sábado, 23 de maio de 2020

Os melhores livros que eu li

De ficção. Cada um no seu tempo. (Sujeito a acréscimos.)



1-Cazuza, de Viriato Correia  

2-Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos 

3-Memórias da Emília, de Monteiro Lobato 

4-Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas 

5-Romeu e Julieta, de William Shakespeare 

6-Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Johann Wolfgang von Goethe 

7-O Vermelho e o Negro, de Stendhal 

8-O Encontro Marcado, de Fernando Sabino 

9-Tônio Kroeger, de Thomas Mann 

10-Retrato do Artista quando Jovem, de James Joyce 

11-Insônia, de Graciliano Ramos 

12-A Peste, de Albert Camus 

13-O Jogador, Fiódor Dostoiévski 

14-A Náusea, de Jean Paul Sartre  

15-Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski 

16-Pais e Filhos, de Ivan Turgueniev 

17-A Montanha Mágica, de Thomas Mann

18-Os Irmãos Karamázov, de Fiódor Dostoiévski 

19-Michael Kohlhass, de Heinrich von Kleist   

20-A Volta para Marilda, de Osvaldo França Júnior 

21-Histórias Extraordinárias, de Edgar Allan Poe

22-O Caso dos Dez Negrinhos, de Agatha Christie

23-Os Novos, de Luís Vilela

24-Jorge, um Brasileiro, de Osvaldo França Júnior

25-Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa 

26-Hadji Murat, de Leon Tolstoi

27-A Morte de Ivan Ilitch, de Leon Tolstoi

28-O Homem que Amava os Cachorros, de Leonardo Padura

29-O Nome da Rosa, de Umberto Eco.

Os melhores livros de não ficção

Que eu li.



1-A sociedade aberta e seus inimigos, de Karl Popper
2-Sapiens, de Yuval Noah Harari
3-Discurso do método, de René Descartes
4-O capital, de Karl Marx
5-O mito de Sísifo, de Albert Camus
6-O castelo de Axel, de Edmund Wilson
7-Getúlio, de Lira Neto
8-O julgamento de Sócrates, de I. F. Stone
9-Minha vida, de Leon Trotski
10-O afeto que se encerra, de Paulo Francis
11-Pensamentos, de Pascal
12-Ética para meu filho, de Fernando Savater
13-Era dos extremos, de Eric Hobsbawm
14-Chega de saudade, de Rui Castro
15-Chatô, o rei do Brasil, de Fernando Morais
16-Filosofia da ciência, de Rubem Alves
17-O Brasil no mundo, de Paulo Francis
18-Minha razão de viver, de Samuel Wainer
19-Medicina natural ao alcance de todos, de Manuel Lezaeta Acharán
20-M, o Filho do Século, de Antonio Scurati
21-Rumo à Estação Finlândia, de Edmund Wilson 22-Quando coisas ruins acontecem às pessoas boas, de Harold Kushner.


terça-feira, 19 de maio de 2020

Não é mais a hidroxicloroquina?

A prioridade agora é mudar o código de trânsito. Um maluco dirigindo na contramão em alta velocidade. Um presidente contra o Brasil e os brasileiros. Seu método é nos distrair enquanto seus amigos tomam conta do país -- triplicando o desmatamento da Amazônia, por exemplo. Ou o tiramos antes, ou não sobrarão brasileiros nem Brasil no fim da pandemia.

Flexibilização do Código de Trânsito é prioridade máxima para Bolsonaro

Por Lauriberto Pompeu, Congresso em foco 19/5/20

O governo federal enviou para líderes de partidos do Centrão uma lista de projetos considerados prioritários para serem votados em maio e junho (veja a íntegra). A relação difere das matérias que vêm sendo consideradas mais importantes pelo Ministério da Economia. Na área econômica, Bolsonaro incluiu entre as prioridades a medida provisória do salário mínimo, a autonomia ao Banco Central e a nova Lei de Falências.

Para o presidente, no entanto, o projeto mais urgente é o que altera o Código de Trânsito Brasileiro. O texto aumenta a validade da carteira de motorista de cinco para dez anos e amplia de 20 para 40 pontos o limite para a suspensão da habilitação.

