sábado, 20 de dezembro de 2014

Zé Simão: Obama é petralha!

Do DCM.
Zé Simão: "Vamos pra Paulista pedir o impeachment do Obama. O Obama é petralha!"
Postado em 19 de dezembro de 2014 às 4:46 pm
De Zé Simão, na Folha:

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Estados Unidos e Cuba fazem as pazes! Pelo telefone! Já imaginou a conversa do Obama e do Raúl?
“Raúl, lets go fazer as pazes!” “Solamente se me dieres um iPhone 6!” “And you um charutito e um mojito.
O papa conseguiu reconciliar os EUA e Cuba, mas não consegue reconciliar coxinhas e petralhas!
“Sem chances, com petralha não tem conciliação.” “Aí é pedir demais, a não ser que os coxinhas se purifiquem.” “Vamos pra Paulista pedir o impeachment do Obama.” O Obama é petralha! Rarará!

O papel de Mário Covas

Era mais ou menos esta a visão que eu tinha do Covas, em 1989, quando votei nele, no primeiro turno. Aparentemente, não estava errado, apesar do que virou o PSDB de FHC, a partir de 1994.

Do jornal GGN. 
A constituição de 1988 e o papel de Mário Covas
sab, 20/12/2014  
Luis Nassif

Prestes a completar 90 anos, o jurista José Afonso da Silva é uma instituição brasileira. Considerado o mais importante constitucionalista brasileiro, José Afonso teve papel central na Constituição de 1988, a “Constituição Cidadã”, que lançou o país definitivamente na era civilizatória, ao reconhecer direitos fundamentais da população à saúde, educação e alimentação, entre outros temas, ao avançar nos direitos dos consumidores, das crianças, das mulheres, a temas como meio ambiente, casamento homoafetivo.

O grande papel de José Afonso foi um pouco antes, na coordenação da Comissão Afonso Arinos, constituída logo após a eleição de Tancredo Neves para propor uma nova constituição ao país. Montou dezenas de grupos de trabalho, convocando as principais lideranças e movimentos brasileiros para a empreitada.

Os trabalhos acabaram arquivados pelo presidente José Sarney, quando avançaram na proposta de um sistema parlamentarista. Algum tempo depois, quando a Constituinte foi convocada, as propostas da Comissão Afonso Arinos serviram de fio condutor para os trabalhos.

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Em um Congresso eminentemente conservador, esses avanços foram possíveis graças ao trabalho do senador Mário Covas, coordenador dos trabalhos.

Jogador de xadrez, estrategista brilhante, Covas montou uma estrutura em que, na presidência de cada grupo foram colocados políticos – a maioria de cunho conversador – mas na relatoria e na sub-relatoria pessoas identificadas com o que se chamava na época de ideias progressistas.

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Na ocasião, a política vivia impasses. A ditadura militar fora definitivamente abolida com a eleição de Tancredo. Mas os primeiros movimentos do novo governo já prenunciavam o desastre do presidencialismo de coalizão. Houve grande leilão de cargos que desmoralizou o novo regime.

Foi essa dupla desmoralização – da ditadura e do fisiologismo – que abriu espaço para o avanço das propostas sociais.

José Afonso lembra de participações inesquecíveis, como a do deputado federal paraibano Antônio Mariz, responsável pela vitória dos progressistas na redação do Capítulo 1 da Constituição. Ou do "coronel" Virgílio Távora, cuja secretaria sugeriu a inclusão do mandado de injunção – pela qual pode-se provocar os tribunais para a aplicação de direitos reconhecidos na Constituição, mesmo que não tenham sido regulamentados.

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Foi um período de apostas na utopia democrática. Chegou-se até a tratar da questão da mídia, com o jurista Tércio Sampaio Ferraz defendendo o acesso dos diversos segmentos sociais aos meios de comunicação. A proposta foi torpedeada por Saulo Ramos, o consultor Geral, depois Ministro da Justiça de Sarney, que atuava como lobista da Rede Globo.

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O trabalho de Covas refletiu-se nos anos seguintes na modelagem do seu partido, o PSDB, no início um partido progressista, com visão social democrata.

A morte de Covas, a eleição de Fernando Henrique Cardoso para a presidência, descaracterizaram totalmente a proposta inicial do partido.

Hoje em dia, quando se assiste José Serra, Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso apoiando manifestações do grupo Revoltados Já, vem a memória Covas e o partido que deixou de ser.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Quem quer combater a corrupção?

É isso aí.
Mas a imprensa publica? A "grande" imprensa quer isso? Os interesses da imprensa sensacionalista, que vive de publicidade pública, que sonega impostos, que inventa notícias e flerta com o golpe, são inconfessáveis. Ela se alimenta da corrupção como os aguapés da Lagoa da Pampulha prosperam no esgoto.

Do Portal Brasil.
Dilma convoca pacto nacional contra a corrupçãoEm solenidade de diplomação para seu segundo mandato como presidenta da República, nesta quinta-feira (18/12/14), Dilma Rousseff convocou "um grande pacto contra a corrupção" entre a sociedade e todas as esferas de governo

"Esse pacto vai desaguar na grande reforma política que o Brasil precisa promover a partir do próximo ano. Vamos convidar todos os Poderes da República e todas as forças vivas da sociedade para elaborarmos, juntos, uma série de medidas e compromissos duradouros", declarou.
Dilma reforçou a necessidade do diálogo com a sociedade e instituições numa “guerra contra a corrupção” e saiu em defesa da Petrobras, alvo de recentes denúncias.
"Toda vez que, no Brasil, se tentou condenar e desprestigiar o capital nacional estavam tentando, na verdade, dilapidar o nosso maior patrimônio – nossa independência e nossa soberania", observou a presidenta.
"Temos que saber apurar e saber punir, sem enfraquecer a Petrobras, sem diminuir a sua importância para o presente e para o futuro. (…) Temos que punir as pessoas, não destruir as empresas. Temos que saber punir o crime, não prejudicar o país ou sua economia", enfatizou.
Dilma Rousseff destacou os esforços do país em investigar e descobrir a verdade, tanto em relação a crimes praticados durante a ditadura, como o recente trabalho da Comissão Nacional da Verdade, quanto na investigação de acusações.
"Temos a felicidade de estar vivendo em um país onde a verdade não tem mais medo de aparecer e onde as pessoas enfrentam a verdade sem medo. Um país que não tem medo de discutir os crimes do arbítrio durante a ditadura e também não tem medo de expor e punir as mazelas da corrupção e dos crimes financeiros", afirmou.

A normalidade democrática

É o mínimo que o país precisa e a grande maioria da população -- muito mais do que os 54 milhões que votaram na presidenta Dilma -- quer.
É uma vergonha nacional que a "grande" imprensa decrépita, que vive de dinheiro público, tem incentivos, sonega impostos e ainda assim está falida, por incompetência e absoluto desconhecimento do que é jornalismo, dê o tom da política brasileira.

Do jornal GGN.
Na diplomação de Dilma, Toffoli diz que eleição é 'página virada' e repudia 3º turno


Jornal GGN - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral Dias Toffoli aproveitou a diplomação da presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) e do vice Michel Temer (PMDB) para repudiar as tentativas de terceiro turno encampadas pelos partidos de oposição desde que o senador Aécio Neves foi derrotado pela petista em 26 de outubro. Toffoli afirmou que "não há espaço para terceiro turno" e pediu que os "especuladores" de plantão se calem.
"As eleições de 2014, para o Poder Judiciário, são uma página virada. Não haverá terceiro turno na Justiça Eleitoral. Que especuladores se calem. Já conversei com a Corte, e esta é a posição inclusive do nosso corregedor-geral eleitoral [João Otávio de Noronha], com quem conversei, e de toda a composição. Não há espaço para, repito, terceiro turno que possa cassar o voto destes 54.501.118 eleitores [que garantiram a vitória de Dilma]", afirmou Toffoli.
A diplomação de Dilma estava agendada para às 19h, segundo informações do TSE, e começou com alguns minutos de atraso. Horas antes, o PSDB informou que entrou com um novo pedido de cassação de Dilma na Justiça Eleitoral. Desta vez, com um diferencial gritante: solicitando a diplomação de Aécio Neves e seu candidato a vice, Aloysio Nunes, no lugar de Dilma e Temer.
Em seu pronunciamento, Dilma afirmou que a eleição não pode ser entendida como uma guerra que produz vencidos e vencedores. "O povo, na sua sabedoria, escolhe quem ele quer que governe e quem ele quer que seja oposição, simples assim. Cabe a quem foi escolhido para governar, governar bem. Cabe a quem foi escolhido para ser oposição, exercer da melhor forma possível o seu papel", disse a presidente.
Com um tom de independência das "amarras partidárias", Dilma ainda avaliou que "mais importante e mais difícil que saber perder, é saber vencer. Quem vence com o voto da maioria e não governa para todos, transforma a força majoritária em um legado mesquinho."
Leia mais: Armado por Toffoli e Gilmar, já está em curso o golpe sem impeachment
O TSE destacou, em seu portal, a presença dos ex-presidentes Lula (PT) e José Sarney (PMDB), do presidente do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, do deputado Henrique Alves (PMDB), representando a Câmara Federal, e do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB). A presença de Gilmar Mendes, que julgou as contas de Dilma e do PT, não foi citada pelo Tribunal.
A diplomação na mídia

Nos saites dos jornais O Globo, Estadão e Folha, a diplomação de Dilma e o clima de terceiro turno deram lugar às falas da presidente sobre o combate à corrupção e o caso Petrobras. Exceto na Folha, onde a chamada de destaque era a multa que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pretende aplicar em quem aumentar o consumo de água. O jornal trata a multa - mais uma ação para lidar com as crises dos Sistemas Cantareira e Alto Tietê - de "sobretaxa".
Sobre a Petrobras, Dilma disse que a estatal e o governo vão superar a crise atual, mas que é preciso encontrar um caminho para que as investigações da Lava Jato não signifiquem necessariamente a diminuição da relevância da empresa.
"Temos que saber apurar e saber punir sem enfraquecer a Petrobras, sem diminuir a sua importância para o presente e para o futuro. Temos que continuar acreditando na mais brasileira das nossas empresas.​"
Com informações do R7, G1 e TSE

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Um dos dias mais tristes da História

Interessantes as coincidências do relato e o sentimento comum que uniu os bitoumaníacos do mundo inteiro. Em BH saímos para as ruas em busca de sei lá o quê. Era um tempo em que os amigos se encontravam nas ruas
Achava que o assassino devia ser condenado a ter seu nome e sua imagem apagados.
John Lennon foi muito mais do que um beatle -- foi o único dos quatro que teve própria depois, e com isso quero dizer que ele foi o único que foi ainda maior sem os beatles.
Foi muito mais do que um pop star, muito mais que um rolling stone, por exemplo, vivo ou morto.
Ele foi o grande artista da sua geração, que foi a última geração de grandes artistas, em todo o mundo. Compara-se a Chico Buarque, no Brasil.
Que tenha morrido tão precocemente foi uma perda gigantesca para os sobreviventes, que tenha morrido como morreu, um atestado do quanto vale a espécie humana e uma antecipação do que este mundo se tornaria nas décadas seguintes. 

