sexta-feira, 29 de junho de 2012

Brancos ganham mais

Mas no Brasil tem branco?

Do UOL, em São Paulo.
Brancos ganham o dobro que negros e dominam ensino superior no país, mostra Censo 2010
Débora Melo
Dados do Censo Demográfico 2010, divulgados nesta sexta (29/6/12) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que a desigualdade racial continua no Brasil, com brancos recebendo salários mais altos e estudando mais que os negros (pretos e pardos). Segundo o levantamento, essa realidade é ainda mais acentuada na região Sudeste, onde os rendimentos recebidos pelos brancos correspondem ao dobro dos pagos aos pretos. A menor diferença é observada na região Sul, onde a população branca ganha 70% mais que aquela que se autodeclarou preta.
A íntegra.

Desurbanismo

Vídeo de uma série que reflete sobre a urbanização de Recife.

A Savassi do Burguês

Tucano presidente da Câmara (aquele que censurou marchinha de carnaval) é dono de creperia em quarteirão fechado da Savassi "revitalizada". Será coincidência? Ele viu na "revitalização" uma "oportunidade de negócio"? Outros comerciantes tiveram de fechar, mas o presidente da Câmara até esburacou o novo piso para instalar "sombrões". A linguagem do vereador está bem de acordo com a atual fase de Belo Horizonte, cidade sem lei, em que rua é vendida, espaços públicos são alugados, reunião popular é proibida, pobre é recolhido das ruas, obra inaugurada é fechada para fazer de novo e petista se imola na Praça 7, mas todos os políticos estão unidos em torno do pensamento único que do PTSDB. 

Do Estado de Minas.
Indefiniçoes sobre padrões geram discórdia na Praça da Savassi 
Flávia Ayer, 29/6/12
Mesas de plástico, alumínio, madeira de demolição, muitas encostadas em floreiras e bancos públicos. Cadeiras dobráveis, ergométricas, além das patrocinadas por fábricas de cerveja, e guarda-sóis de todas as cores e tamanhos. Diante da indefinição da prefeitura sobre o padrão do mobiliário nos quarteirões fechados da recém-revitalizada Praça da Savassi, lojistas têm esbanjado criatividade na decoração e criado ambiente fértil para desavenças no reduto do charme da Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O mais novo pivô da discórdia são três buracos furados na Rua Antônio de Albuquerque, esquina com Rua Alagoas. No local, foram instalados ombrelones (guarda-sóis tamanho GG) para proteger as mesas da Creperia Albuquerque, que tem como sócio o presidente da Câmara Municipal, vereador Léo Burguês (PSDB).
Autora do projeto de revitalização da Savassi, a arquiteta Edwiges Leal considerou a intervenção no piso uma agressão ao espaço público e já encaminhou o assunto à Regional Centro-Sul. "Fiquei indignada. É um desrespeito grande à Savassi, uma obra tão esperada. O local deveria ter ocupação de primeiro mundo, e abrir furo como o de um mastro de bandeira é um erro primário, e justo do presidente do Legislativo", afirma.
"Respeito a opinião dela, mas (os ombrelones) estão totalmente dentro da lei. Paguei quase R$ 1 mil para furar aquilo ali", afirma o presidente da Câmara, que ressalta estar participando das discussões sobre o chamamento público. 
A íntegra.

Empresa derruba Mata Atlântica para plantar eucalipto

A cara de pau dos capitalistas não tem limite. E não foi a primeira vez. A multinha faz valer a pena.

Da Agência Brasil.
Secretaria do Ambiente do Rio de Janeiro fecha fazenda por desmatar Mata Atlântica para plantar eucaliptos
Agentes da Coordenadoria de Combate aos Crimes Ambientais (Cicca), órgão vinculado à Secretaria de Estado do Ambiente, fecharam hoje (29/6/12), uma grande propriedade por desmatar espécies de Mata Atlântica para plantio de uma área de 200 hectares de eucaliptos para fins comerciais.
Localizada na área de proteção permanente (APP) do Rio Guandu, responsável pelo abastecimento de água da região metropolitana do estado, a plantação, no município de Miguel Pereira, no centro sul fluminense, não estava de acordo com as normas legais estabelecidas pela Secretaria de Estado do Ambiente, segundo informou o coordenador da Cicca, coronel José Maurício Padrone.
O coordenador disse que, no passado, a mesma propriedade já havia sido notificada e multada duas vezes. Segundo ele, o valor da multa chegou a R$ 60 mil. No entanto, segundo Padrone, após sobrevoar a região, foi constatado que estavam ocorrendo as mesmas irregularidades. "No ano passado o Inea [Instituto Estadual do Ambiente] esteve lá e notificou ao proprietário a apresentar o licenciamento e também apresentar a reserva legal de sua área. Não foi apresentado porque não existe."
A íntegra.

Tribunal multa Google em R$ 20 mil

Uma bagatela para a empresa, mas uma decisão importante.

Da Agência Estado.
Google terá de indenizar diretor de faculdade por publicação em blog
A Google no Brasil foi condenada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a indenizar em R$ 20 mil o diretor da Faculdade de Minas (Faminas), Roberto Santos Barbieri, por causa de difamações postadas por alunos da instituição em um serviço de blogs mantido pela empresa. Para a corte, a Google não é responsável pelas postagens nem pode monitorá-las previamente, mas tem a obrigação de retirar o material do ar e identificar o autor quando é notificada sobre a existência de conteúdo ilegal nos serviços que oferece.
Segundo o STJ, Barbieri descobriu que alunos da Faminas haviam criado uma página no saite Blogspot, mantido pela Google. Ele acionou a Justiça e conseguiu uma liminar para que o material fosse retirado do ar. De acordo com a ação, a empresa não cumpriu a determinação e foi condenada a indenizar o diretor. Mas a companhia recorreu ao STJ, alegando que não poderia ser responsabilizada por material divulgado por terceiros porque não filtra as postagens. Em sua defesa, a Google informou ainda que legalmente não poderia identificar o usuário que fez a postagem porque "não houve pedido e muito menos ordem judicial determinando a quebra do sigilo dos dados".
Para a relatora do processo, ministra Nancy Andrighi, a empresa tem razão em não fazer a filtragem do que é divulgado por meio dos serviços que oferece porque "a fiscalização prévia, pelo provedor de conteúdo, do teor das informações postadas na web por cada usuário não é atividade intrínseca ao serviço prestado". Ela ressaltou que esses serviços devem "garantir o sigilo, a segurança e a inviolabilidade" das informações dos usuários, além da manutenção dos serviços prestados.
Porém, Nancy Andrighi entendeu que há uma "inegável" relação de consumo entre a Google e os usuários porque, apesar de o serviço ser gratuito, a empresa lucra com o banco de dados formado pelos cadastros dos usuários. E salientou que, apesar de não ser responsável pelo conteúdo dos blogs, a empresa tem obrigação de, ao saber da "existência de publicação de texto ilícito, removê-lo sem delongas", assim como oferecer meios de identificar os autores.
A íntegra.

Dilma assume presidência do Mercosul

Protestos populares de hoje mobilizaram 25 mil paraguaios. As reações da direita paraguaia ao Mercosul já começaram. Curioso é existir uma "União Industrial do Paraguai (UIP)". O Paraguai é conhecido pela recusa das suas elites em industrializar o país, apesar da farta energia de Itaipu. Elas temem a formação de um proletariado industrial, temem transformações na estrutura social do país, preferem manter tudo como está. Ou como estava, até Lugo ser eleito. O golpe foi para voltar tudo ao que era antes, como nos tempos da ditadura Stroessner e nos governos "democráticos" posteriores, que não mudaram nada.