Clique aqui para ler a íntegra no Congresso em Foco.

sábado, 9 de maio de 2020

Para onde vai o dinheiro da publicidade do governo

Antigamente (antes da internet), a verba publicitária do governo federal (e outros governos) ia para as famílias que dominam a comunicação no Brasil, por meio da Globo, Abril, Folha, Estadão, Associados, Band, SBT, Record etc. Pra que mesmo que governos têm de gastar com publicidade? Ninguém nunca soube responder.
A resposta é que não têm de gastar, fazem isso para enriquecer as tais famílias e em troca contar com a simpatia dos seus veículos. Simples assim.
A mais importante informação que nos foi deixada por Roberto Marinho é: "O Globo não é importante pelo que publica, mas pelo que deixa de publicar".
Todos os veículos de comunicação no capitalismo são balcões de negócios -- pequenos com o público em geral, grandes com os poderosos. Embora alguns busquem se equilibrar também na ética, no compromisso com o leitor, porque, afinal, credibilidade é o maior bem que um veículo pode ter -- inclusive para cobrar caro pelo que não publica. Roberto Marinho ganhou muito dinheiro e construiu um império.
Com a internet, os velhos impérios da comunicação começaram a ruir e novos se formaram, basicamente Google e Facebook, que não são impérios nacionais como Globo etc., mas internacionais.
A ótima reportagem da Patrícia Campos Melo nos informa que Gg fica com 20 a 40% da publicidade que recebe. 20 a 40% do bolo global da publicidade é muito, mas muito dinheiro. E Gg, ao contrário dos veículos de comunicação tradicionais, não produz nada! O restante da bolada é distribuída de forma extremamente pulverizada entre os chamados "produtores de conteúdo".
E aí chegamos ao principal: o governo do capitão distribui o dinheiro público da publicidade oficial para canais de criminosos, como saites de feique nius e um canal de jogo do bicho. E até para um saite russo. Além de canais de promoção pessoal do presidente. E para quê? Para que a população pensasse que era boa e necessária a reforma da previdência que praticamente acabou com a aposentadoria dos pobres, mas poupou os militares e outras castas privilegiadas. 
Financiar criminosos é crime.
Essa é a marca desse governo, a conexão com todos os tipos de criminosos, sejam desmatadores, fabricantes de agrotóxicos, infratores do trânsito, feminicidas, milicianos mafiosos, traficantes, banqueiros, fabricantes de feique nius, falsos pastores, armamentistas, inimigos da democracia ou bicheiros.
Isso é uma constatação, é o que nos mostram o noticiário e o comportamento do presidente, dia após dia. Não tem uma ação do governo que seja em benefício do Brasil, que não seja para pôr o Estado a serviço de criminosos.
Na defesa dos seus, o presidente se esquece até da maioria que votou nele, e que até hoje não recebeu nada desse governo, só perdeu.  


Verba publicitária de Bolsonaro irrigou sites de jogos de azar e de fake news na reforma da Previdência 