Do Diário do Centro do Mundo. 
O dia em que a música morreu
Por Paulo Nogueira

Long, long time ago, but I still can remember.
O verso inicial de American Pie, de Don McLean, sempre me ocorre quando penso em John Lennon.

Muito tempo atrás, mas ainda lembro o dia em que ele morreu.

Eu morava ainda na casa de meus pais, no Previdência, em São Paulo. Tinha 24 anos. Era manhã. Papai saíra com meu irmão temporão Kiko, de 12 anos. Eles ouviram a notícia no rádio, como era comum naqueles dias. Kiko me contou.

Os beatlemaníacos criaram instantaneamente uma corrente de solidariedade. Ligávamos uns para os outros, em busca de conforto. Tocava John no rádio o tempo todo. Pouco depois, começaram a aparecer as homenagens musicais a ele, em várias línguas. “Naquele dia em que ficamos tristes com Yoko” foi a música mais bonita que fizeram para ele no Brasil. Simone gravou.

George primeiro, depois Paul também compuseram para John. “Here Today”, de Paul, é dos tributos o mais bonito, compreensivelmente. Paul canta “Here Today” na atual turnê.

Ouço John com frequência, sobretudo o John dos Beatles, jovem, sardônico, revoltado, a voz anasalada que é para mim a maior da história do rock, e talvez não só do rock. Entre todas as músicas que já ouvi na vida, “In My Life” é minha favorita. Gosto não apenas de ouvi-la mas de cantá-la, desajeitadamente, ao violão.

Fui várias vezes a Liverpool, desde que vim para a Europa, e em todas elas passei pela casa em que John viveu mais que em qualquer outra na vida, a da Tia Mimi, e por Strawberry Fields. Sempre que estive em Strawberry Fields havia um grupo de turistas.

Dois meses atrás, em minha mais recente ida a Luverpool, o guia me contou que o Dakota, o prédio em que John viveu e morreu em Nova York, tinha uma forte semelhança arquitetônica com o prédio que fica em Strawberry Fields, um orfanato que o pequeno John gostava de frequentar por se sentir entre iguais.

Meus três filhos, em diferentes ocasiões, acompanharam o pai na peregrinação a Liverpool. O quarto, a caminho, conhecerá Liverpool tão logo possa.

Na casa de John está a placa redonda azul que distingue alguém notável, e que os ingleses só colocam 20 anos depois da morte, para que o morto enfrente a última prova, a do tempo.

Sempre bato os olhos no lugar, ali pertinho, em que Julia, a mãe de John, morreu atropelada. Eles tinham se reaproximado, depois que John foi entregue à tia para que o criasse porque o pai era um aventureiro e a mãe irresponsável. Julia ainda teve tempo de ensinar banjo a John antes de ser atropelada.

O sentimento de rejeição tornou John infeliz e atormentado, mas ao mesmo tempo fez dele o gênio que foi. John é um daqueles casos que comprovam amplamente a vinculação entre a grande arte e a dor. Tivesse sido criado convencionalmente e tido uma vida normal entre pais de classe média, talvez estivesse agora aposentado jogando baralho em Liverpool.

Paul foi o moderador dos Beatles, George foi o menino prodígio que deu suporte musical a seus companheiros antes que estes virassem os bons músicos que seriam. Mas foi o tormento pessoal, intransferível, cruel de John que fez os Beatles romperem barreiras e destruírem limites até a última faixa do último disco.

Tenho vivo o 8 de dezembro de 1980 em minha memória. Eu era um jovem reporter que começava a carreira na Veja, e acreditava em muitas coisas. Lembro a capa das revistas americanas. Guardei uma delas durante anos, e talvez ainda a encontre se mexer em minhas velharias. O título era tirado de American Pie. O dia em que a música morreu.

De alguma forma, para todos nós que amávamos tanto Lennon, a música morreu mesmo naquela noite em Nova York, sob os tiros de Mark Chapman.

Ódio mortal, o país da mídia

Entreouvido na fila do caixa do supermercado.

A velhinha: Tem coisas que não é pra rir, mas que são engraçadas. O cara que matou cinco pessoas, moradores de rua, disse que é porque eles não contribuem com o sistema, não pagam impostos...
A caixa: Por que não mata a Dilma então?

Este é o país que o ódio da mídia de esgoto estimula nos brasileiros, mesmo numa velhinha que parece ser uma avó carinhosa e numa caixa possivelmente mãe, pobre e trabalhadora.

'Junk press': o jornalismo sob encomenda, de tese e de denúncia que reina hoje

Recebo na portaria do prédio uma dessas revistas distribuídas gratuitamente. Já que ninguém as compra mais, a velha "grande" imprensa agora distribui suas publicações de graça, em domicílio ou nos sinais. Isso vale para esta revista que ostenta na capa preço de venda em banca, mas vale também para Veja, "a maior revista do país", que continua sendo entregue de graça para assinantes que não renovam a assinatura. O interesse dessas publicações não é que o leitor as compre ou assine, é só manter uma tiragem fictícia, para, dessa forma, venderem anúncios caríssimos -- inclusive, talvez principalmente, para o governo federal, governos estaduais, prefeituras e estatais.

Como sempre, a revista que recebo na portaria vem com um encarte "especial" cuja manchete é "Um gestor no governo". O "gestor" é o governador de saída, filho prematuro dos seus antecessores, que ficou só sete meses e nos dois últimos vem fazendo tudo que certamente esperavam dele, caso ocorresse o desastre eleitoral tucano, como de fato houve: adiantar licitações, prorrogar contratos, gastar todo o dinheiro disponível, aumentar gastos, fazer dívidas e tudo mais que possa ajudar os amigos do governo que sai e pôr em maus lençóis o governo que entra. É este o "gestor.

Mais uma vez pergunte-se a essa imprensa, para testar sua honestidade: se o governador encomiado não desse à revista centenas de milhares de reais em anúncios e patrocínios (o leitor que se assusta com os números de corrupção difundidos pela imprensa ficaria bestificado com os preços dos anúncios), ele receberia os mesmos elogios?

É patético ver os "gestores" durante 12 anos louvados, finalmente derrotados e agora largamente desmascarados na sua incompetência administrativa figurarem sorridentes nas páginas da revista, repetindo todas as mentiras que disseram ano após ano e justificando "dificuldades" com causas externas.

Este -- não ser confiável -- é um dos motivos pelos quais a "grande" imprensa não tem mais leitores. Há outros: os modelos de "jornalismo" que hoje se praticam. São basicamente três, mas nenhum deles é o que os estudantes aprendem nas faculdades.

Dos mestres experientes e bons profissionais, os aspirantes a jornalistas aprendem que jornalismo é o que alguém não quer ver publicado, é que o incomoda o poder, é o que interessa o leitor.

Jornalismo não é feito para agradar o entrevistado, e muitas vezes vai desagradá-lo; é feito para informar o leitor e não para enganá-lo.

O patrão do jornalista é o leitor, que é quem, em última instância, paga seu salário, consumindo o que o jornalista escreve.

O patrão paga o salário, o anunciante paga a publicidade, mas se não tiver leitor, não há publicidade e não há dinheiro para pagar salário.

Logo, o respeito ao leitor é o ponto de partida do jornalista, é para informar o leitor corretamente que ele trabalha; só entregando a informação correta é que o jornalista conquista a confiança do leitor.

Se o patrão não entende isso, está no negócio errado.

Se o anunciante e o governante não entendem isso, não merecem respeito, e se o patrão se curva às pressões de anunciantes e governantes, também não.

É simples, é o que todo jornalista sabe, é o que se ensina nas faculdades de jornalismo, como se ensina a Constituição nas escolas de direito e anatomia nas escolas de medicina.

No entanto, é o que se pratica cada vez menos, a ponto de novas gerações de jornalistas não sentirem o menor escrúpulo em moldar seu trabalho pelos três modelos que prevalecem hoje em dia e que descrevo a seguir.

O primeiro modelo é informe "especial", este mesmo da revista citada.

Não é novo, nos melhores momentos do JB, o grande jornal carioca publicava matérias pagas pelo governo de Minas. Essas matérias, no entanto, eram cercadas de pudor. Primeiro, porque não passavam pela redação, mas pelo departamento comercial -- era o comercial quem acertava o negócio e contratava os jornalistas. Estes, geralmente não eram da redação, mas quando eram recebiam como um frila e não punham seus nomes nas matérias. As matérias eram identificadas como informe publicitário, ainda que fossem muito mais informativas e tecnicamente bem feitas; as fontes governamentais respeitavam os profissionais. A bem da verdade, eram matérias corretas, com a diferença de que sua publicação estava garantida antecipadamente, independentemente da qualidade da notícia, e nenhum jornalista contratado para produzi-las saía buscando "o outro lado", para confirmar as informações recebidas. Várias vezes no entanto escrevi, para o JB, como frila e sem me envergonhar, matérias "a favor" sobre assuntos relevantes que o governo de Minas ou outro anunciante queria publicar.

