domingo, 30 de setembro de 2012

NET censura internet dos seus assinantes

Do Centro de Mídia Independente.
Censura: NET bloqueia Diário Liberdade a todos e todas suas clientes no Brasil
Por Diário Liberdade
Chamamos a campanha de difusão do caso e reclamação à NET. A censura volta a agir contra o Diário Liberdade no Brasil.
Desde dia 21 de setembro começamos a receber avisos de leitores e leitoras do Diário Liberdade que indicavam a impossibilidade de acessar o portal. Em todos os casos, esse site era o único ao qual as pessoas afetadas não conseguiam entrar, e o ponto comum era o serviço fornecido pela NET no Brasil.
Dois dias depois, nosso serviço técnico confirmava que não havia qualquer tema técnico errado com o Diário Liberdade, e que a responsabilidade de que, ainda hoje, o portal esteja indisponível para os e as clientes da NET é exclusiva dessa companhia.
Começaram as suspeitas de uma campanha de sabotagem dessa companhia contra o portal anticapitalista, tal como a Telefônica fez anteriormente. Infelizmente, dias depois vê-se virtualmente confirmada a tese. Como na censura da Telefônica, a única solução é a pressão à NET e uma sólida campanha que reestabeleça a normalidade e a liberdade de expressão.
A íntegra.

sábado, 29 de setembro de 2012

O que o vice de Lacerda pensa dele

As mais fortes denúncias contra o prefeito foram feitas por seu atual vice, pouco antes de mudar de lado. "Ele está usando a máquina pública... está fazendo propaganda daquilo que não tem. Semana que vem ele estará na Praça Sete furando buraco dizendo que é o início da obra do metrô", acusou o deputado do PV. E garantiu, enfaticamente: "Eu estarei com quem estiver contra o Márcio". Vale a pena ver, é curtinho.

Do Movimenta BH.

Sobre a violência da PM e sua extinção

O debate foi aberto pelo filósofo e professor da USP Vladimir Safatle, em artigo publicado na Folha de S. Paulo. O cientista político e professor emérito da UFMG Fernando Massote, que teve sua casa invadida pela PM mais de uma vez, sai em apoio à tese. Quando as Forças Armadas devolveram o poder aos civis, em 1985, depois de prender, torturar, matar e fazer desaparecer número de brasileiros que só agora a Comissão da Verdade está esclarecendo, elas deixaram no seu lugar as Polícias Militares. Sem terem sido reformadas pela Constituição de 1988, as PM não se prepararam para ser polícias da democracia e continuam atuando à margem da lei, como no tempo da ditadura -- ou pior, segundo o professor Massote.

Do blog do Fernando Massote.
A PM age hoje pior do que na ditadura militar
Professor Fernando Massote, família, amigos e público em geral
Está plenamente justificada a proposta do prof. Vladmir Safatle, da USP de São Paulo, de "extinguir a PM". Ela representa a exorbitância da ditadura em plena democracia. Ela não justifica, em país algum, diz o professor, a sua ação "militar" fora dos quartéis senão em tempos de guerra; ela tortura, mata, faz invasões de domicílio e mais presos que nos estados unidos. Ela ampliou sua ação e se consolidou graças à ditadura. É bom que os leitores leiam o texto do professor que mostrou a sua cara de cidadão democrático esclarecido num artigo da Folha de São Paulo.
Nós não podemos, com essa PM, chamar o nosso país de "democrático". Estamos todos os dias, confrontados com algum assassinato à luz do dia, com invasões de domicílio e a tortura sistemática. Hoje mesmo um jornal registra um tiro gratuito, em Contagem-MG, disparado no trânsito, contra uma trabalhador, arrimo de família (28.9.02).
Esse policial deve ser expulso da corporação, sua arma deve ser retirada. Se não exigirmos isso ele será promovido descaradamente como a tenente Iraci, que dizendo-se "autoridade", invadiu minha casa. E tem mais, essa policia militarizada comete abusos francamente anti-constitucionais: já invadiu a minha casa duas vezes. Se invade a minha casa, o que não fará com as pessoas menos conhecidas?
Nos dois casos a violência foi feita contra o chamado que fiz para que ela viesse e desse um fim às agressões de boyzinhos violentos apoiados pelos pais, porque eu, minha mulher e minhas filhas viemos morar num lugar que, segundo nos parecia, poderíamos ter tranqüilidade e até silêncio! Trata-se do bairro Ouro Velho, em Nova Lima.
Na última vez a PM, chamada por mim e minha família, chegou sob o comando de uma tenente, Iraci, ignorou os agressores na porta de minha casa e virou a sua ação contra mim e minha família, invadindo a minha residência sem nenhuma justificativa nem legalidade! A tenente, interpelada por minha filha, que é advogada, como podia invadir uma residência sem autorização legal nem justificativa, declarou como justificativa de sua ação fragrantemente ilegal que "era uma autoridade". Minha filha respondeu que "autoridade é quem cumpre e não quem viola a lei".
De nada adiantou, minha casa foi invadida sob o comando da PM acompanhada de um cabo e de um soldado. Fui "enjaulado" na viatura, algemado e conduzido à delegacia. Os agressores contra os quais chamei a policia foram transformados, cinicamente, em "testemunhas" da minha prisão e a acompanharam da forma mais provocadora, com o consentimento e o incentivo da PM.
A íntegra.

Da Folha de S. Paulo.
Pela extinção da PM 
Vladimir Safatle
No final do mês de maio, o Conselho de Direitos Humanos da ONU sugeriu a pura e simples extinção da Polícia Militar no Brasil. Para vários membros do conselho (como Dinamarca, Espanha e Coreia do Sul), estava claro que a própria existência de uma polícia militar era uma aberração só explicável pela dificuldade crônica do Brasil de livrar-se das amarras institucionais produzidas pela ditadura.
No resto do mundo, uma polícia militar é, normalmente, a corporação que exerce a função de polícia no interior das Forças Armadas. Nesse sentido, seu espaço de ação costuma restringir-se às instalações militares, aos prédios públicos e aos seus membros.
Apenas em situações de guerra e exceção, a Polícia Militar pode ampliar o escopo de sua atuação para fora dos quartéis e da segurança de prédios públicos.
No Brasil, principalmente depois da ditadura militar, a Polícia Militar paulatinamente consolidou sua posição de responsável pela completa extensão do policiamento urbano. Com isso, as portas estavam abertas para impor, à política de segurança interna, uma lógica militar.
Assim, quando a sociedade acorda periodicamente e se descobre vítima de violência da polícia em ações de mediação de conflitos sociais (como em Pinheirinho, na cracolândia ou na USP) e em ações triviais de policiamento, de nada adianta pedir melhor "formação" da Polícia Militar.
Dentro da lógica militar, as ações são plenamente justificadas. O único detalhe é que a população não equivale a um inimigo externo.
Isto talvez explique por que, segundo pesquisa divulgada pelo Ipea, 62% dos entrevistados afirmaram não confiar ou confiar pouco na Polícia Militar. Da mesma forma, 51,5% dos entrevistados afirmaram que as abordagens de PM são desrespeitosas e inadequadas.
Como se não bastasse, essa Folha mostrou no domingo que, em cinco anos, a Polícia Militar de São Paulo matou nove vezes mais do que toda a polícia norte-americana ("PM de SP mata mais que a polícia dos EUA", "Cotidiano").
A íntegra.

Almodóvar protesta contra governo conservador espanhol

É a primeira manifestação política do Almodóvar que eu vejo e ele diz uma coisa interessante: as novas tecnologias de comunicação (internet) funcionam como correspondentes de guerra. De fato, considerando que a grande imprensa faz parte do exército inimigo, o que as pessoas comuns fazem é enviar informações corretas do meio da guerra.

Do Opera Mundi.
Pedro Almodóvar critica governo Rajoy por repressão a manifestantes João Novaes
O cineasta espanhol Pedro Almodóvar escreveu um artigo nesta sexta-feira (28/9) ao jornal El País em que fez duras críticas ao governo de seu país, comandado pelo conservador Mariano Rajoy. O principal ponto de críticas foi a repressão aos manifestantes que tentaram cercaram o Congresso de Deputados, em Madri, na última terça-feira (25/9).
No texto "Realidade e Narração", Almodóvar ironizou a declaração do presidente de governo que, no dia seguinte à tumultuada manifestação, elogiou a "imensa maioria dos espanhóis que não se manifestaram".
"Sr. Rajoy, eu sou parte dessa maioria silenciosa que não se manifestou no dia 25 de setembro, e peço que não tergiverse e muito menos se aproprie de meu silêncio. O fato de não estar presente fisicamente na Praça Netuno não significa que eu não me indigne ante a violência policial, a desmedida reação da delegada de governo (de Madri, Cristina Cifuentes), a manipulação da TV estatal pelas imagens do ocorrido, a petulância dos policiais que se negaram a se identificar na estação (de metrô) de Atocha e intimidaram os passageiros – nenhum deles estava protestando no Congresso, enquanto proibiam alguns fotógrafos de trabalhar", protestou o diretor.
Segundo ele, muitos dos madrilenhos que preferiram não protestar também estão contra o governo, já que este foi eleito por "fatalidades" e por uma lista eleitoral fechada.
Para ele, a imprensa manipulou as informações para favorecer a versão do governo, mas muitos dos manifestantes que conseguriam gravar os abusos por meios das novas tecnologias ("benditas sejam elas agora"), trabalho o qual classifica semelhante ao dos repórteres de guerra.
A íntegra.

Ted Boy 'Fuscaldo' Marino (1939-2012)

A notícia da morte do "rei do telecatch", Ted Boy Marino, acaba ganhando outra conotação, ao mostrar como é feita a Folha de S. Paulo. Um jornal que mente nas mínimas coisas, de propósito ou por negligência mesmo. O "crítico", leitor apressado da Wikipédia, deu ao lutador o nome da sua cidade natal. A questão é que fazer jornalismo pesquisando na internet qualquer um hoje pode fazer, não precisa trabalhar na "grande" imprensa. Foi isso que a web mudou. É melhor ir direto à fonte do que ler na Folha. A pesquisa do leitor é mais confiável do que a de muitos repórteres e críticos. Em tempo de internet, jornais e revistas valem pelo que apresentam de original. No vídeo abaixo, uma reportagem sobre o Ted Boy, que foi ídolo de uma geração.

Da Folha de S. Paulo.
Rei do 'telecatch', Ted Boy Marino sintetiza relíquia de outra era  
André Barcinski, crítico da Folha
Numa época em que a luta da moda é o brutal e sangrento MMA, as velhas disputas da luta livre parecem relíquias de outra era. Uma era em que Ted Boy Marino, que morreu na quinta (27) no Rio, aos 72 anos, reinou absoluto.
Seu nome verdadeiro era Fuscaldo Marina. Nasceu na Calábria e emigrou para a Argentina com a família aos 12 anos, no porão de um navio. Pobre, viveu como engraxate. Nas horas livres, treinava luta livre e halterofilismo.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Buracos nos passeios fazem 6.670 vítimas em BH

Não é só o Passeio é pra pedestre! que vê essas coisas, felizmente. A prefeitura colabora com essa situação cortando árvores e deixando tocos e buracos nos passeios. Além disso, permite instalação de todos os tipos de obstáculos, como lixeiras enormes. E as construções civis, que transformam os passeios em canteiro de obras? A notícia fala em "mais de 800 multas". Parece muito, mas na verdade é muito pouco, é só fazer contas: 134 por mês, 8 vítimas por notificação. Numa cidade de 2,4 milhões de habitantes. Não há fiscalização, assim como não há fiscalização para carros estacionados nos passeios. Imagina se com uma multa dessa o morador não resolve o problema. Nunca tivemos tanta polícia e tão pouco policiamento, tão pouca prevenção. Basta passar na Savassi para ver um monte de gente com coletes da prefeitura onde se lê "fiscalização". Fiscalizam o quê? Nada, ficam aos bandos batendo papo, enquanto todo tipo de infração é cometido diante deles.

