quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Carlos Dornelles X Globo

Repórter processa a empresa decadente.

Por que o embate entre Carlos Dornelles e a Globo é de grande interesse público 
Paulo Nogueira
Carlos Dornelles é um verbete grande no espaço de memórias do site da Globo. Ali ficamos sabendo que Dornelles, gaúcho de Cachoeira do Sul nascido em 1954, fez muitas coisas na Globo.
Bem, tanta coisa não foi suficiente para que Dornelles não fosse demitido, em 2008. Dornelles, algum tempo antes, tinha manifestado publicamente seu incômodo com a forma como a Globo vinha cobrindo política. Antes de ser mandado embora, passou pelo exílio jornalístico siberiano do Globo Rural, encostado e visto por agricultores sem muito que fazer nos domingos pela manhã.
Tanta coisa, também, não foi suficiente para que Dornelles, a partir de um determinado momento na Globo, desfrutasse dos direitos trabalhistas nacionais. Dornelles foi instado a se tornar, como tantos outros funcionários graduados da Globo, o chamado "PJ" – pessoa jurídica. É uma manobra comum entre as empresas jornalísticas, com raras e caras exceções como a Abril.
Usar PJs é uma gambiarra de discutível legalidade e indiscutível imoralidade. O objetivo é simplesmente não pagar o imposto devido. A empresa simula que o funcionário presta serviços eventuais, e com isso economiza consideravelmente. Dornelles era um PJ ao deixar a Globo, embora isso não esteja em seu verbete.
Para os cofres públicos, a proliferação de PJs é uma calamidade. Falta dinheiro que poderia construir escolas, ou pontes, ou hospitais. Para o empregado, é nocivo. Fundo de garantia, 13º salário, férias etc. simplesmente desaparecem. É bom apenas para os acionistas. 
O que leva uma empresa como a Globo a isso? Falta de dinheiro? Ora, a Globo – por causa de outro expediente de duvidosa ética, os chamados BVs, algo que mantém as agências de publicidade numa virtual dependência da empresa – fica, sozinha, com praticamente metade de toda a receita publicitária brasileira. (Os BVs — bonificações por volume — explicam em boa parte o milagre de a receita publicitária da Globo aumentar no ano em que teve a pior audiência de sua história. De Xuxa a Faustão, do Jornal Nacional ao Fantástico, o Ibope marcha soberbamente para trás.)
Isso, para resumir, significa o seguinte: a Globo teria que ser administrativamente muito inepta para não ser muito lucrativa com tanto faturamento. Por que, então, tornar PJs funcionários como Carlos Dornelles, se não é por sobrevivência? A melhor resposta é: por ganância, associada a um sentimento de impunidade comum em quem tem muito poder de retaliação e intimidação. E esperteza: fazendo este tipo de coisa, a empresa ganha vantagem competitiva sobre as rivais seus custos diminuem. A Abril, que não tem PJs, já foi maior que a Globo. Hoje é algumas vezes menor.
O risco para a empresa é que, em algum momento, em geral na saída, o PJ a processe. Foi o que Dornelles fez. Ele reivindica mais de 1 milhão de reais da Globo na Justiça.
A íntegra.

Derrubaram Pinheirinho?

Uma história incrível de um documentário incrível sobre a história absurda do Pinheirinho. O que o capital é capaz de fazer. O que a internet pode fazer.

Do Diário do Centro do Mundo (de cara nova).
Uma conversa franca com o autor do esplêndido documentário sobre Pinheirinho
Paulo Nogueira
Entrevistamos o jovem documentarista alagoano que deu voz aos sem teto do ajuntamento destruído de São José dos Campos. 1qw Fabiano Amorim O Diário entrevistou Fabiano Amorim, o autor do excepcional documentário sobre a brutal e covarde destruição de Pinheirinho, o assentamento de sem-tetos em São José dos Campos, um ano atrás. A entrevista foi por email e à distância, ele em Alagoas, o Diário em São Paulo.
- O que levou você a fazer o documentário?
- Em janeiro de 2012, estava em casa tranquilo quando vi a notícia de pessoas que estavam se armando de maneira bem improvisada. Vi reportagens relâmpago sobre o assunto. Só entendi que havia pessoas que invadiram um terreno de alguém e que a polícia queria tira-los de lá. 1301-reintegracao-posse_164053 Os moradores de Pinheirinho Aos poucos pela internet fiquei sabendo que elas moravam lá há quase 8 anos, que eram mais de 5000 pessoas e algumas coisas a mais. No dia 22 de janeiro, logo pela manhã, fiquei completamente espantado quando vi que 2000 policiais haviam invadido o Pinheirinho para botar todo mundo para fora. As redes sociais ferviam de postagens sobre o assunto. No site da Globo, que acessava com frequência, havia reportagens muito curtas, que explicavam as coisas de forma muito resumida. O mesmo nos portais de outras emissoras. No youtube é que apareceram as cenas realmente terríveis. Vi cenas absurdas de violência dos policiais, os moradores fugindo de medo. Vi o trabalho do coletivo de comunicadores populares, que em dois dias fizeram muitas entrevistas e fizeram um minidocumentário chamado "Pinheirinho: A verdade não mora ao lado". Me impressionou a capacidade de mobilização das pessoas nesse momento. Fiquei muito triste com tudo aquilo. Passava o dia inteiro procurando pela internet novidades sobre o assunto. Eu não conseguia acreditar que uma barbaridade como aquela havia acontecido. Quando vi as casas dos moradores sendo demolidas com tudo dentro, a minha indignação cresceu muito. Passei os dias seguintes bem triste, dormia triste e acordava triste. Aquilo aconteceu com gente que nunca vi na vida, mas me doeu demais. Já havia visto muita injustiça acontecendo, mas aquela foi a gota d’água. Eu não conseguia suportar a sensação de impotência. Era muito doloroso ver tudo aquilo acontecendo e não poder fazer nada a respeito. É duro ser um único homem fraco contra tantos gigantes juntos. Daí comecei a escrever no meu blog sobre isso e passei a compartilhar no facebook todas as novidades que via. Mas as pessoas não ligavam muito para isso. Poucos davam atenção. No dia 29 de janeiro, 7 dias após o ocorrido, resolvi que ia fazer alguma coisa. A indignação que possuía dentro de mim era forte demais. Ela não ia passar apenas comentando sobre o assunto no meu blog ou postando no facebook. Foi então que resolvi que havia chegado a hora de fazer o meu primeiro documentário. Ia me dedicar o máximo que pudesse para que aquilo se tornasse realidade. Dentro de mim havia uma angústia que precisava sair. Eu precisava pôr aquilo para fora. Eu precisava dar um grito, mas não qualquer grito. Tinha de ser um grito ensurdecedor. Esse grito ia ser o meu documentário. A partir de 30 de janeiro iniciei o planejamento do desenvolvimento do projeto.
- Qual o orçamento de que você dispôs?
- De início fiz um planejamento para comprar uma boa câmera, viajar até São José dos Campos e filmar por lá alguns dias. Porém estava desempregado, minhas finanças não estavam tão boas e o concurso público da UFAL que eu havia passado estava demorando muito para me nomear. Com tantos empecilhos, me desanimei. Depois parei para pensar e lembrei que havia centenas de vídeos sobre o assunto no youtube. Havia centenas de notícias e artigos sobre isso. Eu já havia assistido documentários de pessoas que não estiveram no local sobre o qual o documentário falava e eram bons documentários. Eu só precisava levantar toda a história pra contá-la da melhor maneira possível. Os gastos que realmente tive foram: * um computador (PC) mais potente para gerar os vídeos: R$ 1600. * Um microfone para fazer a narração: R$ 310. * Cinegrafista que filmou a entrevista com Jairo Salvador: R$ 170. * total: R$ 2.080,00.
A íntegra.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Outro descalabro da copa da fifa

20130129-215354.jpg
Do Blog do Juca Kfouri.
Ato contra a demolição do Célio de Barros
Quinta-feira, dia 31 de janeiro, 18h30 
Auditório da ABI – Rua Araújo Porto Alegre, 71, 9º andar Centro do RJ, próximo à Cinelândia

No dia 9 de janeiro, sem nenhum aviso prévio, o Célio de Barros amanheceu com as portas trancadas. Centenas de atletas tiveram que voltar pra casa sem sequer ter acesso a seus materiais de treinamento e ficaram sem lugar pra treinar, improvisando do jeito que foi possível. Projetos sociais de iniciação ao esporte ficaram paralisados. Competições e eventos estão suspensos.
O Estádio de Atletismo Célio de Barros, no Maracanã, é o maior templo do atletismo brasileiro e sempre serviu ao Esporte e à população. O governo pretende demolir nossa casa de forma autoritária, sem diálogo com os atletas que treinamos e competimos lá. Situação parecida acontece no Parque Aquático Júlio Delamare, na Escola Municipal Friedenreich e no prédio histórico do antigo Museu do Índio. A intenção é entregar todo o Complexo do Maracanã de bandeja para um empresário construir no local um estacionamento e um shopping, como forma de garantir grandes lucros com a administração do Maraca.
A íntegra.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Carajás, Vale, riqueza e buracos

Carajás (mas também Minas Gerais, a Serra do Curral), exportações que enriquecem multinacionais como a Vale e propiciam o progresso de outros países, destruição ambiental que fica. Pelo jornalista que mais conhece Carajás e a Vale. E também um campeão de processos de empresários e políticos que tentam calá-lo.

Do blog A Vale que vale.
Buracos: é o que a mineração nos deixa  
Por Lúcio Flávio Pinto
"Graças à sua estratégica posição geográfica – no cruzamento de grandes rodovias, da futura ferrovia Carajás-Itaqui, nas margens da hidrovia do Tocantins, com disponibilidade de energia a ser fornecida por Tucuruí – Marabá possui especial vocação não apenas para centro comercial, agropecuário e produtor de bens minerais, mas também para tornar-se importante polo metalúrgico. Certamente, na virada do século, Marabá deverá ser um dos importantes centros industriais do país, com população superior a 200 mil habitantes".
Esta previsão foi feita em 1980. Seu autor é o geólogo paulista Breno Augusto dos Santos. Ele era então – e continua a ser até hoje – uma das pessoas mais autorizadas a fazer considerações vívidas e profundas sobre a região dominada pela maior província mineral do mundo, a de Carajás, no centro-sul do Pará.
Breno pode ser considerado o descobridor da melhor jazida de minério de ferro do mundo por ter coletado, em 1967, a primeira amostra que definiu a existência do conjunto de bens minerais de Carajás. Quando começou a ser explorada, em 1985, tinha 18 bilhões de toneladas de minério, lavrável a céu aberto (que proporciona mineração mais barata).
Ao preço médio do ano passado, significaria uma riqueza de 1,3 trilhão de dólares, equivalente a mais da metade do PIB brasileiro do ano passado, de US$ 2,3 trilhões (a soma de todas as riquezas do país). Se constituísse um país, Carajás teria um PIB do tamanho do da Espanha.
Quase tudo que Breno anteviu para o momento de passagem dos dois séculos se confirmou, menos a condição de Marabá, a principal cidade da região, com quase 250 mil habitantes, como importante centro industrial do país.
Certamente esta seria a conquista principal de todo processo que ocorria quando Breno escreveu essas palavras, no trabalho "Geologia e potencial mineral da região de Carajás", apresentado no Rio de Janeiro quase um quarto de século atrás.
Como o próprio Breno mostrou nesse estudo, todos os fatores se combinavam para o melhor dos resultados: a quarta maior hidrelétrica do mundo, o maior trem de carga que existe na Terra, um dos melhores portos mundiais, uma hidrovia de dois mil quilômetros e várias extensas rodovias. Mas essa perspectiva se frustrou.
Marabá cresceu, deu origem a vários outros municípios e ainda continuou a ser a capital do vale do Araguaia-Tocantins (drenando 8% do território brasileiro), embora perdendo a hegemonia quantitativa para Parauapebas, polo especializado em mineração e, por isso mesmo, dilacerado entre seu potencial de desenvolvimento e sua situação real (continua pobre, embora seja o 2º município que mais exporta e o que mais gera saldo de divisas para o país).
Como minério não dá suas safras, a escalada da produção, que nesta década passará de 100 milhões de toneladas ao ano para 230 milhões, ou se aproveita melhor a renda do recurso natural, ou, como sempre, o que restará será o buraco no lugar do minério.Em quase todos os casos da mineração de ferro, que movimenta volume de rocha e terra que se medem por bilhões de toneladas, a regra é que a cava se transforme num lago artificial, que, quando muito, se transforma em ponto de atração para visitantes ocasionais. Não compensa nem de longe o que se perdeu com a exploração apenas da matéria prima.
Por isso, a pergunta mais importante e urgente que se faz sobre Carajás é: devemos concordar com o nível tão intenso de lavra mineral? O que nos restará mesmo são essas enormes cavas e reduzidos benefícios – e ponto final?
A íntegra.