Hoje, esses informes publicitários se tornaram a regra e as matérias saem assinadas! Profissionais assinam embaixo do texto encomendado! Publicações inteiras são feitas assim, sem informar o leitor de que se trata de matéria paga, e tecnicamente são muito piores. Rasgam elogios pessoais, como nomear um governador tampão de "gestor", ignorando todas as denúncias contra ele por seus atos de fim de governo. No entanto, esse "jornalismo" está em toda parte. 

O segundo modelo é o do jornalismo de tese.

Ele tem variações, mas consiste basicamente em ter já a matéria pronta na pauta. A tese pode ser a favor ou contra, pode ser sobre assunto relevante ou bobagem, pode ser local ou nacional. Não importa, o que importa é que o pauteiro "sacou" uma ideia que parece nova e que atrai os leitores da publicação -- todas as publicações, hoje, acham que conhecem o seu "público" e são feitas para ele, na maior parte a classe média alta. Outra coisa importante: a matéria precisa dar boas fotos. Satisfeitas estas condições, a pauta está aprovada. Junto com a pauta, vem já o título e o lide -- e as fotos sugeridas. Cabe ao repórter basicamente encontrar personagens que confirmem a tese, com histórias, depoimentos, "aspas" e boas fotos. Assim, se a boa história é de uma personagem que "não dá boa foto", ela perde pontos; será preciso "produzir" a foto ou conseguir outra personagem.

Com esta fórmula pode-se produzir qualquer matéria, pode-se até mesmo produzir matérias antagônicas. Note-se que a fórmula não é ruim em si, e realmente foi um achado, quando surgiu, lá atrás, nos anos 80. A sensibilidade de bons jornalistas possibilitou a produção de belas matérias que renovaram o jornalismo factual. Nasceu como jornalismo de revista, provavelmente na Revista de Domingo, do JB, ou na Veja, e ganhou fôlego nas publicações da Abril; nas Vejinhas, espalhou-se como praga pelo país. No jornalismo diário, foi também o JB que lhe deu espaço.

O diabo é que o que era uma pérola tornou-se uma fórmula repetida mecanicamente por profissionais menos competentes e principalmente menos escrupulosos. A banalização generalizada do modelo pode hoje ser vista amplamente, como uma mistura de ficção com textos publicitários, que prolifera como aguapés nas águas sujas da imprensa contemporânea, nem só "grande".

O terceiro modelo é o sensacionalismo.

Também não é novo, talvez seja mesmo o mais antigo de todos, o jornalismo que quer vender exemplares a custa de aberrações. No Brasil, no entanto, ele ganhou caráter político nas últimas décadas e desde 2003 configura-se principalmente como jornalismo de oposição ao governo do PT. Há casos célebres, criminosos, como o da Escola Base, que prenunciavam o esgoto que viria a seguir, mas o marco é a eleição de 1989, a primeira direta, na qual a grande imprensa (então ainda relativamente grande) conseguiu fabricar um candidato e elegê-lo, para derrotar Brizola e Lula. Logo em seguida, fabricou o impeachment do presidente. Elegendo e depondo um presidente, provou o gosto do sangue e não parou mais de sugá-lo. Nos doze últimos anos transformou o vampirismo em vício tresloucado; é só de sangue que essa imprensa vive, criando um novo escândalo a cada dia, uma nova denúncia, um novo sensacionalismo. Veja, que cunhou um dia a expressão "caçador de marajás" e três anos depois garantia que "Pedro Collor conta tudo", sobre o irmão presidente, lançando irmão contra irmão, em capas históricas -- no mau sentido -- do jornalismo brasileiro, destaca-se como grande líder desse jornalismo de esgoto, mas outros veículos a acompanham de perto, em especial um que é distribuído nos sinais, e que faz o papel de guerrilheiro audacioso e ativo, uma vez que vai direto ao leitor, de graça, não espera que ele o procure.

O sensacionalismo antes episódico (basta lembrar da morte de Elis Regina: "A tragédia da cocaína"; e da doença de Cazuza: "Uma vítima da aids agoniza em praça pública") tornou-se regra. Quando vemos outra vez a capa da Veja em que Pedro Collor denuncia o irmão, quando pensamos no que aconteceu depois (seu câncer fulminante no cérebro, as histórias da traição da sua mulher com o irmão, da morte de PC Farias), impressiona a sequências de fatos que adoeceu a política brasileira, mas impressiona ainda mais, do ponto de vista do jornalismo, que a imprensa tenha colaborado muito para a corrupção e muito pouco para combatê-la. Desde 1989, o jornalismo brasileiro é cada vez mais uma planta que se alimenta do esgoto -- que não quer eliminá-lo, mas ao contrário, vê-lo crescer, porque depende dele. Esgoto verdadeiro ou fictício, não sabemos mais diante das informações distorcidas, aumentadas, falsificadas, inventadas até -- nunca é demais lembrar que Collor foi absolvido pelo STF, assim como não é demais lembrar que o PT, as esquerdas, os estudantes e movimentos populares deram apoio ao impeachment promovendo manifestações públicas. Também não é demais ressaltar que o argumento da "falta de provas" que inocentou Collor foi desconsiderado para inocentar José Dirceu e demais petistas.

A imprensa de sarjeta inaugurada em 1989, com fins políticos, contaminou a sociedade brasileira, envenenou a opinião pública, disseminou o desmando no judiciário, a ponto de juízes agora prenderem agentes de trânsito e funcionários de companhias aéreas que cumprem suas obrigações. Se o reconhecimento mundial do governo e do presidente Lula elevou a autoestima do povo brasileiro, esse falso jornalismo esforça-se diariamente para que nos vejamos e nos tornemos muito piores do que somos.

Com um jornalismo assim é compreensível que cada vez menos brasileiros se informem por jornais, revista e televisões. Que leitor inteligente quer se envenenar dia após dia consumindo, digamos, junk press?

O que esses três modelos predominantes mostram é como o jornalismo, uma atividade tão simples que a bem da verdade dispensa quatro anos de formação técnica, embora exija formação cultural e ética tão longa ou maior; atividade que já foi exaltada como a principal porta do povo para a cultura, como vigilante do poder, guardiã da democracia e quarto poder, o velho e bom jornalismo praticamente inexiste hoje na chamada de grande imprensa. Foi esquecido e substituído por outra coisa, bem diferente e que no entanto continua sendo chamada por esse nome.

O velho e bom jornalismo sobrevive em algumas publicações e principalmente na internet, pois foi para ela que migraram os melhores jornalistas, exilados da velha imprensa, e é nela que se encontram novas condições de se praticar essa ideia simples de informar o leitor sobre o que interessa a ele e não a outras sempre obscuras, ricas e poderosas personagens desse universo que se convencionou chamar de mídia.

O última (?) batalha contra o cigarro

A lei antifumo é uma vitória pontual da razão contra o capital.
Os prejuízos pessoais, sociais e estatais do tabagismo são astronômicos.
As multinacionais do tabaco durante décadas venderam em belíssimas e caríssimas propagandas as maravilhas de se fumar, enquanto produziam doenças nos fumantes ativos e passivos.
Prevaleciam os interesses das agências de publicidade, dos veículos de comunicação, dos governos que arrecadavam impostos.
Virar esse jogo foi uma luta de Davi contra Golias, mas a vitória está sendo alcançada, até mesmo no Brasil, onde se diz que as leis não pegam.
Há outros Golias a serem derrotados: os agrotóxicos, as cervejas, os automóveis...

 

Estado fora de tudo que for possível, a começar pela imprensa

Artigo do vice-presidente de um jornal da capital repete a cantilena do neoliberalismo.
Contra a Petrobrás.
O objetivo de toda a campanha contra a gigante estatal é claro, desde o governo FHC: transferir a extração de petróleo para as multinacionais.
Tivessem tido êxito antes, não haveria pré-sal, não haveria dinheiro para educação e saúde, previsto da lei que regulamentou a exploração das novas reservas.
Mas tentam de novo.
A grande imprensa que se horroriza com a corrupção finge que não participa dela -- e não há nada mais corrupto no Brasil do que a imprensa, basta ler as biografias de Chateaubriand e Samuel Wainer, para ficar em lado opostos -- e finge também que a corrupção não existia nos governos que ela apoiava.
Estado fora de tudo que for possível, é o título do artigo do executivo do jornal.
Para testar a honestidade do argumento, basta propor: comecemos pela imprensa. Nada de verba publicitária nem de subsídios governamentais para a imprensa, ok?

Os golpes tucanos contra o próximo governo Pimentel

Os descalabros do final da administração tucana em Minas não param.
Todo tipo de arapuca está sendo montada para que o eleito petista tenha muita dificuldade em governar, além de assumir um estado falido e endividado até as alturas.
O primeiro trabalho do novo governador deverá ser informar a população sobre o caos encontrado.
Mais do que uma necessidade, é um dever que ele tem com o eleitorado.
Minas Gerais hoje é como a Serra do Curral, uma casca de beleza aparente do lado de cá e um enorme buraco de destruição do outro lado.

O golpe agora vem da Cemig, como se lê na notícia abaixo.
A armadilha é clara: se o próximo governo rompe o contrato, as emissoras ficam contra ele.
Da mesma forma, com verbas do governo e ajudas de custos de estatais, como a Cemig, a imprensa radiofônica e televisiva é toda amiga do governo.
O único período da história mineira em que o Estado de Minas esteve na oposição foi quando o governador era Newton Cardoso e resolveu deixar de manter o jornal com verbas publicitárias.
Agora podemos ter um caso semelhante; jornais, hoje, não têm mais importância, tanto que mesmo como a oposição sistemática dos principais jornais do país, Lula e Dilma foram eleitos e reeleitos. Pimentel foi eleito mesmo o Estado de Minas atuando como panfleto de propaganda aecista durante toda a campanha.
Rádios e tevês, no entanto, têm mais influência. São controladas por amigos e parentes de políticos que ganham destes as concessões, uma troca de favores feita às custas de bens públicos, uma situação vergonhosa que impera no Brasil. Políticos distribuem concessões de rádios e tevês, distribuem verbas de publicitária, desconto na energia elétrica etc. e em troca fazem propaganda dos seus amigos políticos.

