congresso está em vias de aprovar uma nova mudança nas regras eleitorais que aumenta os mandatos para cinco anos, proíbe a reeleição nos cargos do Executivo e faz coincidir as eleições, ou seja, o incômodo da manifestação popular só acontecerá de cinco em cinco anos; os deputados, senadores e vereadores continuarão com o direito à reeleição eterna. É curioso observar que, quando o interesse da reeleição era manter FHC no cargo, a mudança valeu para o presidente em exercício, mas agora o fim da reeleição não vai valer para os atuais prefeitos, governadores e presidente; além disso, os mandatos dos futuros prefeitos serão aumentados para seis anos, para possibilitar a coincidência das eleições, ou seja, teremos prefeitos com mandatos de dez anos! – os políticos só legislam em causa própria, o que é uma característica do corporativismo dominante no país, que longe de ser uma nação é formado por castas, que nunca pensam no interesse nacional ou do povo).