Do BHaz.
Calçadas repletas de armadilhas fazem vítimas em BH
Entre janeiro e agosto de 2012, 6.670 pessoas foram levadas para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII após tropeçarem em ruas e calçadas de Belo Horizonte. As reclamações sobre o péssimo estado de conservação dos passeios e as irregularidades que surgem em construções feitas por moradores são constantes na Capital. Somente no primeiro semestre deste ano foram emitidas 4,3 mil notificações para donos de imóveis que apresentaram problemas nas fiscalizações de suas calçadas.
A legislação municipal responsabiliza cada proprietário de imóvel por construir, manter e preservar o passeio em frente ao seu terreno. Mais de 800 multas foram aplicadas nos seis primeiros meses deste ano em BH. A taxa mínima de R$ 450,92 é cobrada após o dono de uma propriedade ser notificado, mas não corrigir os problemas apontados em suas calçadas dentro de um prazo de 60 dias.
As armadilhas espalhadas pelos passeios causam os acidentes que representam pelo menos 10% dos atendimentos feitos no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Na frente da própria unidade de saúde que recebe os casos, está um exemplo do abandono das calçadas. As pedras que formam o piso diante da tradicional Escola Estadual Pedro II estão soltas, causando buracos que obrigam os pedestres a desviarem durante seus percussos.
A íntegra.

Notícias da Rússia

O governo Putin faz inveja a Stalin, a justiça russa faz sombra à brasileira.

Da Caros Amigos.
Mão de ferro de Putin já prendeu garotas da Pussy Riot e proibiu parada gay por 100 anos 
Por Gabriela Moncau
Manifestações tomaram as ruas de Barcelona, Viena, Berlim, Hamburgo, Londres, Paris, Kiev, Oslo, Sydney, Nova Iorque, Buenos Aires, entre tantas outras. Os gorros coloridos utilizados pelas integrantes da banda punk Pussy Riot no protesto que deu origem às suas prisões viraram símbolo de resistência entre os manifestantes que declararam seu apoio às artistas feministas que fazem oposição ao primeiro-ministro russo Vladimir Putin. Centenas de pessoas protestaram também em Moscou contra a detenção de Nadejda Tolokonnikova, de 22 anos, Yekaterina Samoutsevitch, de 30, e Maria Alekhina, de 24. Até celebridades internacionais como Madonna, Sting e os membros de Red Hot Chili Peppers pediram publicamente a liberdade das mulheres. Não foi suficiente.
A condenação em primeira instância de dois anos de prisão em uma colônia penal, pelo crime de "vandalismo motivado por ódio religioso" saiu no dia 17 de agosto. Já estavam presas desde fevereiro enquanto aguardavam o julgamento e agora a expectativa de não permanecerem atrás das grades até 2014 reside no desenrolar do que acontecerá no dia 1 de outubro, quando aparecerão de novo à frente do tribunal de Moscou para a apreciação de seu recurso. Os advogados de defesa esperam que o tempo de pena possa ser reduzido.
"Considerando a natureza e o grau do perigo representado por aquilo que foi feito, as rés só podem ser corrigidas por meio de uma punição real", argumentou Marina Syrova, a juíza responsável pelo caso, no dia da condenação. O “aquilo que foi feito” a que Syrova se refere é quando em 21 de fevereiro, cinco mulheres encapuzadas da banda Pussy Riot entram na catedral ortodoxa Cristo Redentor em Moscou, sobem no altar (onde segundo a tradição só homens podem pisar), e cantam uma espécie de oração de protesto, "Virgem Maria, expulse Putin", criticando o apoio dado pelo patriarca Kirill – mais alto cargo da religião cristã-ortodoxa – ao presidente russo nas eleições. "Usar palavrões numa igreja é um abuso contra Deus", justificou o promotor Alexei Nikiforov, para quem o ato nada teve a ver com um protesto político.
Violetta Volkova, uma das advogadas das integrantes da Pussy Riot, denunciou que comida e horas de sono adequado estavam sendo negados às mulheres e não conseguiu esconder sua raiva no dia em que foi feita a condenação. Depois de uma série de objeções negadas, gritou com a juíza Syrova, que abaixou os óculos até a metade do nariz e afirmou "Você está perdendo a dignidade". "Há tempos a dignidade já se perdeu aqui", respondeu. Das 13 testemunhas que a defesa quis trazer, só três foram permitidas pela juíza.
A íntegra.

As contas do PT nas eleições de outubro

Não são números bons. Me parece que há uma clara superestimação nessa conta e alguma "malandragem": nas maiores, mas não nas maiores das maiores; aliados, mas não o PT... Além disso, tem partido que é da base do PT no governo federal e da base do PSDB no governo estadual, como acontece em Minas. E nas menores, como vai ser?

Da Rede Brasil Atual.
Partidos aliados a Dilma podem vencer em 65% das maiores cidades  
Por Eduardo Maretti
São Paulo – Partidos aliados ao governo da presidenta Dilma Rousseff caminham para vencer as eleições municipais deste ano em cerca de dois terços das cidades com mais de 150 mil eleitores, segundo levantamento feito pelo PT e obtido pela Rede Brasil Atual. Os números têm por base balanços atualizados de pesquisas públicas e internas.
Ao todo, há 119 municípios nessa faixa, mas em 21 deles não havia pesquisas recentes até o fechamento do relatório. Os candidatos de legendas aliadas ao Planalto despontam em primeiro lugar em 65% das demais 98 cidades – sendo 20 do PT, 15 do PMDB, 13 do PSB, 7 do PDT e 3 do PP, entre outros.
A íntegra.

EUA, agora, fabricam pobres

"Desde 2000 a classe média americana dotada de diploma universitário não tem reajuste salarial."

Da Agência Carta Maior.
A supremacia das finanças: uma usina de pobres 
Saul Leblon
Existe um traço comum entre a rastejante recuperação norte-americana sob a batuta de Obama, a etapa aguda da crise que a antecedeu -- capitaneada por Bush Jr. -- e, antes ainda, o período de apogeu que originou tudo, composto pelo desmonte regulatório nas mãos de Reagan (1981-1989), seguido da consolidação rentista, sob a batuta do democrata amigo de FHC, Bill Clinton (1993-2001).
O fio que interliga o enredo é a persistente disseminação da pobreza na maior potencia capitalista da terra, antes, durante e depois do colapso de 2008.
A caminho do quinto ano, a crise mantém os pobres no limbo dos renegados; ao contrário do que se viu nos anos 30, subordina seu resgate à salvação das finanças, como criticou a Presidenta Dilma Rousseff, na ONU, nesta 3ª feira.
A prioridade ortodoxa justifica jogar novas cargas ao mar e ofusca a questão política central dos dias que correm: turbinado organicamente pelas finanças, o capitalismo atravessou o Rubicão despindo-se de qualquer compromisso com o presente e o futuro da sociedade; nos EUA, bem antes da crise, em pleno ciclo de expansão dos lucros e da produtividade, a engrenagem passou a cuspir regressividade e pobreza, gerando uma massa crescente de renegados. A esses, como sentenciou Mitt Romney, o mercado não tem o que dizer.
Os salários da força de trabalho nos EUA encontram-se em queda ou estagnados, desde 1999. No ano passado a renda média caiu em 18 estados, segundo o censo de 2011, divulgado agora em setembro; no anterior havia recuado em 35 das 50 unidades da federação.
Na ensolarada Califórnia, 335,7 mil pessoas atravessaram a linha pobreza em 2011, elevando o contingente de pobres do estado a 16,6% do total.
Desde 2000, a classe média americana dotada de diploma universitário, não tem reajuste salarial.
A íntegra.

A desilusão da geração de 30 anos

Este é um sentimento de países desenvolvidos que o Brasil herdou, junto com a globalização. O mundo da supremacia do neoliberalismo, sem utopias, e um mundo de consumismo e destruição desenfreada, sem perspectivas de um futuro melhor. Essa geração é diferente da anterior, porque não teve de derrubar a ditadura militar nem de contestar os costumes autoritários, encontrou o caminho aberto, a "liberdade" e a "democracia": e daí? Estão faltando cores no mundo.

Da Agência Efe via iG.
Filme "Cores" retrata a "angustiada" geração de 30 anos no Brasil
O diretor brasileiro Francisco Garcia dedicou seu primeiro longa-metragem, "Cores", a falar sobre a "agonia" de sua geração, a de jovens na casa dos 30 para quem o crescimento econômico do Brasil não trouxe a oportunidade de um futuro melhor. O filme, exibido na mostra Novos Diretores do 60º Festival de Cinema de San Sebastián, na Espanha, é também uma história de amizade "verdadeira", a de três jovens que vivem uma vida de desilusão e rotina.Garcia, nascido em São Paulo em 1980, acredita que as pessoas de sua idade "têm uma angústia e um vazio muito grandes". "É uma geração pós-hippie, pós-punk, da desilusão dos anos 1990 e de um começo de século que não sabemos para onde vai", definiu, em entrevista à Agência Efe.
É um filme cheio de simbolismos, metáforas e antíteses, começando pelo título, "Cores", para uma história contada em preto-e-branco. "Essa é a ironia, porque o que falta na vida dessas pessoas é justamente a cor", conceitua o diretor.
A íntegra.

A cidade das empreiteiras

É o Rio de Janeiro, mas poderia ser Belo Horizonte ou qualquer sede de jogos da copa da fifa.

Do Pública.
"Isto é democracia?", pergunta cineasta
Fausto Mota questiona a lógica da cidade-negócio e a relação entre UPP e especulação imobiliária no Rio em tempos de megaeventos 
Qual é a relação entre as UPP (Unidades de Polícia Pacificadora) cariocas, a especulação imobiliária, remoções de comunidades inteiras, grandes empreiteiras e a Copa do Mundo no Brasil? É isso que os cineastas Fausto Mota, Raoni Vidal e Henrique Campos se dispuseram a descobrir e costurar no documentário Domínio Público.
Feito de forma totalmente independente e com a possibilidade de se tornar um longa- metragem – o projeto está no sqite Catarse para financiamento coletivo – o filme sugere que o Rio de Janeiro, assim como outras cidades que serão sedes da Copa, está se tornando cada vez mais uma cidade a serviço de empreiteiras e grandes negócios.
A íntegra.

Julgamento do mensalão vira 'reality show'

É como se diz: a justiça brasileira não se dá o respeito. A começar pelo "supremo".