Do Portal Minas Livre.
Cemig beneficia rádios e tevês com desconto de 55% na conta de energia
Convênio renova garantia de publicidade por mais 30 meses. Objetivo é ressarcir 55% do valor da fatura de energia paga pelas emissoras 
por Aloisio Lopes

A dois meses do encerramento da gestão tucana na Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a empresa renovou por 30 meses um convênio com a Associação Mineira de Rádios e Tvs (Amirt) que beneficia 380 emissoras no Estado. O convênio, que foi celebrado em 1988, no governo Hélio Garcia, prevê ressarcimento da conta de energia das emissoras. A reposição atual, em forma de publicidade, é de 55% do valor da conta.
Na edição deste mês da revista da Amirt, a entidade comemora a renovação do convênio e orienta as emissoras filiadas sobre como proceder a veiculação e o faturamento da publicidade.
A compra antecipada de publicidade, vinculada à conta de energia, independe da tabela comercial de cada emissora, segundo a assessoria de imprensa da Amirt. O parâmetro utilizado é o valor da conta de energia paga no mês. Para todas, o convênio prevê a veiculação de 300 spots de 30 segundos por mês, que podem versar sobre avisos de desligamento ou mesmo de apoio cultural a qualquer programa da emissora.
Segundo apurou o Minas Livre, uma rádio de grande porte paga em média R$ 40.000,00 por mês de energia elétrica. Para uma TV de grande porte, a média mensal da conta de energia é de R$ 100.000,00. Sobre este valor elas têm, garantido pelo convênio, um ressarcimento de 55% em forma de publicidade.
A publicidade distribuída, por meio do convênio, independe de outras campanhas publicitárias da empresa ou do governo estadual. Segundo levantamento do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o governo de Minas gastou entre 2003 e 2011, R$ 1,5 bi em publicidade. Deste total, R$ 596 milhões foram bancados pelos cofres das empresas controladas pelo Estado, dentre elas a Cemig.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Só revival

Muitas vezes já me perguntei por que Lô Borges não parou no disco do tênis. Depois de duas obras-primas (a outra é o Clube da Esquina, com Milton e toda aquela turma de mineiros que só não foram os Novos Mineiros porque não houve outros antes deles -- Primeiros Mineiros) o que ele fez não teve nenhuma importância e uma coisa foi até prejudicial, pôr letra em Clube da Esquina nº 2, que diz muito mais sem palavras.
Não é defeito do Lô, é da época; toda a música popular poderia ter parado no começo dos anos 70 que nada perderíamos, ou muito pouco. Caetano, por exemplo, fez muitas coisas, mas nada tão bom quanto o que fez antes. Chico, sim, continuou criando cada vez mais, mas se tivéssemos só Construção já bastaria... Rolling Stones continuaram e continuam até hoje, empalhados. Bob Dylan foi um furacão nos anos 60. E os Beatles. Quando se separaram, houve aquela avalanche de criatividades solos.
Para não falar nos brasileiros: Mutantes, Gilberto Gil, tropicalistas, todos aqueles dos festivais, Vandré, Banda de Pau e Corda, Moto Perpétuo, Som Imaginário, Vinicius e Toquinho, os incríveis Novos Baianos e mais, muito mais...
Depois da década de 60 -- a década de 60 na verdade terminou no começo dos anos 70, assim como o século XX começou em 1914 e terminou em 1991 -- a criatividade coletiva foi sufocada e se transformou em expressões individualistas compradas pelo mercado: produziu-se muito mais e ganhou-se cada vez mais dinheiro com obras ruins. Com exceções, como Chico e mais um ou outro. Muitos continuaram brilhando tocando e cantando o que foi feito antes ou reelaborando o que fizeram os criativos.
De vez em quando alguém brilhava novamente feito antes, como John com Double Fantasy, Paul McCartney com Tug of War e George Harrison com Cloud 9. Nostalgia.
E raros gênios continuaram suas trajetórias intocáveis: Chico, Tom...
Os anos 60 foram tão incríveis que tinha até Cat Stevens! Autor de pérolas, perdidas no oceano de banalidades que vieram depois. Cat Stevens só poderia existir nos anos 60 e musicar um filme como "Ensina-me a viver" (Harold & Maude).
Simon & Garfunkel. Quanta genialidade, que se esgotou nos anos 70. Creedence! A melhor banda de todos os tempos, Creedence Clearwater...
Depois foi só revival...
Até hoje vira e mexe me lembro de músicas dos anos 60, como esta.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A cara de pau dos tucanos

Não tem limite.

Do iG.
Alckmin escolhe acusado de improbidade para Conselho de Administração da Sabesp
Por Vitor Sorano - iG São Paulo | 25/11/2014 06:00
Ex-prefeito de Franca responde a 4 processos por fraude em licitação sob sua gestão; nomeação acomoda aliado político

Acusado de explorar eleitoralmente a Sabesp, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) ampliou o Conselho de Administração da empresa para acomodar um correligionário. O escolhido para o órgão máximo da companhia é Sidnei Franco da Rocha, um ex-prefeito de Franca, no interior de São Paulo, que responde a quatro ações de improbidade administrativa por fraudes em licitações ocorridas durante sua gestão e foi multado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) dois meses antes de ser nomeado para o novo cargo.
A Casa Civil do governo Alckmin argumenta que o ex-prefeito nunca foi condenado e por isso está livre para ocupar o cargo, para o qual a legislação brasileira exige também reputação ilibada - sem definir exatamente o que é isso.
Sidnei Franco da Rocha foi o responsável por retomar o comando de Franca, pólo industrial de 340 mil habitantes governado pelo PT de 1997 a 2004, para o PSDB: venceu duas eleições para o partido, 2004 e 2008, e fez o sucessor, também tucano, em 2012.
Na última eleição, Alckmin teve 62% dos votos na cidade, acima da média do Estado, de 57%. Com essas credenciais, Rocha esperava ocupar uma secretaria no governo tucano, segundo um adversário político, mas teve a expectativa frustrada. A vaga na Sabesp, segundo esse adversário, foi uma espécie de prêmio de consolação.
A íntegra.

domingo, 23 de novembro de 2014

A guinada de Obama

Interessante, Obama. Depois de fazer um governo de direita e de perder maioria no Congresso, dá uma guinada progressista, por decreto.
No Brasil, isso seria chamado de golpe e se pregaria seu impeachment imediato.
Apesar do governo medíocre que fez (o presidente negro americano frustrou expectativas de esquerda, como Lula, mas não fez um governo surpreendentemente bom, como o presidente operário brasileiro), provavelmente Obama passará à história por esse ato.
Interessante também como os EUA, seja qual for o presidente e faça o que fizer, o país tem princípios orientadores aparentemente imutáveis, como reafirma Obama em relação à imigração.

Do El País Brasil.
Reforma nos EUA
Obama: “A imigração é o que nos define como país”
O presidente dos EUA defende sua ação executiva de evitar as deportações

Barack Obama deixa a sala depois de se dirigir à nação. / Jim Bourg (AP)
Barack Obama dividiu as águas na noite de quinta-feira e avançou em uma direção que não gostaria, mas que se mostrou ser o único caminho livre para salvar parte da palavra prometida a um grupo que representa 17% da população dos Estados Unidos – 54 milhões de pessoas, mais de 25 milhões delas com direito a voto. Com a decisão de dar as costas a um Congresso que deteve sua presidência e o condenou a não assinar nenhuma lei de peso, com exceção da reforma na saúde – que segue sofrendo embates -, o presidente dos Estados Unidos põe fim a uma batalha para iniciar a guerra.
Com uma frustração disfarçada de elegância, Obama se dirigiu à nação em um simbólico horário de máxima audiência. Simbólico porque nenhuma das três grandes redes de televisão decidiu exibir o discurso presidencial em uma noite cheia de seriados e espetáculos que valem milhões de dólares em publicidade e espectadores. Apenas a Univisión transmitiu ao vivo as palavras do presidente, tendo que interromper durante 14 minutos e 57 segundos a transmissão do Grammy Latino – assim se faz história.
Como se fosse uma saga, o presidente contou uma história. A história de um país que há mais de 200 anos tem a tradição de receber imigrantes de todas as partes do mundo, o que o beneficia. “A imigração nos define como país”, disse Obama. E, como em toda boa saga, houve partes trágicas, amores não correspondidos, lágrimas e até uma moral por trás da história. O presidente lembrou que este país, a nação que foi criada por gente vinda de fora, tem hoje um sistema de imigração falido, com 11 milhões de pessoas vivendo nas sombras.
“Quando cheguei à Casa Branca me comprometi a consertar o sistema”, disse Obama, que abriu a narrativa referindo-se à segurança da fronteira, para, já de entrada, neutralizar aqueles que acreditam que a palavra “imigrante” só rima com “delinquência”. “Durante os últimos seis anos, as entradas ilegais diminuíram pela metade”, informou o homem que já foi chamado pelos ativistas pró-imigração de “deportador chefe”. Nesse ponto, Obama fez uma referência à grave crise humanitária vivida na fronteira no verão passado após a chegada aos Estados Unidos de milhares de menores de idade desacompanhados.
“No entanto, o número de pessoas que tenta cruzar a fronteira de maneira ilegal se encontra hoje em seu nível mais baixo desde a década de setenta”, destacou Obama. Recorrendo então a seus dotes mais didáticos, propiciando um “crescendo” e após declarar que o Congresso tinha se tornado um muro intransponível para sua ambiciosa lei de reforma – que teria aberto as portas para a legalização de milhões de indocumentados – , Obama afirmou que, como presidente, tem a autoridade para adotar medidas executivas e que é isso o que vai fazer.
“Primeiramente, continuaremos equipando a fronteira com mais recursos”. “Em segundo lugar, será mais simples para os imigrantes com estudos, empresários e pessoas de alto perfil permanecerem e contribuírem com nossa economia”. “Em terceiro lugar, daremos os passos necessários para tratar de maneira responsável os milhões de imigrantes ilegais que já vivem no nosso país”.
O terceiro ponto foi aquele que o presidente quis estender. Foi esse o assunto que o fez se transformar, de repente, no professor Obama. Apesar de antes de fazê-lo ter vestido a roupa de um homem de consenso e recordar as palavras que outro político que já ocupou o mesmo cargo costumava dizer em relação aos imigrantes que tornam possível o dia-a-dia dos Estados Unidos. “Como disse uma vez meu antecessor, o presidente Bush: ‘Eles são parte da vida americana’”. Obama descreveu o núcleo de sua ação executiva desta maneira: “Se você já está nos EUA há mais de cinco anos; se você tem filhos que são cidadãos americanos ou residentes legais; se você se registrar, passar por um controle de antecedentes criminais e estiver disposto a pagar uma parte justa dos impostos que deve; você poderá permanecer neste país temporariamente, sem medo de ser deportado. Você pode sair das sombras e fazer as pazes com a lei”.
"Sei que muitos daqueles que criticam a medida que estou tomando a chamam de anistia. Pois bem, não é"
Barack Obama
Não houve acompanhamento musical. Mas Obama acabava de iniciar a maior de todas as batalhas, a cruzada que pode fazer com que, em pouco mais de duas semanas, os republicanos ameacem com um novo isolamento do Governo como represália por sua atitude. Estava na mesa o assunto que definirá os próximos dois anos e que deverá ser prioridade que quem quer que seja o novo mandatário dos Estados Unidos em 2017. Obama tinha consciência disso. Sabe bem o que estava fazendo. Razão pela qual contra-atacou com sua dose habitual de bipartidarismo e memória histórica.
“As ações que estou tomando não só são legais como são o tipo de medida adotada por cada presidente republicano e cada presidente democrata durante o último meio século. E para os membros do Congresso que questionam minha autoridade para fazer com que nosso sistema de imigração funcione melhor, ou questione meu julgamento de agir onde o Congresso falhou, tenho uma resposta: ‘Aprovem uma lei’”.
Tudo estava dito. Obama acabava de jogar a bola para o campo republicano. Tinha movido as peças. Tinha se rebelado diante da inação e até perguntou se, por acaso, os EUA não seriam uma nação que tolera a hipocrisia, deixando que trabalhadores ilegais colham frutos e arrumem as camas enquanto se olha para o outro lado.
“Sei que muitos dos que criticam a ação que estou tomando chamam isso de anistia”, disse o presidente. “Pois bem, não é”, sentenciou. “Anistia é o sistema que temos hoje, no qual milhões de pessoas que vivem aqui não pagam impostos ou não estão em dia com a lei, enquanto os políticos usam o assunto para assustar as pessoas e ganhar votos nas eleições”. “Esta é a verdadeira anistia: deixar o sistema como está, arruinado”, continuou, dominando já a audiência que às portas da Casa Branca lhe agradecia com cartazes. “A anistia geral seria injusta. A deportação total seria ao mesmo tempo impossível e contrária a nosso caráter de nação. O que estou descrevendo é responsabilidade, abordar o tema com bom senso e chegando a um meio termo: se você atende aos critérios, pode sair das sombras e ficar dentro da lei. Se é criminoso, será deportado. E saiba que se está pensando em entrar nos EUA ilegalmente, aumentaram as possibilidades de que seja preso e enviado de volta”. Se Obama fosse um homem do Exército, a moral da história seria: “Senhores republicanos, vocês se meteram com o marine (fuzileiro naval) errado”.