Da Agência Brasil.
Dilma assume presidência do Mercosul e promete esforços para eleições democráticas no Paraguai 
Stênio Ribeiro
Brasília – A presidenta Dilma Rousseff assumiu hoje (29/6/12) a presidência pro tempore do Mercosul durante a reunião de cúpula do bloco em Mendoza, na Argentina. Ela convocou os países do Mercosul a um esforço integrado para que o Paraguai tenha eleições "democráticas, livres e justas", em abril do ano que vem.
Em discurso na Cúpula Extraordinária de Chefes de Estado da Unasul, Dilma lembrou a existência de "compromisso democrático fundamental" na constituição do Mercosul, que prima pelo respeito aos princípios do direito de defesa, rejeita ritos sumários e zela para assegurar a manifestação dos legítimos interesses dos povos.
Ela ressaltou que está consciente dos desafios e oportunidades na liderança do Mercosul. "Devemos nos integrar cada vez mais para enfrentar a crise econômica que atinge os países desenvolvidos", em especial os da zona do euro, ampliando "o que há de melhor em nosso modelo de crescimento, que é a distribuição de renda, a inclusão social e o crescimento de nossas economias de maneira sustentável", acrescentou.
De acordo com Dilma, é preciso fazer da integração das economias do Cone Sul "um fator relevante de aprimoramento das condições de vida" dos povos da região, que é uma das áreas menos afetadas pela crise financeira internacional. Destacou, porém, que "a América Latina não é e não será apenas fornecedora de alimentos, de minérios e de energia".
A íntegra.

Intolerância, homofobia e Maria da Penha

Duas notícias correlatas. O noticiário anda cheio de demonstrações de intolerância. Este caso dos irmãos gêmeos é especialmente tocante. Tramita no Congresso um projeto de lei contra homofobia, talvez tão urgente quanto era a Lei Maria da Penha, que vigora há quase seis anos e está punindo com rigor a violência doméstica contra a mulher.

Do blog Pragmatismo Político. 
Homofobia: Irmãos se abraçam e são espancados por 8 homens; um morreu
José Leonardo da Silva, 22 anos, não imaginava que o gesto inocente de caminhar abraçado com seu irmão gêmeo, José Leandro, despertaria a ira de outros homens. Os gêmeos foram espancados por cerca de oito pessoas na madrugada do último domingo (24/6/12) quando voltavam do Camaforró, na cidade de Camaçari (Grande Salvador). Leonardo morreu no local ao receber várias pedradas na cabeça, enquanto Leandro foi levado ao Hospital Geral de Camaçari com um afundamento na face, mas já recebeu alta.
Os agressores, que não tinham passagem na polícia, foram presos no mesmo dia do crime e estão custodiados na 18ª Delegacia (Camaçari). Segundo a delegada da 18ª DT, Maria Tereza Santos Silva, trata-se de um crime de homofobia. "Pensaram que eles fossem um casal homossexual. Os agressores e as vítimas não se conheciam e não tiveram nenhuma briga anterior, por isso acho que a motivação seja a homofobia", explica.
A íntegra. 
 
Do Último Segundo.
A um dia da convenção, PT quer Maria da Penha para vice em Fortaleza
Daniel Aderaldo, 29/6/2012
A um dia da convenção partidária que irá oficializar a candidatura de Elmano de Freitas à prefeitura de Fortaleza, o PT ainda não confirmou quem será o vice na chapa e quer emplacar a militante Maria da Penha Maia Fernandes. A farmacêutica e bioquímica cearense Maria da Penha deu nome à lei sancionada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornando mais rigorosas as punições contra quem agride mulheres. A militante se tornou símbolo da luta contra esse tipo violência.
A íntegra.

Mercosul: sai Paraguai, entra Venezuela

Há males que vêm para bem. O congresso reacionário do Paraguai, dominado pelos golpistas, pelos latifundiários e pelas multinacionais do agronegócio, e submisso ao governo americano, era contra a entrada da Venezuela no Mercosul. Os EUA certamente reagirão às decisões. A direita brasileira, isto é, em especial o PSDB, que defendeu a desposição do presidente Lugo, e está finada com os golpistas do Paraguai, certamente vai fazer coro ao governo americano. E a "grande" imprensa protofascista -- Globo, Veja, Folha -- vai amplificar essas vozes minoritárias para que pareçam majoritárias. Como sempre. Os governos do Brasil, Argentina e Uruguai não poderiam agir de outra forma, todos eles estão na mesma situação do governo Lugo, isto é, são governos de esquerda, que não representam os interesses do neoliberalismo e que estão no poder graças ao voto popular, não por vontade dos EUA. O que aconteceu com Lugo já foi tentado sem sucesso contra Chávez, Lula e Kirchner, além de Correa (Equador) e Morales (Bolívia), e continuará sendo tramado. (Há três anos o golpe teve êxito em Honduras.) A direita sul-americana raramente chega ao poder pelo voto, quando chega é por mãos de aventureiros como Collor ou de ex-esquerdistas convertidos à nova direita (FHC, Menem). No atual período histórico, em que as forças armadas estão mais distantes da política e ainda sendo julgadas pelos crimes de décadas atrás, o que resta à direita, além do eterno apoio do governo dos EUA, revelado pelo Wikileaks, são o controle dos grandes meios de comunicação, para manipular a opinião pública, e os parlamentos corruptos, para dar aura de legalidade aos golpes.

Do Opera Mundi. 
Mercosul suspende Paraguai e aceita entrada da Venezuela  
Aline Gatto Boueri, de Mendoza 
Os chefes de Estado dos países-membros do Mercosul decidiram nesta sexta-feira (29/6/12) pela suspensão do Paraguai do bloco até que ocorram novas eleições democráticas no país. Além disso, a Venezuela passará a ser membro pleno do Mercosul a partir da próxima reunião do bloco em 31 de julho deste ano, no Rio de Janeiro. A decisão foi tomada durante a Cúpula do bloco em Mendoza, Argentina.
A presidente argentina Cristina Fernandéz de Kirchner, afirmou que o bloco vai respeitar a decisão do povo paraguaio nas urnas "seja qual for". Segundo a declaração final lida pelo chanceler argentino Hector Timerman, Assunção não terá direito de participar dos organismos e deliberações do Mercosul até "o pleno restabelecimento da ordem democrática no Paraguai".
A medida, no entanto, não contempla sanções econômicas, de acordo com o que já havia sido adiantado pelos chanceleres do Brasil e da Argentina. No documento final produzido pelos chefes de Estado também consta que os chanceleres do Mercosul farão consultas regulares para acompanhar o processo de restituição da ordem democrática em Assunção.
O Parlamento do Paraguai era o principal entrave para a entrada da Venezuela no bloco sul-americano, com a sua suspensão, o país de Hugo Chávez teve a sua inclusão aprovada na Cúpula desta sexta-feira. 
A íntegra.

Da BBC Brasil
À revelia do Paraguai, Mercosul anuncia adesão da Venezuela ao bloco  
Márcia Carmo, de Buenos Aires
Os líderes de Argentina, Brasil e Uruguai anunciaram nesta sexta-feira, em Mendoza, a adesão da Venezuela como membro pleno do bloco. A decisão se deu à revelia do Paraguai, suspenso do grupo após o polêmico impeachment do ex-presidente Fernando Lugo. O país era o único integrante do bloco que ainda não havia ratificado a adesão venezuelana.
"Anunciamos a adesão da República da Venezuela como membro pleno do Mercosul em uma reunião (extraordinária) no dia 31 de julho no Rio de Janeiro", disse a presidente Cristina Kirchner, da Argentina.
Ao discursar, a presidente Dilma Rousseff disse esperar "que a Venezuela formalize a adesão buscada com esforço". Em menção indireta ao Paraguai, Dilma disse que o Mercosul tem "o compromisso democrático" e rejeita "ritos sumários", em uma referencia ao rápido impeachment de Lugo.
Segundo Dilma, o Mercosul está aberto para a adesão de novos sócios plenos do bloco.
Em Caracas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comemorou a decisão e afirmou que o ingresso do país no Mercosul, após sete anos de espera, representa "uma derrota para o imperialismo americano e as burguesias lacaias da região".
A íntegra.