Da Agência Carta Maior.
BBB no STF: Qual a importância do relator? 
Editorial
A Suprema Corte Norte-Americana tem os debates de seus Ministros em salas fechadas. Se eles se estapeiam, brigam ou cospem uns nos outros ninguém sabe. Imagina-se, contudo, um ambiente condizente com a enorme responsabilidade de que são investidos esses julgadores.
O Supremo Tribunal Federal brasileiro, ao contrário, tem seus julgamentos televisionados ao vivo para todo o País, aliás único do mundo.
Os órgãos colegiados nos tribunais brasileiros costumam ter debates bem acesos. É da natureza do colegiado. Sempre que há divergências, os desembargadores ou os ministros procuram defender os seus pontos de vista com enorme cuidado. E, quando se diz cuidado, é porque essa palavra revela o que de fato deve (ou deveria) ocorrer.
O voto de um magistrado, no órgão colegiado, nada mais é do que a fração de um todo que será o fruto do debate entre os seus pares. Podem ser três desembargadores, em uma Câmara de um tribunal estadual, cinco ministros em uma Turma do Superior Tribunal de Justiça, ou onze ministros no Pleno do Supremo Tribunal Federal. Cada voto, ainda que seja do relator ou do revisor, fará parte do todo que é a decisão colegiada.
Aliás, a figura do relator, tão falada e levada ao ponto da adoração no julgamento da AP 470, no STF, nada mais é do que o resultado de um sorteio. A escolha desse chamado juiz natural ocorre por meio de um programa de computador que, levando em consideração inúmeras variáveis, escolhe um ou outro magistrado. Não há luz divina se deitando sobre esse momento. Não há nada de especial nele.
E o relator de qualquer processo, em órgão colegiado, só permanece nessa condição se o seu voto representar a maioria do entendimento dos membros da Corte. Se o relator for vencido, isto é, se o voto de outro magistrado (ou de outros magistrados) arrebanhar a maioria de votantes, a figura do relator original será substituída por aquele que inaugurou a divergência.
Se nos debates televisionados para todo o País se tem visto uma linguagem pouco urbana do ministro relator da AP 470 para com seus pares, principalmente, em face do ministro revisor, imagina-se o que deve ocorrer nos bastidores.
Ao vivo, houve acusações de hipocrisia, falta de transparência, falta de lealdade, distorção de fatos e outros tipos de condutas que não cabem em qualquer julgador.
O que ocorre nos bastidores, então?
A íntegra.

Interesses particulares prevalecem e obras na Rua Musas vão começar

Com aval do Copam -- órgão do governo tucano que agora pode mudar de nome, porque de política ambiental demonstrou que não entende nada -- um dos atos mais absurdos de um governo desastroso para Belo Horizonte foi consumado: a venda da Rua Musas para uma construtora fazer um hotel cinco estrelas. O empresário beneficiado foi doador da campanha do prefeito em 2008. O investimento de R$ 100 milhões é "para a copa do mundo". De nada adiantaram os protestos dos moradores nem as denúncias do descalabro. Os interesses particulares prevaleceram sobre os interesses coletivos, como é regra na administração Lacerda. A obra deve piorar ainda mais o trânsito já caótico e a qualidade de vida no bairro. Resta agora a justiça, que demora a se pronunciar, como sempre (exceto, é claro, quando é a favor dos ricos e poderosos).

Do BHaz.
Obras em rua vendida pela PBH devem começar ainda neste ano
O grupo responsável pela construção de um complexo hoteleiro na rua Musas, bairro Alto Santa Lúcia, região Centro-Sul da Capital, deve começar a executar as obras do empreendimento ainda neste ano. Para possibilitar que a iniciativa saia do papel, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) vendeu parte da via para os idealizadores do projeto. Moradores entraram na Justiça para barrar a construção, mas as ações ainda estão em andamento e, até o momento, nenhuma decisão foi tomada. O dono da empreiteira que irá se beneficiar com o negócio também é proprietário de outra construtora que doou dinheiro para a campanha de Márcio Lacerda (PSB) em 2008.
Na última segunda-feira (24/9/12), o Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) concedeu à Batur Empreendimentos e Participações, do empresário Eduardo Gribel, as licenças necessárias para o início das obras. Sete de nove conselheiros votaram a favor da liberação dos documentos.
A íntegra.

Lacerda dá rua na Pampulha para Marcos Valério

Lacerda gosta de passar imóveis públicos para particulares. O lema do prefeito milionário bem que poderia ser "tudo para ricos!". É difícil acreditar que os belo-horizontinos vão escolher mais quatro anos disso. 

Do Uol.
Terreno de Marcos Valério invade rua, e Prefeitura de BH "legaliza" manobra em mapa
Vinícius Segalla

Um trecho de 100 metros de uma rua na região da Pampulha, área nobre de Belo Horizonte (MG), foi incorporada ilegalmente a uma propriedade privada e retirada do mapa oficial da cidade publicado pela prefeitura junto à Lei de Reforma e Uso do Solo, em julho de 2010. A propriedade pertence ao publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, réu do mensalão e já condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção ativa, peculato (desvio de recursos públicos) e lavagem de dinheiro.
A íntegra.

Do BHaz.
Promotor começa a apurar repasse de rua a Marcos Valério na próxima semana
O promotor Leonardo Duque Barbabela, coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Defesa do Patrimônio Público de Minas Gerais, garantiu, nesta sexta-feira (21), que a investigação sobre o suposto repasse de uma rua de Belo Horizonte a Marcos Valério deve começar na próxima semana. Uma denúncia entregue ao órgão aponta possíveis irregularidades cometidas pela Prefeitura no fechamento ilegal da via que fica no bairro Bandeirantes, região da Pampulha. O assunto, que foi noticiado pelo Portal BHAZ na última quinta, ganhou espaço na mídia nacional.
A íntegra.

Jogos da copa em BH serão à uma da tarde!

A copa é um negócio para a fifa e seus fornecedores ganharem dinheiro, para turistas e estrangeiros verem jogos pela tevê -- aliás, nós, brasileiros, também vamos ver é pela televisão. Jogos às 13h, horário em que nunca houve no Brasil! E no inverno, quando o ar está muito seco. Parece brincadeira. E é essa gente que "exige" que o País faça isso, faça aquilo, que ameaça, fiscaliza e denuncia, com apoio submisso da "grande" imprensa de direita.

Do BHaz.
Fifa divulga horários das partidas da Copa 2014
O Comitê Executivo da Fifa aprovou na quinta-feira (27/9/12) os horários de jogos para a Copa do Mundo de 2014 no País. BH irá receber jogos em dois horários. As quatro partidas da fase de grupos (chaves C, D, F e H) e uma das oitavas de final serão às 13 horas, já uma das semifinais acontecerá às 17 horas.
Na primeira fase, as disputas irão acontecer em às 13h, 16, 17, 18, 19 e 21 horas locais, respeitando sempre as características de cada cidade (sic). A abertura da competição acontecerá às 17 horas, em 12 de junho, em São Paulo.
A íntegra.

Do Uol Esporte.
Fifa define horários da Copa-2014 com partidas no início da tarde em lugares quentes ou secos
Rodrigo Mattos
A Fifa definiu os horários dos jogos da Copa do Mundo-2014, com a abertura no dia 12 de junho, às 17h, e a final às 16h no Maracanã no dia 13 de julho. Há jogos marcados em horários no meio da tarde em lugares quentes ou secos como Brasília, Manaus, Natal, Recife ou Salvador. Isso foi aprovado pelo Comitê Executivo da Fifa em reunião em Zurique.
Há seis horários diferentes para jogos da Copa: 13 horas, 16 horas, 17 horas, 18 horas, 19 horas e 21 horas. As partidas nobres foram marcadas para o meio da tarde, como as suas semifinais às 17 horas. Isso significa que os jogos são em horários nobre para a Europa, que tem fuso com diferença de cinco horas para o centro do continente. O horário das 22h, que hoje é tradicional nas partidas do meio de semana no Brasil, não será usado no Mundial.
A íntegra.

29 de setembro, Dia Mundial da Meditação

Ophicina da Luz e Associação Mineira de Yoga promovem meditação na Praça da Assembleia, a partir da 9h.

Tirinha do dia

Em homenagem à propaganda eleitoral.

Malvados

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Galpão prepara nova montagem: Os gigantes da montanha, de Pirandello

Do blog do Galpão.
Preparativos para a montagem dos Gigantes
por Eduardo Moreira, 27 de setembro, 2012
Começamos os trabalhos com os Gigantes. Além das leituras do texto, estamos nos debruçando nas outras obras de Pirandello. Como sempre, esbarramos numa enorme deficiência de traduções brasileiras. Se pensarmos que autores consagrados como Tchékhov e Pirandello apresentam essa carência, podemos imaginar o que acontece com outros autores menos conhecidos. O mercado editorial brasileirto em geral, e especialmente na área de teatro, é uma calamidade. Só para dar um exemplo, das últimas peças de Pirandello, especialmente as escritas depois da sua relação com a atriz Marta Abba, nehuma delas (exceto os "Gigantes da montanha") tem tradução brasileira.
A íntegra.

Oliver Stone protesta contra perseguição a Julian Assange

Do Terra, 23 de setembro de 2012
Oliver Stone lamenta perseguição a Julian Assange  
O diretor de cinema americano Oliver Stone, que está no Festival de Cinema de San Sebastián, na Espanha, para receber um dos dois prêmios especiais do 60º aniversário da mostra, disse neste domingo que o fundador do Wikileaks está sendo perseguido, enquanto há "terroristas" livres.
"Os crimes devem ser perseguidos", disse o cineasta, que apoiou Julian Assange recentemente através de uma carta assinada junto com Michel Moore na qual agradeciam o "grande serviço" que prestou ao mundo com suas denúncias sobre "os abusos" do governo americano.
"O que acontece é que agora o perseguido é Assange, quando os que são os autênticos terroristas estão em liberdade", lamentou Stone.
A íntegra.

Para governo americano, Julian Assange, do Wikileaks, é o novo Osama bin Laden

Jornal australiano publicou documento secreto do governo americano que inclui o criador do Wikileaks na lista dos "inimigos do Estado", a mesma em que esteve Osama bin Laden até ser encontrado e executado pelo exército dos EUA. Ou seja, como diz Paulo Nogueira, Assange é um "cabra marcado para morrer". Acontece que Assange não é terrorista, não empunha armas, não trama atentados. O que ele faz é informar a população mundial das tramas secretas dos governos, o que Wikileaks faz é lutar pela liberdade de informação. O fato desmascara a campanha anti-terror dos EUA e de quebra põe Barack Obama no mesmo time dos Bush. O próprio Osama bin Laden foi treinado pelos EUA e amigo, antes. Não existe princípios nem ideiais nas guerras que os EUA empreende, só negócios. Inimigo dos EUA é todo aquele que põe em risco os negócios do Estado, isto é, ganhar dinheiro, inclusive -- principalmente? -- em guerras, o maior dos negócios americanos, desde sempre. O Equador defende Assange. E no Brasil, quem o defende? Não a "grande" imprensa, que está sempre do lado dos poderosos e subserviente aos EUA.

Do Diário do Centro do Mundo.
Cabra marcado para morrer 
Paulo Nogueira 27 de setembro de 2012
Um jornal australiano obteve um documento do governo americano em que Julian Assange e o Wikileaks são classificados como "inimigos do Estado".
A notícia está repercutindo em todo o mundo, e com razão.
"Inimigos do Estado" é a mesma categoria em que estão catalogados o Talibã e a Al-Qaeda, por exemplo. Na prática, pela legislação de segurança americana, significa que eles podem ser presos sem processo formal por tempo indeterminado.
Podem também ser executados. Mortos. Eliminados. Como se estivéssemos vivendo o seriado 24 horas.
Onde, no Brasil, o repúdio à perseguição movida pelo governo americano a Assange? Ninguém se importa com ele? Algum colunista brasileiro o defendeu? Assange foi alvo de um único editorial? Ou, por criticar os Estados Unidos, ele não pode ser defendido?
A íntegra.

Socorro! O Grande Irmão chegou às salas de aula!

