domingo, 19 de outubro de 2025

Como o Estado brasileiro pratica o genocídio do povo Guarani Kaiowá

O Brasil tem sua própria Faixa de Gaza: o Estado fazendeiro latifundiário de exportação, o agrotoxiconegócio, extermina o povo Guarani Kaioiwá há décadas, sistematicamente, usando seu exército, amplo e bem armado, com apoio da polícia, da justiça e dos governos e cumplicidade da sociedade brasileira. É um genocídio contra o qual a esquerda que protesta -- justamente -- contra o genocídio do povo palestino pode agir também, mas não age, e o presidente Lula tem poder e obrigação legal de interromper, mas não interrompe. A imprensa pouco fala do assunto. Quem procura se informar, fica estarrecido com a miséria em que vivem os guaranis kaiowás e a violência praticada diariamente contra os ocupantes originários da terra grilada pelos latifundiários que recebem todos os incentivos do Estado brasileiro. 

Reportagem da Agência Pública, 19/8/24 https://apublica.org/

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Guarani-Kaiowá: Políticos desinformam e incitam a população contra indígenas em MS 

Por Leandro Barbosa 

Falsas acusações de crimes tentam descredibilizar Guarani-Kaiowá em processo de retomada marcado por tensão e violência  

Um indígena assistia indignado a um vídeo, enquanto dizia algumas palavras em guarani. Ao me ver, disse, em português: “Como pode falar tanto absurdo?”. Ele ouvia o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) mentir ao afirmar que Mato Grosso do Sul vive “uma onda de invasão de propriedade privada, especialmente propriedades rurais, onde supostos indígenas estão atacando proprietários rurais, invadindo fazendas e destruindo, pondo fogo, atirando, ameaçando, estuprando mulheres, matando crianças e cometendo uma série de crimes”, enquanto comentava sobre a recente retomada protagonizada desde 13 de julho pelos Guarani-Kaiowá, em Douradina, a 192 km de Campo Grande. 

Acusações falsas como essas contra os indígenas da Terra Indígena (TI) Panambi-Lagoa Rica têm sido recorrentes e os colocam em risco. Os vídeos incitam a população a reagir contra as comunidades, mesmo sem apresentar provas dos supostos crimes. A desinformação alimenta movimentos ideológicos que têm atuado para promover despejos ilegais, como o movimento Invasão Zero, citado com recorrência por produtores rurais e políticos do estado. Fundado por produtores rurais da Bahia, o Invasão Zero é acusado por indígenas de atuar como uma organização criminosa e incitar crimes, e já está sendo investigado pela Polícia Federal.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), os ataques ocorridos nos dias 3 e 4 de agosto na TI Panambi-Lagoa Rica, que deixaram 11 Guarani-Kaiowá feridos, foram motivados por desinformação. Na ocasião, corria a informação de que os indígenas haviam retomado mais áreas, além das sete que já existem dentro do limite dos 12.196 hectares delimitados pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Apesar de uma representante do órgão federal afirmar, após ir ao local, que a informação era falsa, de nada adiantou. A mentira já tinha se espalhado.

“Autorreintegrações” forçadas não são episódios isolados ou aleatórios no estado, mas constituem um quadro mais amplo no qual milícias armadas rurais têm sido organizadas pelos proprietários rurais e efetivamente empregadas para promover ataques a grupos indígenas. É o que indica o documento “Crimes contra a humanidade no Mato Grosso do Sul: ataques armados, assassinatos e atos desumanos contra os Guarani e Kaiowá”, do Ministério Público Federal (MPF), ao qual a Agência Pública teve acesso. 

O documento, elaborado em 2021, se baseia em evidências de ataques armados contra as comunidades Guarani e Kaiowá ocorridos entre 2000 e 2016. Ele conclui que os crimes não são isolados, mas interligados, configurando um ataque generalizado e sistemático conduzido por grupos que seguem uma política organizacional discriminatória. 

As investigações revelam que, em muitos casos, os mandantes dos ataques são os donos de fazendas locais que se associam. Esses fazendeiros frequentemente contam com o apoio do poder político e contratam terceiros para formar milícias rurais com o objetivo de expulsar os indígenas. Na maioria dos casos, verifica-se a existência de uma rede de proteção que opera localmente por meio de federações e sindicatos rurais de fazendeiros. Esses espaços são utilizados para discutir e planejar ataques.