Patrícia Campos Mello, Folha de S. Paulo, 9/5/20

O governo de Jair Bolsonaro veiculou publicidade sobre a reforma da Previdência em sites de fake news, de jogo do bicho, infantis, em russo e em canal do YouTube que promove o presidente da República.
As informações constam de planilhas enviadas pela Secom (Secretaria Especial de Comunicação da Presidência) por determinação da CGU (Controladoria-Geral da União), a partir de um pedido por meio do Serviço de Informação ao Cidadão.
A Secom contrata agências de publicidade que compram espaços por meio do GoogleAdsense para veicular campanhas em sites, canais do YouTube e aplicativos para celular.
Neste sábado (9/5), após a publicação desta reportagem, o senador Alessandro Vieira, a bancada do Cidadania e senadores do grupo chamado Muda Senado decidiram entrar com representação por improbidade contra a Secom. O grupo decidiu ainda apresentar pedido de convocação do secretário Fábio Wajngarten (Comunicação) para esclarecimentos.
Segundo as planilhas da Secom, disponíveis no site de Acesso à Informação do governo federal, dos 20 canais de YouTube que mais veicularam impressões (anúncios) da campanha da Nova Previdência no período reportado, 14 são primordialmente destinados ao público infantojuvenil, como o canal Turma da Mônica e Planeta Gêmeas.
Um dos canais de YouTube que mais receberam anúncios, segundo a Secom, é o Get Movies, que não só é destinado ao público infantil mas tem 100% do seu conteúdo em russo. “O destino no YouTube para russos que querem assistir a desenhos animados e outros tipos de programa para a família", diz a descrição do canal que recebeu 101.532 anúncios, segundo a tabela.
Em 11 de novembro de 2019, foi pedido à Secom, por meio do Serviço de Informação ao Cidadão, um relatório de canais nos quais os anúncios do governo federal contratados por meio da plataforma Google Ads foram exibidos, para o período de 1º de janeiro a 10 de novembro de 2019.
A Secom negou duas vezes o pedido. Após recursos, a CGU determinou em fevereiro que a Secom deveria disponibilizar o relatório pedido no prazo de 60 dias contados da notificação da decisão.
A resposta da Secom só foi encaminhada ao site em 17 de abril deste ano, mais de cinco meses após o pedido inicial. No entanto, as planilhas enviadas abrangem apenas o período de 6 de junho a 13 de julho de 2019 e 11 a 21 de agosto de 2019.
As planilhas devem ser encaminhadas à CPMI das Fake News nos próximos dias. Os documentos não especificam o total gasto pela Secom com os anúncios. Em maio de 2019, a secretaria anunciou que gastaria R$ 37 milhões em inserções publicitárias sobre a reforma da Previdência, em televisão, internet, jornais, rádio, mídias sociais e painéis em aeroportos.
Outra publicação que recebeu uma quantidade considerável de anúncios com dinheiro público foi um site com resultados do jogo do bicho. O resultadosdobichotemporeal.com.br recebeu 319.082 anúncios, segundo a planilha enviada pela Secom. O jogo do bicho é ilegal no Brasil.
Sites de fake news também receberam muitos cliques — e verba — de anúncios do governo. Um dos campeões, com 66.431 anúncios, foi o Sempre Questione.
Na página inicial deste site, nesta sexta (8/5), havia notícias como “Ovni é flagrado sobrevoando Croata, interior do Ceará, e aterroriza moradores” e “Kiko do Chaves diz que coronavírus é farsa de Bill Gates e da Maçonaria”.
A campanha também foi veiculada em sites que disseminam desinformação, como o Diário do Brasil (36.551 anúncios).
A Secom relata nas planilhas gastos com anúncios veiculados em sites e canais que promovem o presidente Jair Bolsonaro. No Bolsonaro TV – que se descreve como “canal dedicado em apoiar o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro” – houve 5.067 impressões, segundo a planilha.

Clique aqui para ler a íntegra da reportagem.


E as castas se locupletam, como sempre

Há alguma dias, o ministro Guedes deu R$ 1 trilhão e 200 bilhões para os bancos. Agora procuradores se dão também uma "ajuda". Afora o que a gente não sabe. Tudo para "combater" a covid-19. É assim o Brasil, as castas superiores ganham em qualquer situação. Para ajudar o povo desempregado o dinheirinho custa a sair, obriga a filas, mas as castas recebem imediatamente, sem polêmica. 

Procuradores do Mato Grosso ganham R$ 1.000 em “bônus covid” 
Joana Diniz, Poder360, 7/5/20
O Ministério Público do Estado Mato Grosso (MPMT) instituiu 1 “bônus covid” de até R$ 1.000 para procuradores, promotores e servidores usarem em gastos de saúde durante a pandemia de coronavírus. O ato administrativo foi editado na 2ª feira (4.mai.2020) e assinado por José Antônio Borges Pereira, procurador-geral de Justiça do Estado.
"Farão jus à ajuda de custo para despesas com saúde os membros e servidores, efetivos e comissionados, ativos do quadro de pessoal do Ministério Público do Estado de Mato Grosso”, diz o documento. A medida pode beneficiar 1.111 pessoas e ter 1 custo de R$ 680 mil por mês.
Clique aqui para ler a íntegra da matéria. 


Enquanto o presidente faz seu show, pandemia e desmatamento aumentam

Desmatamento na Amazônia salta 64% em abril, diz Inpe 
Poder 360, 9/5/20 
O desmatamento na Floresta Amazônica – maior floresta tropical do mundo – cresceu 64% em abril em comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados na 6ª feira (9/5/20) pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Segundo o órgão, o salto tem relação com as restrições provocadas pela pandemia da covid-19, que acabou tirando ambientais ficam do campo, o que fragiliza a fiscalização.
Clique aqui para ler a íntegra da matéria. 