O governo tucano de Lacerda

Do jornal O Tempo.
Ida de pedetista para o Esporte é quase certa, mas acerto com o PSDB está difícil
Isabella Lacerda
O fim das férias do senador Aécio Neves (PSDB), na próxima segunda-feira, vai acelerar a definição do novo secretariado de Belo Horizonte. Um encontro entre o tucano, o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o governador Antonio Anastasia (PSDB) está agendado para bater o martelo sobre os cargos que os partidos aliados terão direito na administração municipal.
Enquanto as lideranças das siglas que apoiaram a reeleição reclamam da demora, Lacerda deixa claro que só vai fechar a lista de nomes depois que receber o aval de Aécio, seu principal fiador. O fato demonstra a influência que o ex-governador de Minas terá neste segundo mandato.
No momento, o maior entrave entre Lacerda e o PSDB é em relação aos nomes apresentados pelo partido. O prefeito não teria aprovado a lista de indicados. Em relação às secretarias, os tucanos desejam, além da pasta de Esportes, a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), a regional Venda Nova e a pasta de Obras.
Para a Sudecap, o nome sugerido é o do diretor de Irrigação da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), Reinaldo Alves Costa -- o mesmo indicado em junho do ano passado para a vaga, mas colocado em espera por Lacerda.
No caso de conseguirem a Regional Venda Nova, a escolhida será a ex-deputada Gláucia Brandão. "Mas o prefeito já disse que, como já temos muitas regionais, seria difícil conseguirmos uma quinta", disse um tucano que pediu anonimato.
Já para Obras, o deputado estadual João Leite é o sugerido. Entretanto, o prefeito não estaria motivado a tirar da pasta José Lauro Terror, ex-vice-presidente da Construtel, uma das empresas que pertenceram a Lacerda. Assim, o deputado do PSDB poderia assumir a Secretaria de Políticas Sociais, a de Segurança Urbana e Patrimonial ou, até mesmo, a Extraordinária da Copa do Mundo.
A íntegra.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Romeu e Julieta vinte anos depois e o novo ciclo do Galpão

Poucos espetáculos provocaram tanto encantamento quanto Romeu e Julieta do Galpão.

Do blog Bastidores do Galpão.
Um ciclo que se fecha 
por Eduardo Moreira
Talvez seja pretensioso referir-se assim a um espetáculo do próprio grupo, mas "Romeu e Julieta", mais uma vez, vinte anos depois de sua estreia, provou sua força arrebatadora, emocionando as multidões por onde passou. Como registro inesquecível dessa volta celebrativa, dois momentos mágicos ficaram marcantes para sempre na minha memória de artista.
O primeiro, na praça do Papa, em Belo Horizonte, quando na cena do casamento de Romeu com Julieta, o dueto de "Amo-te muito" cantado por mim e pela Fernanda foi acompanhado por um coro de 6000 vozes delicadamente afinadas. O segundo aconteceu na apresentação no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, em que uma multidão de quase duas mil pessoas, impossibilitadas de assistir o espetáculo, por falta de espaço disponível, ouviu a peça atrás do palco montado sob a Veraneio, na mais absoluta concentração e silêncio.
"Romeu e Julieta" é um momento muito mágico e poético na vida do Galpão e de milhares de pessoas. Para mim, como artista e ser humano, um marco.
A íntegra.

O lucro das concessionárias de energia e o novo febeapá

Depois do golpe de 64 Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo do jornalista Sérgio Porto, o patrono do Pasquim, cunhou a expressão "febeapá -- festival de besteiras que assola o País" para se referir às imbecilidades publicadas na grande imprensa adesista. Agora que a imprensa é de oposição ao governo, as bobagens ocupam o lugar das notícias que precisamos ler e que não são publicadas.

Do blog Luís Nassif Online.
O festival de desinformação que segura o desenvolvimento
Por Luís Nassif
Hoje em dia, provavelmente o maior custo que o país carrega é o chamado “custo mídia” – o festival de desinformação que tomou conta da cobertura dos grandes veículos.
Há um caminhão de questões para serem criticadas. O governo Dilma está longe do estado da arte da gestão; as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) ainda enfrentam problemas de gerenciamento; não se avançou em nada na redução da burocracia pública; abandonaram-se as minirreformas que ajudavam a destravar a economia.
Cada tema desse dá espaço a campanhas críticas relevantes, necessárias para aprimorar os trabalhos, evitar o acomodamento e manter o governo com rédea curta.
Mas há uma invencível dificuldade da mídia em produzir a crítica técnica.
Há muito reclama-se do custo Brasil, expresso especialmente nas tarifas públicas. Um dos grandes problemas surgidos nos anos 90 foi com a matriz elétrica. Tinha-se, até então, energia barata, fruto de décadas de investimento em hidrelétricas já amortizadas.
Com a privatização, matou-se essa vantagem competitiva. Criou-se um modelo de mercado que desorganizou a geração, praticamente quebrou a distribuição e, ao final, legou uma das tarifas de energia mais altas do planeta.
Decidiu-se, então, reduzir as tarifas – mais para as empresas (que necessitam de competitividade), menos para os consumidores domésticos.
A íntegra.

O lucro e o cabide de empregos das teles

Investimentos saem dos cofres públicos, lucros vão para o exterior. Este foi o tão celebrado modelo de privatização tucano.

Do blog Escrevinhador.
Teles privatizadas continuam o saque
Por Mauro Santayana
Depois de pegar emprestados bilhões de reais a juros subsidiados com o BNDES nos últimos anos, a Telefónica Brasil (Vivo) aprovou o pagamento de um bilhão, seiscentos e cinquenta milhões de reais em dividendos, relativos apenas ao lucro auferido nos três primeiros trimestres de 2012. Setenta e quatro por cento dessa quantia, ou o equivalente a quase 500 milhões de euros, vai direto para a matriz, na Espanha.
Quanto ao cabide de empregos do Conselho da Telefónica – lembram que essa foi uma das desculpas para a privatização das estatais, inclusive Telebras, na década de 90? – continua lindo. Mal saiu Iñaki Undargarin, ex-jogador de basquete e genro do Rei Juan Carlos, o Caçador de Elefantes, acusado de corrupção e contratado por um milhão e quinhentos mil euros (quase 4 milhões de reais) por ano, como "conselheiro" para a América Latina, já entrou Rodrigo Rato, ex-presidente do FMI e sob investigação por fraude no banco estatal espanhol Bankia, que vai receber belíssima soma para atuar como "consultor externo" da multinacional espanhola, que, no Brasil, é comandada, há anos, por um ex-diretor da Anatel.
Segundo O Estado de S. Paulo, as empresas de telefonia que operam no Brasil tiveram uma expansão de sua receita em 8,3% ao ano, desde 2005, e só reinvestiram 3% ao ano, no mesmo período.
A íntegra.

A justiça dos coronéis 2

Até o julgamento do "mensalão" este era o caso mais emblemático de que no Brasil não existe nem justiça nem liberdade de imprensa.

Do Rede Democrática.
Jornalista paraense é novamente condenado a pagar indenização exorbitante a empresário 
Belém, 23 de janeiro de 2013 – Reconhecido no final do ano passado com o Prêmio Especial Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, entre as várias homenagens recebidas por seu trabalho nos últimos anos, o jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, que edita há 25 anos o Jornal Pessoal, foi novamente condenado pelo judiciário paraense. Desta vez, ele deverá pagar a quantia de R$ 410 mil (ou 600 salários mínimos) ao empresário Romulo Maiorana Júnior e à empresa Delta Publicidade S/A, de propriedade da família dele, também detentora de um dos maiores grupos de comunicação da Região Norte e Nordeste, as Organizações Romulo Maiorana.
A decisão da desembargadora Eliana Abufaiad, que negou o recurso interposto pelo jornalista no primeiro semestre de 2012, data de 21 de novembro de 2012, mas foi publicada apenas em 22 de janeiro com uma incorreção e, por causa disso, republicada nesta quarta-feira, dia 23. O jornalista vai recorrer da decisão, tentando levar o caso ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas teme que a condenação seja confirmada.
Romulo Maiorana Júnior alega ter sofrido danos morais e materiais devido à publicação, em 2005, do artigo "O rei da quitanda", no qual o jornalista abordava a origem e a conduta do empresário à frente de sua organização. Por causa desse texto, em 12 de janeiro do mesmo ano, Lúcio Flávio foi agredido fisicamente pelo irmão do empresário, Ronaldo Maiorana, junto com dois seguranças deste em um restaurante de Belém.
Depois da agressão, o jornalista também se tornou alvo de 15 processos judiciais, penais e cíveis, movidos pelos irmãos. Chegou a ser condenado em 2010 a pagar uma quantia de R$ 30 mil, mas recorreu da decisão do juiz Francisco das Chagas. A recente decisão da desembargadora Eliana Abufaiad, se confirmada, significará um duro golpe às atividades desempenhadas por ele, que não dispõe de recursos financeiros para arcar com as indenizações.
A íntegra.

A justiça dos coronéis

Se tem uma pergunta à qual qualquer brasileiro sabe responder é: a quem serve a justiça? Depois do julgamento do "mensalão" vale tudo, até texto de ficção dá cadeia.

Do Brasil de fato.
Ministério Público denuncia jornalista por texto ficcional 
O Ministério Público de Sergipe denunciou criminalmente o jornalista José Cristian Góes, no último dia 23, por causa de um texto ficcional sobre coronelismo. O desembargador do Tribunal de Justiça do Estado, Edson Ulisses, é autor da ação e acusa Góes de ter ofendido a sua honra. Segundo a ação, o jornalista chamou o desembargador de "jagunço" e a sua mulher, irmã do governador Marcelo Déda (PT), de "feia". A crônica, entretanto, sequer cita o nome e a função do desembargador.A passagem "chamei um jagunço das leis, não por coincidência marido de minha irmã" é causadora da polêmica (Leia aqui, na íntegra, o texto Eu, o coronel em mim). Góes propôs escrever um novo texto esclarecendo que jamais havia feito referência a pessoas concretas ou ao desembargador, mas Edson Ulisses rejeitou a proposta. O desembargador também negou a possibilidade de diálogo e acordo para que o processo não fosse adiante.
Diante do quadro, o MP propôs ao jornalista que aceitasse pagar três salários mínimos ou cumprir três meses de prestação de serviços à comunidade. A transação penal, uma espécie de confissão do crime, foi recusada pelo jornalista. "Em hipótese alguma aceito que cometi crime quando escrevi um texto ficcional que fala de um coronel irreal. Não aceito porque jamais citei, nem direta e nem indiretamente, o senhor Edson Ulisses. A prova é o texto", disse. Diante disso, o MP denunciou criminalmente Góes.
A íntegra.

Tragédias e solidariedade

Outro lado.