Nem a ditadura militar fez isso: vigiar alunos dentro de cada sala de aula. Mas as escolas estão fazendo, em plena "democracia"! E as pessoas acham normal. Os alunos protestaram e foram suspensos. Com uma democracia dessa quem precisa de ditadura? O acidente com duas mortes no centro de BH foi filmado por uma dessas câmaras de vigilância. E daí? Impediu o acidente? Impediu as mortes? Não, só serve para apareceer na televisão e na internet, como parte desse mundo em que tudo agora é filmado e exposto para que todos vejam. Filmar é preciso, viver não é preciso... Começa em São Paulo "primeiro mundo" protofascista e logo o País inteiro copia. (O texto da Folha parece telegrama, mas é matéria mesmo.)

Da Folha de S. Paulo.  
Alunos do Rio Branco são suspensos após protesto contra câmaras na sala  
Fábio Takahashi e Bruno Benevides
Um dos mais tradicionais colégios de São Paulo, o Rio Branco decidiu instalar câmaras de segurança dentro das salas de aula, o que causou protesto dos estudantes -- 107 deles foram suspensos.
A direção da escola, localizada em Higienópolis (centro), diz que pretende aumentar a segurança na instituição.
E, indiretamente, melhorar a disciplina das turmas.
A escola foi fundada em 1946 e cobra mensalidades de R$ 1.900 no ensino médio.
Os estudantes não foram avisados da mudança e dizem que ficaram assustados com os equipamentos. E afirmam que protestaram porque não receberam explicações.
Anteontem, após notarem as câmaras, estudantes do ensino médio decidiram ficar sentados no pátio, até que a diretora se manifestasse -- o que não ocorreu.
Depois, os pais de 107 estudantes foram informados que os alunos haviam sido suspensos por um dia. "Ficamos assustados com as câmaras, ninguém explicou o motivo. Mas o pior foi a suspensão e a falta de diálogo", disse um estudante, que não quis se identificar.
A instalação das câmaras e a suspensão dividiu a opinião dos educadores ouvidos pela Folha.
A íntegra.

Do Blog do Sakamoto.
Sorria! Você está sendo desrespeitado em sala de aula
Leonardo Sakamoto
Vivemos numa sociedade vigiada. Isso não é novidade.
Sob a justificativa da segurança – interna e externa – plantamos câmaras em qualquer lugar, rifando nossa liberdade individual. Equipamentos que, no final das contas, acabam sendo usados para tantas outras finalidades que a razão inicial de termos os colocado acaba esquecida.
A paranoia da segurança vai eleger prefeitos que apresentam discursos que beiram o fascismo em todo o país. Muitos deles prometeram a instalação de câmaras em todos os cantos. Outros, que buscam a reeleição, propagandeiam aos quatro ventos que colocaram esses aparelhinhos, tidos como panaceia para os problemas da urbe. Podem até ser úteis em determinados casos, mas geram uma falsa sensação de segurança em outros.
Sorria! Não porque você está sendo gravado. Mas pelo fato de que, assim como a ignorância, a autoenganação também é um lugar quentinho.
A íntegra.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O jornalista Vladimir Herzog morreu em consequência de torturas no DOI-Codi

Esta notícia levou 37 anos para ser dada. Só agora, por determinação judicial, a pedido da Comissão da Verdade, o atestado de óbito do jornalista torturado até a morte em dependências do II Exército, em São Paulo, em outubro de 1975, pode finalmente conter informações corretas. Num país em que a imprensa mente e distorce informações sistematicamente, juizes mandam prender o presidente da Google por crime de "liberdade de expressão" e escolhem os políticos que serão punidos por corrupção; num país em que torturadores e assassinos foram sustentados por empresários, acobertados por jornais e televisões e, mais tarde, protegidos pela anistia, emociona ler uma notícia em que todos -- Estado, juiz e imprensa -- estão do lado certo e a verdade prevalece, de forma incontestável. Ainda que 37 anos depois.

Da Agência Brasil, 25/9/12.
Atestado de óbito de Herzog dirá que ele morreu por maus-tratos
Renata Giraldi
Brasília - O juiz Márcio Martins Bonilha Filho, da 2ª Vara de Registros Públicos do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), determinou ontem (24/9/12) a retificação do atestado de óbito do jornalista Vladimir Herzog, que morreu em 1975 na capital paulista. O atestado, emitido no período da ditadura, indicava que sua morte foi consequência de suicídio. Porém, por ordem da Justiça o atestado de óbito informará que a morte dele foi causada por maus-tratos.
O juiz determinou que, a partir de agora, passe a constar no documento a seguinte informação: "A morte [de Herzog] decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do 2º Exército – SP (DOI-Codi)". O DOI-Codi era a sigla conhecida do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna subordinado ao Exército, que atuava como órgão de inteligência e repressão do governo.
A retificação foi um pedido da Comissão Nacional da Verdade, representada pelo coordenador, ministro Gilson Dipp. A solicitação foi encaminhada a pedido da viúva Clarice Herzog. Na decisão, o juiz Bonillha Filho elogiou a atuação da comissão.
"[A comissão] conta com respaldo legal para exercer diversos poderes administrativos e praticar atos compatíveis com suas atribuições legais, entre as quais recomendações de 'adoção de medidas destinadas à efetiva reconciliação nacional, promovendo a reconstrução da história'", disse o magistrado na sua decisão.
Nascido na Croácia, Vlado Herzog passou a assinar Vladimir por considerar seu nome exótico. Naturalizado brasileiro, ele se tornou um dos destaques do movimento pela restauração da democracia no Brasil, depois do golpe militar de 1964. Era militante do Partido Comunista e sofreu torturas em São Paulo.
Em 25 de outubro, Vladimir foi encontrado morto. Segundo informações fornecidas na época, o jornalista foi localizado enforcado com o cinto que usava. Porém, a família e os amigos jamais aceitaram essa versão sobre a morte dele. Nas fotos divulgadas, o jornalista estava com as pernas dobradas e no pescoço havia duas marcas de enforcamento, indicando estrangulamento. No período da ditadura, eram comuns as versões de morte associadas a suicídio.

Governo Anastasia desmobiliza Comitê do Rio das Velhas. Projeto Manuelzão protesta

Em 14 anos de funcionamento, o Comitê do Rio das Velhas tornou-se referência nacional e internacional em mobilização, gestão compartilhada e negociada, com as quais tenta revitalizar o rio destruído por mineradoras, indústrias, agropecuária e esgotos, no mais admirável projeto ambiental em curso em Minas Gerais. Sua alma é a Equipe de Mobilização, cujo trabalho o governo Anastasia encerrou, de forma inesperada, arbitrária e autoritária, como é costume tucano, alegando ilegalidade na sua existência, só descoberta depois de 14 anos, coincidentemente quando a inoperência e incompetência governamental estão sendo questionadas.
Gestão participativa e mobilização popular não combinam mesmo com tucanos, que gostam é de propaganda: quem não se lembra das fotos do atual senador Aécio Neves e do governador Anastasia, então candidatos, nadando nas águas poluídas do rio, durante a campanha de 2010, para alardear sua revitalização?
O Projeto Manuelzão, origem do projeto, protesta e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas reage com esta carta aberta e uma petição na internet.

CARTA ABERTA
Belo Horizonte, 21 de setembro de 2012.
Manifestação referente ao fechamento da sede e encerramento do trabalho da Equipe de Mobilização do Comitê do Rio das Velhas
Prezados (as),
A carta que se segue é uma contextualização e uma manifestação aberta da Diretoria do Comitê do Rio das Velhas de estranhamento à decisão do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) de fechar a sede do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas e encerrar as atividades da Equipe de Mobilização que trabalha em apoio aos Subcomitês e ao Comitê do Rio das Velhas.
O Comitê do Rio das Velhas tem entre suas atribuições, segundo o inciso IX do artigo segundo do Decreto Estadual 39.692/98: "propor a criação de Comitê de Sub-bacia Hidrográfica a partir de proposta de usuários e da sociedade civil".
Com a criação do Comitê do Rio das Velhas foi intensificado o processo de mobilização, participação e descentralização do planejamento e da gestão na bacia. O Comitê do Rio das Velhas, por meio da Deliberação Normativa 2/2004, instituiu os procedimentos para a institucionalização e criação dos Subcomitês de Bacia Hidrográfica. Os Subcomitês são instâncias propositivas e consultivas que permitem ao Comitê a descentralização de suas ações e a efetivação da gestão participativa. Hoje são quatorze Subcomitês com atuação na bacia, que envolvem centenas de entidades relacionadas aos recursos hídricos e contemplam grande parte do território da bacia do Rio das Velhas.
O assessoramento aos Subcomitês e Câmaras Técnicas do Comitê do Rio das Velhas é realizado por intermédio da Equipe de Mobilização, que é responsável por articular e acompanhar as ações demandadas pelos Subcomitês e pelo Comitê do Rio das Velhas, atendendo, portanto, à proposta de gestão participativa e descentralizada.
A Equipe de Mobilização tem levado aos Subcomitês, comunidades locais, prefeituras e instituições relacionadas aos recursos hídricos da bacia do Rio das Velhas, as propostas de recuperação ambiental dos seus afluentes, programas, projetos e parcerias aprovados pelo Comitê, de forma a consolidar a estratégia de participação ampliada e maior capilaridade do Comitê nas sub-bacias hidrográficas do Rio das Velhas.
A Reunião Plenária do CBH Rio das Velhas, realizada em 12 de setembro de 2012, foi marcada pelos questionamentos dos conselheiros do Comitê e de Subcomitês à Associação Executiva de Apoio à Gestão de Bacias Hidrográficas – AGB Peixe Vivo.
Foram constatados recorrentes atrasos na contratação de Projetos Hidroambientais e de Planos e Projetos Municipais de Saneamento nas sub-bacias. No caso específico do Projeto das sub-bacias dos ribeirões Arrudas e Onça, foram identificados pelos respectivos Subcomitês e pela Equipe de Mobilização problemas na execução das ações do Projeto Hidroambiental pela empresa contratada, com atrasos recorrentes na entrega dos serviços e baixíssima qualidade dos produtos.
Na reunião plenária do dia 12 de setembro, na qual foram apresentados esses questionamentos, a Diretoria do Comitê do Rio das Velhas ressaltou a importância de que houvesse uma revisão do Contrato de Gestão, visando ao aprimoramento e consequentemente evitar que esses problemas levantados continuassem a ocorrer. Ainda foi lembrado que o contrato em vigor tem sua validade até dezembro de 2012 e que estava agendada reunião com o Igam no dia 18 de setembro, para discutir adequações do Contrato de Gestão.
A reunião foi presidida pela Sra. Renata Araújo, diretora de Gestão das Águas e Apoio aos Comitês de Bacias Hidrográficas, e contou com a participação da Sra. Cleide Pedrosa, diretora geral do Igam, da Sra. Lilian Domingues, da Assessoria Jurídica, da Auditoria do Igam e representante do CBH Rio das Velhas.
Entendia-se que a reunião seria a oportunidade para iniciar as discussões de aprimoramento do Contrato de Gestão, fortalecendo os indicadores de resultados e a avaliação pelos conselheiros do Comitê, buscando um maior detalhamento e controle para a contratação e acompanhamento dos projetos.
Contudo, a Sra. Renata Araújo, informou que foi elaborado parecer jurídico (que não foi apresentado para a representante do Comitê) que afirma que a sede do Comitê do Rio das Velhas e a Equipe de Mobilização eram ilegais. Foi comunicado à representante do Comitê que seria enviado ofício à AGB Peixe Vivo determinando o fechamento da sede do Comitê e a demissão de todos os funcionários da Equipe de Mobilização.
Trata-se de determinação para o encerramento das atividades desenvolvidas pela Equipe de Mobilização e o fechamento da estrutura física da sede do CBH Rio das Velhas. Foi relatado pelo Igam que a AGB Peixe Vivo foi consultada previamente no dia 11 de setembro e que não manifestou discordância com os procedimentos.
Para determinar tal ação, fora justificado que a contratação da Equipe de Mobilização com os recursos da Cobrança pelo Uso da Água, na rubrica de operacionalização do Contrato de Gestão (92,5%) é ilegal. Ao serem questionados que o mesmo procedimento é adotado no Comitê do São Francisco, foi informado que este também se encontra na ilegalidade.
Ressaltamos que até o momento não foi disponibilizado o parecer da Assessoria Jurídica do Igam e que as rubricas para essas contratações (sede e funcionários) estão no Plano de Aplicação integrante do Contrato de Gestão vigente, aprovado em plenário pelo Comitê e assinado pelo Igam, AGB Peixe Vivo e Comitê do Rio das Velhas.
O Comitê do Rio das Velhas, com seus 14 anos de história e atuação em mobilização, gestão compartilhada e negociada é referência nacional e internacional. A Diretoria do Comitê do Rio das Velhas, mantendo sua coerência histórica de promoção do diálogo e articulação entre entidades da bacia, considera a ação proposta pelo Igam, embasada em argumento de suposta ilegalidade, sem fundamento. Chamamos a atenção de que há várias alternativas para a solução deste impasse, que vão desde uma adequação contábil dos procedimentos da AGB Peixe Vivo a um possível aditamento ao Contrato de Gestão.
Reafirmamos que o diálogo e a negociação são a única maneira de evitar um prejuízo irreparável ao processo de mobilização e de gestão descentralizada e participativa, via Subcomitês, implantado na bacia do Rio das Velhas.
Respeitando a autonomia do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, esperamos que as entidades envolvidas se manifestem para o diálogo e que as tomadas de decisões sejam conjuntas e harmônicas, permitindo a boa gestão dos recursos hídricos e a manutenção das políticas participativas.
Solicitamos às entidades atuantes, parceiras e integrantes deste modelo descentralizado e participativo que encaminhem ofícios e cartas de apoio à manutenção da sede do Comitê do Rio das Velhas e da Equipe de Mobilização para o e-mail cbhvelhas@cbhvelhas.org.br .
Solicitamos ainda, aos cidadãos da bacia do Rio das Velhas, a assinatura do abaixo assinado digital que está em andamento por meio do link:
http://mobilizacaonabaciadoriodasvelhas.wordpress.com/
Rogério Sepúlveda
Presidente do CBH Rio das Velhas