Cliqui aqui para ler a íntegra.  

sábado, 18 de outubro de 2025

A Faixa de Gaza brasileira: o genocídio dos guaranis kaiowás

Existe também há décadas, no Mato Grosso do Sul. Como no Oriente Médio, uma nação riquíssima, a dos latifundiários de exportação, o agrotoxiconegócio, forte e ricamente armado com milícias e apoio das autoridades, inclusive dos governos federais ditos de esquerda, ocupou o território dos indígenas guaranis kaiowás e os extermina diariamente, segundo testemunhos. Quem pesquisar, vai ficar estarrecido com o que vai encontrar. Por que isso não faz parte do noticiário? Por que os brasileiros que se mobilizam, justamente, em defesa dos palestinos, ignoram o genocídio bem mais perto, em território nacional?

A melhor entrevistra do Chico Pinheiro

Porque ele deixa o patrão, isto é, o entrevistado, falar, e Eduardo Moreira tem muito o que contar. O melhor é quando ele fala do MST, mas sua experiência de vida é admirável. Ele está fazendo história, sem precedente, que eu saiba, e sem similar, com o seu ICL. Estamos passando, finalmente, por um período interessante de renascimento da inteligência, um prenúncio do fim do neoliberalismo e do lulismo, duas faces da mesma moeda. 

Chico Pinheiro entrevista, 13/10/25, Eduardo Moreira

sexta-feira, 17 de outubro de 2025

Imagens deslumbrantes: recantos maravilhosos no planeta paraíso

Todos os dias, em fotos deslumbrantes de lugares maravilhosos, ao ser ligado, meu computador me mostra que vivo numa civilização eurocêntrica. É só uma questão de ver. A empresa de tecnologia me vende turismo, essa “indústria” horrorosa, símbolo glamouroso da nossa época. Como se o mundo fosse um parque de diversões, exibe recantos cheios de prazeres que precisamos conhecer e desfrutar, mas não diz que isso só pode ser feito por quem tem dinheiro, muito menos mostra que a mesma civilização que vende o turismo está destruindo esses recantos e todos os ambientes do planeta paraíso. A civilização que destrói a Terra crescentemente há mais de cinco séculos, desde que portugueses e espanhóis começaram a atravessar o Atlântico, revela ser eurocêntrica exatamente porque seu olhar para lugares exóticos é o olhar de quem não está lá, o olhar estrangeiro, o olhar do predador, o olhar do consumidor de lugares encantadores, o olhar do turista, exatamente aquele que, ao visitar, destrói o lugar, ao transformá-lo de um lugar onde as pessoas vivem, em um lugar que é visitado, um lugar maquiado para o visitante, cujos moradores transformam suas vidas em função dos visitantes, se transformam em seus serviçais e transformam o próprio lugar em outro, que não é mais o lugar original, não é um lugar para as pessoas viverem, é um lugar adaptado para o turismo, a realização do capital. De diferentes formas, o capital transforma e destrói tudo onde chega.

terça-feira, 14 de outubro de 2025

O neoliberalismo progressista dos governos do lulopetismo

A filósofa feminista americana não cita, mas poderia estar falando do Brasil dos governos FHC, Lula, Dilma e Lula outra vez. A entrevista não fala do Brasil e segue outros rumos, mas me parece pertinente a comparação. 

Feminismo atual é voltado a uma minoria privilegiada, diz filósofa feminista 

Vinicius Pereira, de São Paulo para a BBC News Brasil, 26 junho 2023

BBC News Brasil - Para começar, queria entender melhor a sua definição do "neoliberalismo progressista" e como a senhora vê a atual crise pela qual a democracia passa em países como EUA e Brasil? 

Nancy Fraser - O neoliberalismo progressista é um termo que cunhei para tentar descrever uma aliança entre uma fração da elite capitalista, centrada em Wall Street, no Vale do Silício e Hollywood, lugares simbólicos do capital hi-tech, e de parte dos liberais mainstream de movimentos feministas, antirracistas, ambientalistas e LGBTQIA+.

Em muitos países, o neoliberalismo se consolidou com esse tipo de aliança com os progressistas. Você poderia citar Ronald Reagan [ex-presidente dos EUA] e Margaret Thatcher [ex-primeira ministra do Reino Unido], tipos originais de conservadores e que introduziram o neoliberalismo nesses países, mas em outros locais, o neoliberalismo foi realmente consolidado por um tipo de política quase que de centro-esquerda. 