Da Agência Carta Maior.
Tragédia no RS: O que a morte não cessa de nos dizer 
Marco Aurélio Weissheimer
Quem já perdeu alguém em um acontecimento trágico e brutal sabe bem que o caminho da consolação é longo, tortuoso e, não raro, desesperador. E é justamente aí que emerge uma das melhores qualidades e possibilidades humanas: a solidariedade, o apoio imediato e desinteressado e, principalmente, a celebração do valor da vida e do amor sobre todas as demais coisas. A vida é mais valiosa que a propriedade, o lucro, os negócios e todas nossas ambições e mesquinharias. Na prática, não é essa escala de valores que predomina no nosso cotidiano. Vivemos em um mundo onde o direito à vida é, constantemente, sobrepujado por outros direitos. Tragédias como a de Santa Maria nos arrancam desse mundo e nos jogam em uma dimensão onde as melhores possibilidades humanas parecem se manifestar: o Estado e a sociedade, as pessoas, isolada e coletivamente, se congregam numa comunhão terrena para tentar consolar os que estão sofrendo. Não é nenhuma religião, apenas a ideia de humanidade se manifestando.
A íntegra.

As tragédias e o lucro

Empreendedores em busca de lucro e descuidados com as consequências do seu negócio. Funcionários prevaricadores que não cumprem suas obrigações. Publicitários que iludem o público prometendo produtos que não correspondem à realidade. Veículos de comunicação que divulgam anúncios sem se preocuparem se são verdadeiros ou falsos. Consumidores que se enganam com propaganda em busca de prazeres que o dinheiro proporciona e vão na onda, sem usar a cabeça para pensar no que estão fazendo. Empregados que seguem ordens dos chefes e não têm discernimento para descumpri-las. E um acidente.
As grandes tragédias sempre têm esses ingredientes. Quem passa por elas em geral aprende -- outros se enganam com a justificativa da fatalidade -- e se empenha por mudanças, como os argentinos da matéria abaixo. Mudanças -- na consciência, nas leis, no comportamento -- que acontecem, mas nem sempre são capazes de evitar novas tragédias. Porque o embate entre o lucro -- motor da sociedade -- e a vida continua, em toda parte, a toda hora, em tudo. E a maior tragédia ainda está por vir: um planeta incapaz de oferecer condições de vida para os seres humanos, representados por nossos filhos, nossos netos, nossos descendentes.
Entre os argentinos e os brasileiros existe uma diferença cultural importante, da qual as ditaduras militares são o melhor exemplo: eles levam a sério os acontecimentos e tiram consequências, para seguir em frente; nós seguimos em frente fingindo que não aconteceu e procurando não lembrar. Talvez por isso a justiça argentina seja mais avançada do que a brasileira, que não pune empreendedores gananciosos.
A compreensão da realidade tem limites sociais: a classe média -- brasileira ou argentina -- só enxerga até a corrupção, não consegue ver sua origem.

Da Agência Brasil. 
Tragédia em Santa Maria causa indignação na Argentina, que enfrentou problema semelhante
Monica Yanakiew, correspondente da EBC na Argentina
Buenos Aires – O incêndio que matou e feriu centenas de pessoas na cidade gaúcha de Santa Maria causou indignação na vizinha Argentina, onde um acidente parecido causou 194 mortes há oito anos. "Mais uma vez, vemos que a vida dos jovens não é levada em consideração, o que importa é o lucro", disse um comunicado emitido pela organização Que No Se Repita Mas (Que Não Se Repita Mais), formada por sobreviventes e pais de vítimas da tragédia do Cromanon – a boate do centro de Buenos Aires que pegou fogo em 2004.
"Sentimos que a história está se repetindo e que ninguém aprendeu com os nossos erros", disse Eduardo Azevedo, em entrevista à Agência Brasil. Desde que seu filho de 19 anos morreu no incêndio do Cromanon, o advogado tem dedicado o tempo a buscar os culpados para levá-los ao banco dos réus. "É triste reconhecer isso, mas temos muita experiência em lidar com a dor da perda e com a busca e punição dos responsáveis. Vamos colocar nossa experiência à disposição do Brasil".
A Boate Cromanon, que fica a metros da sede do governo de Buenos Aires, continua fechada. Ao lado, foi erguido um altar em homenagem aos mortos e 700 feridos da tragédia. O incêndio ocorreu no dia 30 de dezembro de 2004, quando milhares de jovens assistiam ao show do grupo Callejeros. Minutos depois de começar o espetáculo, soltaram um sinalizador, que provocou um incêndio. Quando os jovens tentaram escapar, descobriram que a porta de emergência estava trancada com cadeado – uma proteção contra penetras, que não pagam entrada.
"As coincidências das duas tragédias são enormes: um show público, em um lugar lotado de gente, sem suficientes saídas para escapar em caso de emergência", disse Azevedo. "No fundo, o culpado é um só, a corrupção. Se os locais noturnos fossem controlados como devem ser, esse tipo de imprevisto não teria consequências tão graves", acrescentou.
Por causa da tragédia do Cromanon, mais de 20 pessoas – entre elas o empresário dono da boate e os músicos do grupo Callejeros, além de funcionários públicos, policiais e bombeiros – foram presos e condenados a penas até dez anos. "O que nos chama a atenção é que cometemos o mesmo erro mais de uma vez", disse Azevedo. Ele lembrou que houve incidente parecido no Peru.
A íntegra.

Do G1 Rio. 
Autor de livro sobre incêndio de circo em Niterói lamenta tragédia no RS
José Raphael Berrêdo
Logo depois da notícia do incêndio na boate em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul, que deixou mais de 230 mortos na madrugada deste domingo (27/1/13), o telefone do jornalista Mauro Ventura começou a tocar. Ele é autor do livro "O espetáculo mais triste da Terra", lançado no fim de 2011, que lembra outra tragédia semelhante, ocorrida em 1961 em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, e é considerada a maior da história do país. Em 17 de dezembro daquele ano, mais de 500 pessoas, sendo 70% crianças, morreram após o fogo se alastrar pelo Gran Circo Norte-Americano.
"É lamentável constatar que mais de 50 anos depois aquilo não serviu de lição, que a gente continue perpetuando os mesmos erros", diz Ventura, em entrevista ao G1, sobre as falhas que causaram tantas mortes. "Um dos meus objetivos do livro, mesmo que ilusório, era mostrar o que aconteceu para que o fato não se repetisse. Lamentavelmente, não se pode falar em fatalidade. É uma sucessão de erros, imprevidências, negligências."
A íntegra.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Krupp dá aula de capitalismo

A Krupp, indústria alemã que colaborou com o nazismo (equivale dizer: lucrou muito com a indústria da morte na II Guerra Mundial -- e antes também, fabricando canhões para a I G G), montou uma siderúrgica no litoral do Rio, recebeu incentivos e dinheiro do governo brasileiro, destruiu o mangue, poluiu o mar, prejudicou populações locais, depois fechou, porque não consegue mais vender aço para a indústria automobilística americana em crise, sua cliente, e quer que o BNDES financie a compra da siderúrgica por outra empresa. Trata-se, como diz o artigo (esse Saul Leblon é um dos melhores analistas políticos em atividade no Brasil), uma aula de capitalismo: como essa baboseira de atrair investimentos estrangeiros, competência da iniciativa privada e desenvolvimento não passa disso, baboseira para enganar trouxas e pegar dinheiro público para enriquecer empresários. Governantes e empresários -- e jornalistas -- não acreditam no que dizem e escrevem, mas lucram com isso, esta é a razão de repetirem a ladainha sem parar e, principalmente, continuarem distribuindo dinheiro público barato para "investidores privados".

Da Agência Carta Maior.
Krupp: duas ou três lições sobre capitalismo  
Saul Leblon
Celso Furtado dizia que o carrasco das nações no mundo globalizado era a perda dos instrumentos endógenos de decisão.
Sem eles tornar-se-ia virtualmente impossível subordinar os interesses do dinheiro aos da sociedade.
A reinvenção dessa prerrogativa seria quase uma pré-condição para regenerar a agenda do desenvolvimento no século 21.
O fato de o Ministério do Planejamento no Brasil ter se reduzido a uma sigla ornamental ilustra o quanto a sociedade ainda se ressente desse difícil processo de reconstrução.
O fiasco do projeto siderúrgico da Krupp (Tyssenkrupp) no país é mais uma evidência da visão arguta de Furtado, cuja pertinência histórica a ortodoxia nativa desdenha e inveja.
Fundada em Essen, há 201 anos, a lendária siderúrgica alemã, anexada por Hitler ao esforço de guerra nazista, está se desfazendo de uma unidade no Rio de Janeiro.
A Companhia Siderúrgica do Atlântico começou a ser planejada pela Tyssenkrupp em 2005; entrou em operação em 2010 e custou US$ 15 bi.
A previsão de produzir cinco milhões de toneladas de placas de aço por ano revelou-se um fracasso.
Não um fracasso qualquer.
O tropeço da gigante alemã no país condensa algumas coisas que os crédulos dos mercados racionais e autorreguláveis precisam aprender sobre o capitalismo.
A CSA nasceu como uma perfeita obra da globalização do capital.
Nela, como se sabe, nações e povos figuram como mero substrato logístico ou entreposto de insumos baratos.
Arcam com as externalidades do projeto e participam de forma lateral dos lucros.
Mas são coagidos a engolir o grosso dos prejuízos quando ele ocorre.
É o caso.
Num país com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, a CSA foi erguida sobre um solo pantanoso, ao lado de um mangue, na Baía de Sepetiba, zona oeste do Rio de Janeiro.
A escolha singular elevou em cerca de 60% o custo de implantação.
Exigiu um exército de bate-estacas para as fundações que mobilizariam quase um terço da oferta desses equipamentos na região.
Havia lógica, a do dinheiro, por trás da aparente excentricidade.
Ocupar um terreno próximo à fonte de matéria-prima, trazida do Espírito Santo pela Vale do Rio Doce (sócia com 23% do capital), era uma motivação.
A disponibilidade de um porto exclusivo para intenso movimento de embarques rumo aos EUA, outra.
Uma siderúrgica complementar à CSA foi erguida pela Krupp no Alabama. As placas brutas enviadas de Sepetiba seriam laminadas nessa unidade para abastecer o parque automobilístico norte-americano.
A indústria automotiva dos EUA entrou em coma com o colapso da ordem neoliberal em 2008.
A espiral recessiva desligou seus altos-fornos e criou um elefante branco no Alabama.
A mesma condição foi estendida à siderúrgica gêmea brasileira.
Os impactos sociais e ambientais do projeto, porém, permanecem ativos.
Reportagem da Carta Maior durante a Rio+ 20, no ano passado, revelou que, entre outras 'externalidades', a localização inadequada contaminou o mangue e o mar com resíduos de metais despejados pela usina.
A vida marinha, a pesca e o turismo local foram golpeados.
Em novembro último, a CSA foi multada em R$ 10,5 milhões de reais pela secretaria estadual de Meio Ambiente do Rio.
Motivo: ter proporcionado aos moradores locais e à vida aquática um evento tóxico conhecido pelo nome poético emprestado aos fogos de artifício: 'chuva de prata'.
Nem a população de Sepetiba, nem o Brasil, tampouco os metalúrgicos do Alabama têm motivos para estourar fogos diante do fiasco global da Tyssenkrupp.
A íntegra.

Programa Brasil Voluntário

Já pensou esse esforço cívico e essa grana a serviço da educação das crianças e adolescentes brasileiros? Seria uma maravilha. Mas educação não é prioridade, a copa é. Este programa é o lado neoliberal do governo petista, parece até que a gente está vendo um projeto de governo tucano. É por isso que Lula conviveu tão bem com Aécio e Pimentel acabou entregando a prefeitura de Belo Horizonte para os tucanos em 2008. O PT é, digamos assim, o governo neoliberal que deu certo -- porque os tucanos, além de neoliberais são incompetentes.