Mais dois candidatos puxa-sacos do Aécio

Délio Malheiros (PV) e Leonardo Quintão (PMDB). Quando a gente pensa que a reeleição de Márcio Lacerda é a pior coisa que pode acontecer à cidade, aparecem mais dois candidatos para disputar com ele o troféu de maior puxa-saco do Aécio. Era só o que faltava. Não bastava Lacerda defenestrar o PT para se aliar ao PSDB, o PT se imolar em praça pública e voltar obediente, subserviente, submisso. Os dois candidatos da "oposição" a Lacerda são ainda mais aecistas! É o pensamento único elevado à terceira potência. Não entenderam nada. Já pensou ter de escolher no segundo turno entre dois candidatos que declaram amor ao Aécio? Um candidato do sim e outro do sim, sinhor? A gente pensando que eles eram de oposição, mas eles são da situação! Em Minas não tem oposição, só tem situação! É a situação contra a situação também e a situação mais ainda! Tipo Arena 1, Arena 2 e Arena 3! E o PTB pelo visto vai ser Arena 4! Cruz credo! Arreda capeta! A política mineira só pode ser comentada pelo Macaco Simão. Pelo visto só vão sobrar as candidatas do Psol e do PSTU. Tomara que aproveitem a maré que está levando as mulheres ao topo. Que essas mulheres lavem a alma dos belo-horizontinos!
(OBS: E a "Turma do Lacerda" é flagrantemente fascista, como se vê na matéria abaixo.)

Do iG Minas Gerais
Cabos eleitorais de 'Aécio presidente' se unem contra prefeito de Belo Horizonte
Denise Motta
Dois pré-candidatos à Prefeitura de Belo Horizonte se uniram antes mesmo da campanha eleitoral começar e prometem partir para cima do prefeito Marcio Lacerda (PSB), que disputará a reeleição. Délio Malheiros (PV) e Leonardo Quintão (PMDB) reuniram a imprensa nesta sexta-feira (29/6/12) para avisar que estarão juntos em um eventual segundo turno. Malheiros afirmou que estará com quem estiver contra Lacerda. Quintão disse que responderá todos ataques a ele em redes sociais como Twitter e Facebook. Ele já disputou a Prefeitura da capital mineira em 2008, sendo derrotado no segundo turno pelo atual prefeito.
Tanto Quintão quanto Malheiros declararam que trabalharão para que o senador Aécio Neves (PSDB) seja candidato à Presidência da República em 2014. Malheiros, inclusive, avisou: vai desafiar publicamente Lacerda a posicionar-se a favor ou contra o ex-governador de Minas. "Se o Marcio Lacerda ganhar, será péssimo para o Aécio porque o PT já fechou com o PSB em 2014", argumenta. "Vou ter muito voto de tucano. Pode escrever aí", disparou Leonardo Quintão ao comentar sobre seu apoio à candidatura de Aécio. Ele também disse esperar uma campanha baixíssima, do "submundo da política".
Além dos pré-candidatos do PV e do PMDB, o PTB lançou o nome do deputado estadual Eros Biondini para prefeito da capital. O PTB também integra a base do governador Antonio Anastasia (PSDB), sucessor de Aécio e, em Minas, trabalha pela candidatura do senador à presidência.
Redes sociais
Enquanto os pré-candidatos afiam os argumentos para pedirem votos em Belo Horizonte, a rede mundial de computadores já dá sinais de que a disputa eleitoral será quente. Já existem grupos organizados a favor e contra o prefeito Márcio Lacerda no Facebook e no Twitter.
Lançado há pouco mais de um ano, o grupo Fora Lacerda ataca frontalmente o prefeito, com argumentos que passam por ações polêmicas da gestão municipal, como a cessão de ruas e terrenos para a iniciativa privada, além de uso regular de viagens em aviões fretados. Já o grupo Turma do Lacerda é radical ao defender o prefeito dos ataques.
Enquanto o Fora Lacerda tem adesão de pessoas ligadas à área cultural da cidade e realiza reuniões frequentes para traçar planos a fim de tentar fragilizar o prefeito, a Turma do Lacerda vive no anonimato e designa o prefeito como "líder supremo". O iG entrou em contato pelo Twitter com o grupo Turma do Lacerda. "Não podemos deixar que a indolência dos preguiçosos, usurpadores da terra alheia, dos ecotalibãs, dos ateus, das feminazis e dos maconheiros dominem nossa cidade", respondeu o perfil oficial do movimento ao ser questionado sobre como surgiu a ideia.
A íntegra.

Evangélicos já são um quinto dos brasileiros

Quase um quarto, segundo o IBGE. Esta vai com foto porque a imagem impressiona. Em BH também é assim, o templo da Iurd é imponente como um templo grego. Não é à toa: Edir Macedo criou uma potência, que, como toda religião, prima pelo poder temporal e quer expressá-lo nos seus templos. Aumentaram ainda os índices de espíritas, de outras religiões e sem religião. Também não é à toa que a igreja católica resolveu construir sua nova catedral em BH.


(Divulgação) Templo evangélico da Igreja Universal do Reino de Deus no Rio de Janeiro

Do Último Segundo.
Com mais 16 milhões de fiéis em 10 anos, evangélicos são 22,2% dos brasileiros
Os evangélicos foram o segmento religioso que mais cresceu no Brasil no período entre os censos de 2000 e 2010. Segundo os números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, em 2000, os evangélicos representavam 15,4% da população. Em 2010, com um aumento de cerca de 16 milhões de pessoas (de 26,2 milhões para 42,3 milhões), chegaram a 22,2%. Em 1991, este percentual era de 9,0% e em 1980, 6,6%.
De acordo com o Censo, a proporção de católicos seguiu a tendência de redução observada nas duas décadas anteriores, embora permaneça majoritária. Em paralelo, consolidou-se o crescimento da população evangélica. A pesquisa indica também o aumento do total de espíritas, dos que se declararam sem religião, ainda que em ritmo inferior ao da década anterior, e do conjunto pertencente às outras religiões.
A íntegra.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Serra, Aécio e FHC apoiam golpe no Paraguai

Eles são as maiores lideranças do PSDB e o PSDB defende o golpe, portanto... Agora não há mais dúvida: o PSDB é a nova UDN e se houvesse um golpe de Estado no Brasil daria apoio aos golpistas. Democracia pra essa gente é relativa, se os fizer subir ao poder, tudo bem. Em 1964, os golpistas chamaram a ditadura militar de "revolução", agora os tucanos chamam o golpe no Paraguai de "substituição na presidência". Derrubar um presidente eleito num processo parlamentar relâmpago é "autodeterminação dos povos". E os tucanos ainda criticam o governo brasileiro, que reagiu como os demais governos da América do Sul. Aliás, Argentina, Venezuela e Equador reagiram de forma muito mais vigorosa em defesa da democracia no Paraguai.

Do saite do PSDB
Nota à imprensa: Governo federal e a substituição na Presidência do Paraguai
O PSDB assiste, com preocupação, à reação do governo brasileiro aos fatos ocorridos recentemente no Paraguai – a saída de Fernando Lugo da Presidência da República e sua substituição por Federico Franco.
Entendemos que, a despeito da velocidade do processo, não houve rompimento das leis do país, tampouco ataque à ordem vigente na nação vizinha. Tanto que o próprio Lugo reconheceu e aceitou a decisão do Legislativo, que também foi referendada pela Corte Suprema de Justiça do Paraguai.
Diante deste quadro, acreditamos que o governo brasileiro age de maneira precipitada quando defende – ou mesmo implementa – sanções ao Paraguai na Unasul e em outras instâncias internacionais.
A autodeterminação dos povos, princípio que rege as relações internacionais do Brasil desde que nos tornamos uma Nação independente, deve também prevalecer neste caso.
O PSDB respeita a decisão do Legislativo paraguaio e ressalta que defende a democracia em todas as nações.
Deputado federal Sérgio Guerra
Presidente Nacional do PSDB
A íntegra.