Falamos, por exemplo, de Bill Clinton, que construiu o que chamamos de “Novos Democratas” - uma força política utilizada para marginalizar a ala esquerda do partido Democrata. Podemos citar também o novo Partido Trabalhista de Tony Blair, no Reino Unido, que são os exemplos mais célebres.

Clinton e Blair colocaram, em um mesmo movimento político, feministas, antirracistas, ambientalistas e ativistas LBGTQIA+ de um lado e uma parte muito cosmopolita e supertecnológica dos empresários do outro.

A ideia era realmente promover uma liberalização, mercantilização e financeirização da economia, mas que teve efeitos muito negativos na segurança econômica e no bem-estar social das classes trabalhadoras em todo o mundo.

As forças que desejavam esse tipo de projeto econômico precisavam de algum carisma, algum tipo de toque especial, que faria esse projeto se tornar atrativo e vinculado a algo que poderia obter amplo apoio. Isso, de certa forma, forneceria cobertura perante a sociedade, dado que essa política econômica é feita para os ricos, mas que, com isso, poderia ser vista como algo amigável pelo restante.

Portanto, tal política econômica foi fundida com uma forma de feminismo meritocrático, antirracista e ambientalista. Com isso, essa forma de política socioeconômica conseguiu a imagem de ser algo emancipatória, excitante, que olhava para frente.

Em alguns países, como na Alemanha liderada pelo ex-primeiro-ministro Gerhard Schröder, do SPD (Partido Social-Democrata alemão), essa política teve muito sucesso, mas acho que nunca houve um nome para isso. Por isso, comecei a definir esse conjunto de políticas como “neoliberalismo progressista”, pois eu queria realmente sinalizar o neoliberalismo como um projeto econômico muito inconstante e oportunista.

BBC News Brasil - O "neoliberalismo progressista" fez com que as discussões se tornassem mais identitárias, ao invés de econômicas, tanto nos EUA como no Brasil?

Fraser - Eu distinguiria a discussão entre políticas de distribuição e políticas de reconhecimento. Distribuição é exatamente sobre economia. É sobre trabalho, seguros, salários, sobre também quem paga impostos, quanto as empresas deveriam pagar ou quanto a classe média deveria pagar. Tudo isso é o que eu penso sobre as políticas de distribuição.

Do outro lado, há as políticas de reconhecimento, que tem a ver realmente como nós reconhecemos todos os membros da nossa sociedade. Pessoas que pertencem a grupos que são historicamente marginalizados, como, por exemplo, gays e lésbicas, trans, mulheres negras, imigrantes, minorias religiosas, entre outros.

Essas pessoas serão reconhecidas como membros plenos da nossa sociedade? Eles terão os mesmos direitos? Para mim, você precisa das duas discussões. Para ter uma sociedade genuinamente justa, precisamos de uma política de inclusão e reconhecimento e de políticas de distribuição igualitárias. E, caso haja um desbalanceamento, se focar em um e ignorar o outro, as coisas irão dar errado.

Eu diria que na era do New Deal e da social-democracia nos EUA, havia um grande estresse sobre políticas mais igualitárias de distribuição, sem uma atenção igual para políticas de reconhecimento. Nas décadas seguintes, em especial nas décadas de 1980, 1990 e 2000, a ênfase mudou apenas para o reconhecimento ou diversidade.

Acredito que, por muito tempo, isso sugou o oxigênio de outras discussões. O foco principal dos movimentos sociais progressistas não estava na parte da distribuição, o que foi um desastre porque foi nessas décadas que o neoliberalismo estava se desenrolando e que era o momento real em que você precisava redobrar a atenção sobre a distribuição de renda.

Ao invés de trabalharmos para que ambas políticas fossem o foco e houvesse uma conexões entre eles, nós tivemos o foco apenas no reconhecimento ou, como você diz, nas pautas identitárias.

Mas, tenho que dizer que recentemente as coisas estão mudando novamente. Eu acho que nós estamos tendo, desde a eleição de Trump nos EUA em 2016, uma mudança das massas, que começam a se virar contra o sistema.