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Medo do Zé Dirceu

Texto de 2004 continua atual.

Do blog Escrevinhador.
Quem tem medo do Zé Dirceu?
Izaías Almada, Caros Amigos
20 de fevereiro, 2004
Há mais ou menos quinze anos, estava eu numa festa de classe média emergente, na noite em que a televisão apresentava nos seus vários telejornais o ridículo espetáculo dos sequestradores do empresário Abílio Diniz, vestidos com camisetas do PT, quando alguém ao meu lado comentou: "imagina se o Lula ganha as eleições! Vamos ter que dividir nossas casas e apartamentos com favelados e essa gente da periferia…"
Mas o Lula e o PT não venceram aquelas eleições de '89. Com o apoio do jornalismo da Rede Globo de Roberto Marinho, o então "caçador de marajás", soube manipular a opinião pública no debate final entre os candidatos e sacou do seu invejável currículo de honestidade e integridade o episódio de Miriam Cordeiro. Foi o que se viu. O país ingressou numa fase de "modernidade", suas elites ansiosas por pertencerem ao primeiro mundo apostaram no menino bonito das Alagoas que, orgulhoso demais, acabou por não entender o recado. Uma denúncia, uma matéria numa revista semanal e a própria rede Globo aliada aos grandes jornais do país resolveu logo a questão. A elite já tinha um candidato mais confiável para a próxima eleição.
Tal candidato, formado nos laboratórios da universidade brasileira, conhecedor do terreno em que pisava e sabendo exatamente para o que seria eleito, comprou votos para aumentar o seu próprio mandato e sucatear o país para o grande capital internacional, isto é, tentou encurtar o acesso do Brasil ao primeiro mundo, com a farra das privatizações e institucionalizando a "modernidade" da terceirização. O país caminhava a passos largos para o futuro, embora muitos se envergonhassem de apresentar o passaporte brasileiro nas suas viagens de turismo ou negócios.
Entretanto, o PT venceu as últimas eleições e o mundo não desabou.
A íntegra.

Os prefeitos "tocadores de obras"

Parece o Lacerda, mas não é. É o prefeito (PDT) de Porto Alegre, também candidato à reeleição. É bom desconfiar. Obra é sinônimo de empreiteira, que é sinônimo de superfaturamento, que é sinônimo de caixa 2... Não tem nada a ver com boa administração, muito antes pelo contrário, mas engana, porque gera intensa propaganda. As consequências só são vistas depois.

Do blog Somos andando.
Porto Alegre precisa de planejamento, não só de "obra, obra, obra"
Já viu aquela propaganda que diz que o "Fortunati é um prefeito de obra, obra e obra"? Já pensou a respeito?
Governar não é simplesmente fazer obra, como quer fazer crer o atual prefeito de Porto Alegre e candidato à reeleição. Obra, na verdade, qualquer um faz.
Não é que não devamos fazê-las. Há muitas obras importantes, extremamente necessárias. Mas elas são consequência de um planejamento urbano, de pensar a cidade a longo prazo, em toda a sua complexidade. "Fazer obras" não é programa de governo. Simplesmente "fazer obras" não exige grande conhecimento sobre a cidade e não necessariamente traz resultados positivos pra sua população.
Elas têm que estar previstas em um programa de governo, mas não ser o seu centro. Fazer obras só pra fazer não significa nada. Temos que pensar em fazê-las para atingir algum objetivo, como diminuir as chances de alagamento, melhorar a mobilidade etc.
A íntegra.

A recuperação moral dos governos FHC

Do blog do Mauro Santayana.
A recuperação moral
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse em São Paulo, em um encontro com artistas e intelectuais, que esse é o momento de "recuperação moral" da política brasileira. Ele pode ter razão, e a terá ainda mais se, depois do escrutínio judicial da Ação 470, o exame de outras ações pendentes no STF e nos tribunais dos Estados, abrir o véu que cobre o período de 1995 a 2003. Seria importante saber como se deu a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, uma empresa construída por mineiros. E seria também importante verificar, em sua intimidade, o processo de privatização da Telebrás e suas subsidiárias.
Estamos submetidos a um péssimo serviço, quase todo ele explorado por empresas estrangeiras. Segundo o Procon, as reclamações contra os serviços telefônicos celulares batem o recorde naquele órgão. Enquanto isso, algumas empresas, como a Telefônica, continuam se valendo do nosso dinheiro, via BNDES, para financiar sua expansão no país, enquanto os lucros são enviados a Madri, e usados para a compra de empresas no resto do mundo.
A íntegra.

Governo tucano inventa surto em hospital

É incrível o que os governos tucanos são capazes de fazer para atacar petistas e ajudar seus candidatos -- no caso aquele que foi flagrado pela revista Época numa reportagem sobre compra de votos. É impressionante a irresponsabilidade dessa gente.

Do saite BHaz.
Prefeitura de Betim desmente Secretaria Estadual de Saúde e nega surto em hospital
A Secretaria Municipal de Saúde de Betim realizou uma coletiva, no início da tarde desta segunda-feira (24/9/12), e volta a negar a existência de um surto de bactérias resistentes aos carbapenens (KPC) no Hospital Regional da cidade. Durante o final de semana, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) divulgou uma nota à imprensa indicando que a unidade seria a única em Minas Gerais a enfrentar o problema.
Para a diretoria do Hospital Regional de Betim, o número de pessoas que teriam contraído a bactéria na unidade neste ano, 20 ao total, não é tão grande frente à demanda, sendo um exagero rotular que exista um surto. Atualmente, dois pacientes internados no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) estão infectados. Outros dois casos são investigados.
Na nota de esclarecimento divulgada durante o final de semana, a Secretaria de Estado de Saúde explica que foi realizada uma inspeção no hospital para checar denúncias de contaminação. Um relatório da visita teria sido apresentado à direção da unidade. No comunicado enviado à imprensa, o órgão reforçou que além de repassar orientações técnicas, também notificou o município para que fossem adotadas "medidas de gestão, prevenção e controle no ambiente hospitalar".
Apesar disso, o secretário municipal de Saúde de Betim reafirmou durante a coletiva que em nenhum momento a ata da reunião menciona a bactéria entre as medidas a serem tomadas. "Essa informação da nota nos deixou perplexos. A vigilância do estado esteve há três meses na cidade e nos convidou para uma reunião para entrega de um relatório. Em nenhum momento foi discutido especificamente o tema da KPC. Da forma como a nota veio leva a crer que eles sabiam da situação e nos convidaram para isso, mas na ata não consta em nenhum momento isso", explicou o secretário Pedro Pinto.
A íntegra.

Quem quer abrir um cinema?

O governo federal está incentivando. Será que assim os cinemas vão voltar? Em BH, por exemplo, só o Liberdade Belas Artes sobrevive, patrocinado pela Usiminas, mas caindo aos pedaços (a Sala Humberto Mauro é um cineclube). Os demais ficam em shopping centers.

Da Agência Brasil.
Receita publica regras de regime que desonera impostos para donos de salas de cinema
Mariana Branco
A Receita Federal publicou hoje (24/9/12), no Diário Oficial da União, instrução normativa estabelecendo os procedimentos e regras para participar do Regime Especial de Tributação para o Desenvolvimento da Atividade de Exibição Cinematográfica (Recine).
O Recine foi anunciado em março deste ano pela presidenta Dilma Rousseff, junto com outras medidas destinadas a popularizar o cinema em áreas onde a população tem poucas opções de entretenimento.
Para se habilitar, é preciso estar em dia com os impostos e contribuições pagos à Receita e preencher formulário, cujo modelo está disponível no Diário Oficial desta segunda-feira. O documento deve ser entregue às unidades da Delegacia da Receita Federal ou da Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária (Derat), que analisarão os pedidos.
A íntegra.

República Federativa do Brasil S.A.

Grande parte das empresas que funcionam no Brasil não pertence a brasileiros, mas a conglomerados multinacionais. Por que não também as terras? Com a desnacionalização fundiária, que o Congresso analisa, a nação passa a ser uma figura fictícia, porque, na prática, todos os seus bens pertencem a poucos -- brasileiros e estrangeiros, em geral associados, como estão associados nos bancos, nas indústrias, no comércio e nos serviços. Os parlamentares são seus representantes.