Lacerda tenta vender Rua Musas outra vez. Por R$ 202 mil

O prefeito não desiste. Ou porque já se considera eleito, acima do bem e do mal, com apoio de 16 partidos fantoches, ou porque está com medo de perder e quer fazer rapidamente todos os negócios possíveis. Vender rua é demais, até pro Lacerda, o prefeito milionário que não mora na cidade que administra. Ele está vendendo também mais de uma centena de imóveis que poderiam ser usados pela administração pública e pela população.

Do Estado de Minas.
PBH coloca Rua Musas no Bairro Santa Lúcia novamente à venda em BH
Antes mesmo do resultado das ações na Justiça movidas pelos moradores, a prefeitura publicou nesta sexta-feira edital em que coloca o trecho da via publica em concorrência de "maior oferta"
Marcelo Ernesto, 22/6/2012
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) retomou uma polêmica com os moradores da Rua Musas, no Bairro Santa Lúcia, Região Centro-sul de Belo Horizonte. Nesta sexta-feira, o Executivo publicou no Diário Oficial do Município (DOM) novo edital em que os quarteirões 1 e 308 da via são colocados à venda. A diferença, desta vez, é que o edital propõe a comercialização do espaço público na modalidade maior oferta, ou seja, quem fizer o maior lance leva o espaço. Diferentemente da outra proposta, em que estava prevista a desafetação, tendo como beneficiária a construtora Tenco Realty. A empresa pretendia construir um hotel de 30 andares e cerca de 300 quartos.
Conforme o edital, os interessados têm até o dia 25 de julho para apresentar as propostas. No mesmo dia, está prevista a abertura dos envelopes. Quem quiser participar deverá apresentar, já na entrega da proposta, o valor de R$ 202.792,46, correspondente a 5% do valor do terreno. As regras permitem que pessoas físicas e jurídicas entrem na disputa.
A íntegra.

Veja BH é filha da outra

Nem bem renasceu, a Veja BH, que antes se chamava Veja Minas, também chamada de Vejinha, já mostra a que veio: reproduzir em âmbito local o mau jornalismo da "Vejona". E começou fazendo (talvez diretamente encomendado em Sampa) o elogio da verticalização da Pampulha. Os moradores reagiram. Desse jeito (e a Veja consegue ser diferente?) não vai levar um ano para ser rejeitada pela população e fechar, como da primeira vez. Pra puxar saco do prefeito e do governador e servir ao lobby das construtoras não precisamos de revista paulistas, já temos revistas belo-horizontinas.

Do saite do Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte, 12/6/2012.
Pampulha -- Indignação à matéria da Veja BH
Moradores e Associados,
Na semana passada a revista Veja BH publicou matéria com o título “Vida Nova à Pampulha“, que encontra-se anexada a este.
Na referida matéria, os moradores, são responsabilizados pelo isolamento que vive a região.
Assim sendo, as associações Apibb, Pró-Civitas e Apam, escreveram uma carta à revista esclarecendo os fatos e mostrando a indignação de todos nós.
Carta enviada segue abaixo.
Prezados Senhores,
As associações Pró-Civitas e Apibb – Associação Pró-Interesses do Bairro Bandeirantes, representantes dos moradores dos bairros São Luís, São José e Bandeirantes e Apam – Associação dos Amigos da Pampulha expressam, no texto abaixo, o sentimento dos moradores da região acerca da matéria, equivocada, da jornalista Paola Carvalho, publicada na revista Veja BH com o título "Vida nova à Pampulha" e solicitam a publicação da resposta abaixo. 

Matéria Veja BH – Vida nova à Pampulha 
Moradores da Pampulha receberam com enorme indignação e tristeza a matéria "Vida Nova à Pampulha", principalmente na semana em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente e em que o Brasil recebe mais de 100 chefes de Estado para o encontro Rio + 20.
Desde quando construir prédios com mais de 9 metros e morar próximo de shoppings e academias é sinônimo de desenvolvimento?
Desde quando construir no limite legal de 9 metros impossibilita a oferta de serviços em área criada e desenvolvida para ser preservada nesta condição?
Desde quando desrespeitar as leis, destruir a história e o meio ambiente de uma região é sinônimo de progresso?
Desde quando fechar os ouvidos aos que vivem na região é sinônimo de desenvolvimento?
Informamos que para a liberação dos hotéis mencionados na matéria várias ilegalidades estão sendo cometidas.
Por que a reportagem não mencionou a construção, legal, de um hotel em frente ao Iate Tênis Clube, bem na orla da lagoa?
Estejam certos de que os moradores da Pampulha pensam diferente do que foi exposto!
Para nós, progresso é lagoa limpa e desassoreada, rede de esgoto, preservação de nascentes, ar puro, respeito à natureza, às leis e ao patrimônio de nossa cidade.
Estejam certos de que os moradores da Pampulha estão cada vez mais unidos em defesa da Pampulha, das leis vigentes e da NÃO verticalização irracional.
E mais, sempre apoiados por estudos técnicos e assessorias de especialistas da área ambiental, jurídica, de engenharia, muitos deles do corpo docente da vizinha UFMG.
Juliana Vaz
Pró-Civitas – Associação dos Bairros São Luís e São José
Ronan Horta
Apibb – Associação Pró-Interesses do Bairro Bandeirantes
Flávio Marcus
Apam- Associação dos Amigos da Pampulha

Esperança para a microbacia do Isidoro?

O projeto Manuelzão acredita que sim. 

Do blog Manuelzão.  
Agora vai  
Sociedade civil, poder público e setores privados reúnem-se para criar o Núcleo pela Revitalização do Isidoro
A Micro-Bacia do Ribeirão Isidoro, localizada no vetor Norte de Belo Horizonte, passa por um momento em que a preservação das águas e áreas verdes pode estar comprometida, graças à expansão urbana e aos empreendimentos imobiliários que serão construídos na região. Por esse motivo, no último dia 27/6/12, o Projeto Manuelzão, o Conselho Municipal de Saúde (CMS) de BH e representantes da sociedade civil e dos setores empresariais reuniram-se no Parque da Lagoa do Nado para criar o Núcleo pela Revitalização do Isidoro, previsto na Resolução aprovada em maio.
Esse projeto é resultado de uma parceria entre o Manuelzão e o CMS, que busca organizar a população da Micro-Bacia em prol da melhoria da qualidade de vida da comunidade e dos recursos hídricos do entorno. Entre os objetivos do Núcleo, estão previstos a participação dos três segmentos da sociedade -- civil, público e privado -- na revitalização do Isidoro, o fortalecimento dos laços socioambientais, culturais e históricos da área e o desenvolvimento sustentável da região. Além disso, a proposta estabelece a requalificação das águas da Micro-Bacia e do Baixo Onça, através da retirada do esgoto e dos resíduos e da recuperação das margens do Ribeirão, o que contribui com o Projeto de Revitalização do Rio das Velhas -- Meta 2014.
A íntegra.