Do Blog do Planalto.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Amor

Na cena-chave de Amor o casal recebe um jovem pianista, que faz sucesso e se apresenta em sucessivas excursões. É com sua apresentação em Paris, aliás, que o filme começa. A protagonista foi sua professora e está feliz com sua visita, mas está já na cadeira de rodas, visivelmente abatida pela invalidez. O rapaz fica chocado com seu estado e quer saber como aconteceu; ela pede que ele fale do seu trabalho e que toque para ela. Ele concorda, mas não aprende: mais tarde envia-lhe um cartão dizendo da sua alegria e da sua tristeza naquele encontro e a velha mestra reage da mesma forma.
Amor (em cartaz no Belas Artes Liberdade) é um dos mais belos filmes dos últimos anos. Michael Haneke nos conduz com delicadeza, precisão, segurança e ainda assim de forma surpreendente por um caminho que não queremos percorrer. Nos faz ver o que não queremos ver, nos leva a pensar no que evitamos pensar. Emmanuelle Riva está soberba, Jean-Louis Trintignant está magnífico -- haverá adjetivos mais apropriados?
Amor é um filme sobre o amor -- do marido idoso pela mulher idosa --, mas poderia ter outro nome -- insensibilidade ou estupidez, talvez --, caso quisesse realçar o comportamento da filha ou do discípulo, que expressam, ambos, o comportamento predominante na sociedade.
A estupidez da civilização capitalista é incapaz de lidar serenamente com essa questão que todas as outras civilizações "atrasadas" enfrentaram. Anna é uma octogenária, que teve uma vida feliz, inclusive no casamento, esse feito raro, e adoece. Seu presente é a doença e seu futuro é a morte, ela quer alegria e alívio. Por que tem de viver seus últimos dias sofrendo cada vez mais? Por que prolongar sua vida artificialmente num hospital? Por que encerrá-la numa casa de saúde aos cuidados de "profissionais" (como a enfermeira que o marido dispensa, demonstrando lucidez)? Estas são as soluções convencionais que o marido recusa, obedecendo a mulher, por amor.
Não se trata da vontade ou do conforto do doente, mas da conveniência de uma sociedade sem amor: conveniência de filhos que não têm tempo para os pais; conveniência de jovens que estão mergulhados na sua vida de sucesso, como se a juventude fosse eterna e as desgraças só acontecessem aos outros; conveniência de profissionais que ganham fortunas para "prestar serviços" que detestam para doentes que desprezam; conveniência de uma vasta indústria da doença, que inclui hospitais, laboratórios, clínicas, fabricantes de medicamentos e aparelhos etc.
A civilização capitalista liberal, que vende o "amor" em cada filme, como uma mercadoria muito lucrativa, deixa a cada indivíduo o ônus de enfrentar um problema -- o da velhice, da doença, das crescentes incapacidades, da invalidez e da morte -- que civilizações antigas resolveram de forma coletiva e digna. Envelhecer e morrer com amor é tão importante quanto viver com amor.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Cristina Kirchner contra o monopólio do Clarín

Outra reportagem de Retrato do Brasil, que a gente não lê na "grande" imprensa, mostra o esforço do governo da presidente Cristina Kirchner para combater o monopólio da comunicação na Argentina. Lá, a Globo se chama Clarín e controla o maior jornal do país, 60% da tevê a cabo, 38% da tevê aberta, 41,8% do mercado de rádio e a única empresa produtora de papel para imprimir jornais. A nova lei de comunicação foi aprovada pelo congresso argentino, depois de discutida amplamente com a população e todo tipo de organizações da sociedade, em debates e foruns realizados país afora, e é apoiada pelo sindicato dos jornalistas. Já deveria ter entrado em vigor, mas o Clarín recorreu à justiça e esta protela sua aplicação -- na Argentina como no Brasil, a direita articula "grande" imprensa e judiciário. O que prevê a nova lei? Basicamente, que as empresas não podem controlar mais veículos do que o razoável para o funcionamento da democracia, da liberdade de imprensa e da liberdade de expressão. Aqueles que são superpoderosos, como o Clarin, terão de escolher as empresas que querem manter, dentro dos novos limites, e vender ou entregar as concessões das demais. Mas não é isso que se lê na imprensa brasileira, solidária ao Clarin e temerosa de que o mesmo aconteça aqui. Globo, Veja, Folha etc. repetem sem parar que o monopólio é a liberdade de imprensa e que a democratizção é um atentado a ela, quando a verdade óbvia é o contrário -- e a prova disso é a manipulação do noticiário sobre o assunto. Como diz a presidente argentina, que democracia é essa em que os grandes veículos de comunicação não respeitam as leis e distorcem as informações? Na Argentina, como no Brasil, a "grande" imprensa é o partido da direita.

Gato na neve

Gato é um bicho interessante. Quando entardece ele enxerga coisas que a gente não vê e sai correndo atrás delas. Ainda filhotinho é capaz de saltar e capturar no ar uma mariposa e comê-la de uma só vez. Não faz festa para gente, feito cachorro, mas adora um colo.

Para Lili e Bebel.

Associação dos Magistrados do Brasil recebeu R$ 200 mil do "mensalão"

Além da Globo e de muitos outros veículos de comunicação, também a Associação dos Magistrados do Brasil recebeu R$ 200 mil da agência do publicitário Marcos Valério, parte do dinheiro do Visanet que, segundo Joaquim Batman Barbosa e seus amigos do STF teria sido usado para comprar parlamentares. A reportagem da Revista do Brasil, fazendo o que qualquer jornalista e qualquer veículo da "grande" imprensa poderia fazer e não fez, isto é, ler o processo, comprova na sua edição de janeiro, com documentos, que R$ 200 mil do "valerioduto" foram usados para patrocinar o XVIII Congresso Brasileiro dos Magistrados, que aconteceu nos dias 22 a 25 de outubro de 2003, em Salvador. Mais uma vez vale o argumento que Batman ignorou: se o dinheiro foi usado para comprar parlamentares -- tese da qual não se tem nenhuma prova --, a Associação dos Magistrados está implicada no caso e também deveria ser condenada -- pois neste caso há provas. Mas o mensalão não foi um julgamento, foi uma caça às bruxas feito pela direita brasileira, que agora usa a "grande imprensa" e o STF para golpear o governo do PT, uma vez que não vence eleições. E uma vergonha para a justição brasileira, inclusive para a associção dos magistrados, que deveria se pronunciar sobre o assunto.

Globo recebeu R$ 1 milhão do "mensalão"

Na sua edição de janeiro, a revista Retrato do Brasil dá mais uma aula de jornalismo e comprova com documentação que as organizações Globo receberam inúmeros depósitos feitos pela empresa do publicitário Marcos Valério com dinheiro do Visanet, que, segundo o ministro Joaquim Barbosa, teria sido na verdade desviado para o "mensalão". A maior soma foi de R$ 1 milhão para a TV Globo, paga no dia 29 de outubro de 2004, mas houve muitos outros pagamentos, como R$ 487 mil para pagar anúncios veiculados no Big Brother Brasil, Domingão do Faustão, Jornal da Globo, Jornal Hoje, Jornal Nacional, Novela I, Novela III, Praça TV 2ª Edição e Zorra Total. Seguindo a forma sensacionalista como a "grande" imprensa faz jornalismo hoje, se poderia afirmar que o dinheiro do "mensalão" foi usado para comprar o Jornal Nacional... Retrato do Brasil -- que na edição de dezembro já tinha revelado a lista de pagamentos feitos a veículos de comunicação com o dinheiro supostamente usado para comprar deputados -- fez o que qualquer jornalista e qualquer veículo poderia fazer desde o começo do julgamento: foi conferir a documentação do processo. E descobriu que Joaquim Barbosa, o Batman, simplesmente ignorou as provas que inocentavam os acusados. Retrato do Brasil mostra o óbvio: ou o "mensalão" não existiu ou toda a imprensa está implicada nele, pois recebeu o dinheiro da agência de Marcos Valério. Se o "mensalão" fosse um julgamento, ele não poderia fazer isso, mas era uma caça às bruxas e o PT e seus aliados já estavam condenados antecipadamente. Um triste capítulo da democracia brasileira: o poder judiciário se curvou diante de outro poder, neste caso o poder a "grande" impresa, como fez na década de 1930, quando, cedendo à ditadura do Estado Novo, entregou a comunista Olga Benário Prestes, grávida, para ser morta pelos nazistas num campo de concentração. Uma vergonha, como diria aquele jornalista de direita que não gosta de garis e neste caso ficou caladinho.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

A Praia continua!

Concentração neste sábado, 19 de janeiro, a partir das 11h. Na Praça da Estação, é claro.

Do saite BHaz. 
Praia da Estação completa 3 anos em ritmo de Carnaval
O movimento Praia da Estação terá uma edição especial no próximo sábado (19/1/13). Para comemorar os 3 anos do evento que lota um dos principais espaços públicos de Belo Horizonte, será realizado o ensaio geral dos Blocos de Rua do Curral. Ao som de marchinhas, os banhistas prometem aproveitar o dia nas fontes da praça que fica na região Central da Capital mineira.
A ocupação do local durante os fins de semana começou a ser organizada em 2010. A Praia surgiu como uma forma de protesto encontrada por um grupo de jovens contra a decisão da Prefeitura de Belo Horizonte de barrar eventos na praça. Diante da pressão popular, a administração municipal revogou o decreto que impedia a população de aproveitar o espaço e decidiu apenas impor regras para o uso da praça.
A íntegra.

Globo ou o jornalismo como ideologia

Não satisfeitas em manipular o noticiário nacional, as organizações Globo -- que praticamente monopolizam as emissoras de televisão no Brasil -- também manipulam o noticiário internacional. Trata-se de uma verdadeira internacional da direita, formada também por empresas de comunicação monopolistas de outros países da América Latina, a Operação Condor do século XXI.

Do Direto da Redação. 
Exemplo de manipulação da informação 
Por Mário Augusto Jakobskind
O Globo está cada vez mais extremado em matéria de pensamento único. Continua inconformado com a decisão da Suprema Corte de Justiça da Venezuela confirmando que o Presidente Hugo Chávez não precisava tomar posse necessariamente no último dia 10. Mas é impressionante, o jornal da família Marinho a cada dia se supera em matéria de jornalismo ideologizado.
Para se ter uma ideia a que ponto chegaram os editores, na quinta-feira (10/1/13), página 28, apareceu uma foto de uma mulher cozinhando e a legenda dizia o seguinte: "Desabastecimento. Uma mulher cozinha sob a vigilância de um poster de Chávez -- população já enfrenta problemas de escassez de produtos alimentícios na Venezuela".
Seria uma legenda digna de humor ao estilo de O Pasquim se o texto não fosse criado de forma realmente séria. O sério virou ridículo.
O Globo, claro, como impresso, tem o direito de fazer o que quiser, até mesmo em matéria de jornalismo de baixa qualidade, como tem demonstrado em suas edições diárias. Mas o que não pode ser aceito é transferir a manipulação da informação para os canais de televisão controlados pela família Marinho. E colocar, por exemplo, Arnaldo Jabor dando o recado do Instituto Millenium, para criticar de forma ignorante o Presidente Hugo Chávez, com o claro objetivo de demonnizá-lo.
Televisão é uma concessão pública e não pode ser utilizada pelos proprietários para o esquema de lavagem cerebral, como acontece também diariamente nos informativos das emissoras da família Marinho.
O desespero das Organizações Globo em relação ao que acontece na Venezuela chega as raias do absurdo. Convocam os colunistas de sempre, que seguem a pauta do Departamento de Estado e do Instituto Millenium. Qualquer crítica ao que acontece em matéria de manipulação da informação é geralmente respondida, quando respondida, como restritiva à liberdade de imprensa e de expressão.
A íntegra.