“Obrigado, presidente Obama”

S. Ayuso
O sorriso não cabia no rosto de Henry Hernández na noite de quinta-feira. Apesar do frio intenso, ele permaneceu postado à frente da Casa Branca enquanto o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciava as medidas executivas que regularizarão temporariamente quase 5 milhões de pessoas sem documentos. Entre suas mãos enluvadas segurava uma bandeira norte-americana e uma vela.
“É uma alegria, uma emoção, uma felicidade, estamos muito agradecidos ao presidente Obama”, destacou este guatemalteco “orgulhosamente” que “como milhões” de pessoas vive sem documentos no país e espera poder beneficiar-se da ação executiva decretada pelo governante democrata devido à falta de ação no Congresso.
Com ele, cerca de uma centena de imigrantes e ativistas foram para a frente da residência de Obama para comemorar o anúncio que esperavam há anos. A mensagem estava resumida em cartazes agitados entre gritos de “Sim, nós podemos!” e “Conseguimos!”. “Obrigado, presidente Obama”, era a mensagem unânime dos cartazes. “Nos sentimos lisonjeados e agradecemos ao presidente. Esperamos por tanto tempo!”, exclamava Nelson, um salvadorenho que conseguiu a cidadania há apenas um mês, mas quis ir à Casa Branca para demonstrar solidariedade a tantos compatriotas que ainda esperam seus papéis.
Tanto ele como Hernández têm consciência de que as medidas de Obama não são mais do que um paliativo e que a verdadeira ação deve ser produzida no Congresso, o único capaz de redigir uma lei migratória integral.
Assim também se expressava pelas redes sociais alguém que pode ter de finalizar o caminho aberto agora por Obama, sua ex-secretária de Estado e potencial candidata presidencial democrata Hillary Clinton.
“Obrigada Potus (acrônimo de presidente dos EUA, em inglês) por tomar a ação frente à inação. Agora é tempo de uma reforma permanente bipartidário”, disse Clinton, no Twitter. Da Casa Branca, os ativistas prometiam que também continuarão “na luta” até que o Congresso reaja. “Mas, pelo menos esta noite, vamos comemorar”, afirmou Nelson.

O golpe a caminho: como Veja manipula

Que Veja não faz jornalismo há muito tempo, sabemos todos; que não é mais uma revista, mas um panfleto do "partido de oposição", qualquer leitor percebe.
Uma coisa no entanto é percepção que temos das distorções que a revista faz das informações, outra é como ela opera na prática, o que só quem é atingido sabe, e é o que mostra a nota abaixo, publicada ontem pelo Blog do Planalto.

Do Blog do Planalto, sábado, 22 de novembro de 2014 às 13:01.
Nota à imprensa sobre reportagem da revista Veja

Nota OficialA reportagem de capa da revista Veja de hoje é mais um episódio de manipulação jornalística que marca a publicação nos últimos anos.
Depois de tentar interferir no resultado das eleições presidenciais, numa operação condenada pela Justiça eleitoral, Veja tenta enganar seus leitores ao insinuar que, em 2009, já se sabia dos desvios praticados pelo senhor Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobras demitido em março de 2012 pelo governo da presidenta Dilma.
As práticas ilegais do senhor Paulo Roberto Costa só vieram a público em 2014, graças às investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
Aos fatos:
Em 6 de novembro de 2014, Veja procurou a Secretaria de Imprensa da Presidência da República informando que iria publicar notícia, “baseada em provas factuais”, de que a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, recebeu mensagem eletrônica do senhor Paulo Roberto Costa, então diretor da Petrobras, sobre irregularidades detectadas em 2009 pelo Tribunal de Contas da União nas obras da refinaria Abreu e Lima. O repórter indagava que medidas e providências foram adotadas diante do acórdão do TCU. A revista não enviou cópia do e-mail.
No dia 7 de novembro, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República encaminhou a seguinte nota para a revista:

“Em 2009, a Casa Civil era responsável pela coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Assim, relatórios e acórdãos do TCU relativos às obras deste programa eram sistematicamente enviados pelo próprio tribunal para conhecimento da Casa Civil.
Após receber do Congresso Nacional (em agosto de 2009), do TCU (em 29 de setembro de 2009) e da Petrobras (em 29 de setembro de 2009), as informações sobre eventuais problemas nas obras da refinaria Abreu e Lima, a Casa Civil tomou as seguintes medidas:
a. Encaminhamento da matéria à Controladoria Geral da União, em setembro de 2009, para as providências cabíveis;
b. Determinação para que o grupo de acompanhamento do PAC procedesse ao exame do relatório, em conjunto com o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras;
c. Participação em reunião de trabalho entre representantes do TCU, Comissão Mista de Orçamento, Petrobras e MME, após a inclusão da determinação de suspensão das obras da refinaria Abreu e Lima no Orçamento de 2010, aprovado pelo Congresso.
Nesta reunião, realizada em 20 de janeiro de 2010, “houve consenso sobre a viabilidade da regularização das pendências identificadas pelo TCU” nas obras da refinaria Abreu e Lima (conforme razões de veto de 26 de janeiro de 2009). Foi decidido, também, o acompanhamento da solução destas pendências, por meio de reuniões regulares entre o MME, o TCU e a Petrobras.
A partir daí, o Presidente da República decidiu pelo veto da proposta de paralisação da obra, com base nos seguintes elementos:
1) a avaliação de que as pendências levantados pelo TCU seriam regularizáveis;
2) as informações prestadas em nota técnica do MME que evidencia os prejuízos decorrentes da paralisação; e
3) o pedido formal de veto por parte do então Governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Este veto foi apreciado pelo Congresso Nacional, sendo mantido.
A partir de 2011, o Congresso Nacional, reconhecendo os avanços no trabalho conjunto entre MME, Petrobras e TCU, não incluiu as obras da refinaria Abreu e Lima no conjunto daquelas que deveriam ser paralisadas.
E a partir de 2013, tendo em vista as providências tomadas pela Petrobras, o TCU modificou o seu posicionamento sobre a necessidade de paralisação das obras da refinaria Abreu e Lima”.

A inconsistência da reportagem de Veja é evidente. As pendências apontadas pelo TCU nas obras da refinaria Abreu e Lima já haviam sido comunicadas, em agosto, à Casa Civil pelo Congresso e foram repassadas ao órgão competente, a CGU.
Como fica evidente na nota, representantes do TCU, Comissão Mista de Orçamento do Congresso, Petrobras e do Ministério de Minas e Energia discutiram a solução das pendências e, posteriormente, o Congresso Nacional concordou com o prosseguimento das obras na refinaria.
Mais uma vez, Veja desinforma seus leitores e tenta manipular a realidade dos fatos. Mais uma vez, irá fracassar.
Secretaria de Imprensa
Presidência da República

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O golpe a caminho: Toffoli elogia 1964 e entrega contas de Dilma para Mendes

Agora que os militares não se prestam mais a esse papel, o golpe da direita que perde eleições é feito pela aliança entre "grande" imprensa -- que cria fatos -- e o judiciário -- que lhe dá roupagem legalista.
O golpe nunca diz que é golpe: 64 era "revolução", que pretendia "garantir a democracia".