A volta das sacolinhas

Em São Paulo, não em BH, felizmente. Esta notícia é interessante por diversos motivos, todos eles desalentadores. O primeiro é que a gente pensa que a justiça promove o bem comum, mas este caso mostra o contrário, a justiça promovendo o mal comum. O segundo é que a gente pensa que o povo quer o bem coletivo, mas neste caso o povo é egoísta e põe seu interesse particular acima do bem coletivo. O terceiro motivo é que a gente pensa que uma conquista a favor do bem coletivo e do meio ambiente é irreversível e este caso mostra que não, que as coisas podem piorar outra vez. Em BH a população se adaptou muito bem ao fim das sacolinhas do comércio e elas não fazem falta nenhuma. É só ter sacola -- e todo mundo tem. Quando não tem, compra uma, póe em caixa de papelão. Não chega a ser um problema. No entanto, em São Paulo as gentes do povo acham isso o fim do mundo. Não é. Fim do mundo é encher o ambiente de sacolas plásticas que levam séculos para decompor. A questão do saco de lixo é um passo além que não justifica um retrocesso como esse. Vale esclarecer, vale levantar a discussão, vale avançar, agora pelo fim também dos sacos de lixo.

Da Agência Brasil.
Consumidores aprovam volta das sacolinhas; ambientalista defende mais debate Elaine Patricia Cruz e Fernanda Cruz
A decisão judicial que garante o fornecimento gratuito de sacolinhas nos supermercados agradou a muitos consumidores da capital paulista. Para o o ambientalista Nelson Pedroso, da Associação Global de Desenvolvimento Sustentado, essa é uma questão que deveria ser melhor debatida na sociedade. "Tem que ter sacolinha no mercado. Se a gente sai do serviço e, não trouxer a sacolinha, não tem como levar [as compras]", disse a doméstica Maria Santana. A aposentada Aparecida Maria Silva Prado também defendeu a volta das sacolinhas. "Acho um descaso [a falta de sacolinhas]. Já pensou em você estar na rua e lembrar que precisa passar no mercado? Se você estiver só com a bolsa terá que gastar mais um dinheirinho [para levar as compras]", reclamou. Na última segunda-feira (25), a juíza Cynthia Torres Cristófaro, da 1ª Vara Cível Central da capital paulista, determinou que os supermercados retomem o fornecimento gratuito de embalagens adequadas e em quantidades suficientes para que os consumidores possam transportar as compras. A juíza estabeleceu o prazo de 48 horas, após recebimento da notificação, para que os supermercados de São Paulo voltassem a disponibilizar as sacolinhas. Alguns consumidores abordados pela Agência Brasil reclamaram também da falta de informação. Para eles, a alegação de que a retirada das sacolinhas dos supermercados está contribuindo para o meio ambiente não é suficiente, já que há muitos produtos nas prateleiras dos supermercados, por exemplo, que também são feitos de material plástico. "E o lixo na rua? Não vai dentro de um saco de lixo? E as embalagens não são todas de plástico?", argumentou o técnico de trânsito Antero dos Santos Ferreira. Para a dona de casa Maria Amélia França Ricota, neste debate, o consumidor fica sem saber qual é a melhor opção. "Já me acostumei a trazer sacola e carrinho. Isso é consciência. Fazemos o que estão dizendo que é o melhor. Mas o povo tem que colocar o lixo em alguma coisa. E eles usam a sacolinha para isso. Mas agora eles estão precisando comprar saco [de lixo]. E aí não sai a mesma coisa? Saco [de lixo] não é igual à sacolinha e polui da mesma forma? Os dois não vão para o meio ambiente?", questionou.
A íntegra.

R$ 115 bilhões para o agronegócio

É uma das fatias do dinheiro público -- que sai do imposto que pagamos -- que o governo destina aos capitalistas. Outras saem via empréstimos subsidiados do BNDES, via pagamentos de obras do PAC, via financiamentos para construtoras do Minha Casa Minha Vida, via isenções fiscais, via programa disso, programa daquilo. Por que será que a velha imprensa não reclama dessas "bolsas"? Para se ter ideia, o plano Brasil Sem Miséria, menina dos olhos da presidente Dilma, que inclui o programa Bolsa Família e que tanta celeuma provoca, com as reações iradas dos liberais protofascistas, tem orçamento anual previsto de R$ 20 bilhões. Em 2011, ele beneficiou 697 mil famílias. Quantas famílias de latifundiários beneficiará o plano agrícola e pecuário? O benefício médio do Brasil Sem Miséria é de R$ 134. Será que as famílias de latifundiários receberão menos? E se o dinheiro não for bastante, o governo vai dar mais.

Do Blog do Planalto.
Não haverá restrições de recursos para a agricultura, afirma presidenta Dilma
A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (28/6/12), durante cerimônia de lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2012/2013, no Palácio do Planalto, que não haverá restrições de recursos para a agricultura. Segundo ela, se os R$ 115,2 bilhões destinados para a safra 2012/2013 não forem suficientes, poderá haver novo aporte de recursos.
"Nós colocamos R$ 115 bilhões de recursos para dar suporte ao empreendedorismo e às iniciativas do agronegócio brasileiro e aqui eu quero assumir o compromisso manifestado pelo ministro Mendes Ribeiro. Não haverá restrições de recursos caso os R$ 115 bilhões sejam empregados de forma a não conseguir chegar ao final da safra. Não há restrições de recursos", disse.
A presidenta disse que os produtores brasileiros também serão beneficiados pela redução das taxas de juros. O Plano Agrícola e Pecuário reduz de 6,75% para 5,5% a taxa anual de juros, o que representa uma diminuição de 18,5% nos custos dos financiamentos para o produtor rural.
A íntegra.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Romeu e Julieta: a peça de uma geração. Galpão: o teatro de uma cidade

A elite babaca que mora no Mangabeiras reclamou da perturbação que a encenação de Romeu e Julieta provocou na Praça do Papa. Eu não sabia. São os que têm amplos espaços privados vendidos a preço de banana pelo governo décadas atrás e querem privatizar os espaços públicos. Querem privatizar aquela parte da cidade, não querem que os pobres frequentem o parque nem a praça, não querem ser pertubados na sua ilha rica. É essa gente que o prefeito Lacerda representa, é para eles que governa. A estreia da peça no sábado foi maravilhosa. Felizes daqueles que viram. A população de Belo Horizonte se orgulha do Galpão, uma das poucas coisas que engrandecem a cidade. E certamente assina embaixo as palavras do "Carioca".

Do saite do Galpão. 
A volta de Romeu e Julieta a BHZ
por Eduardo Moreira, 19/6/12
(...) No domingo, vivi uma das cenas mais emocionantes como ator quando, durante a cena do casamento, meu personagem entoando a canção "Amo-te muito" foi acompanhado por um coro suave e delicado de dez mil (vá perguntar à polícia militar!) vozes.Uma coisa estrondosamnte emocionante! Perceber como aquelas cenas, aquela história, o cenário, os personagens fazem parte da memória de vida de uma geração, de uma cidade.
(...) Lavou minha alma, o esclarecedor artigo do João Paulo no caderno "Pensar" do jornal "Estado de Minas" falando das apresentações do Galpão na praça do Papa, com o título "Galpão e a cidade". Isso poruqe ganhou destaque nas páginas do mesmo jornal a manifestação de protesto da associção de moradores do bairro Mangabeiras contra as desordens causadas ao trânsito da região pelo afluxo de dez mil pessoas. Por mais que transtornos possam acontecer (e na praça, eles definitivamente não aconteceram) é preciso entender e respeitar essa celebração de uma memória coletiva que se manifestou e extravasou numa noite de sábado e num entardecer estonteante de domingo.
Na verdade, tudo isso é muito sintomático de um país onde os ricos encastelados em suas mansões e condomínios, se afastaram de tal forma do espaço público e do bem comum, que só se interessam pelo seu próprio bem estar e consumo. Isso só me faz ter a certeza de que a retomada do espaço público como celebração da convivência e do projeto de bem estar de uma comunidade é um projeto fundamental que está intrinsecamente ligado com a educação, a saúde, a cidadania das pessoas, a conscientização dos direitos e deveres de cada um, o fim dos abusos e da corrupção. Temos um longo caminho pela frente. Que os filhos dos filhos dessa nova geração que conseguiu assitir a "Romeu e Julieta" cheguem lá. E que nós façamos também a nossa parte, no pouco tempo que ainda nos resta.
A íntegra.