Como fazer bom jornalismo

Uma receita para jornalista que quer apurar informações importantes para a coletividade. A "grande" imprensa poderia segui-la; depois seria só publicar as informações sem distorcê-las, prática que saiu de moda na Globo, Veja, Folha etc.

Do saite da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo -- Abraji.
Ideias para usar a Lei de Acesso a Informações e fazer boas histórias 
A repórter britânica Claire Miller, do Media Wales, postou recentemente em seu blog uma extensa lista de dicas com temas para pedidos de informação pública por jornalistas -- uma relação de pautas bem útil e também de testes da aplicação da Lei nº 12.527/2011, que em maio completa um ano em vigor.
O conteúdo foi indicado pelo jornalista e especialista em transparência pública Fabiano Angélico, pequisador em transparência pública e associado da Abraji, na lista de discussão exclusiva para os associados em dia com a anuidade.
De acordo com a Lei de Acesso a Informações Públicas, qualquer cidadão pode fazer pedidos de informação a qualquer órgão público. A resposta -- que pode ser a negação da informação, o fornecimento dela ou mesmo a informação de que o órgão público não a possui -- deve ser dada em até 20 dias, prorrogáveis por mais 10 (mediante justificativa).
O Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, coordenado pela Abraji, disponibiliza um modelo simples de pedido de informação. As solicitações podem ser feitas diretamente ao órgão que detém a informação ou ao Serviço de Informações ao Cidadão (SIC), cuja existência é determinada pela Lei de Acesso.
Táticas
Ao fazer o pedido, algumas táticas podem facilitar a obtenção da resposta que se deseja, por exemplo: delimitar um período de tempo no qual os dados se encontram (um ano, um mês etc.); detalhar o pedido em uma lista de itens (ao invés de um texto corrido); peça informações relativas um órgão público por vez (evita o jogo do "próximo guichê").
Itens obrigatórios
Os itens marcados com asterisco na lista a seguir devem constar no Portal da Transparência ou no saite do órgão público, de acordo com a Lei de Acesso (exceto em cidades com menos de 10 mil habitantes). Isso não impede, no entanto, que se faça o pedido de informação.
A íntegra.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Indígena desmascara Globo

Sensacionalismo da Globonews foi desmascarado no ar. No país em que os veículos de comunicação (meia duzia de empresas) podem tudo porque não há lei contra abusos, a emissora reconheceu o erro e pediu meias desculpas, fato raro ainda assim, e que comprova a leviandade dessa imprensa. 

A religião como negócio e política

Chefes de igrejas que funcionam como grandes negócios têm passaporte diplomático. É um absurdo, mas não espanta, porque é assim que funciona esta sociedade: quem tem poder econômico e político obtém vantagens do Estado. Já o povo, só tem importância na hora de votar. O Estado é laico, mas as religiões continuam tendo poderes sobre os governos, a diferença é que não é só a igreja católica.

Do Blog do Sakamoto.
Vou fundar a Igreja Global do Feudo do Sakamoto para ter passaporte diplomático 
Por Leonardo Sakamoto
Valdomiro Santiago de Oliveira e Franciléia de Castro Gomes, lideranças da Igreja Mundial do Poder de Deus, obtiveram passaporte diplomático como informa o Diário Oficial da União desta segunda (14/1/13). Eles se somam à renovação, em 2011, dos passaportes diplomáticos do fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, e de sua mulher, Ester Eunice Rangel Bezerra, e do líder da Igreja Internacional da Graça de Deus, R.R. Soares, e de sua mulher, Maria Magdalena Soares.
De acordo com um diplomata ouvido por este blog, o documento facilita a vida dos viajantes. Há países com os quais o Brasil tem acordo para isenção de visto a passaportes diplomáticos. Ou seja, torna desnecessário enfrentar as filas para conseguir autorizacão prévia de viagem como os restante de nós, que não possuímos interlocução direta com o divino. Em alguns aeroportos internacionais, há filas especiais para quem é portador do documento. Isso sem contar que as polícias lá fora tendem a ser mais brandas com quem carrega esse passaporte.
Mas por que receberam esse benefício se os bispos não são autoridades, diplomatas ou servidores públicos em missão especial fora do país? A explicação dada é de que o decreto número 5978/2006, que regulamenta a concessão desse tipo de passaporte, abre uma brecha para que outras pessoas possam portá-los em "função do interesse do país".
A íntegra.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Governo diminui conta de luz em 16%

A oposição demotucana e o partido da imprensa são contra.  

Do Blog do Planalto.
Dilma sanciona lei que reduz conta de luz
O Diário Oficial da União desta segunda-feira (14/1/13) trouxe a sanção da presidenta Dilma Rousseff à Lei 12.783, que renova as concessões de distribuidoras e geradoras de eletricidade, e cria as condições para a redução média de 20,2% nas contas de energia.
A redução das tarifas será possível porque o governo decidiu antecipar a renovação das concessões para as empresas de geração, de transmissão e de distribuição de energia elétrica que venceriam de 2015 a 2017, além de reduzir ou retirar encargos do setor.
"No início de 2013, a conta de luz ficará até 16,2% mais barata para as residências e até 28% para as indústrias, dependendo do nível de tensão. Será a maior redução nas tarifas de energia elétrica já registrada no Brasil (…) [A redução] trará menos gastos para as famílias e mais competitividade para nossas indústrias, que poderão oferecer produtos mais baratos para toda a população", explicou Dilma, na coluna Conversa com a Presidenta, em novembro de 2012.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A decadência da imprensa 2

Da Agência Carta Maior.
O suicídio da imprensa brasileira
Emir Sader
A imprensa brasileira está sob risco de desaparição e, de imediato, da sua redução à intranscendência, como caminho para sua desaparição.
Mas, ao contrário do que ela costuma afirmar, os riscos não vêm de fora – de governos "autoritários" e/ou da concorrência da internet. Este segundo aspecto concorre para sua decadência, mas a razão fundamental é o desprestígio da imprensa, pelos caminhos que ela foi tomando nas ultimas décadas.
A velha mídia brasileira passou a trilhar o caminho do seu suicídio. Decidiu não apenas não entender as transformações que o Brasil passou a viver, como se opor a elas de maneira frontal, movida por um instinto de classe que a identificou com o de mais retrogrado o pais tem: racismo, discriminação, calunia, elitismo.
A íntegra.

A decadência da imprensa 1

O que está por trás do endireitamento da imprensa é a crise econômica que ela vive. No Brasil e em todo o mundo ela está estrebuchando em agonia. Sensacionalismo e oposição ao governo do PT fazem parte desse quadro. Não adianta: os cães ladram, a caravana passa, as tiragens continuam caindo e as publicações fechando.

Do Últimas Notícias, via Agência Carta Maior.
Mídias que morrem e o futuro da imprensa
Eleazar Díaz Rangel
Caracas -- No final de 2012, ocorreram dois fatos de extraordinária significação, ainda não analisados em profundidade, sobre o mundo dos meios de comunicação. Uma das mais famosas revistas estadunidenses, Newsweek, que estava a ponto de completar 80 anos, deixou de circular depois de perdas anuais estimadas em 30 milhões de dólares, e uma queda na tiragem que nos anos 80 era de quatro milhões e chegou a 1,4 milhões há dois anos.Esse fechamento é outra expressão da crise midiática nos EUA, onde em cinco anos 145 jornais diários fecharam e só 14 passaram a existir na internet. A Comissão Federal de Comunicação (FCC) revelou que 35 mil postos de trabalho deixaram de existir, 18 milhões de leitores abandonaram a imprensa e, entre 2005 e 2010, as perdas ultrapassaram a casa dos 23 bilhões de dólares.
A íntegra.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Tercerização elimina direitos trabalhistas

Grande parte dos trabalhadores perdeu direitos com a terceirização neoliberal e a situação pode ficar pior, se for aprovado o Projeto de Lei 4.330/04.

Da Radioagência NP.
Terceirização emprega milhões, mas não garante direitos
Trabalho terceirizado emprega, principalmente, pessoas de baixa escolaridade, migrantes ou filhos de migrantes. Entre os setores que mais terceirizam estão o da saúde, construção civil e bancário
Mais de 8 milhões de pessoas trabalham como terceirizadas e existem cerca de 31 mil empresas que prestam essa modalidade de serviço no país, segundo o Ministério Público do Trabalho. Pesquisas apontam que a terceirização é responsável pelo aumento do número de acidentes de trabalho e por dificuldades para os contratados garantirem seus direitos.
O trabalho terceirizado emprega, principalmente, pessoas de baixa escolaridade, migrantes ou filhos de migrantes; além de afetar mais as mulheres. Entre os setores que mais terceirizam estão os da saúde, da construção civil e bancário.
A íntegra.

O direito argentino às Malvinas

Do Diário do Centro do Mundo.
Por que a reivindicação da Argentina sobre as Malvinas é legítima 
Richard Gott.
Em novembro de 1968, viajei para as Malvinas com um grupo de diplomatas no que foi a primeira e última tentativa da Grã-Bretanha de tentar um acordo sobre as ilhas. Mr. Chalfont, então no gabinete das Relações Exteriores, foi o líder da expedição. Ele teve a árdua tarefa de tentar convencer os 2 mil habitantes da ilha de que o império britânico podia não durar para sempre – e que eles deveriam ter a noção de que seria melhor ser amigável com o seu vizinho próximo, a Argentina, que há muito tempo reivindicava as ilhas. Este foi o momento em que a Grã-Bretanha estava abandonando a sua política "a leste de Suez" por razões financeiras, e pensando em formas de liquidação dos resíduos do seu império.
Nós já tínhamos deportado à força os habitantes de Diego Garcia, em 1967, sem muita publicidade hostil, e os estabelecemos nas ilhas Maurício e Seychelles, entregando suas ilhas para os norte-americanos construírem uma base aérea gigante. As Falklands foram as próximas da lista. Talvez os ilhéus pudessem ter recebido dinheiro para criar fazendas de ovelhas na Nova Zelândia.
Em pouco mais de dez dias, visitamos cada fazenda nas duas ilhas principais. Nós fomos recebidos em todos os lugares com as mesmas mensagens: "Chalfont Go Home" e, às vezes, "Queremos continuar britânicos".
Os ilhéus foram inflexíveis. Eles não queriam nada com a Argentina, e Chalfont deixou-os com a promessa de que nada aconteceria sem o seu consentimento. Quatorze anos depois, em 1982, a Grã-Bretanha e a Argentina estavam em guerra por causa das ilhas, e quase mil pessoas perderam suas vidas. As pessoas às vezes me perguntam por que os argentinos fazem tanto barulho sobre as ilhas que eles chamam de Malvinas. A resposta é simples. As Malvinas pertencem à Argentina. Só aconteceu de elas serem capturadas, ocupadas, povoadas e defendidas pela Grã-Bretanha. Porque a reivindicação da Argentina é perfeitamente válida, sua disputa com a Grã-Bretanha nunca terminará.
A íntegra.

Governo federal vai construir 270 aeroportos

O PAC é a política econômica dos governos petistas: crescer para enfrentar a crise mundial do capitalismo. Crescimento gera emprego, distribui renda (milhões compraram carros, milhões estão viajando de avião, como diz a presidente), estimula os negócios e dá lucro às empresas. E consolida a provável reeleição de Dilma em 2014. Eu me pergunto que capitalismo é esse, em que os investimentos vêm do Estado e o capital entra só para administrar obras privatizadas -- como os (escandalosos) estádios para a Copa, por exemplo.