Com essas circunstâncias, há mais atenção sobre distribuição e há versões disso na direita e na esquerda, como Trump e Sanders, nos EUA, por exemplo. Agora, a diferença entre os dois está no reconhecimento. Trump é um branco, nacionalista, anti-imigração, antigay e antitrans, enquanto que do outro lado há inclusão.

Estamos começando a retornar nessa questão de distribuição e reconhecimento e, nos EUA, neste momento, a direita está fomentando uma guerra cultural focada naquilo que podemos falar nas escolas, o que devemos ensinar sobre o racismo nas escolas, dentre outras coisas.

Isso é uma estratégia deliberada para distrair a atenção para longe das políticas econômicas porque os Republicanos, incluindo Trump e seus concorrentes, ainda têm um programa econômico pró-ricos. Eles não querem falar muito sobre isso. Isso é distração.


Então, o desafio para o outro lado é resistir a ser tragado pela guerra cultural e deixar o debate econômico de lado ou, ao menos, entender como conectar essas duas visões novamente.

A diversidade está se tornando uma palavra utilizada apenas pelas empresas. Todas as companhias, toda universidade, tem um departamento de diversidade e essas pessoas são completamente desconectadas de qualquer ideia de como um conteúdo crítico deveria ser. Isso é uma política muito rasa. Não é algo igualitário.

As vezes, aqui nos EUA, nós dizemos "black faces in high places". Então, sem qualquer atenção para a situação da massa das pessoas negras, essa diversidade não possui um conteúdo real e é uma nova distração basicamente.

BBC News Brasil - Mas isso ocorreu por causa da própria esquerda ou a extrema-direita pautou o debate?

Fraser - Eu acho que é uma ótima questão, mas muito complicada. Eu venho pensando muito nisso. De um lado, nós não devemos fazer parte dessa política de distração, não podemos deixar com que todos os debates institucionais sejam sobre esses problemas. Nós não podemos jogar o jogo deles.

Ao mesmo tempo, o que eles estão fazendo é tornar alvo e usando de bode expiatório pessoas reais. Então, nós não podemos lidar com um projeto que nega serviços sociais para uma juventude trans, por exemplo, que está em uma situação frágil e vulnerável.

Nós temos que, de alguma forma, estarmos preparados para defender indivíduos que estão sendo usados, ao mesmo tempo que defendemos os direitos de reprodução, que é um outro foco de ataque.

Por isso, deveríamos falar sobre tais pontos, mas a parte difícil é perceber como conectar esses dois problemas. Isso não é fácil.

BBC News Brasil - A senhora acha que esse "neoliberalismo progressista" ajudou na eleição de presidentes da direita radical, como Trump nos EUA e Bolsonaro, no Brasil?

Fraser - Sim, com certeza. Nos EUA não há dúvidas que o bloco do neoliberalismo progressista, que consolidou o neoliberalismo e marginalizou a parte pró-trabalhista do partido Democrata, realmente tem uma grande parte de responsabilidade na deterioração das condições e dos padrões de vida no país.

No chamado Cinturão da Ferrugem, que é historicamente o coração da indústria americana e hoje é um terreno baldio com muitos problemas de vício em opioides e violência armada, o neoliberalismo progressista tem muito o que responder. Eles, basicamente, supervisionaram a transição de uma classe trabalhadora altamente sindicalizada para uma massa de trabalho mal paga e precarizada.

Não há dúvidas que isso ajudou Trump, mas também ajudou Bernie Sanders. Em outras palavras, as pessoas entenderam, em um certo momento, que eles não poderiam seguir essas políticas neoliberais, que eles precisavam de uma alternativa para uma situação que Antonio Gramsci chama de “crise da hegemonia”.

Elas perceberam que o establishment não é mais confiável, o senso comum já não era mais persuasivo, então as pessoas estavam olhando para uma alternativa radical. Algumas olharam para Trump, outras para Sanders, e o que é muito interessante é que às vezes elas optavam por Sanders, mas com ele fora da disputa, votaram em Trump, em um fenômeno semelhante ao que ocorreu no Brasil, com o voto “Bolsolula”. 

Qualquer forma de neoliberalismo se tornou tóxica, politicamente falando. As pessoas começaram a procurar alternativas para esse sistema. Em um país como os EUA, onde o neoliberalismo se aliou aos progressistas, é compreensível que Trump fosse o beneficiário maior dessa busca. Isso porque o neoliberalismo se associou muito ao tema da diversidade e, ao rejeitar esse sistema econômico, acabam por rejeitar também a pauta identitária.  