Do jornal GGN. 
Armado por Toffoli e Gilmar, já está em curso o golpe do impeachment
ter, 18/11/2014 - 08:20
Luis Nassif

Já entrou em operação o golpe do impeachment, articulado pelo Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Antonio Dias Toffoli em conluio com seu colega Gilmar Mendes. O desfecho será daqui a algumas semanas.
As etapas do golpe são as seguintes:
1. Na quinta-feira passada, dia 13, encerrou o mandato do Ministro Henrique Neves no TSE. Os ministros podem ser reconduzidos uma vez ao cargo. Presidente do TSE, Toffoli encaminhou uma lista tríplice à presidente Dilma Rousseff. Toffoli esperava que Neves fosse reconduzido ao cargo (http://tinyurl.com/pxpzg5y).
2. Dilma estava fora do país e a recondução não foi automática. Descontente com a não nomeação, 14 horas depois do vencimento do mandato de Neves, Toffoli redistribuiu seus processos. Dentre milhares de processos, os dois principais - referentes às contas de campanha de Dilma - foram distribuídos para Gilmar Mendes. Foi o primeiro cheiro de golpe. Entre 7 juízes do TSE, a probabilidade dos dois principais processos de Neves caírem com Gilmar é de 2 para 100. Há todos os sinais de um arranjo montado por Toffoli.
A íntegra.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O acordo entre EUA e China sobre mudanças climáticas

Notícia, importantíssima, mostra também por que as mudanças climáticas estão acontecendo: porque é preciso "criar empregos".
Criar empregos é um eufemismo -- como crescimento e desenvolvimento -- para capital, isto é, empregar dinheiro para gerar lucro.
Não há nenhum problema em distribuir empregos, em vez de criar novos; era isso que se previa no começo da revolução industrial: todos trabalharíamos menos.
O que aconteceu, porém, é que passamos a trabalhar mais, porque a produção de riqueza cada vez maior é apropriada pelos donos do capital.
A desigualdade de renda entre os capitalistas e os trabalhadores é maior do que a altura do Himalaia. Basta ver os ricaços que estão investindo bilhões para dar uma voltinha no espaço. Ou nos Estados europeus que não têm dinheiro pra previdência social, mas têm outros bilhões para mandar uma nave ao espaço para pousar num meteoro.
A questão não é crescer nem criar empregos, é dividir a riqueza e diminuir a jornada de trabalho.
Sugira isso a um capitalista ou a um governo para ver como reagirão.

Da CartaCapital.
China e EUA anunciam acordo histórico contra o aquecimento globalCompromisso firmando entre Xi Jinping e Barack Obama pode fazer avançar as decisivas negociações climáticas previstas para 2015, em Paris

Por Jérôme Cartillier

Os dois maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa no planeta, China e Estados Unidos, anunciaram na quarta-feira 12 um acordo "histórico". O presidente americano Barack Obama e o chinês Xi Jinping se comprometeram em Pequim a avançar nas negociações climáticas, um ano antes da conferência do clima de Paris, da qual se espera um acordo global.
O acerto foi recebido com alívio pelos cientistas, mas com ceticismo pelos republicanos americanos, que o consideram uma ameaça à criação de empregos.
A íntegra.

Delegados da Operação Lava Jato fizeram campanha para Aécio

O governo petista tem apoio popular, apoio democrático, expresso no voto.
Detém o poder. É assim que funciona a democracia.
Com apoio da velha imprensa, autoridades que não foram eleitas -- no Congresso, no Judiciário e na polícia -- e não representam ninguém usam seus cargos e poder para atacar os representantes eleitos do povo e tentar derrubar o governo.
Isso é golpismo.
Desrespeitam o povo e cometem crimes, que devem ser punidos numa sociedade democrática.

Do Sul 21.
Delegados da Operação Lava Jato atacam PT na internet

Delegados da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, que atuam na Operação Lava Jato, que investiga o esquema comandado pelo doleiro Alberto Youssef, usaram as redes sociais para exaltar o tucano Aécio Neves e atacar o PT.
O delegado Marcio Anselmo, coordenador da Operação, por exemplo, escreveu: “Alguém segura essa anta, por favor”, em uma notícia cujo título era: “Lula compara o PT a Jesus Cristo”.
Em outros trechos divulgados em reportagem de Julia Dualibi, no Facebook, os delegados compartilharam propaganda eleitoral do então candidato tucano com o conteúdo da delação premiada de Youssef, que teria acusado Dilma e Lula de conivência com os desvios.
Eles também repassaram notícias sobre o depoimento à Justiça de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, dizendo que o PT recebia 3% do valor de contratos supostamente superfaturados.
A postura foi contestada por especialistas. Segundo o professor de Direito Administrativo Floriano Azevedo Marques, da USP, o servidor não pode se valer de informações sigilosas para fazer suas manifestações: “não convém que (o delegado) repercuta informações sobre a investigação que está conduzindo.”
A íntegra.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O golpe está a caminho

O que não significa que prevalecerá, significa que é a jogada política de uma parte da direita, que tem de conquistar apoio para ela.
Getúlio, em 54, Jango, em 64, e Collor, em 92, foram derrubados; JK, em 55, conseguiu impedi-lo e tomou posse, e Lula também, em 2006, impediu o impeachment e foi reeleito.
Mas o golpe está a caminho, como mostra o Nassif.
O seu líder, apesar de negá-lo, é Aécio -- por motivos óbvios (é o candidato derrotado, teria sido injustiçado, tem apoio de "metade" da nação e não terá vez em 2018, seu melhor momento é agora, o pós-eleição, depois vai decair cada vez mais).
Seus apoios são a velha imprensa controlada por meia dúzia de famílias em conluio com políticos reacionários, o STF e o Congresso.
Todos manipulando e "representando" a opinião pública.
Há uma batalha no STF, que é melhor hoje do que foi sob Joaquim Barbosa.
Há outra batalha no Congresso, com a atração do PSB e dos ressentidos do PMDB para o golpe, pelo PSDB.
No entanto, também na oposição há dissidências: o governador Alckmin, por exemplo, reeleito, estende sua mão à presidenta.
O ex-presidente FHC, talvez já um tanto senil, continua dando a mão a Aécio -- chegaria ao ponto de apoiar o golpe? Tudo é possível na política.
A batalha mais importante é ideológica, de informação, de propaganda.
Nesse sentido, a libertação de Pizzollato, pela justiça italiana, oferece a chance única de atacar a farsa do julgamento do "mensalão" e dividir a opinião pública manipulada
Afinal, um dos valores que a direita usa é que tudo que é estrangeiro é melhor, logo a justiça italiana é mais justa -- imparcial -- do que a brasileira.
É preciso também tomar da direita a bandeira da liberdade de imprensa: mostrar que as seis famílias, em conluio com os políticos (45% do Congresso) que detêm concessões de tevê e rádio, é que impedem a liberdade de imprensa e que o que governo e movimentos sociais é justamente garantir o cumprimento da Constituição e efetivar a liberdade.
E há a política miúda, que se faz paralelamente à grande política, mas que ganha força desproporcional quando o governo se limita a ela. Isto é: a negociação.
Do jeito que está, essa oposição exerce um poder que não tem, baseado na "opinião pública" que estaria contra a presidenta, na verdade baseado no apoio que recebe da velha imprensa.
Há também a política miúda na batalha da comunicação: tirar da frente reacionária a velha imprensa que não é golpista.
Formar uma nova base de governo, tanto política quanto ideológica.

Do jornal GGN.
O Xadrez da batalha do impeachment
qui, 6/11/2014 - 09:45
Atualizado em 7/11/2014 - 06:47
 
Luis Nassif

Nos próximos meses, recrudescerá a tentativa de impeachment da presidente da República. As cartas já estão na mesa. Aliás, estão desde o julgamento da AP 470.

Em regimes democráticos, golpes não são meramente uma quartelada planejada por meia dúzia de conspiradores. Há a necessidade de, inicialmente, criar-se a mobilização da opinião pública e, depois, se cumprir rituais, formalismos, dando aparência de legalidade ao golpe, que seja convalidado por um dos dois poderes da República – o STF (Supremo Tribunal Federal) ou o Congresso.

O modelo é conhecido, do suicídio de Getúlio, à queda de Jango e de Collor.

Na América Latina pós-ditaduras, todos os golpes – de André Peres e Fernando Collor a presidentes de esquerda – começaram com uma campanha midiática, que, exacerbando a opinião pública, convalidou o impeachment via Congresso ou Supremo.

A reação dos presidentes ajuda a reforçar a tese do contragolpe.




No caso de Getúlio Vargas, a pá de cá foi quando seus parentes, junto com Gregório Fortunato, planejaram o atentado da Rua Toneleros.

No episódio Jango, criou-se o clima de perda de controle da economia e de ameaça da tal república sindical. A pressão do cunhado Leonel Brizola o levou a um esboço de enfrentamento em condições de desigualdade. O mesmo ocorreu com Collor. Apenas reforçaram o golpe.

Depois, há a necessidade de um Congresso e um Supremo que endossem o golpe.

Contra Vargas, a conspiração contou com Café Filho; contra Jango, Auro de Mora Andrade e Ranieri Mazilli. A intervenção militar foi um acidente não previsto pelos conspiradores. Daí se entende a condenação de próceres do PSDB a esse chamamento à caserna. O golpe precisa ser civil.

Contra Collor, Ulisses, o PT e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) nacional dando uma suposta legitimação legal.
O quadro atual

Já estão em marchas os seguintes passos:

Ponto 1 – O clima de exacerbação.

A campanha sistemática da mídia contra a corrupção e o tal bolivarismo surtiu efeito na exacerbação da opinião pública. Seus ecos no centro expandido de São Paulo, nas associações empresariais, nos clubes sociais lembram em tudo o ambiente descrito por René Dreiffus em seu livro sobre o golpe de 64.

Ponto 2 – A manipulação da Lava Jato.

A capa de Veja - com informação falsa sobre declarações de Alberto Yousseff - é comprovante de que haverá farto uso político da operação Lava-Jato, com vazamento seletivo de informações e a disseminação de boatos.