Brasil pode se tornar recordista mundial de vítimas do coronavírus, diz consultoria americana
Carta Capital, 9/5/20
O Brasil pode se tornar o país mias atingido pela covid-19 no mundo. Foi o que mostrou um estudo realizado pela consultoria americana Kearney, que trabalha com cenários há mais de 80 anos e está presente em mais de 40 países. Para a empresa, a flexibilização de medidas de isolamento social e a falta de ações que ampliem urgentemente a estrutura de saúde poderão fazer com que o Brasil se torne o recordista mundial de vítimas da doença.
As projeções mostram que, em um cenário mais pessimista, o Brasil chegará a cerca de 295 mil mortos até 20 de dezembro. Em um cenário intermediário esse número poderá chegar a 78 mil vítimas e, na melhor das hipóteses, na qual o país respeitará as medidas de isolamento social, podemos chegar a 28 mil vítimas.
Nesta sexta-feira 8/5, o país bateu mais um recorde de mortes pela covid-19. Foram contabilizados, em apenas 24 horas, 751 mortes, totalizando 9.897 óbitos causados pela doença.
Clique aqui para ler a íntegra da matéria.


Um governo da bagunça

Três dias antes de mais uma manifestação que pretende fechar o STF e o Congresso, cujos líderes são fanáticos seguidores do presidente e dizem que um comboio com militares da reserva está a caminho de Brasília, o presidente marcha sobre o tribunal acompanhado de ministros e dezenas de empresários, para pressionar pelo fim do isolamento social. E marca churrasco para a véspera. Dá maus exemplos e incentiva o desrespeito às leis e à Constituição, como sempre.
O capitão não governa, ele dá xous, debocha, provoca, diz e desdiz, faz e desfaz, usa de tudo para chamar atenção e manter seus seguidores fanáticos sempre mobilizados, enquanto bandidos tomam conta do país e a pandemia mata milhares. Não tem o menor compromisso com o Brasil.
A cena que acompanhamos na quinta-feira é absurda. O STF é um tribunal, última instância para decisões principalmente constitucionais. Mas se meteu a fazer política e é o que se vê. Se seu presidente tivesse um mínimo de dignidade, poria o capitão e seus fanáticos para fora a vassouradas. É o que aconteceria nos EUA, por exemplo. Mas lá nem Trump se mete a fazer o que o capitão fez.
Se o presidente do Supremo Tribunal Federal não entende o que está acontecendo e recebe o presidente e sua turma, como é que os cidadãos comuns podem entender?
Falta educação política aos brasileiros e, temos de reconhecer, 13 anos de governos do Partido dos Trabalhadores não ajudaram em nada. Quando veio o golpe, não houve reação. Não digo reação para defender a presidenta incapaz ou ex-presidente caudilho, mas o próprio povo, o voto da maioria, o direito constitucional de o povo escolher seus governantes, a democracia, enfim.
Agora vemos cenas absurdas como essa. A cada ato tresloucado do presidente, cada vez mais agressivo, todos ficam com medo de que em seguida venha um golpe militar, um "AI-5", uma ditadura, mas é preciso? O que o capitão já fez nesse ano e quatro meses de destruição do Brasil e dos brasileiros já contém os horrores de um governo arbitrário. Um governo da bagunça.

Crédito da foto: Sérgio Lima / Poder 360.
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Toffoli equilibra colaboracionismo e ação cirúrgica contra Bolsonaro 
André Barrocal, Carta Capital, 9/5/20
A passagem de Dias Toffoli pelo comando do Supremo Tribunal Federal (STF) termina em setembro e será marcada pela inédita “invasão” da casa pelo presidente da República e empresários. Sua atitude diante da iniciativa de Jair Bolsonaro custou-lhe críticas de bastidores por parte de colega do STF e de estudiosos do tribunal.
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Com empresários e ministros, Bolsonaro visita STF a pé e provoca aglomeração, em compromisso não agendado
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Bolsonaro diz que fará churrasco para “uns 30 convidados” no sábado
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Bolsonaro manda repórter calar a boca e diz que não interferiu na PF
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quarta-feira, 6 de maio de 2020

O homem honrado em outubro de 2019

A Cult acompanhou o ex-ministro passo a passo.