Clique aqui para ler a íntegra. 

segunda-feira, 13 de outubro de 2025

O brasileiro citado no Nobel de Física

Na aparência, essa notícia é sobre o maior prêmio internacional, sobre o brasileiro cujas pesquisas contribuíram para o trabalho premiado, sobre essa área fantástica da ciência que é física quântica, sobre, enfim, coisas importantes, bacanas, do progresso, mas não é o que eu vejo. O que eu vejo nela é só ideologia. O que é o Nobel? Uma distribuição de dinheiro para personalidades dos países ricos, dinheiro deixado por um sueco que tinha a consciência pesada porque inventou a dinamite e outras mercadorias para destruição (sua história familiar de sucesso é trágica). Dois agraciados só, que eu saiba, tiveram a dignidade de recusar a premiação (que já foi dada até a Henry Kissinger e Menachem Begin), e foram eles: Jean-Paul Sartre e Le Duc Tho. A espécie humana investe muito e ainda dá mais dinheiro para os premiados na fantástica física quântica, mas não tem dinheiro para resolver os problemas realmente urgentes e importantes do mundo, é incapaz de salvar as crianças e os jovens palestinos assassinados em Gaza ou as crianças e jovens pobres brasileiros assassinados todos os dias. É assim. Para que serve a ciência? Para que serve o dinheiro? Para que serve o jornalismo? Para movimentar o circo do capital. O brasileiro da matéria é integrante de uma casta de acadêmicos que têm seu mérito, mas são pouco ou nada úteis para seu país, pois o Brasil não se interessa por ciência e tecnologia, uma vez que, há cinquenta anos, seus governantes escolheram importar tudo e exportar produtos agropecuários e minerais, de forma que as carreiras científicas servem só ao benefício pessoal. Por fim, de que progresso se fala, quando o que ele proporciona é só desigualdades, violências e destruição ambiental? Jornalismo é entretenimento, nos distrai da realidade com notícias assim, produzindo ideologia. Quando cumpre seu papel, é capaz de conter até os bandidos que tomaram conta do país, mas só faz isso quando os bandidos não são os próprios donos das empresas jornalísticas. 

PS: Nenhum brasileiro jamais ganhou um Nobel, que já foi dado a personalidades de nações menos destacadas, inclusive argentinos, chilenos, venezuelanos e colombianos. 

Professor Amir Caldeira 

'Achava meio chato': brasileiro citado no Nobel de Física trabalhou por acaso na teoria que o transformou em referência internacional 

Camila Veras Mora, BBC News Brasil 

No último dia 28 de agosto, o físico Amir Caldeira se aposentou formalmente da Unicamp, onde dá aulas desde 1980. Sua rotina, entretanto, em nada lembra a de um aposentado, especialmente nos últimos dias. 

Desde que sua pesquisa de doutorado foi citada no último prêmio Nobel de Física, divulgado no dia 7 de outubro, ele não parou de dar entrevistas e de receber convites para eventos. 

"Se pra mim está sendo assim, imagina para os agraciados", ele diz, referindo-se ao britânico John Clarke, ao francês Michel Devoret e ao americano John Martinis. 

O trio recebeu o prêmio pela pesquisa de fenômenos quânticos em escala macroscópica — em linguagem bastante simplificada, eles verificaram que propriedades até então observadas apenas no mundo subatômico, de partículas muito pequenas, também podem ser replicadas em objetos maiores, como circuitos elétricos. 

Os experimentos, que abriram caminho para a computação quântica, usaram a base teórica desenvolvida por Caldeira junto a seu orientador, o britânico Anthony Leggett (que ganhou o Nobel de Física em 2003), na Universidade de Sussex, no Reino Unido, no fim dos anos 1970. 

Curiosamente, a dissipação quântica (entenda melhor abaixo), tema do doutorado de Caldeira, que acabou transformando o físico brasileiro em referência internacional na área, não era o que ele tinha em mente quando saiu do Rio de Janeiro para a Inglaterra para fazer o PhD naquela época. Ele achava o tema "meio chato". 

"Não era o que eu queria pesquisar", diz, dando risada e emendando que o acaso acabou colocando o tema no centro da sua vida acadêmica mais de uma vez. 