Ponto 3 – A intimidação do STF.

A entrevista de Gilmar Mendes à Folha, falando em “bolivarização” do STF é o primeiro ensaio de uma nova rodada de intimidação do Judiciário, especialmente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Procurador Geral da República. Outras publicações já ousam pressões sobre Teori Savazki. A mitificação do juiz Sérgio Moro será utilizada, mais adiante, para um eventual enfrentamento com o legalismo do Supremo.

Juntando os pontos – A estratégia do impeachment.

É praticamente impossível que Dilma tenha participado ou compactuado com qualquer irregularidade. A Lava Jato provavelmente atingirá todo o mundo político. O doleiro Alberto Yousseff operava para todos os partidos. Mas, com o clima exacerbado, acreditar-se-á que em se plantando, qualquer factoide dá – como comprova a tentativa de Veja. Mas para isso há de se contar com um Supremo e um PGR intimidados pelo alarido da mídia.
Definindo a estratégia

Uma estratégia legalista de combate ao golpe terá que partir de uma análise detalhada das principais peças do jogo.
1. Mercado da opinião pública

Grosso modo, pode ser dividido em dois sub-mercados: o mercado do establishment e o mercado dos novos incluídos.


Simplificadamente, compõem o mercado do establishment o Poder Judiciário, estamento militar, Ministério Público, classe empresarial e classe média em geral. É um mercado amplamente influenciado pelos grupos de mídia, com valores e sentimentos em comum. No momento, o sentimento mais intenso a perpassar todos os grupos é o antipetismo.

Já o mercado dos novos incluídos é composto por movimentos populares tradicionais, como sindicatos e velhos partidos de esquerda, movimentos sociais mais antigos, até movimentos mais recentes de inclusão. Em outros tempos, era um mercado em que as informações chegavam apenas pelos sindicatos, Igrejas e assembleias. Hoje em dia, é majoritariamente digital. Mas obviamente não é hegemônico nem no digital.

Em todos grandes movimentos de inclusão da história – dos Estados Unidos do século 19 ao Brasil atual – esse paradoxo deflagra as crises políticas: o mercado dos incluídos têm o voto; o mercado do establishment, o poder.

Há um meio campo relevante no mercado do establishment, formado por personalidades públicas defensoras do legalismo, das responsabilidades sociais do Estado e contrárias à radicalização e aos golpes de Estado. É a chamada elite esclarecida, espécie meio rara em países politicamente anacrônicos.

O embate contra tentativas de impeachment têm que ocorrer no mercado de opinião do establishment, buscando-se aliança com vozes legalistas..

Qualquer reação de militâncias apenas ampliará os efeitos da retórica da bolivarização.
2. Os personagens da nova aventura

O jogo fica mais nítido quando se coloca a lupa sobre os principais personagens do mercado do establishment.

Há dois grupos de personagens.

No primeiro grupo, os inimigos irreconciliáveis do governo: PSDB e grupos de mídia, conforme se mostrará a seguir.

No segundo grupo, os personagens que serão disputados e decidirão o jogo do impeachment: sistema judiciário (STF e PGR), o Congresso, setores influentes do establishment, como juristas, lderanças empresariais, vozes influentes da sociedade civil.
O PSDB

O PSDB não conseguiu definir um projeto alternativo de poder. Seu discurso é exclusivamente antilulista.

O Instituto Teotônio Vilella não tem peso, os intelectuais tucanos ou desistiram do partido ou desistiram de pensar o novo e aderiram ao jogo de intolerância dos grupos de mídia. Até agora não há uma força visível no partido capaz de promover o aggiornamento necessário para torná-lo um partido efetivo, com propostas claras que não sejam meramente o exercício do anti.

A estreia triunfal de Aécio no Senado, na primeira sessão pós-eleições, comprova que a única maneira de ele preservar a visibilidade e o cacife acumulado nas eleições será através de eventos triunfalistas sucessivos. E só consegue na guerra e na aliança com os grupos de mídia. A submersão de José Serra é sintomático de que, no PSDB, já houve uma divisão racional dos trabalhos.

Essas circunstâncias colocam o PSDB inevitavelmente na aposta do impeachment – sem Forças Armadas, é claro.
Grupos de mídia

No período Vargas – anos 40 e primeiro governo até a queda de Jango-, o que mais acirrou os grupos tradicionais foram as tentativas de Getúlio de mobilizar empresários aliados a entrarem no setor.

No governo Jango, a imprensa radicalizou os ataques depois que novos grupos tentaram entrar no mercado de mídia, os Wallace Simonsen, na TV Excelsior, Santos Vahlis (um empresário venezuelano, que atuava no ramo imobiliário, ligado a Leonel Brizola) que tentou adquirir um jornal no Rio

Na redemocratização, teve início a era das TVs a cabo e do UHF. Através de Antônio Carlos Magalhães, Sarney negociou com vários grupos de mídia, que receberam concessões ou listas telefônicas. Já Fernando Collor não cedeu a nenhum dos pedidos e ameaçou montar sua própria rede, através da CNT dos irmãos Martinez.

Um chegou ao final do mandato, o outro, não.

Agora, com a Internet, a cada dia que passa a TV aberta perde relevância. A mídia impressa caminha para o fim antes que alguns dos grupos consigam fincar estaca no novo mercado.

Mantidas as condições atuais de temperatura, com o mercado publicitário rompendo a cartelização e caminhando para a Internet, a resultante é a seguinte:

Estadão (com exceção da Agência Estado) e Editora Abril perderam o bonde – o que explica a aposta do “tudo ou nada” de Fábio Barbosa à frente da Veja.

A Globo continuará um grupo poderoso, mas não voltará mais a ter o poder absoluto da era pré-Internet.

A Folha foi salva pela UOL. Mas não prescinde da influência política do jornal para competir com grupos internacionais muito mais poderosos no setor de serviços de Internet.

As demais TVs abertas não conseguiram expressão. Morrerão lentamente, junto com a TV aberta.

Em crise, os grupos de mídia terão que conviver com o avanço avassalador da Internet, com grupos de fora invadindo a área e com as propostas de regulação de mídia que se tornaram inevitáveis em todos os países desenvolvidos. O Google já é o segundo faturamento publicitário do país sem produzir uma só notícia.

Esta é a razão principal para não poderem aceitar qualquer armistício político. Ou conquistam o poder e tentam colocar o país remando para trás, ou serão varridos do mapa pelos ventos da modernidade.
Poder Judiciário

Há um evidente mal-estar do sistema judiciário – incluindo a corporação do Ministério Público Federal - com o PT e com Dilma. E o fator Paulo Roberto Costa ampliou essa resistência e ampliará ainda mais à medida que os depoimentos forem vazados para a mídia e tenha início o julgamento.

Se, de um lado, a Operação Lava-Jato tem um potencial explosivo muito maior que a AP 470, por outro lado tem-se um STF e uma PGR mais legalistas e capacitados para enfrentar as investidas da mídia. E uma OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que livrou-se da politização rasteira do antigo presidente.

O Ministro Gilmar Mendes sempre exerceu a liderança de fato no STF devido ao seu conhecimento jurídico, malícia política e a uma agressividade sem limites.

A entrada de Teori Savaski e Luís Roberto Barroso inverteu esse jogo. Agora há uma nova correlação que fortalece o papel legalista de Ricardo Lewandowski e devolve o equilíbrio a Celso de Mello.

Os próprios abusos da mídia contra Ricardo Levandowski e, depois, contra Celso de Mello, os exageros persecutórios de Joaquim Barbosa provocaram críticas intensas no meio jurídico e geraram anticorpos, com as manifestações de juristas de todas as linhas que, no pós-mensalão, saíram em defesa das garantias individuais – de Celso Antônio Bandeira de Mello a Yves Gandra da Silva Martins e Cláudio Lembo.

Além disso, saiu um PGR totalmente submisso ao clamor da mídia e entrou outro que tem mostrado (até agora) maior capacidade profissional, sem embarcar no oficialismo mas sem ceder às pressões da mídia.

Finalmente, pela repetição reiterada, há um desgaste do padrão Gilmar-mídia de influir no jogo:

1. Gilmar Mendes criava um factoide – tipo “grampo no STF”, “grampo sem áudio”, conversa com Lula.

2. Os grupos de mídia reverberavam e geravam o clamor das turbas.

3. O clamor era utilizado como instrumento para Gilmar impressionar os colegas crédulos (como Celso de Mello) e pressionar os recalcitrantes.

Dificilmente os grupos de mídia terão a desenvoltura de atacar Ministros, como fizeram no mensalão. Mas as sementes plantadas contra o PT floresceram. E as bombas do Lava Jato são de um potencial imprevisível.
Meio empresarial

A ideia de que o meio empresarial conspira não é totalmente verdadeira.

Grandes grupos que negociam com o Estado compõem com o governo de plantão. Entram na conspiração apenas quando pressentem a queda iminente do governante. Os demais querem apenas um ambiente de negócios favorável e previsível.
Congresso e partidos políticos

Não é difícil compor maioria no Congresso. Mas o trabalho atual será dificultado pelas restrições orçamentárias, pela pulverização partidária e também pelo fator Eduardo Cunha, o deputado alvo de cinco inquéritos por corrupção que conseguiu fincar suas bases na parte mais podre da Câmara. Cunha é o retrato acabado da hipocrisia moralista dos grupos de mídia.
O xadrez político
A estratégia em 2013

Em fins de 2012, com o STF dominado circunstancialmente pelo grupos dos cinco, e a PGR sob o comando dúbio, montei o seguinte xadrez para o jogo político futuro.


A estratégia do golpe consistiria na escandalização, insuflando o clamor da mídia com cobertura intensiva do julgamento e pressionando Congresso e Judiciário. Àquela altura o STF estava dominado pelo pacto circunstancial dos cinco Ministros – Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Marco Aurélio de Mello e Celso de Mello.