Da Agência Carta Maior.
A desnacionalização fundiária
Mauro Santayana 
Há cem anos, sobre um vasto território entre o Paraná e Santa Catarina, uma empresa norte-americana, a Southern Brazil Lumber & Colonization, reinava absoluta. Com a maioria de empregados norte-americanos, contratados por Percival Farquhar, que pretendia transformar o Brasil em vasta empresa de sua propriedade, a Lumber abatia todas as árvores de valor comercial, da imbuia à araucária. Todas as manhãs, ao som de um gramofone, os empregados – incluídos os brasileiros – reunidos na sede da empresa, em Três Barras, entoavam o hino norte-americano, The Star-Spangled Banner, enquanto a bandeira de listras e estrelas era hasteada. Ao anoitecer, repetia-se a cerimônia, ao recolher-se o pavilhão. Ali mandavam e desmandavam os ianques. O imenso espaço em que se moviam os homens de Farquhar estava fora da jurisdição brasileira.
Embora não houvesse sido a única razão do conflito, a Lumber esteve no centro da Guerra do Contestado, um dos mais épicos movimentos de afirmação nacionalista do povo brasileiro. Nele, houve de tudo, dos interesses econômicos de Farquhar e seus assalariados pertencentes às oligarquias políticas, ao fanatismo religioso, em que não faltou uma Joana d’Arc – a menina Maria Rosa morta aos 15 anos na beira do Rio Caçador, lutando como homem.
Mas há duas formas de pisar o chão pátrio: a dos ricos e a dos pobres.Isso explica por que os grandes agronegocistas brasileiros estão pressionando o governo e o Congresso, a fim de que sejam abolidas as restrições (já de si débeis) à aquisição de terras nacionais pelos estrangeiros. Eles querem ganhar, ao se associarem aos capitais de fora ou participando da especulação de terras. Calcula-se que mais de um por cento das terras brasileiras já pertençam, e de forma legalizada, aos alienígenas. A essa enorme área há que se acrescentar glebas imensas, adquiridas de forma subreptícia, e sem conhecimento público, porque os cartórios de imóveis estão dispensados de registrar a nacionalidade dos compradores.
O Congresso está para aprovar a flexibilização das leis que regulam o assunto, ao estender à agropecuária a Doutrina Fernando Henrique Cardoso, que considera empresa nacional qualquer uma que se estabelecer no Brasil, com o dinheiro vindo de onde vier e controlada por quem for, e que tenha sua sede em Nova Iorque ou nas Ilhas Virgens.
A íntegra.

A economia do governo Dilma

Segundo Luís Nassif. 

Do blog Luís Nassif Online.
O papel central da Economia da FGV-SP
Quando foi criada a Faculdade de Economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, prognostiquei que em breve marcaria época no País. Com Luiz Carlos Bresser-Pereira e Yoshiaki Nakano, a escola conseguiria definir uma síntese do melhor do pensamento econômico brasileiro – moldado ao longo das últimas décadas.
Um ex-economista da FGV-SP – Guido Mantega – acabou alçado a Ministro da Fazenda, mais por seu histórico com o PT do que com a FGV. Mas as decisões de política econômica adotadas – devolvendo o ativismo à Fazenda – foram muito mais uma reação à crise de 2008.
A eleição de Dilma Rousseff mudou o panorama e permitiu a consagração dos princípios defendidos pela Faculdade de Economia.
Uma a uma, as teses da FGV-SP foram se impondo, deixando mais claro uma identidade de pensamento que Dilma já trazia desde os tempos em que modelou o novo sistema elétrico.
Gradativamente começou a jogar na perna do investimento a responsabilidade pelo crescimento. Reforçou o papel regulador do Estado, enquadrando as agências. Ao mesmo tempo, reabriu as parcerias público-privadas e as concessões públicas – mas sem abrir mão do controle regulatório.
Em setembro do ano passado, deu início ao lance mais ousado, que foi detonar os fetiches em torno de juros elevados. O Banco Central reduziu em 0,5 ponto a Selic – contra todas as apostas do mercado, e venceu.
Depois, mais dois lances capitais para ampliar a competitividade da economia. O primeiro, a redução nas tarifas de energia elétrica, em um setor há tempos acomodado com altas margens de lucro, altas distribuições de resultado e altas tarifas.
O segundo, o início do desmonte da estrutura de títulos públicos herdada do período da hiperinflação, com títulos de longo prazo sendo remunerados pela taxa diária de juros.
Por trás dessa aposta fundamental, reuniões periódicas com dois economistas que aprenderam a chutar a gol: Delfim Neto e Nakano.
Realiza-se, assim, a profecia sobre o papel a ser exercido, no país, pela Faculdade de Economia da FGV-SP.
A íntegra.

A democratização da comunicação na América Latina

Meia dúzia de três ou quatro famílias e empresas controlam jornais, revistas, rádios e televisões no Brasil -- na América Latina em geral é assim. Isto acontece desde que a imprensa passou a ter importância, isto é, há um século, mas nas últimas décadas ganhou maior importância, não só por causa da influência da tevê, mas porque os militares deram uma trégua nas suas intervenções. Com isso, os veículos de comunicação ocuparam seu espaço e se tornaram o verdadeiro partido da direita. Apoiam governos de direita que lhes dão fartas verbas publicitárias e outras facilidades -- o governo Aécio-Anastasia é um exemplo -- e atacam governos de esquerda dos quais discordam -- o governo Lula é um exemplo. Enfim, manipulam a opinião pública, como o episódio do senador DEMóstenes demonstrou de forma exemplar: a principal fonte da revista Veja contra o governo do PT era um político ligado ao crime organizado. Nem por isso a revista mudou seu comportamento, nem assim foi processada, nem assim outros veículos que a seguiam deixaram de se pautar por ela, o que demonstra que não se trata de ignorância, mas de má fé. Democratizar as concessões de televisão e rádio, democratizar a distribuição das verbas publicitárias estatais, julgar processos de calúnia e difamação rapidamente, garantir direito de resposta e criar um código de ética democrático são necessidades urgentes para que a democracia deixe de ser mero discurso e se torne real. A única defesa atual contra o monopólio da informação é a internet, que precisa ser mantida como nasceu: livre.

Da Agência Carta Maior.
"Empresários se apropriaram da liberdade de imprensa para ter liberdade de empresa"  
Ana Maria Passos, direto de Quito
O debate sobre a democratização da comunicação, que era uma bandeira dos anos 80, voltou à tona na América Latina com a crise do modelo neoliberal e a conquista de governos progressistas em vários países. Em quase todo o continente está sendo discutido, ou já foi aprovado, um novo marco regulatório em busca de mais pluralidade e igualdade de acesso à comunicação.
Este tema atravessou os debates entre mais de trezentos representantes de rádios comunitárias, pesquisadores, autoridades e estudantes que participaram do Encontro Latino-Americano de Comunicação Popular e Bem Viver, de quarta a sexta-feira, em Quito, no Equador, para comemorar os quarenta anos da Associação Latino-Americana de Educação Radiofônica, a Aler.
"Doze anos atrás no continente não estávamos falando desse assunto, estava em nossas preocupações sempre, mas não havia essa possibilidade. Creio que se abriu uma brecha e que essa brecha já não tem volta atrás", diz a secretaria executiva da Aler, Nelsy Lizarazo. Na opinião de Lizarazo, as condições políticas são mais favoráveis agora, com o fortalecimento da democracia, apesar de algumas ameaças, como os golpes de estado em Honduras e no Paraguai, mais recentemente. "Temos mais possibilidades de participar, de mobilizar e de entrar em diálogo. Também creio que os movimentos sociais e as organizações estão vivendo um novo tempo, reinventando-se, adaptando-se ao momento e em direção ao futuro, então creio que esse é um fator que também joga muito a favor de posicionar a comunicação como um direito".
A íntegra.

Veja é desmentida mais uma vez

Do blog Luís Nassif Online
Celso Bandeira de Mello desmente revista Veja
Por Simone de Moraes
O jurista Celso Antônio Bandeira de Mello desmentiu nota publicada na na edição 2.287 da revista Veja informando que ele estaria redigindo um manifesto criticando a atuação dos ministros do STF no julgamento do mensalão.
Leia a declaração de Celso Antônio Bandeira de Mello.
Uma notícia deslavadamente falsa publicada por um semanário intitulado Veja diz que eu estaria a redigir um manifesto criticando a atuação de Ministros do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ação que a imprensa batizou de mensalão e sobremais que neste documento seria pedido que aquela Corte procedesse de modo "democrático", "conduzido apenas de acordo com os autos" e "com respeito à presunção de inocência dos réus". Não tomei conhecimento imediato da notícia, pois a recebi tardiamente, por informação que me foi transmitida, já que, como é compreensível, não leio publicações às quais não atribuo a menor credibilidade.
A íntegra.

Os protestos muçulmanos, a extrema direita e a manipulação da imprensa

Do saite da Avaaz.
Quem tem medo da Ira Muçulmana?
pela equipe da Avaaz, publicado em 20 de setembro de 2012
A capa de uma revista dos EUA mostra a posição obtusa da mídia de massa nas duas últimas semanas: um mundo muçulmano está ardendo em um sentimento de ira contra o ocidente por conta de um filme islamofóbico e hordas de manifestantes violentos pelas ruas ameaçam a todos nós... Mas é verdade isso? Cidadãos e as novas mídias estão respondendo e o saite Gawker fez uma sátira brilhante desta onda mostrando imagens alternativas à "ira muçulmana" (no Twitter, várias pessoas responderam à 'hashtag' #MuslimRage, usada ao longo deste artigo):
7 coisas que não lhe contaram sobre a "#MuslimRage": 
Como qualquer pessoa, a maioria dos muçulmanos achou o vídeo islamofóbico de 13 minutos de má qualidade e ofensivo, e os protestos se espalharam rapidamente, tocando em feridas compreensíveis e duradouras sobre o neo-colonialismo dos EUA e a política externa ocidental no Oriente Médio, assim como a sensibilidade religiosa no que diz respeito a representações do profeta Maomé. Mas frequentemente a cobertura de mídia omite algumas informações importantes:
1- As estimativas iniciais mostram que a participação em protestos contra o filme representa de 0,001 a 0,007% da população mundial de muçulmanos: 1,5 bilhão de pessoas -- essa porcentagem representa uma pequena fração do número de pessoas que marcharam pela democracia durante a Primavera Árabe.
2- A grande maioria dos protestos foi pacífica. As violações das embaixadas estrangeiras foram quase todas organizadas ou nutridas por indivíduos do movimento salafista, um grupo radical islâmico que se preocupa mais com destruir os grupos islâmicos populares moderados.
A íntegra.

domingo, 23 de setembro de 2012

O julgamento político do PT, segundo o jornal Valor

"Juiz pode condenar com base em indícios, por que jornalista precisa de fontes?", pergunta este artigo, que ganha relevância por ter sido escrito pela editora de política de um jornal cujos proprietários são a Folha e O Globo. A parte da imprensa que não apodreceu, aqueles que ainda podem ser chamados de jornalistas percebem como Veja e seus seguidores destroem o jornalismo. O julgamento do "mensalão" não tem nada a ver com justiça nem com combate à corrupção, é mais um capítulo da luta política no País inaugurada com a vitória do ex-presidente Lula em 2002. Incapaz de vencer nas urnas, a direita atua onde tem mais força: na velha imprensa e no STF. Isso cria uma situação nova, na qual o STF se põe acima da vontade popular e o noticiário se choca com a percepção que o povo tem da realidade. Não à toa a credibilidade da imprensa despenca e a maior parte das pessoas acredita que ela é parcial, como constatou o próprio Datafolha.