Do Blog do Planalto.
Governo vai investir R$ 7,3 bi para tornar estrutura aeroportuária do País muito melhor, afirma Dilma
A presidenta Dilma Rousseff afirmou, no programa Café com a Presidenta desta segunda-feira (7), que o crescimento da demanda dos brasileiros por viagens de avião mais que dobrou, chegando, no ano passado, a 180 milhões de passageiros. Para acompanhar essa realidade, ela destacou os investimentos para melhorar a infraestrutura em 270 aeroportos regionais, que vão chegar a R$ 7,3 bilhões.
"Um país do tamanho do Brasil precisa ter bons e modernos aeroportos nas grandes metrópoles, mas, também, precisa de uma rede de aeroportos que atendam bem as cidades do interior, as pequenas e as médias. Por isso, uma das principais medidas desse programa é o investimento de R$ 7,3 bilhões que vamos fazer em 270 aeroportos regionais", completou.A íntegra.

As teorias conspiratórias e a imprensa

O nazismo não nasceu em um dia. Quem relê a imprensa de décadas atrás toma um susto constatando como essa atividade piorou. Rigorosamente falando, já não se faz jornalismo, pois a informação está sempre contaminada -- e de que vale um jornal ou revista no qual não se pode confiar? Ao mesmo tempo, há a internet, uma comunicação libertária como jamais houve antes. Fazer jornalismo hoje é fazer subversão -- contra a própria imprensa, como mostra este artigo de um veterano e conceituado jornalista investigativo. Na época da ditadura, havia uma pressão do governo contra a informação: quem ousasse falar ou escrever a verdade era tachado de subversivo. Hoje, a pressão contra a verdade -- uma pressão difusa, repleta de preconceitos e dourada como uma pílula, para a qual colaboram até mesmo jornalistas "de esquerda" -- vem da própria imprensa. A Rede Globo sempre manipulou informações, mas a Veja nasceu honesta e a Folha teve sua fase a favor das Diretas Já. Como resistir à mentira agora que à manipulação da superpoderosa e onipresente Globo fazem coro Veja, Folha, Estadão e todos os demais veículos sem capacidade de produzir noticiário próprio ou de destoar da voz geral? Como não acreditar nas mentiras insinuadas por artistas sorridentes, bonitos, admirados, queridos aos nossos corações? Como contestar as mentiras repetidas por autoridades intelectuais que ajudaram a formar nossa visão do mundo? A batalha mais importante do século XXI talvez seja a da informação.

Da Agência Carta Maior.
Indícios de conspiração contra a democracia em todo o mundo 
J. Carlos de Assis
Em 1983, bem antes do fim da ditadura, denunciei três grandes escândalos financeiros urdidos nos bastidores do sistema autoritário, os quais ficaram conhecidos como o caso Delfin-BNH, o caso Coroa-Brastel e o caso Capemi. Foi a inauguração do jornalismo investigativo na área econômica no Brasil, contribuindo fortemente para a desmoralização do regime. Era investigação jornalística crua: sem Polícia Federal, que só pensava em prender opositores políticos; sem Ministério Público, sem CPI, sem quebra de sigilos, sem escuta telefônica.
Trabalhei exclusivamente a partir de documentos vazados por empregados e funcionários públicos insatisfeitos com a corrupção em suas empresas ou instituições, e com depoimentos verbais rigorosamente conferidos por no mínimo três testemunhas. Nunca fui processado por civis que eventualmente questionassem minhas afirmações. Fui processado, sim, por dois ministros de Estado com base na antiga Lei de Segurança Nacional, aquela que criminalizava a intenção subjetiva, e não só os atos supostamente contra o regime.
Escapei de condenação porque o juiz militar de primeira instância entendeu que, ao contrário do que a LSN não previa, me devia ser dado fazer a prova da verdade. Não precisei fazer. Na verdade, já estava feita nas reportagens. Com isso os ministros, um deles chefe do SNI, o outro da Agricultura, desistiram da ação. Comparo isso, em pleno regime militar, com o jornalismo dito investigativo que tem sido feito no Brasil em pleno regime democrático. É o jornalismo da espionagem, da invasão da privacidade, da exposição pública de suspeitos, do achincalhe de inocentes, da opinião prevalecendo sobre a informação.
Na verdade, não existe hoje no Brasil (e no mundo) algo que mereça mais uma investigação jornalística séria do que o próprio jornalismo. Luís Nassif e Paulo Henrique Amorim vêm fazendo esse papel. Eu costumo rejeitar teorias conspiratórias, mas neste caso as evidências são óbvias. Uma delas vem de fora, o caso Murdoch, da Fox. Na Inglaterra, ele montou um sistema de espionagem de centenas de personalidades para alimentar um jornalismo de chantagem do sistema político. Nos EUA, ele tentou inventar um candidato a presidente da República que seria apoiado por seu império de comunicação.
Qual é o pano de fundo dessas atividades jornalísticas criminosas, que põem em risco até as maiores e mais antigas democracias do mundo? A pista é o próprio Murdoch, o bilionário das comunicações. A articulação da grande mídia com as grandes corporações mundiais, notadamente os bancos, constitui uma base de poder incomparável nas democracias. Os bancos financiam a mídia para que a mídia faça a lavagem cerebral nos eleitores em defesa de seus interesses. A isso se deveu o sucesso ideológico espetacular do neoliberalismo nas últimas décadas. (Vejam aqui as críticas da mídia à queda dos juros!)
A íntegra.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Testemunha de crime de policiais é executada

Em SP. Lá é pior, mas o envolvimento das policias militares com o crime acontece em todo o País. Elas não foram reformadas pela redemocratização e continuam atuando como polícias da ditadura: são usadas por governos de direita para reprimir trabalhadores e pelo crime organizado como braço auxiliar. Não todos os policiais, é claro, certamente a maioria é gente do bem, mas são os maus que aparecem. Como os governos, os comandos das corporações e suas corregedorias, assim como a justiça, não agem para expulsar e punir os maus elementos, estes se impõem sobre todos. O resultado é que as polícias militares não protegem os cidadãos que pagam impostos que as mantêm, ao contrário, estão do outro lado, são temidas pelas pessoas de bem.

Da Folha de S. Paulo.
Testemunha de crime e rapper estão entre vítimas de chacina em SP
Um rapper e a testemunha de um crime praticado por PMs estão entre as vítimas da chacina registrada na noite de ontem na zona sul de São Paulo. Outras quatro pessoas morreram e três ficaram feridas na primeira chacina registrada no ano. O crime ocorreu por volta das 23h, na rua Reverendo Peixoto da Silva, quando criminosos desceram de três carros e atiraram contra o bar onde estavam as vítimas.
Cinco pessoas morreram ainda no local. Entre os mortos estavam Laércio da Silva Grima, o Dj Lah, integrante do grupo Conexão do Morro, e o homem que filmou, em novembro do ano passado, cinco policiais matando um servente de pedreiro que já estava rendido e desarmado. O nome dessa segunda vítima não foi divulgado.
De acordo com testemunhas, assim que desceram do veículo, os assassinos gritaram "polícia" e começaram a atirar.
A íntegra.

"Privatização do Mineirão é imoral e vai liquidar o futebol mineiro"

É o que diz o presidente do Atlético, Alexandre Kalil.
Seu erro é tratar o governador -- para quem fez campanha em 2010, juntamente com o então presidente do Cruzeiro, hoje senador, Zezé Perrella -- como torcedor.
Acima de atleticano e mineiro, Anastasia é um político neoliberal tucano: foi ele quem doou o estádio -- reformado com dinheiro público -- para a "iniciativa privada" explorar.
PS: Em 2014, Kalil aparece em fotos com Anastasia e Aécio e é cotado como candidato ao Senado -- seria o Perrella do Galo...

Do UOL, em Belo Horizonte.
Atlético vai ao governador contra contrato do Mineirão e prega união com Cruzeiro
Depois de recusar proposta para o Atlético-MG atuar no Mineirão, que será reaberto em 3 de fevereiro, no clássico com o rival Cruzeiro, o presidente Alexandre Kalil disse que levará ao governador de Minas, Antônio Anastasia, o contrato oferecido pelo consórcio Minas Arena, que administra o estádio da Pampulha.
Em entrevista a Rádio Itatiaia, o dirigente atleticano voltou a atacar a proposta apresentada pela Minas Arena. Segundo Kalil, o contrato apresentado pela concessionária é "imoral" e levará o futebol mineiro à "falência".
"O Mineirão não é dos mineiros. O Atlético e o Cruzeiro são dos mineiros. O Mineirão é de uma empresa privada que quer liquidar o futebol mineiro. A brincadeira é algo em torno de três bilhões de reais, e eu estou dizendo aqui porque estudamos os números. Estamos marcados com o governador para ver o horror que é o contrato que estão oferecendo no Mineirão", observou o presidente atleticano.
O Cruzeiro assinou, no final de 2012, contrato com a Minas Arena para os próximos 25 anos. Pelo acordo, o clube celeste terá participação na arrecadação referente à venda de ingressos e no estacionamento do estádio, além de ter um bar temático e um museu no local.
O presidente atleticano pregou a união com o rival para que o contrato do Cruzeiro. "Não é Atlético contra Cruzeiro. Cabe ao Cruzeiro entender isso. É Atlético e Cruzeiro, que são patrimônio do povo mineiro contra uma empresa privada. Esse é o embate. O Atlético abraçar o Cruzeiro contra uma empresa privada", disse."Vamos ser liquidados pela imoralidade que estão tentando fazer no futebol mineiro. Isso são números, eu não vou divulgar antes por questão de lealdade e amizade com o governador. Já estou marcado com ele, vou levar os números, que são absurdos", acrescentou Kalil.
A íntegra.

A primeira crônica do Veríssimo

Depois da gripe que quase fez o mundo acabar em 2012 para ele.

O Estado de S. Paulo, 3 de janeiro de 2013.
Desmoronando 
Luis Fernando Verissimo 
O prédio de lata estava desmoronando e eu estava dentro dele, desmoronando também. Caía de bruços como um super-herói que esqueceu como voar, com a cara virada para o chão, ou para o saguão do prédio, que se aproximava rapidamente. Se eu me espatifasse no saguão, certamente morreria, pois seria soterrado pela lataria em decomposição que acompanhava meu voo. O fim do sonho seria o meu fim também. Mas a queda era interrompida, a intervalos, como naquelas "lojas de departamento" em que o elevador parava, o ascensorista abria a porta e anunciava: "Lingerie", "adereços femininos" etc. Levei algum tempo para me dar conta que aquelas paradas não eram só para interromper o terror da queda. Eram oportunidades de fuga. O sonho me oferecia alternativas para a morte, se eu fizesse a escolha certa. Ou então me dava um minuto para pensar em todas as escolhas erradas que tinham me levado àquele momento e à morte certa: os exageros, os caminhos não tomados e as bebidas tomadas, as decisões equivocadas e as indecisões fatais, o excesso de açúcar e de sal, a falta de juízo e de moderação. Não posso afirmar com certeza, mas acho que ouvi o ascensorista fantasma dizer, em vez de "lingerie" e "adereços femininos": "desce aqui e salva a tua alma" ou "pense no que poderia ter sido, pense no que poderia ter sido...". As paradas não eram para diminuir o terror, as paradas eram parte do terror! Eu não tinha tempo nem para a fuga nem para a contrição. E o saguão se aproximava. Decidi me resignar. É uma das maneiras que a morte nos pega, pensei: pela resignação, pela desistência. Meu corpo não me pertencia mais, era parte de uma representação da minha morte, o protagonista de um sonho, absurdo como todos os sonhos. Talvez a morte fosse sempre precedida de um sonho como aquele, uma súmula de entrega e renúncia à vida, mais ou menos dramática conforme a personalidade do morto. Um sonho com anjos e nuvens rosas ou um sonho de destruição, como eu merecia. Eu nunca saberia por que meu sonho terminal fora aquele, eu desmoronando junto com um prédio de lata. Mas nossas explicações morrem com a gente.
A íntegra.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A decadência da Rede Globo

Ao mesmo tempo que bate no governo petista, a Globo despenca. Não é à toa que sua campanha reacionária não tem resultado. Essa queda é um fenômeno da Globo, mas é também da televisão (Record e SBT também perderam audiência) e de toda a velha comunicação (tiragens de jornais e revistas também despencam). Abaixo, a notícia e uma análise da notícia. Uma conclusão é óbvia: essas emissoras e publicações não merecem continuar recebendo as polpudas verbas publicitárias estatais que sempre ganharam e que fazem a fortuna dos seus acionistas, além de as tornarem verdadeiros veículos oficiais (quando o governo não é do PT).