Sugeriam-se as seguintes estratégias para esvaziar a tentativa:
Indicação de Ministros técnicos e legalistas para o STF e de um procurador de peso para a PGR.
Mudanças na Secretaria de Relações Institucionais, aprimorando as relações com o Congresso Nacional.
Precaução com os escândalos, especialmente com os super-financiamentos concedidos pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), grande fator de desgaste junto ao empresariado paulista.
Melhoria da gestão da economia e mudança da centralização de Dilma. Aprimoramento da gestão do PAC, do pré-sal e da qualificação do Ministério como um todo.
Preocupação com crescimento do PIB e inflação.

Na época, havia diferenças em relação ao momento atual:

o O quadro econômico não era tão ruim.

o O STF estava muito mais infenso a pressões dos grupos de mídia.

o O RDC (Regime Direto de Contratação) parecia ser fonte de problemas. Não foi. Assim como a Lei dos Portos.
A estratégia em 2015
Condicionantes atuais

Juntando-se as peças já analisadas, o quadro fica assim:

1.A Operação Lava-Jato tem potencial explosivo maior que a AP 470. Seus desdobramentos são imprevisíveis.

2.A radicalização dos últimos anos ampliou a capacidade dos grupos de mídia de insuflar o clamor da opinião pública.

3.O país enfrenta problemas na área econômica, com reflexos próximos sobre o emprego e as despesas sociais.

4.Haverá um Congresso mais hostil pela pulverização partidária, um orçamento mais apertado para atender às demandas políticas e os escândalos dos últimos anos tornam extremamente desgastantes os acordos políticos fundados em loteamento de cargos.

5.A disputa se dará entre o governo Dilma de um lado, PSDB e grupos de mídia de outro, os dois lados disputando os demais atores – empresários, políticos, classe média, intelectuais, movimentos sociais.
Juntando as peças

Em cima desses dados, o desafio é montar o jogo de xadrez analisando características de cada personagem, a dinâmica da ofensiva pró-impeachment e as estratégias defensivas.

Reversão de expectativas

Há uma estratégia de fundo, que consiste em reverter o atual quadro de expectativas do establishment. Sem expectativas favoráveis, a política econômica não decola. Sem crescimento, não haverá como reduzir a pressão dos empresários, fortalecer a aliança com os movimentos sociais, negociar com o Congresso e consolidar o segundo tempo.

Uma política econômica bem conduzida não trará frutos em menos de dois anos. Essa transição exigirá um Ministério de alto nível fazendo a mediação com a sociedade, e monitorando didaticamente a travessia.

A opinião pública terá que entender adequadamente o processo de recuperação da economia, os passos que estão dados e a maneira como irão se refletir no médio prazo.

Há que de colocar pessoas de nível na Fazenda, Tesouro e Banco Central e trabalhar rapidamente – ouvindo todos os setores – os pontos de estrangulamento dos investimentos públicos.

Mas é condição necessária uma forte atuação política de Dilma que crie expectativas favoráveis para a implantação do plano econômico. A revitalização do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) e a renovação dos madatos dos conselheiros poderá ser um bom momento para essa reaproximação com a sociedade civil.
Novo Ministério

No final da eleição, Dilma declarou que momentos de crise são aqueles mais propensos a grandes mudanças. Têm toda razão.

Por isso mesmo, na hora de definir seu Ministério terá que considerar que o Ministro escolhido será seu representante junto ao segmento econômico-social trabalhado pelo Ministério. E a adesão desses segmentos a um projeto de governo dependerá fundamentalmente da capacidade de criar canais de participação.
Jogo da informação

Até hoje, o governo Dilma foi inerte no mercado de mídia.

Não desenvolveu uma estratégia coordenada de contrainformação. Abandonou projetos de montar rede social interna do governo que permitisse articular o sistema de informações dos diversos Ministérios.

Permitiu a proliferação de práticas odiosas da Fazenda e Banco Central, de sonegar informação a veículos que não sejam da velha mídia. Quando perderam o apoio dos grupos de mídia, ficaram pendurados na broxa.

Depois de conhecido o resultado das urnas, seu primeiro gesto foi conceder entrevista às três redes de televisão.

Criou o terreno ideal para alimentar os inimigos: os grupos de mídia não têm nada a ganhar com Dilma (que não faz negócios) mas também não têm nada a perder.
Poder Judiciário

Mais do que nunca, há a necessidade de interlocutores do Palácio com o sistema judiciário.

Tem que ser um jurista de alta estirpe, legalista até a medula, acatado pelo Supremo e pelo Ministério Público Federal, com influência sobre as cabeças liberais da opinião pública e liderança sobre a Polícia Federal, com capacidade para dialogar com o mundo político e jurídico e experiência suficiente para entender e monitorar o jogo de contrainformações que já brota da Operação Lava Jato.
Opinião pública

O combate radical à corrupção terá que ser peça central do segundo governo Dilma. Tem que tomar medidas expressas que convençam a opinião pública da blindagem definitiva das estatais e dos Ministérios e a definição de novas regras de aliança partidária.

Choque de gestão

É isso.
Quebrar o estado, não investir em saúde, não pagar o piso constitucional aos professores, deixar os rios secarem, elevar a dívida pública à estratosfera e distribuir "lucros" aos acionistas privados das empresas estatais. Mais até do que o permitido por lei.
E multiplicar os gastos com propaganda para dizer que faz o que não faz e dar muito dinheiro para a imprensa amiga, que prega a eficiência do Estado, mas depende do dinheiro público para sobreviver.
É o que o governador eleito Fernando Pimentel está herdando.



Do jornal GGN.
Cemig ultrapassa teto de distribuição de lucros
ter, 11/11/2014 - 17:30
Tatiane Correia

Jornal GGN - A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) oficializou na última sexta-feira a decisão de pagar dividendos extraordinários aos investidores no valor de R$ 1,1 bilhão, o que corresponde a R$ 0,874208588 por ação.
Segundo comunicado divulgado ao mercado, o valor a ser pago será retirado da reserva de lucros Estatutária. O crédito será feito aos acionistas no dia 19 de dezembro, e terão direito todos os titulares de ações constantes do livro de registro de ações nominativas em 7 de novembro, e os papéis estão sendo negociados ex-direitos desde o dia 10 de novembro.
O que poderia ser um evento normal de mercado acabou tomando outras proporções diante dos questionamentos efetuados pelo Sindicato dos Eletricitários de Minas (Sindieletro-MG). "Somando o repasse extra com os dividendos já distribuídos em 2014, a Cemig repassará R$ 3,35 bilhões de dividendos, o que, em termos percentuais, representa a transferência de 108,2% do lucro obtido pela estatal no ano passado (veja gráfico abaixo)", diz a entidade, em comunicado, ressaltando que a estatal está entrando com recurso no Tribunal Superior do Trabalho (TST) para adiar o pagamento de 3% de aumento real que a Justiça garantiu para os trabalhadores.
Em entrevista ao Jornal GGN, o diretor do Sindieletro-MG, Jefferson Leandro, explica que este não é o primeiro ano em que o valor encaminhado aos investidores supera os 100% do lucro apurado. “A gente vem denunciando isso desde o início do governo Aécio Neves. No governo Itamar Franco o estatuto foi cumprido, uma vez que o limite mínimo seria de 25% e era isso que o Itamar repassava. Quando Aécio entrou, o valor de repasse chegou a 50%, mas existe uma amarração no acordo dos acionistas que acaba permitindo que isso aconteça. Acionamos o Ministério Público e não conseguimos efetivamente uma redução desse repasse aos acionistas”.
A íntegra.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Gandarela, ambiente e no que PT e PSDB são iguais

Ambos desconsideram o meio ambiente.
Dilma cria parque, mas deixa de fora dele o mais importante e autoriza a mineração que vai destruí-lo.
O "desenvolvimento" é prioridade, para o PT, como para o PSDB.
Desenvolvimento é o outro nome do capital, cujos interesses prevalecem, sempre.
A mineração e as divisas que proporciona são mais importantes do que o ambiente, as espécies animais, a vegetação, as nascentes, a água.
A consequência é a seca, que está aí nos "castigando".
Nem assim o governo entende a importância de pôr a conservação e a recuperação do ambiente acima de todos os outros interesses.

Sendo verdadeira a queixa -- e não tenho motivo pra duvidar --, o absurdo é tanto que provoca desânimo e revolta. 

Do movimento Águas do Gandarela.
Gandarela Informa 29out2014

Parque Nacional foi criado no dia 13/10/2014, mas não protege serra e águas do Gandarela


decreto inicio

O Parque Nacional da Serra do Gandarela, pedido pela sociedade e em estudos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) desde 2009, foi criado pela Presidência da República, com área de 31 mil hectares, conforme publicação no Diário Oficial da União (DOU) de 14 de outubro de 2014.
Deveria ser motivo para grande comemoração mas, infelizmente, não temos muito a festejar já que os limites da nova Unidade de Conservação federal, tão sonhada e batalhada por muitos, foram profundamente alterados.
Não respeitaram todo o processo de criação, as consultas públicas realizadas em 2012 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), os objetivos de conservação e as demandas de comunidades locais. Esperamos que o governo federal reverta este fato!
Convocamos a todos a multiplicar estas informações para garantir a criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela e da Reserva de Desenvolvimento Sustentável com os limites adequados.
Veja abaixo o mapa do Parque Nacional criado.

Singularidades x Dec out 2014jpg  4


Conheça os motivos para não comemorar.



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Clique aqui e saiba mais sobre os limites do Parque Nacional e o que significam.

Aquífero: do Latim "aqua" + "ferre”

Clique aqui e assista a um vídeo sobre a importância da Serra do Gandarela.

Criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela perdeu chance de ser modelo

Artigo de João Madeira, biólogo e doutor em Ecologia, que trabalha como analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e atuou desde o início no processo de criação do Parque Nacional. Clique aqui para ler.

Carta aberta à Presidente Dilma
Diante do fato do Parque Nacional da Serra do Gandarela ter sido criado pela Presidente Dilma com graves situações nos seus limites, que aconteceu ao mesmo tempo em que novos minerodutos são pretendidos em Minas Gerais, cuja licença compete ao governo federal, o Comitê Mineiro em Defesa dos Territórios Frente à Mineração tomou a iniciativa de uma petição à Presidente.

arte abaixo assinado 3nov2014
Colabore com duas importantes causas ligadas à água. 
Clique aqui e assine a petição.