terça-feira, 26 de junho de 2012

O neoliberalismo por ele mesmo

Tudo que se diz contra o neoliberalismo é pouco perto do que os neoliberais dizem de si mesmos, com sinceridade, neste documentário. Entre outras coisas, pode-se ver o que vai acontecer no Cerrado e na Amazônia brasileiros depois de algumas décadas de monocultura exportadora, o tão admirado "agronegócio". Da África miserável saem caminhões de algodão, do Brasil saem os intermináveis trens de minério, de soja, de café, de açúcar... Os condomínios desabitados na Espanha são como os que estão sendo construídos febrilmente em Belo Horizonte e arredores, com campos de golfe que consomem água equivalente a uma cidade de 20 mil habitantes. A Espanha tem 3 milhões de casas vazias no litoral, 800 campos de golfe que consomem a mesma quantidade de água que 16 milhões de pessoas; o país está endividado em grande parte em consequência dessa bolha imobiliária com a qual o capital (fundos de investimento privados) lucrou fantasticamente. São os caminhos do capital neoliberal, que nada têm a ver com qualidade de vida, distribuição de renda, progresso, desenvolvimento. O único interesse, como diz um entrevistado, é o lucro imediato.

Como os EUA controlam o mundo

As informações desse vídeo (parte do documentário "Let's make money") não são novidade e podem ser vistas em todos os países em dificuldades financeiras no mundo. Novidade é um ex-agente americano contar isso publica e claramente, em detalhes; novidade é a internet que nos possibilita, a todos, no mundo inteiro, conhecer isso, fora do controle de governos e dos grandes grupos de comunicação.

O golpe no Paraguai: o que está em jogo

O Paraguai é um país pequeno, pobre e extremamente desigual, cuja população descende dos indígenas guaranis. Na segunda metade do século XIX tentou se impor na América do Sul, entre gigantes como Brasil e Argentina, quis ampliar suas fronteiras, quis ter saída para o mar. Naquela época, as nações atuais estavam ainda se formando e guerras expansionistas eram comuns: os EUA, por exemplo, se formaram a grande nação que são hoje assim, fazendo guerra e tomando terras de outros países.
O Paraguai de Solano López, uma espécie de Napoleão paraguaio, era um povo bravo e orgulhoso, tinha o melhor exército da América do Sul, e deu uma surra nos brasileiros e argentinos (apoiados pela poderosa Inglaterra), antes de ser dizimado por uma força armada inúmeras vezes superior à sua. O Brasil precisou recrutar soldados entre civis para enfrentar o exército guarani: os "voluntários da pátria", principalmente negros escravos que lutaram em troca da liberdade.
A "Tríplice Aliança" (que incluiu o Uruguai) arrasou o Paraguai. Praticamente todos os homens adultos e jovens paraguaios foram mortos na guerra. Desde então o país se tornou um pária na América do Sul, uma nação de segunda classe, humilhada, dominada por ditadores submissos a interesses de empresas e governos estrangeiros, onde os corruptos e os ricos podem tudo. O governo do presidente Lugo, um raro governante esquerdista, é (era?) uma tentativa de mudar isso.
Por ser esse país pequeno em que a política não consegue dissimular os fatos, o Paraguai nos possibilita ver com clareza os interesses em conflito no mundo contemporâneo e que também atingem o Brasil. Um desses interesses é o que une os diversos setores do agronegócio, em oposição aos interesses de pequenos agricultores, indígenas, nacionais e humanos.
Alimentação da população, por exemplo, é um interesse nacional, alguém duvida? Saúde da população também é, ou não? Proteção ao meio ambiente é mais que nacional, é um interesse mundial. Estes interesses são defendidos por trabalhores rurais, entre os quais se incluem os movimentos dos trabalhadores sem terra e os movimentos de povos indígenas, grande parte deles expulsos das terras onde viveram seus ancestrais por latifundiários e empresas agrícolas, com apoio de jagunços, polícias, governos e juízes.
Quais são os interesses do agronegócio? Produzir commodities -- soja, café, açúcar etc. -- para exportação. Para isso precisam de grandes áreas, que são tomadas dos pequenos agricultores; derrubam as matas para limpar o terreno para a monocultura e extinguem espécies animais e vegetais; usam intensamente e controlam a água, provocando desequilíbrios ambientais e sociais; usam intensamente agrotóxicos, envenenando a terra, os cursos d'água, o ar e os trabalhadores; usam intensamente máquinas agrícolas, dispensando trabalhadores e provocando desemprego, migração para as cidades, inchaço destas, favelas etc.; usam sementes transgênicas, produzidas por meia dúzia de multinacionais que dessa forma assumem o controle da produção.
Tudo isso em nome de quê? De gerar divisas para o país, com a exportação; de produzir alimentos para matar a fome no mundo. Nessa divisão internacional da produção capitalista no mundo globalizado, o Brasil e a América do Sul teriam esse papel importante de produzir alimentos, graças às suas vastas e boas terras. Mas por que então a fome no mundo continua tão grande? Por que populações pobres na África e em outros países, inclusive nos países produtores da América do Sul, continuam morrendo de fome? Por que então deixar sem terra e na miséria os agricultores que antes tinham terra para plantar? Por que então não produzir alimentos para consumo no próprio país?
Quem produz alimentos para consumo interno são pequenos produtores. O agronegócio é o modelo que o grande capital reserva para o capitalismo na América do Sul, é por ele que o capital se expande no continente, gerando lucros estupendos. Trata-se de um capital multinacional que toma forma de agronegócio: empresas produtoras de sementes, de agrotóxicos, de máquinas agrícolas, latifundiários e exportadores.
Ele constitui um dos grupos econômicos mais fortes, senão o mais forte, com enorme influência nos governos e nos parlamentos, na justiça e na imprensa. Pode tudo, faz tudo, goza de privilégios e imunidade. Não sofre qualquer punição pelos males e crimes que comete, ao contrário, é considerado "moderno", gerador de riquezas, fundamental para o equilíbrio das contas nacionais; é bajulado e invejado por políticos e "grande" imprensa, os quais sustenta com verbas publicitárias e ajuda para campanhas eleitorais.
Entre as coisas que o agronegócio pode e faz sistematicamente estão: o desmatamento; o uso de trabalho escravo; o envenenamento da terra, dos cursos d'água, dos trabalhadores e dos alimentos; a expulsão de pequenos agricultores; o assassinato de lideranças de trabalhadores e embientalistas.
Movimentos de trabalhadores rurais sem terra, indígenas e ambientalistas resistem, mas têm contra si governos -- inclusive governos de esquerda encantados com a "produtividade do agronegócio" --, polícias, juízes e imprensa. Estes que querem apenas o direito à terra dos seus ancestrais, o direito de produzir alimentos, o direito de trabalhar, a preservação da biodiversidade e dos recursos naturais para as próximas gerações -- estes são sistematicamente tratados como criminosos, como desordeiros, como subversivos, como "comunistas" até, ainda.
É esse embate que vemos diariamente em notícias desconexas ou deturpadas e que o golpe no Paraguai deixa mais claro. Não tem nada a ver com corrupção, lá como aqui; não tem nada a ver com incompetência para administrar: tem a ver com interesses econômicos, tem a ver com o lucro, tem a ver com o conflito entre trabalhadores e capitalistas, tem a ver com ganância e crime contra a humanidade.
É um embate que nos interessa a todos, porque decide o futuro dos nossos filhos, do meio ambiente e do planeta. É mais uma batalha da guerra que se trava entre um punhado de capitalistas e todo o resto da população mundial na escolha do mundo que teremos neste século XXI.