Do jornal Valor Econômico. 
Manter a jurisprudência sem os holofotes
Por Maria Cristina Fernandes
O impeachment de Collor nasceu da entrevista do irmão. O mensalão, daquela entrevista de Roberto Jefferson. A acusação de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o chefe da quadrilha do mensalão não tem autoria.
O publicitário Marcos Valério, identificado como autor da acusação, não a assumiu. E seu advogado nega que tenha falado.
O áudio da entrevista pode existir, mas o fato de a revista de maior circulação do país ter publicado capa com uma acusação dessa gravidade sem autoria mostra que o julgamento ora em curso no Supremo tem consequências que extrapolam a dosimetria das penas.
Se os juízes, pelas indicações do relator no capítulo político do julgamento condenarem por indícios, por que um jornalista precisaria de fonte para publicar uma acusação?
Não é de hoje que se abusa do off, recurso legítimo do jornalismo que protege fontes com informações valiosas em nome do interesse público.
Mas na acusação em curso, paira no ar a dúvida sobre a que público serve a acusação anônima na reta final de uma campanha eleitoral definidora dos exércitos de 2014.
Essa relação nebulosa entre noticiário e interesse público não passa despercebida de quem está na arquibancada.
Repousa esquecida em cruzamentos de uma pesquisa Datafolha (10/8) a avaliação sobre a cobertura do mensalão: 46% dizem que a imprensa tem sido parcial -- e 39% a julgam imparcial.
Não dá para atribuir o dado às massas ignaras do lulismo. Quanto maior a escolaridade, maior a percepção. Dos entrevistados que passaram pela universidade, 53% julgam a imprensa parcial. Entre aqueles que têm apenas o ensino fundamental, 41% compartilham a impressão.
Não parece haver dúvidas de que o julgamento tem inovado na interpretação da lei. Mas para aquilatar seu real impacto sobre o combate à corrupção resta saber se a jurisprudência será seguida à risca quando os holofotes se apagarem.
Para reverter a má-fama angariada, a imprensa terá que se dedicar com igual afinco ao julgamento da montanha de casos de corrupção que se acumulam nos tribunais.
Foi graças aos jornalistas que se conheceram os grandes escândalos de corrupção no governo Fernando Henrique Cardoso -- Sivam, grampos do BNDES na privatização da Telebras, caso Marka/FonteCindam e, o maior deles, a aprovação da emenda da reeleição.
Ministros foram defenestrados e contratos foram cancelados, mas o entendimento era outro sobre a persecução penal dos envolvidos. Do desdobramento desses casos não se colhe o mais leve indício de que a tese do domínio do fato pudesse um dia vir a evoluir para a interpretação que ganha terreno no Supremo e facilita a condenação de quem está no topo de hierarquias de poder.
A imprensa também será desafiada a manter o arrojo com que se empenha na atual cobertura quando a aplicação dessa jurisprudência se voltar para o setor privado, muito menos aberto à investigação jornalística que o público.
O segundo capítulo do julgamento, que condenou os banqueiros, impôs um padrão de austeridade inédito, por exemplo, na gestão do risco bancário. Para punir um dirigente de empresa não será preciso provar delito maior que a omissão no cumprimento do dever.
Uma coisa é enquadrar o banco Rural, que já havia se tornado um pária no mercado desde o envolvimento em intermediações financeiras com o governo a partir da era Collor.
Outra coisa é aplicar a nova jurisprudência a grandes empresas e bancos. A sanha punitiva -- e jornalística -- resistirá ao argumento, para além da coerção verbal, de que o mercado, engessado, é um freio ao desenvolvimento econômico?
O que dizer, também, da ameaça de reversão das reformas aprovadas com os votos que o ministro relator assevera terem sido comprados? Bárbara Pombo conta hoje no Valor (pág. E1) que advogados já se movimentam nesse sentido.
Se a oposição conseguir voltar ao poder, o presidente que eleger pode se ver na contingência de defender a constitucionalidade das reformas tributária e previdenciária que seu partido acusou, com o possível beneplácito do Judiciário, de terem sido compradas.
Na hipótese ainda improvável de a mudança na jurisprudência trazer ameaça real ao estabelecido, a reforma do Código Penal sempre pode ser uma saída para fechar a porteira aberta por este julgamento.
O anteprojeto de reforma do código, gestado no gabinete do presidente do Senado, José Sarney, precede o julgamento do mensalão e não se remete aos seus resultados. Mas nada impede que, uma vez iniciada sua tramitação, o texto possa ser abrigo das pressões que devolveriam o país ao seu curso natural de leniência com a corrupção dos donos do poder. E sem exceções.
Ainda não se sabe se o mensalão é a causa para a queda do candidato do PT, Fernando Haddad, nas pesquisas, mas, a julgar pelo Datafolha, a exploração do caso ainda não parece ter surtido os efeitos esperados sobre o PT em São Paulo. Questionados como veriam um próximo prefeito do PRB, do PSDB ou do PT, os entrevistados disseram o seguinte: 15% achariam "ótimo ou bom" se o eleito fosse do PRB; 25% disseram o mesmo de um tucano no poder; e 33% de um petista.
Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras.

Privatização da Embrapa: o próximo crime do PT neoliberal

Quando a velha "grande" imprensa não gosta de alguém, convém prestar atenção, pois o sujeito deve ter qualidades. É o caso do Requião, senador pelo Paraná desde 2010, depois de ter sido eleito e reeleito governador. Parece com alguém que temos em Minas, mas só parece: Requião já tinha sido governador uma vez (1991-1994) e senador também (1995-2002). Ou seja: vence eleições majoritárias no Paraná sucessivamente há mais de vinte anos, sempre pelo PMDB. Como é que um sujeito assim não chegou à presidência da República? É um dos mistérios da política brasileira. Entre o senador paranaense e o mineiro, há diferenças significativas, além da intelectual: ao contrário do daqui, Requião governou tendo a velha "grande" imprensa contra ele, assim como grandes grupos econômicos, cujas benesses das privatizações tucanas ele reviu. Ele tem feito discursos relevantes no Senado. Neste, longo -- por isso leitura para domingo -- mas esclarecedor, ele denuncia o iminente crime de privatização da Embrapa -- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que significará entregar o controle total (hoje ele é parcial) da agricultura brasileira para meia dúzia de multinacionais de sementes e fertilizantes, com consequências nefastas e duradouras para os brasileiros, um golpe de morte na agricultura orgânica e familiar. Crime que está sendo planejado pela vertente neoliberal do PT, a mesma que entregou a prefeitura de Belo Horizonte para os tucanos, em 2008.