Do Portal Imprensa.
Rede Globo encerra 2012 com a pior audiência de sua história
A Rede Globo não teve muito o que comemorar em 2012, já que mesmo com sucessos como "Avenida Brasil", a emissora fechou 2012 com a pior audiência de sua história, informou a Folha de S. Paulo, na última quarta-feira (2/1/13). Segundo dados do Ibope, a Globo marcou 14,7 pontos de média (cada ponto corresponde a 60 mil domicílios na Grande São Paulo) das 7h à meia-noite.
A Record manteve a vice-liderança, com 6,2 pontos, seguida de perto pelo SBT, que marcou 5,6 pontos e diminuiu a diferença existente entre as duas emissoras (em 2011 a diferença era de 7,2 contra 5,7). Band e RedeTV! marcaram 2,5 e 0,9 ponto, respectivamente. Todas as emissoras apresentaram queda em relação ao ano anterior.
Veja o desempenho da Globo nos últimos dez anos:
2002 - 20,3
2003 - 21
2004 - 21,7
2005 - 21
2006 - 21,4
2007 - 18,7
2008 - 17,4
2009 - 17,4
2010 - 16,5
2011 - 16,3
2012 - 14,7

Do Blog da Cidadania.
Por que público foge da TV aberta
Por Eduardo Guimarães
Conforme notícia divulgada pela Folha de São Paulo nesta semana, a Rede Globo fechou o ano passado com a pior audiência de sua história. Segundo dados do Ibope, em 2012 ela teve, em média, 14,7 pontos (cada ponto equivale a 60 mil domicílios).
A emissora ainda amarga o pior índice em seu principal programa jornalístico, o Jornal Nacional, que, ano passado, teve média de 28,1 pontos contra o pico de audiência, que ocorreu em 2006, de 36,4 pontos.
Todavia, é equivocada a percepção de muitos de que se trata de um problema isolado da Globo. Houve queda de audiência de todas as TV abertas no ano que passou em relação a 2011.
Apesar de a Globo ter fechado 2012 com 14,7 pontos contra 16,3 em 2011, a Record teve 6,2 pontos contra 7, 2, o SBT 5,6 pontos contra 5,7, a Band 2,5 pontos contra 2,5 e a Rede TV! liderou a queda, tendo perdido 37% de sua audiência no ano passado, tendo cravado 0,9 pontos contra 1,4 em 2011.
E não foi só. O número de aparelhos ligados em televisões abertas caiu perto de 5%.
O progressivo aumento do nível de escolarização e cultura do brasileiro vai provocando fuga de uma programação cuja produção chega a ser cara só para produzir lixo cultural em estado puro.
Para que se informar pelos telejornais se, pela internet, você fica sabendo antes das notícias e ainda pode ter acesso a diversos ângulos delas?
A íntegra.

O atraso na transposição do Rio São Francisco

E por falar em erros dos governos petistas...

Do Projeto Manuelzão.
Acúmulo de erros 
Pouco investimento causa atraso nas obras de transposição do Velho Chico
As obras de transposição do Rio São Francisco seguem em ritmo lento. Até o dia 20 de dezembro, o Ministério da Integração Nacional havia desembolsado apenas 18% do Orçamento disponibilizado para 2012. A execução se restringiu, basicamente, a restos a pagar dos anos anteriores, o que afetou seu cronograma.. No final do ano passado foi lançada uma nova licitação que pode levar para 2014 a inauguração do trecho piloto da obra, antes previsto para entrar em funcionamento ainda em dezembro de 2012. Entretanto, o governo ainda mantém para 2015 a previsão de conclusão total da obra. A ideia da transposição, que é a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Nordeste, é de que a água transportada abastecerá a população que sofre com a seca na região. Para o idealizador do Projeto Manuelzão, Apolo Heringer, porém, essa é uma propaganda duplamente enganosa. Em primeiro lugar, o problema do Nordeste não é a seca, mas um regime irregular de chuvas. Em segundo, a transposição não vai atender aos interesses da população sem água. Para Apolo, a transposição é a pior das escolhas, pois a obra só se explica por arranjos políticos e, além do superfaturamento, a própria manutenção do projeto irá aumentar bastante o preço da água. Para saber mais sobre o assunto, leia a entrevista completa com Apolo Heringer na Revista Manuelzão 65.

A privatização das cidades brasileiras

Natal, Recife, Rio, São Paulo... E ela não falou de BH. Nem de Porto Alegre. Se tivéssemos uma imprensa confiável, conheceríamos melhor essa escandalosa privatização das cidades brasileiras. Este é provavelmente o maior defeito dos governos do PT, mas a "grande" imprensa -- de oposição e sensacionalista -- não denuncia o que realmente tem importância.

Do blog Maria Frô.
A província antidemocrática: Recife terra das construtoras
Acho que Recife está longe de ser isoladamente a "terra das construtoras". O Brasil está virando a terra das empreiteiras, a política institucional cada vez mais dependente delas.
Em 2012, ouvi uma procuradora em Natal, Rio Grande do Norte, dando dados assustadores: Natal ficará endividada por mais de 30 anos por causa da construção do estádio para Copa, mas não avançará em mobilidade urbana.
No Rio, Paes age como um novo Pereira Passos, Kassab vendeu a cidade, equipamentos públicos como escolas, bibliotecas, creches em áreas valorizadas da cidade foram vendidos a empreendimentos privados!!!!! A violência institucionalizada com a política das remoções em todas as cidades que vão sediar jogos da Copa aliada à grande especulação imobiliária são de indignar todos os que lutam por moradia urbana.
A íntegra.

Lacerda aumenta seu salário em 23%

Como sempre, na calada da noite. Será que deu aumento equivalente para professores, médicos e outros funcionários? Ou só para ele, seus secretários e seus vereadores? Será que foi por isso que tentou diminuir as verbas destinadas por lei à educação?

Do portal R7.
Márcio Lacerda sanciona lei que aumenta próprio salário em 23% 
Salário do prefeito passa de R$ 19.080 para R$ 23.430
O prefeito reeleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), sancionou neste sábado (29/12/12) uma lei que eleva em 23% seu próprio salário. Os vencimentos do vice-prefeito e dos secretários municipais também serão reajustados com o mesmo percentual. Já o vencimento dos vereadores sobe 34% a partir de 1º de janeiro.
A íntegra.

A tragédia anunciada em Xerém

Mais uma. Todo ano tem e todo mundo sabe o que é preciso fazer, mas as ações governamentais são decisões políticas e envolvem despesas. Os governos escolhem se vão prevenir enchentes e salvar vidas ou destinar recursos para empresários e políticos corruptos -- inclusive publicidade em televisões, rádios, jornais e revistas.

Da Agência Brasil.
Desastre em Xerém foi tragédia anunciada, diz especialista
Vladimir Platonow
Rio de Janeiro – A destruição causada pelo temporal que atingiu na madrugada de hoje (3/1/13) o distrito de Xerém, em Duque de Caxias, poderia ter sido evitada. Bastariam medidas de prevenção básicas, como a proibição pelo Poder Público de edificações nas margens dos rios e córregos, além de uma dragagem periódica. A opinião é do especialista em geotécnica do Departamento de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Alberto Sayão.
"Foi uma tragédia anunciada, um desastre previsto. Alguém tem que ser responsabilizado", disse Sayão, que citou a falta de fiscalização pelo Executivo, a leniência do Judiciário em julgar crimes ambientais e o populismo de integrantes do Legislativo, que buscam se promover em troca da facilitação da ocupação de áreas irregulares.
A íntegra.

O PT e a crise capitalista

Ruim com o governo Dilma, muito pior com um governo de direita. Vimos isso quando a crise começou, em 2008, e os tucanos -- Serra à frente -- defenderam cortes de despesas do Estado, nos investimentos e nos benefícios sociais. Lula fez o contrário disso e virou exemplo internacional. A Europa seguiu o receituário neoliberal e continua mergulhada em desemprego, queda na renda e todos os sofrimentos decorrentes da crise para os trabalhadores. Enquanto isso, os capitalistas ficam ainda mais ricos.
Este é o mundo atual, um mundo de crise capitalista -- uma imediata, que destrói as riquezas criadas pela civilização, e outra mais longa, que destroi o planeta e as condições para a vida humana nele --, mas não é isso que vemos na "grande" imprensa. Concentrados em poucas mãos reacionárias, que se beneficiam da crise capitalista, os grandes veículos mostram outro mundo, atribuem os problemas à esquerda, travam uma cruzada moralista contra esta -- como se não fosse o próprio capitalismo a origem da corrupção e a imprensa não estivesse envolvida nela.
O liberalismo acabou há um século, numa sequência de pesadelos que aterrorizou a humanidade: a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), a Grande Depressão de 1929, o nazifascismo (1922-1945), a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O capitalismo foi salvo por reformas que criaram o estado de bem-estar social, o mesmo que o neoliberalismo tratou de destruir nas últimas décadas. Essa gente não tem a menor competência para dirigir as sociedades humanas, basta comparar os governos neoliberais de Collor e FHC com os governos de Lula e Dilma.
A concentração da comunicação nas mãos da direita reacionária distorce as informações que as populações recebem. Por isso a batalha da informação é talvez a batalha mais importante dos dias atuais. Nunca tivemos governos tão democráticos e republicanos quanto os governos do PT; no entanto, o oligopólio formado por Globo, Veja e Folha dá a impressão de que se trata do decênio mais corrupto da história brasileira (antes tinha sido o governo de Getúlio Vargas, "o mar de lama", outro presidente popular, não por coincidência). Há décadas não tínhamos tanto crescimento e nunca antes tivemos tanta distribuição de renda, mas o oligopólio da comunicação ataca sistematicamente as políticas governamentais.
Se os governos FHC recebessem a oposição sistemática da "grande" imprensa que recebem os governos petistas, pensaríamos que estávamos no inferno. Da mesma forma, se os governos do PT recebessem o apoio de Globo, Veja e Folha que os governos tucanos receberam, pareceria que estamos hoje no paraíso.
O eleitor percebe isso, como a reeleição de Lula, a eleição de Dilma e o crescimento do PT em 2012 -- apesar da campanha do "mensalão" -- demonstraram; o povo brasileiro prefere votar segundo seu próprio juízo em vez de seguir a opinião do oligopólio da comunicação e dos artistas globais, falsos intelectuais e jornalistas que ele mobiliza. A vida da maioria dos brasileiros melhorou e os eleitores não querem pôr no poder novamente gente que vai destruir isso, que vai governar contra eles. Até quando, no entanto, vai durar isso?
Em 2012 a direita conseguiu manipular um julgamento político contra líderes do PT e em seguida apontou suas baterias contra Lula. É uma novidade política: usar o judiciário, e em especial o STF, para fazer política. Já que não vencem eleições, os reacionários apelam para a transformação do STF (aparentemente imparcial e no qual a população confia) num poder acima dos outros, com "o monopólio da última palavra", numa clara afronta à Constituição, que diz no seu Artigo 1º que o poder emana do povo e por ele é exercido, diretamente ou por seus representantes eleitos. Os ministros do STF não foram eleitos e o Senado tem poder constitucional para cassar seus mandatos.
A direita aposta na radicalização e no enfrentamento, quer claramente intimidar o governo e torná-lo refém. E cooptar Dilma. Não foi à toa que Veja deu à presidente uma capa laudatória, dizendo que o PT ficaria contra ela e a revista a apoiaria. O esquema foi montado para que Dilma rompesse com Lula e guinasse à direita na reunião da Sociedade Interamericana de Imprensa -- mas a presidente não caiu na armadilha.
Está tudo muito claro para quem quer ver -- o povo talvez não veja, mas sente. Só uma parcela da classe média que se considera culta e inteligente -- mas na verdade é preconceituosa e manipulada -- continua se informando por meio de Veja, Folha e Globo, cujas tiragens e audiência despencam.
A política dos governos do PT em relação ao oligopólio é de não enfrentamento: os cães ladram e a caravana passa. Até agora tem dado certo, mas continuará assim? Essa gente acumula uma força política desproporcional à sua influência social e econômica. Sua aliança com o STF criou um poder que nunca existiu antes, no qual, por meio de reportagens sensacionalistas e mentirosas, a "grande" imprensa dita o que o STF deve fazer. Se Veja, Folha e Globo, numa campanha similar à do "mensalão", disserem que Lula tem de perder seus direitos políticos ou que Dilma deve ser impedida de governar, o STF também acatará?