A Monsanto e o golpe no Paraguai

Campanha da "grande" imprensa denunciando corrupção no governo: essa história a gente já conhece.
Ruralistas e as multinacionais dos agrotóxicos e transgênicos associados a políticos que controlam o Congresso: isso também nós conhecemos.
Justiça (?) determinando expulsão de pobres e reintegração de posse aos ricos -- também isso nós já conhecemos fartamente.
E polícia militar sendo usada para matar trabalhadores rurais, não tem no Brasil?
Paraguai Resiste denuncia que a deposição do presidente Lugo passou por esses caminhos.
Por trás do golpe estão os interesses econômicos das multinacionais do agronegócio: Monsanto, Cargill, Syngenta e outras.
O cultivo de soja transgênica ocupa área de quase três milhões de hectares, com uma produção de cerca de 7 milhões de toneladas em 2010. "As multinacionais do agronegócio não pagam impostos no Paraguai. Os latifundiários não pagam impostos.
O Paraguai é um dos países mais desiguais do mundo. Oitenta e cinco por cento das terras, cerca de 30 milhões de hectares, estão nas mãos de 2% dos proprietários, que se dedicam à produção meramemnte extrativista ou, no pior dos casos, à especulação com a terra."
O poder dessa gente sobre governos, políticos e imprensa é tão grande que parece a teoria da conspiração. É o que mostra o artigo abaixo, no original e traduzido.
PS: No dia 4/7/12 a Monsanto divulgou nota em que nega participação no golpe.

Do Paraguai Resiste.
Monsanto Golpea en Paraguay
Por Idilio Méndez Grimaldi
Quienes están detrás de esta trama tan siniestra? Los propulsores de una ideología que promueven el máximo beneficio económico a cualquier precio y cuanto más, mejor, ahora y en el futuro. 

El viernes 15 de junio de 2012, un grupo de policías que iba a cumplir una orden de desalojo en el departamento de Canindeyú en la frontera con Brasil, fue emboscado por francotiradores, mezclados con campesinos que reclamaban tierras para sobrevivir. La orden fue dada por un juez y una fiscala para proteger a un latifundista. Como resultado se tuvo 17 muertos; 6 policías y 11 campesinos y decenas de heridos graves…
…Las consecuencias: El laxo y timorato gobierno de Fernando Lugo quedó con debilidad ascendente y extrema, cada vez más derechizado, llevado a juicio político por un Congreso dominado por la derecha; duro revés a la izquierda, a las organizaciones sociales y campesinas, acusadas por la oligarquía terrateniente de instigar a los campesinos; avance delagronegocio extractivista de manos de las transnacionales como Monsanto, mediante la persecución a los campesinos y el arrebato de sus tierras y, finalmente, la instalación de una cómoda platea para los oligarcas y los partidos de derecha para su retorno triunfal en las elecciones de 2013 al Poder Ejecutivo.
A íntegra.

Do blog Vi o mundo.
Monsanto golpeia no Paraguai: Os mortos de Curuguaty e o juízo político de Lugo
Por Idilio Méndez Grimaldi (*)
Quem está por trás desta trama tão sinistra? Os promotores de uma ideologia que busca o máximo benefício econômico a qualquer preço e quanto mais, melhor, agora e no futuro.

Na quinta-feira, 15 de junho de 2012, um grupo policial que cumpriria ordem de despejo no estado de Canindeyú, na fronteira com o Brasil, foi emboscado por franco-atiradores, misturados a camponeses que reclamavam terras para sobreviver. A ordem foi dada por um juiz e uma promotora para proteger um latifundiário. Como resultado houve 17 mortes; 6 policiais e 11 camponeses, além de dezenas de feridos graves. As consequências: o governo fraco e temeroso de Fernando Lugo ficou com debilidade crescente e extrema, apesar de cada vez mais direitista, a ponto de ser levado a juízo político por um Congresso dominado pela direita; um duro revés para a esquerda, as organizações sociais e camponesas, acusadas pela oligarquia latifundiária de instigar os camponeses; avanço do agronegócio extrativista nas mãos de multinacionais como a Monsanto, através da perseguição e tomada de terras dos camponeses, e finalmente, a instalação de uma cômoda plateia para os partidos de direita, para seu retorno triunfal nas eleições do Executivo em 2013.
No dia 21 de outubro de 2011, o Ministério de Agricultura e Pecuária, dirigido pelo liberal Enzo Cardozo, liberou ilegalmente o plantio de algodão transgênico Bollgard BT, da companhia norte-americana de biotecnologia Monsanto, para uso comercial no Paraguai. Os protestos de camponeses e de organizações ambientalistas não se fizeram esperar. O gene deste algodão é misturado com o gene da Bacillus Thurigensis, uma bactéria tóxica que mata algumas pragas do algodão, como as larvas do pulgão, que bota ovos no casulo do têxtil. O Serviço Nacional de Qualidade, Saúde Vegetal e de Sementes, Senave, outra instituição do estado paraguaio, dirigido por Miguel Lovera, não registrou dita semente transgênica nos registros de cultivares, por carecer de análise do Ministério da Saúde e da Secretaria de Meio Ambiente, como exige a legislação.
Campanha midiática
Durante os meses posteriores, a Monsanto, através da União de Grêmios de Produção, UGP, estreitamente ligada ao Grupo Zuccolillo, que publica o diario ABC Color [o jornal mais importante do Paraguai], arremeteu contra o Senave e seu presidente por não inscrever a semente transgênica da Monsanto para uso comercial em todo o país.
A contagem regressiva decisiva se deu com uma nova denúncia por parte da pseudosindicalista do Senave, de nome Silvia Martínez, que acusou Lovera, em 7 de junho passado, de corrupção e nepotismo na instituição que dirige, através do ABC Color. Martínez é esposa de Roberto Cáceres, representante técnico de várias empresas agrícolas, entre elas a Agrosán, recentemente adquirida por 120 milhões de dólares pela Syngenta, outra multinacional, ambas sócias da UGP.
A íntegra.

Paraguai resiste: a oposição ao golpe na internet

Documentos do Wikileaks mostram que golpe começou a ser preparado em 2009. O confronto entre agricultores e policiais foi usado como pretexto, como é de praxe. Sempre é preciso um pretexto para justificar o golpe para a opinião pública; se ele não existe, é fabricado. Movimento de resistência ao golpe cria saite informativo.

Do Paraguai Resiste.
La derecha en Paraguay ya conspiraba contra Lugo en 2009 
Wikileaks destapó un cable diplomático de Estados Unidos que revela las maniobras políticas para destituir al mandatario 
El proceso de destitución de Fernando Lugo en Paraguay duró apenas 48 horas. Un "golpe de Estado exprés", según denunció el propio mandatario. Bien es cierto que perdió sus apoyos políticos en día y medio. Sin embargo, su derrocamiento se fue gestando durante, por lo menos, tres años.
Un cable diplomático de Estados Unidos, desvelado por Wikileaks el año pasado (pincha aquí para consultarlo), revela las conspiraciones de la derecha paraguaya para iniciar un juicio político contra Lugo: "Persisten los rumores de que el general y líder de la Unión Nacional de Ciudadanos Éticos (Unace), Lino Oviedo, y el expresidente Nicanor Duarte Frutos están trabajando juntos para destituir a Fernando Lugo mediante un juicio político en el Congreso", dice el despacho diplomático, con fecha del 28 de marzo de 2009, enviado desde la embajada estadounidense en Asunción al Departamento de Estado, en Washington.
La estrategia de Oviedo y Duarte Frutos consistía, según el cable, en esperar un paso en falso de Lugo. La primera oportunidad llegó con una polémica sobre un subsidio de ocho millones de dólares para el cultivo de sésamo, criticado por los campesinos. En aquella ocasión no consiguieron reunir los apoyos necesarios en el Parlamento. Años después, la matanza producida tras un desalojo de una finca ocupada donde murieron once campesinos y seis policías ha dado las razones que faltaban.
El gran impulsor del juicio político contra Lugo ha sido Horacio Cartes, empresario y aspirante a candidato para las presidenciales de abril de 2013 por el Partido Colorado, sostén de la dictadura de Alfredo Stroessner. Cartes también aparece en los documentos diplomáticos estadounidenses distribuidos por Wikileaks por sus vínculos con el contrabando y el narcotráfico.
A íntegra.

domingo, 24 de junho de 2012

Países do Mercosul excluem Paraguai

Cláusula democrática assinada em 1998 não admite golpe como o que depôs o presidente Lugo. O pecuarista mentor do golpe teria ligações com o narcotráfico e com o falecido ditador do Chile Augusto Pinochet, segundo matéria do Opera Mundi.