Do blog Viomundo, 29/8/12. 
Roberto Requião: PT usa eufemismo para esconder suas privatizações; Embrapa é a próxima 
Por Roberto Requião, em discurso no Senado
O Partido dos Trabalhadores, o glorioso e inefável PT, reintroduz, em grande estilo, aos usos e discursos políticos, um dos piores defeitos do caráter pátrio: o emprego do eufemismo, essa figura de linguagem ou recurso estilístico que serve tanto para encobrir o preconceito, racial ou de classe, como para dissimular, para trapacear e ocultar com nuvens róseas a verdade dos fatos.
Eufemismo que transforma os negros em "morenos", porque "negro", para os nossos burgueses bem postados e bacharéis de anel de rubi, é uma idéia pouco agradável, já "moreno" suaviza a rejeição. Eufemismo que transforma os trabalhadores, os pobres, os explorados em geral em "menos favorecidos pela sorte"; as escravas domésticas em "secretárias"; os ladrões do dinheiro público em "supostos" assaltantes do erário; os bicheiros e contraventores em "empresários de jogos";
os especuladores em "investidores"; a lavagem de dinheiro em "engenharia financeira"; os empregados miseravelmente assalariados dos supermercados em "colaboradores". E patrões em "colegas de trabalho", como os nossos jornalistas tratam os Marinho, os Civita, os Mesquita, os Frias, segundo a observação demolidora de Mino Carta.
Pois bem, eis que o já citado glorioso e inefável Partido dos Trabalhadores oferece a sua prestimosa ajuda para a coleção de eufemismos que disfarça, distorce, empana a crueza da realidade nacional. Segundo o novíssimo dicionário petista da negação da história, dos fatos da vida e dos compromissos programáticos, conceder não é privatizar. Concessão é uma coisa, privatização outra, dizem.
De que a semântica não é capaz!
Por seis vezes, não por uma, duas ou três, mas por seis vezes, apoiei e trabalhei pelo candidato do PT à presidência da República. No Paraná, nos meus dois últimos mandatos, governei em aliança com o PT. Nesta Casa, sou da base do Governo Dilma.
Isso, no entanto, não me impede, não me inibe ou me descredencia a deplorar não apenas as desculpas piedosas ou a falta de originalidade nas explicações e as tentativas de trapacear a verdade, não apenas isso, mas sobretudo o fato em si; isto é, as privatizações. E elas são o que são: privatizações, sem rebuço, sem disfarce, cruamente, verdadeiramente privatizações.
E eu sou contra.
Há uma anedota, que o decoro parlamentar impede-me de contar, sobre a mecânica das concessões e das parcerias público-privadas. Quem participa com o que.
Caso eu tivesse alguma dúvida, ela se dissolveria lendo as entusiasmadas, e até poéticas, ao seu estilo, declarações do senhor Eike Batista, saudando as concessões anunciadas pelo presidente Dilma. O senhor Batista, bilionária criação de outras concessões petistas, parecia surfando nas nuvens, de tão deleitado.
O discurso é o mesmo de sempre. A velha história da falta de recursos para tocar as obras de infra-estrutura; a diminuição do tamanho do Estado; a eficiência da iniciativa privada; o combate ao desperdício e à corrupção e lorotas da espécie.
Houve um momento, lá no passado, que imaginei que o PT aprendera as lições das concessões-privatizações empreendidas pelos tucanos. Por exemplos, a concessão das ferrovias a ALL et alia, hoje um caso de polícia segundo o TCU e o Ministério Público; a concessão de rodovias, com a imposição de tarifas de pedágio abusivas, transformando as concessionárias em sócios indesejados dos agricultores, dos industriais e dos caminhoneiros; a concessão, em várias partes do país, dos serviços de energia elétrica e de saneamento, com a acentuada piora desses serviços ao mesmo da elevação vertiginosa das tarifas.
Lá no Paraná, parte da empresa pública de saneamento, a Sanepar, foi privatizada. Embora minoritário, o sócio privado assumiu a gestão da empresa que, com todas as letras, sem qualquer pejo ou escrúpulo, decretou que a prioridade da Sanepar passava a ser o lucro dos acionistas. E tome aumento de tarifas. Quando assumi o governo, em 2003, congelei as tarifas de saneamento e as mantive congeladas por oito anos, sem prejuízo para a saúde financeira da empresa, o que dá uma idéia do quanto eles inflaram o preço da água e do esgoto para remunerar o sócio privado.
No capítulo das concessões e privatizações brasileiras temos ainda dois ingredientes típicos dos negócios público-privados: o financiamento das privatizações e os contratos de concessão.
Como se sabe, o Estado privatiza porque não tem dinheiro para tocar obras de infra-estrutura ou comandar os setores de energia, saneamento e comunicações. Mas como os candidatos às concessões e privatizações também não têm dinheiro para arrematar as ditas nos leilões, não há problema: o Estado empresta o dinheiro para que a iniciativa privada compre aquilo que Estado não tem dinheiro para tocar.
Não é piada, não estou aqui usando a navalha de Occam para reduzir ou simplificar as coisas. É assim mesmo que funciona, porque como ensinava o bom frade já lá no distante século 14, a explicação mais simples geralmente é a correta.
O BNDES e os fundos de pensão da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa também não me deixam na mão e assinam minhas afirmações com os tantos bilhões de reais "investidos" nas concessões e privatizações.
Modelozinho interessante, não acham, senhoras e senhores senadores?
Outro ingrediente distintivo, característico desse modelo são os contratos de concessão. Os concessionários de ferrovias e rodovias, para citar, assumem compromissos de extensão e duplicação das estradas, construção de viadutos, túneis, elevados, passarelas. Mas fazem o mínimo possível. Só arrecadam e não há quem os puna pelo contrato não cumprido. A intangibilidade das concessionárias é uma cláusula não escrita dos contratos, mas nem por isso deixa de ser obedecida com fervor pelas agências reguladoras.
O caos na telefonia celular só recebeu a atenção da Anatel porque os abusos foram muito além daquele "índice de abuso" que a agência julga tolerável.
Senhoras e senhores senadores.
Na virada da década de 80, e desta para os anos 90, vimos o ascenso, que parecia inelutável, do neoliberalismo. Tal qual na porta do inferno de Dante,também gravara-se gravara nos caminhos dos povos: "Abandone toda a esperança aquele que aqui entrar".
Assim, vimos, com tristeza e dor, as velhas correntes social-democratas e socialistas moderadas na Europa, na Ásia, nas Américas cederem, capitularem diante da arremetida dos novos bárbaros. Mas não no Brasil. Aqui, o PT parecia resistir à galopada dos godos e visigodos.
Por isso tudo, houve um momento que imaginei que o PT seria firme, intransigente, no repúdio às concessões e privatizações, especialmente as concessões e privatizações à moda tucana.
Enganei-me.
Quando reptado pela oposição, especialmente pela aguerrida bancada do PSDB, o PT reparte-se em dois.
Há aqueles que batem no peito e ufanam-se: Evoluímos! Avançamos! E comemoram o retrocesso com o fervor dos apóstatas.
Há aqueles que se refugiam na semântica e, de forma até mesmo divertida, cômica esforçam-se para provar que o lobo é uma inocente e cândida ovelha.
Assim, sem oposição, já que toda a mídia atua no coro das privatizações, e a elas não se opõem sequer partidos ditos de esquerda ou progressistas como o PCdoB, o PSB e o PDT, sem oposição, o Governo reedita um dos cânones da desgastada e desmoralizada cartilha neoliberal.
Mas a "evolução", o "avanço" do PT e de nosso Governo Federal não para por aí. Animem-se privatistas, anime-se mercado, regozijem-se transnacionais, que vem mais.
Uma idéia que não é de hoje, progride, sem muito alarde nesta casa: a privatização da Embrapa. De novo o eufemismo. Dizem que não é privatização, que é abertura de capital. De novo a alegação de sempre: a Embrapa não tem recursos, vamos captar os recursos no mercado, abrindo o capital da empresa.
Não é preciso mais que dois neurônios para saber que "mercado" é esse que vai se apropriar de boa parte da empresa. Esse "mercado" chama-se Monsanto, Syngenta, Bayer, Cargill, Dow Agro, Ciba-Geigy, Sandoz, as gigantes transnacionais do setor que monopolizam a pesquisa e a produção de sementes, defensivos agrícolas, biogenética e atividades do gênero.
Pergunta a agrônoma e especialista em biodiversidade Ângela Cordeiro: "Considerando a importância da inovação e pesquisa na agricultura para um Brasil sustentável, sem fome e sem miséria, o que esperar de uma empresa de pesquisa cuja agenda venha a ser orientada pelos desejos da Monsanto, Syngenta, Bayer?"
Segundo ela, se, hoje, já é difícil incluir na pauta de pesquisa da Embrapa temas como a agricultura familiar e agroecologia, imagina o que vai ser com tais sócios. Para ela, a abertura do capital da Embrapa e o inevitável redirecionamento de suas pesquisas caminham na contramão do programa do Governo Dilma, que diz priorizar a segurança alimentar e o combate à fome no país. 
Com toda certeza, aduz-se, a Monsanto e que tais não estão propriamente interessadas no dístico "país rico é país sem pobreza", sem fome, sem deserdados da terra e sem terras.
A agrônoma Ângela Cordeiro alerta para outro risco da abertura de capital da Embrapa, enfim, de sua privatização: a apropriação privada de recursos genéticos depositados no fabuloso, riquíssimo Centro Nacional de Pesquisas Genéticas e Biotecnologia, o Cenargem.
O acervo do Cenargem e os bancos dos demais centros de pesquisas da vão se tornar propriedade dos acionistas privados? Tudo o que acumulamos em dezenas de anos de pesquisas, com investimentos públicos, com o suado dinheiro de cada brasileiro, tudo isso vai ser entregue de mão beijada para a Monsanto et caterva?
Ou alguém é ingênuo ao ponto de achar que as sete irmãs que dominam a produção de sementes e dos chamados, eufemisticamente, "defensivos agrícolas" vão associar-se à Embrapa sem a intenção de botar a mão grande em uma dos mais fantásticos acervos de pesquisas agropecuárias e florestais do planeta Terra?
O jornalista Leonardo Sakamoto, reproduziu esses dias em seu blog, o Blog do Sakamoto, o alerta de um outro jornalista, Xavier Bartaburu, sobre o desaparecimento do mapa do mundo, a extinção mesmo, de cerca de 800 alimentos, dezenas deles no Brasil.
Não são apenas animais e florestas que correm riscos. Os alimentos também. Alimentos tradicionais, que fazem parte da história, da vida, da cultura de povos e que garantem a subsistência de centenas de milhões de pessoas correm o risco da extinção.
Mesmo que aos trancos e barrancos, e graças à teimosia de alguns pesquisadores, a Embrapa tem ajudado a preservar os alimentos tradicionais. Essa resistência, é líquido e certo, cessará com a privatização da empresa. Afinal, que interesse a Monsanto, a Syngenta, a Bayer teriam no umbu, nas frutas do cerrado, no baru, no berbigão, nas quebradeiras do babaçu do Maranhão, nos índios produtores do guaraná nativo, no caranguejo aratu dos manguezais do Sergipe, só para citar alimentos brasileiros na lista de risco, listados pelo jornalista?
Certamente o mesmo interesse que o mercado tem pelo destino da ararinha-azul. Afinal, o que o mercado quer é a transformação do planeta em uma imensa plantation, com soja, milho, algodão, de preferência tudo transgênico.
Privatizar a Embrapa – ou como tentam amenizar os pregoeiros, "abrir o capital da empresa" – sob a alegação de falta de recursos para pesquisas é mais um desses manjados argumentos de que abusam os liberais todas às vezes que cobiçam um naco de uma empresa pública.
De todo modo, faço fé na resistência da diretoria da Empraba e de seus pesquisadores e funcionários. É uma trincheira em que vale a pena combater.
Senhoras e senhores senadores, assim caminha o Brasil; ou melhor, assim retrocede o Brasil.
O economista Paul Krugman, analisando a proposta de cortes de gastos e de responsabilidade fiscal oferecida aos Estados Unidos por Paul Ryan, candidato a vice-presidente na chapa de Mitt Romney, concluiu: "Parece piada, mas desgraçadamente, não é piada".
Plagio o Nobel da Economia ao ver esse hilariante debate entre petistas e tucanos sobre concessões e privatizações: "Parece piada, mas desgraçadamente, não é piada".

sábado, 22 de setembro de 2012

Escolas vão ouvir alunos

Do Sul 21.
Escolas não ouvem alunos, diz pesquisadora da Unicamp
A parceria assinada nessa quinta-feira (21/9/12) entre o Ministério da Educação (MEC) e o Conselho Federal de Psicologia para enfrentar a violência escolar resolveu ouvir os alunos para a construção dessa política pública. A proposta de proceder dessa forma é da psicóloga Angela Soligo, professora doutora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que pesquisa processos de exclusão na escola."Há uma série de conhecimentos que a academia já produziu que não dialogam com as políticas públicas. A pesquisa vai permitir ouvir alunos do país inteiro. Quem faz a política precisa ouvir quem está na outra ponta. A gente ouve pouco o aluno", declarou a pesquisadora, após participar na manhã desta sexta-feira (21) do painel Psicologia e a Questão da Violência nas Escolas, da 2ª Mostra Nacional de Práticas de Psicologia, que ocorre até amanhã (22) no Anhembi, em São Paulo.
A íntegra.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Os "ônibus de luxo" de BH às vésperas da eleição

Em mais uma manifestação de incompetência e oportunismo, o prefeito candidato à reeleição inaugura, às vésperas da eleição, com atraso de nove meses, os "ônibus de luxo" de Belo Horizonte, que não admitem gratuidade para idosos, estudantes e outros usuários e têm tarifas mais caras. Lacerda, que balança a bandeira do planejamento, não tem a menor ideia do que seja isso: durante seu mandato inaugurou corredores de ônibus, depois de alguns meses mudou de ideia e quebrou tudo para construir o BRT, a "nova" solução para o trânsito. Agora, põe mais linhas circulando nas ruas e avenidas já entupidades, para cortejar a parcela "de alto poder aquisitivo" da população. E obviamente contemplar seus amigos donos de empresas. É difícil acreditar que num passe de mágica os motoristas vão trocar seus carros por ônibus que passam de vinte em vinte minutos, podem vir lotados e não parar.
Embora se autodenomine "popular" e "progressista", o PPS sai em defesa da iniciativa, demonstrando a costumeira aparente ingenuidade com que defende todas as iniciativas dos governos demotucanos, como se vê abaixo. Desde que trocou de nome, o PCB, o partidão, abraçou o neoliberalismo e tornou-se um apêndice da direita demotucana -- costuma ser mais realista que o rei, quando está no governo, e mais raivoso do que o rei, quando está na oposição, sempre oposição ao PT.

Do blog da deputada Luzia Ferreira. 
Ônibus de "luxo" começam a circular em Belo Horizonte
Começaram a circular hoje (17/9), em Belo Horizonte, duas linhas de ônibus "de luxo". Os veículos têm ar-condicionado, acesso a internet sem fio, televisão, poltronas estofadas, maleiros junto ao teto, vidros escuros, sistema de som, leiaute personalizado e acessibilidade para deficientes físicos.
Para a deputada estadual Luzia Ferreira (PPS) o serviço diferenciado é um passo importante estimular um público diferenciado ao uso transporte público. "O transporte coletivo com melhor padrão de conforto pode atrair um público que atualmente opta pelo carro próprio e táxi. A nova opção vai fazer com que as pessoas economizem em estacionamento, talões de rotativo e tempo no trânsito", afirma a deputada.

Do Hoje em Dia  
Ônibus de ‘luxo’ começam a circular em Belo Horizonte  
Danilo Emerich   
Após nove meses de atraso, começam a circular em Belo Horizonte, a partir da próxima segunda-feira (17/9), duas linhas de ônibus "de luxo". As novas linhas terão 13 veículos ao todo, e o intervalo entre as viagens será de 20 minutos.
"O objetivo é fazer as pessoas de alto poder aquisitivo usarem o transporte público", explica o diretor de Desenvolvimento e Implantação de Projetos da BHTrans, Daniel Marx.
A capacidade dos coletivos é de 43 pessoas sentadas e seis em pé. Não haverá gratuidade no serviço, com exceção de crianças até 5 anos. Além disso, não existirá cobradores. A tarifa será paga ao motorista.
A vantagem de poder viajar sentado, no entanto, pode esbarrar na demora por um veículo com vagas. Segundo Daniel Marx, caso supere a lotação, os veículos mostrarão um aviso e não pararão nos pontos de embarque e desembarque. A expectativa é que o veículo inicie as operações com 60% da capacidade.
Marx justificou o atraso na estreia do ônibus executivo, prometida para dia 12 de dezembro, por causa de ajustes técnicos nos veículos.
A íntegra.