Da Agência Carta Maior.
O governo precisa dar à crise o seu nome 
Por Saul Leblon
A mídia tanto insiste em confundir que às vezes até setores progressistas parecem acreditar. Mas é preciso ficar claro: o nome da crise é capitalismo e não esquerda; não PT -- ou governo Dilma, como quer o jogral embarcado nas virtudes dos livres mercados, os mesmos que jogaram o planeta no pântano atual.
O conservadorismo não tem agenda propositiva a oferecer, exceto regressão à matriz do desmazelo atual.
A preparação do V Congresso do PT, que acontecerá em 2014, é a oportunidade para que isso ocorra no Brasil de forma organizada. Com convidados de dentro e de fora do partido. De dentro e de fora do país. E cobertura maciça da mídia alternativa, a contrastar o bombardeio de veículos sempre alinhados às boas causas democráticas.
A íntegra.

Do Página 12 via Agência Carta Maior. 
O "Lulismo" e os meios de comunicação
Apesar da inegável capacidade de Lula de estabelecer com as camadas populares uma relação profunda de identificação, o poder dos meios de comunicação na sociedade brasileira não foi minado. Lula é percebido como alguém que ameaça, com sua estima popular e com suas possibilidades presidenciais até 2014, o status quo midiático brasileiro. Destruir o capital político do ex-presidente, que havia crescido com o triunfo de seu candidato Fernando Haddad nas últimas eleições municipais, parece ser um objetivo visível. O artigo é de Ariel Goldstein.
A íntegra.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

O que é Instituto Millenium

A versão século XXI do Ipes, o instituto de direita financiado por grandes empresas e pelo governo americano para preparar o golpe de 1964.

Da Carta Capital.
Saudades de 1964
Por Leandro Fortes
Em 1º de março de 2010, uma reunião de milionários em luxuoso hotel de São Paulo foi festejada pela mídia nacional como o início de uma nova etapa na luta da civilização ocidental contra o ateísmo comunista e a subversão dos valores cristãos. Autodenominado 1º Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, o evento teve como anfitriões três dos maiores grupos de mídia nacional: Roberto Civita, dono da Editora Abril, Otávio Frias Filho, da Folha de S. Paulo, e Roberto Irineu Marinho, da Globo.
O evento, que cobrou dos participantes uma taxa de 500 reais, foi uma das primeiras manifestações do Instituto Millenium, organização muito semelhante ao Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), um dos fomentadores do golpe de 1964 (quadro à pág. 28). Como o Ipes de quase 50 anos atrás, o Millenium funda seus princípios na liberdade dos mercados e no medo do "avanço do comunismo", hoje personificado nos movimentos bolivarianos de Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales.
Muitos de seus integrantes atuais engrossaram as marchas da família nos anos 60 e sustentaram a ditadura. Outros tantos, mais jovens, construíram carreiras, principalmente na mídia, e ganharam dinheiro com um discurso tosco de criminalização da esquerda, dos movimentos sociais, de minorias e contra qualquer política social, do Bolsa Família às cotas nas universidades.
Há muitos comediantes no grupo. No seminário de 2010, o "democrata" Arnaldo Jabor arrancou aplausos da plateia ao bradar: "A questão é como impedir politicamente o pensamento de uma velha esquerda que não deveria mais existir no mundo?" Isso, como? A resposta é tão clara como a pergunta: com um golpe.
No mesmo evento brilhou Marcelo Madureira, do Casseta & Planeta. Como se verá ao longo deste texto, há um traço comum entre vários "especialistas" do Millenium: muitos se declaram ex-comunistas, ex-esquerdistas, em uma tentativa de provar que suas afirmações são fruto de uma experiência real e não da mais tacanha origem conservadora. Madureira não foge à regra: "Sou forjado no pior partido político que o Brasil já teve", anunciou o "arrependido", em referência ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), o velho Partidão. Após a autoimolação, o piadista atacou, ao se referir ao governo do PT de então: "Eu conheço todos esses caras que estão no poder, eram os caras que não estudavam". Eis o nível.
O símbolo do Millenium é um círculo de sigmas, a letra grega da bandeira integralista, aquela turma no Brasil que apoiou os nazistas.
A íntegra.

A menor mortalidade infantil da América

Acontece em Cuba. Menor do que nos EUA e no Canadá.

Do Opera Mundi.
Cuba registra menor taxa de mortalidade infantil das Américas 
O sistema público de saúde de Cuba registrou a menor taxa de mortalidade infantil da América em 2012, incluindo Canadá e Estados Unidos, de acordo com as estatísticas locais divulgadas nesta quinta-feira (3/1/13). No ano passado, o número de crianças mortas até o primeiro ano de vida foi de 4,6 para cada mil recém-nascidos.
"Durante cinco anos consecutivos Cuba registrou uma taxa de mortalidade infantil abaixo de 5 para cada mil crianças nascidas vivas", publicou o jornal cubano Granma. De acordo com o periódico, o número reflete "o êxito do Sistema Nacional de Saúde, acessível e gratuito a todos os cidadãos, e do desenvolvimento educacional".
A íntegra.

A proibição de sacolas plásticas na África

Da BBC Brasil.
Mauritânia proíbe uso de sacolas plásticas
O governo da Mauritânia [país do noroeste africano] decidiu proibir o uso de sacolas plásticas, para proteger o meio ambiente e preservar animais e peixes. Mais de 70% dos bois e ovelhas mortos na capital do país, Nouakchott, morrem após ingerir sacolas plásticas. Com a implantação da medida, quem fabricar o produto poderá ser preso por até um ano.
O plástico corresponde a um quarto das 56 mil toneladas de lixo produzido anualmente em Nouakchott, segundo estatísticas do país. Vários países da África já proibiram o uso do produto.
A íntegra.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Uma história da Folha de S. Paulo

O jornal paulista decadente que esteve sempre do lado das elites e contra o povo (exceto quando, numa jogada de marketing, apoiou a campanha Diretas já e se tornou popular) chegou a vender mais de um milhão de exemplares e hoje imprime 300 mil exemplares, parte dos quais comprada por governos tucanos. 

Da Agência Carta Maior.
A Folha tenta se explicar 
Por Emir Sader
Os órgãos da imprensa brasileira não podem fazer suas histórias, tantos são os episódios, as posições, as atitudes indefensáveis deles ao longo do tempo. Suas trajetórias estão marcadas pelas posições mais antipopulares, mais antidemocráticas, racistas, golpistas, discriminatórias, de tal forma que eles não ousam tentar contas suas histórias.
Como relatar que estiveram sempre contra o Getúlio, pelas políticas populares e nacionalistas dele? Como recordar que todos pregaram o golpe de 1964 e apoiaram a ditadura militar, em nome da democracia? De que forma negar que apoiaram entusiasticamente o Collor e o FHC e fizeram tudo para que o Lula não se elegesse e se opuseram sempre a ele, por suas políticas sociais e de soberania nacional? Nos três momentos mais importantes da história brasileira, a mídia estava do lado golpista, do lado das elites, contra o povo e a democracia.
Entre eles, o jornal dos Frias, um dos que mais tem a esconder do seu passado e do seu presente. Uma funcionária da empresa há 24 anos, que fez sua carreira profissional totalmente na empresa, sem sequer conhecer outras experiências profissionais, que já ocupou vários cargos na direção da empresa, decidiu – ou foi decidida – a escrever uma espécie de história ou de justificativa da empresa dos Frias.
O livro foi publicado numa coleção da empresa. A funcionária se chama Ana Estela de Sousa Pinto e o livrinho tem o titulo Folha explica Folha. Mas poderia também se intitular Folha tenta se explicar, em vão.
Livro mais patronal, não poderia existir, até porque quem o escreve não tem a mínima isenção para analisar a trajetória da empresa da qual é funcionária. Começa com uma singela apresentação histórica das origens da empresa. De resgatável, uma citação do editorial de apresentação do primeiro jornal da empresa, que se diz como um jornal "incoerente" e "oportunista", numa visão premonitória do que viria depois. Nada do que é relatado considera a historia como elemento constitutivo do presente. São informações juntadas, num péssimo estilo de historiografia que não explica nada.
Logo no primeiro grande acontecimento histórico que a empresa vive, sua natureza política já aflora claramente: apoio a Washington Luís e oposição férrea a Getúlio, tudo na ótica que perduraria ao longo do tempo: "a defesa dos interesses paulistas" ou do interesse das elites, revelando a função da imprensa paulista: passar seus interesses pelos de São Paulo.
Naquele momento se tratava de defender os interesses da lavoura do café. Para favorecer aos fazendeiros em crise, a empresa aceitava o pagamento de assinaturas em sacas de café, revelando o promiscuidade entre jornal e o café.
De forma coerente com esse anti-getulismo em nome dos interesses de São Paulo, a empresa se alinha com a "Revolução Constitucionalista" de 1932, contra a "ditadura inoperante, obscura e inepta em relação ao Estado de São Paulo". O estado é sempre a referência, sinônimo de progresso, de liberdade, de democracia. O anti-getulismo é visceral: "O diretor Rubens Amaral levava seu anti-getulismo ao extremo de impedir que os filhos saíssem de casa quando o ditador (sic) visitava São Paulo. 'Dizia que o ar estava poluído', conta sua filha mais velha".
Esse elitismo paulistano fez, por exemplo, que o Maracanaço de 1950 só fosse noticiado na terça-feira, na pagina 4 do caderno “Economia e Finanças”.
A autora tenta abrandar as coisas. Afirma que "A posição da Folha foi oscilante ao abordar o governo de João Goulart (1961-64) e a ditadura que o sucedeu". Mentira, o jornal fez campanha sistemática pelo golpe militar.
Bastaria ela ter se dado ao trabalho de ler os jornais daquela época.
Encontraria, por exemplo, no dia 20/3/1964, a manchete: "São Paulo parou ontem para defender o regime". E, ainda na primeira pagina: "A disposição de São Paulo e dos brasileiros de todos os recantos da pátria para defender a Constituição e os princípios democráticos, dentro do mesmo espírito que dito a Revolução de 32, originou ontem o maior movimento cívico em nosso Estado: Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade". E vai por aí afora, reproduzindo exatamente as posições que levaram ao golpe. Editorial de primeira página vai na mesma direção.
Bastaria ler alguns dos jornais desses dias e semanas, para se dar conta da atitude claramente golpista, mobilizadora a favor da ditadura militar, pregando e enaltecendo as “Marchas”. Nenhuma oscilação ou ambiguidade como, de maneira subserviente, a autora do livrinho sugere.
A transformação da Folha da Tarde num órgão diretamente vinculado à ditadura militar e a seus órgãos repressivos, o papel de Carlos Caldeira, sócio dos Frias, no financiamento da Oban, assim como o empréstimo de veículos da empresa para dar cobertura à ações terroristas da Oban, são coerentes com essas posições.
A íntegra.