O bizarro mundo da mecânica quântica 

Caldeira, Leggett e o trio do Nobel se dedicam ao estudo da mecânica quântica, teoria que completa seu centenário em 2025 e busca descrever o comportamento de objetos muito pequenos, menores que o átomo. 

Isso porque as leis da física clássica não conseguem explicar o mundo subatômico, que está recheado de fenômenos "estranhos", "bizarros" e "chocantes", adjetivos usados com frequência por Caldeira e por seus colegas.

Por exemplo: é impossível saber ao mesmo tempo a posição e a velocidade de uma partícula subatômica, como um fóton ou um elétron. 

Clique aqui para ler a íntegra.

quinta-feira, 9 de outubro de 2025

Segunda música do dia: Mercy mercy me (The ecology), Marvin Gaye

Imagine que não há países nem religiões nem posses

Imagine todas as pessoas compartilhando o mundo e vivendo em paz.

Agência Pública investiga participação dos EUA na origem da larva jato

Oportuna avaliação do trabalho da imprensa na larva jato, da prisão do Lula e da condenação do bozo. A certa altura, a entrevistada diz que a Agência Pública também embarcou na larva jato. Bem, eu nunca embarquei, como mostram publicações da época cujos links reproduzo abaixo. Passado tanto tempo, ainda não há, nem mesmo em veículos de ponta, consciência da tragédia nacional que foram as últimas três décadas de governos ditos de esquerda, com a interrupção dos seis anos de governos de direita e extrema direita, que são parte integrante delas. A questão principal é que a esquerda brasileira não tem um projeto nacional, nunca teve, desde que o projeto revolucionário urdido na clandestinidade sob a ditadura militar (1964-1985) foi derrotado pelo projeto da democracia burguesa. 

https://jornalaico.blogspot.com/2014/10/a-maior-ameaca-eleicao.html  

https://jornalaico.blogspot.com/2014/11/delegado-da-operacao-lava-jato-fizeram.html 

https://jornalaico.blogspot.com/2014/11/o-golpe-esta-caminho.html  

https://jornalaico.blogspot.com/2018/05/o-judiciario-brasileiro-e-ocupado-por.html  

https://jornalaico.blogspot.com/2019/06/a-destruicao-do-brasil-pela-larva-jato.html  

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Kid games and nursery rhymes

Da trilha musical de Beto Rockfeller. Shirley and Alfred são Shirley Mae Goodman e Alfred Jesse Smith (Brenton Wood). Deu algum trabalho descobrir isso. Alfred morreu no começo deste ano, aos 83 anos, Shirley em 2005, aos 69. Ela fez vocais em Exile on Main St., o álbum dos Stones. Curiosamente, essa música parece só ter feito sucesso no Brasil, como outras estrangeiras, aliás, selecionadas para trilhas sonoras de telenovelas. A propósito, a trilha sonora de Beto Rockfeller, a melhor telenovela brasileira de todos os tempos, é de primeira, tem de Beatles a Janis Joplin, passando por pérolas como I started a joke (Bee Gees), F... comme femme (Adamo), Dio come ti amo (Gigliola Cinquetti), Sympaty for the devil (Rolling Stones), Sentado à beira do caminho, a depressiva e marcante canção de Roberto e Erasmo Carlos, as esquecidas Abraham, Martin and John (Moms Mabley), You've got your troubles (Jack Jones), Surfer Dan (The Turtles) e Just a dream ago (Rita Moss), curiosidades como I'm gonna get married, do peculiar Sunday, além desta divertida e inesquecível Kid games and nursery rhymes. Enfim, grandes sucessos que ficaram na minha memória, ainda que nunca mais os ouvisse. Talvez seja por causa da novela que o Largo do Concerto para piano em fá menor BWV 1056 de J. S. Bach é a primeira música da minha lista de músicas prediletas. Não encontrei referência a ela, mas tenho certeza de estava na trilha. Ou talvez fosse outra música de Bach, a Aria da corda sol da suíte nº 3 em ré maior BWV 1068. São duas músicas que estão na minha memória profunda e o que sei é que foi assim, na trilha de BR, que conhecei o compositor alemão. A novela durou um ano inteiro, de novembro de 1968 a novembro de 1969, ou seja, viu o Brasil mudar radicalmente, pois entre um ano e outro teve o AI-5.