Sérgio Moro Bolsonaro 

Marcelo Semer, juiz de Direito e escritor, mestre em Direito Penal pela USP, doutor em Criminologia pela USP, membro e ex-presidente da Associação Juízes para a Democracia.

“É no porrete ou na cenoura.”

Desavisado, o leitor que ouvisse essas palavras vulgares dirigidas à forma de conter a disciplina carcerária, poderia se lamentar de mais um arroubo do presidente Bolsonaro, exortando a violência, agora contra presos.

Infelizmente, as palavras não eram de Jair.

O ministro Sérgio Moro as proferiu durante palestra no Fórum de Investimentos Brasil, pouco depois de afirmar desconhecer a existência de tortura pela força que mandara ocupar os presídios do Pará.

Na ação de improbidade movida pelo Ministério Público Federal, que levou ao afastamento do comandante da Força-Tarefa, alguns relatos candentes, de que os presos “são obrigados a ficar pelados ou somente de cueca, descalços, molhados, sujos pelas necessidades fisiológicas”; de que estão “apanhando e sendo atingidos por balas de borracha e spray de pimenta, de modo constante”; e de que as detentas “são colocadas em formigueiro, locais com fezes de ratos e sob o chão molhado”, entre outras barbaridades, como a de policiais quebrando dedos dos presos.

A forma grosseira e intimidatória a responder uma denúncia do MPF (a mesma instituição a que Moro atuou como parceiro e coach no processo da Lava Jato), mostrou que de fato alguns limites foram superados pelo ex-juiz.

É exagero dizer que somente agora descobrimos o potencial autoritário de Moro.

A multiplicidade de funções que assumia na Operação Lava Jato, de investigador, acusador e até carcereiro, já era um sinal de desprezo aos limites que dão conta da democracia.

A busca do apoio popular como forma de legitimação dos procedimentos questionáveis e das rigorosas sentenças, calcada no exemplo das Mãos Limpas italiana, que não se cansava de repetir, era outra pista do quociente autoritário. Na contenda atual contra o STF, Moro representa a “vontade popular” em face de um tribunal ferido que se esforça para tentar recuperar seu viés contra majoritário na esfera criminal.

Clique aqui para ler a íntegra na revista Cult.


Um homem honrado

Um texto como os de antigamente. 

Um homem honrado

Márcio Sotelo Felipe, advogado, mestre em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP; foi procurador-geral do estado de São Paulo. 

Sérgio Moro é um homem honrado. Convocou a imprensa para anunciar que deixava o Ministério da Justiça porque o presidente da República queria interferir ilegalmente na Polícia Federal.

Quando juiz da Lava Jato, determinou a quebra do sigilo telefônico de Lula e suspendeu a medida às 11h13 do dia 16 de março de 2016.  Mas às 13h32 do mesmo dia a escuta ainda era feita e captou uma conversa do ex-presidente com a presidenta Dilma Rousseff. Nesse momento, o sigilo telefônico de Lula estava garantido pela Constituição, mas o então juiz remeteu a gravação à Globo e ali terminou, de fato, o mandato da presidenta da República. Mas Sérgio Moro é um homem honrado.

Às 6 da manhã do dia 4 de março de 2016, a Polícia Federal chegou à casa de Lula para conduzi-lo coercitivamente a Curitiba por determinação do juiz Sérgio Moro, que queria um espetáculo público de humilhação do ex-presidente. Os artigos 218 e 260 do Código de Processo Penal somente autorizam a condução coercitiva quando o réu não atende ao chamado para interrogatório ou quando a testemunha, intimada, não comparece. Lula não era réu e nem havia sido intimado. Mas Sérgio Moro é um homem honrado.

Sérgio Moro condenou o candidato à frente nas pesquisas com uma sentença que não tinha qualquer base fática razoável, criticada por juristas de todo mundo, mutilando as eleições presidenciais. Mas Sérgio Moro é um homem honrado.

Quando se descobriu que a Odebrecht fazia doações ocultas ao Instituto Fernando Henrique Cardoso e os procuradores da Lava Jato sugeriram investigar apenas para aparentar isenção, Sérgio Moro impediu com o argumento de que não convinha “melindrar alguém cujo apoio é importante”. Mas Sérgio Moro é um homem honrado.

Sérgio Moro violou os mais triviais deveres de imparcialidade e isenção de um juiz, como soubemos pelas revelações da Vaza Jato. Conspirou com a acusação e a dirigiu em muitos momentos. Mas Sérgio Moro é um homem honrado.

Sérgio Moro confessou que, ao aceitar ser ministro, pediu uma pensão para sua família caso morresse. Artigo 317 do Código Penal: “solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”. Como não se consegue vislumbrar algum motivo para essa vantagem ser devida, somos pelo menos autorizados a cogitar corrupção passiva, exatamente o crime pelo qual condenou Lula. Mas Sérgio Moro é um homem honrado.

Moro quis aprovar um pacote punitivista, com ranço de fascismo, que superlotaria o já bárbaro sistema prisional que abriga quase um milhão de presos. Usou, entre outros argumentos, o de que medidas populares traziam capital político para a reforma da previdência. Mas Sérgio Moro é um homem honrado.

Clique aqui para ler a íntegra na revista Cult.


terça-feira, 5 de maio de 2020

A pandemia e as mudanças climáticas

Na Índia, a cadela do Himalaia ficou visível depois de décadas porque o ar ficou mais limpo. E assim vai, mundo afora, basta a gente olhar a nossa própria cidade. Essa é uma das coisas que a humanidade deve aprender com a pandemia. Agora é questão de vida ou morte, é possível que o vírus tenha vindo para ficar, que outros vírus venham, que nossos hábitos tenham de mudar para sempre. Não é melhor a gente ganhar juízo e fazer um mundo melhor, em vez de prosseguir nessa vida insana de destruição ambiental, desigualdades e violências?
Mas também nisso o Brasil está na contramão: aqui, o desmatamento é o principal problema, e ele aumentou durante a pandemia, porque o governo incentiva os infratores e pune os fiscais do Ibama. 


Como o meio ambiente reage à redução da atividade econômica

Juliana Domingos de Lima, 4/5/20, Nexo

Foto: Vias expressas quase vazias em Los Angeles durante a quarentena, com menos carros e ar limpo. Crédito da foto: Lucy Nicholson / Reuters.

Emissões de gases do efeito estufa apresentam queda e há melhora na qualidade do ar. Mas reflexo sobre mudança climática depende das medidas a serem tomadas pós-pandemia.

A redução da atividade econômica em todo o mundo durante a pandemia do novo coronavírus, decretada em 11 de março pela OMS (Organização Mundial da Saúde), tem impactado o meio ambiente.

Espera-se uma queda de cerca de 5% nas emissões de carbono em 2020, em relação ao ano anterior. Houve melhora na qualidade do ar de grandes cidades — na Índia, a cadeia de montanhas do Himalaia ficou visível a partir de cidades do norte do país pela primeira vez em décadas.

Também foram registradas algumas aparições de animais silvestres em localidades urbanas. Muitas das postagens sobre essa fauna que estaria “tomando conta” das cidades desertas, no entanto, são falsas.

Pesquisadores e ativistas não comemoram esses impactos. “É a pior maneira possível de se vivenciar uma melhora no meio ambiente e mostra o tamanho da tarefa [que temos pela frente]”, disse ao jornal britânico The Guardian o professor da Universidade de Columbia Michael Gerrard, referindo-se ao cenário trágico da pandemia, em que os benefícios ambientais dividem espaço com as mortes e a recessão.

Segundo cientistas, a queda nas emissões provocada pela pandemia ainda está aquém da diminuição que precisa ser mantida ao longo dos próximos anos a fim de evitar um desastre climático. Para a ONU (Organização das Nações Unidas), seria necessária uma redução anual de 7,6% pela próxima década para limitar o aquecimento do planeta e suas consequências.

Também é cedo para dizer se esses efeitos são temporários ou se a atual crise pode ter um impacto mais duradouro no curso da mudança climática. Esse rumo dependerá menos do vírus e mais das decisões políticas que se seguirão à crise sanitária.

Clique aqui para ler a íntegra da reportagem no Nexo.