Da BBC Brasil.
Mercosul e países sócios suspendem Paraguai do bloco regional 
Márcia Carmo, de Buenos Aires
Os países do Mercosul e seus sócios suspenderam a participação do Paraguai na próxima reunião do bloco, nesta semana, na cidade de Mendoza, na Argentina, segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores argentino divulgado neste domingo.
Com a medida o ex-vice-presidente de Fernando Lugo e agora seu sucessor, Federico Franco, ou qualquer integrante da sua gestão, estão impedidos de participar do encontro.
Lugo deixou o cargo após impeachment relâmpago na semana passada.
No comunicado, o Mercosul e seus sócios declararam a "mais enérgica condenação a ruptura da ordem democrática na República do Paraguai".
No total, entre os que integram o Mercosul e seus sócios, nove países da América do Sul decidiram "suspender a participação do Paraguai" na reunião de presidentes, na sexta-feira, dia 29 próximo, além dos encontros preparatórios do bloco, que começam nesta segunda-feira.
Os países citados no comunicado são: Argentina, Brasil, Uruguai, Venezuela, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru.
Poucos minutos após a divulgação do comunicado, o Itamaraty confirmou à BBC Brasil que a nota divulgada pela Chancelaria argentina foi acordada entre todos os membros do bloco e que o texto foi finalizado nas últimas horas.
"O Brasil deve procurar tomar todas as decisões futuras em relação à situação política no Paraguai da forma mais multilateral possível, no âmbito do Mercosul e da Unasul. A suspensão está confirmada e espera-se que até dezembro, quando o Brasil sediará uma cúpula do Mercosul, o assunto já esteja equacionado", disse a assessoria do Ministério das Relações Exteriores.
A íntegra.

Como o governo dos EUA manipula a imprensa

Do blog Vi o mundo.
El Pulpo trocou de nome, mas continua atacando
por Luiz Carlos Azenha 
Quem quer que tenha conhecimento mínimo da política externa dos Estados Unidos sabe qual é o peso, na América Latina, de "la Embajada". Não é preciso nem identificar a qual embaixada nos referimos. O presidente do Equador, Rafael Correia, costuma repetir a piada segundo a qual só nos Estados Unidos o presidente não corre o risco de tomar um golpe: não existe embaixada norte-americana em Washington.
Estou lendo Bananas, de Peter Chapman, sobre "como a United Fruit Company desenhou o mundo". United Fruit, ou El Pulpo, como era conhecida na região, O Polvo. Aliás, foi a empresa que inventou a fruta como commodity. Inventou também o conceito de república das bananas, que a opinião pública conhece de forma distorcida: não haveria república das bananas se uma empresa, com apoio de Washington, não fosse capaz de derrubar e 'eleger' governos e interferir de forma tão dramática na História das Américas. Ou seja, o tom depreciativo com o qual se aplica o termo tem que necessariamente identificar quem é que tanto fez para transformar repúblicas em caricaturas.
Sabemos muito pouco sobre o incidente que originou o pedido de impeachment do presidente paraguaio Fernando Lugo. O jornalista Idilio Grimaldi escreveu um artigo dizendo achar inverossímil que um grupo de elite da polícia do Paraguai tenha caído numa emboscada de camponeses. Nunca se sabe.
Eu sempre desconfiei de grupos de luta armada que surgem assim do nada, como o EPP, o Ejercito del Pueblo Paraguayo — até agora, pelo menos, não relacionado ao incidente que resultou na cassação do presidente do Paraguai. Pode haver militantes sinceros envolvidos no EPP, mas muitas vezes estes grupos podem se tornar veículos de interesses não identificados. Quando recebi um convite para visitar o EPP, no Paraguai, de um colega jornalista brasileiro, disse não ter interesse: eu não vou ajudar a promover estes caras, argumentei, não sei e não serei capaz de descobrir a quem eles servem antes da reportagem ir ao ar. Se não houver deadline, tudo bem, mas não aceito ser usado.
O EPP serve, por exemplo, mesmo que não queira, ao esforço para aprovar leis antiterroristas na região, promovidas pelos Estados Unidos e que também se encaixam em tentativas de criminalizar os movimentos sociais.
Já narrei no saite antigo, que não está mais no ar, uma experiência que tive no Panamá, durante a crise que antecedeu a invasão dos Estados Unidos. Fomos chamados, jornalistas estrangeiros, para uma entrevista coletiva na base militar dos Estados Unidos no canal do Panamá — que já não existe. Um oficial norte-americano assumiu o podium e deu várias informações, uma delas dizendo que Fidel Castro tinha enviado alguns milhares de fuzis para o ditador panamenho Manuel Noriega, que estava sob pressão de Washington para renunciar.
O militar não apresentou nenhuma prova. Nem foto, nem grampo com áudio. Nada. Como as informações eram em off, ou seja, a fonte não poderia ser identificada, nem havia imagem — e eu trabalhava em TV –, simplesmente descontei a declaração. Porém, levei um susto no dia seguinte quando vi a "informação" na capa do Washington Post, atribuída a uma fonte militar de alto escalão.
Depois da invasão dos Estados Unidos e consequente derrubada de Manuel Noriega, onde é que estavam os fuzis do Fidel Castro? Não houve qualquer reação militar à invasão dos Estados Unidos e ninguém viu ou procurou os fuzis do Fidel. Os milhares de fuzis do Fidel sumiram na névoa. Tinham cumprido seu objetivo.
Há dezenas de incidentes similares registrados na História, como o que aconteceu no Golfo de Tonkin e deu ao presidente Lyndon Johnson autoridade para interferir num conflito que até então envolvia formalmente o Vietnã do Norte e a França (a participação dos Estados Unidos era clandestina).
A íntegra.

sábado, 23 de junho de 2012

Erundina, Maluf e Lacerda

Tem hora que é bom ler a análise de psicanalistas, el@s veem o que não vemos. Lula e Maluf juntos, se cumprimentando, é imagem que vai ficar para a história. Mas não significa o que a direita tenta impingir. A direita (Serra) também queria o apoio do Maluf. Lamenta não o ter. Lula e seu PT (que não é todo o PT, mesmo porque uma parte abandonou o barco) aprenderam a fazer a política capitalista. Haverá outra? Fora do capitalismo, espero. No capitalismo, a política é assim, porque é assim que dá resultado, isto é, chegar ao poder e se conservar nele. Lula e seu PT aprenderam isso em 2002, ganharam, ganharam e ganharam. O PT virou o partido mais importante do País e Lula o presidente mais popular, desde JK e Getúlio. Depois de Lula é outra história, mas enquanto isso será difícil tirá-lo do poder. Que se amplia, ou pelo menos o PT tenta ampliar -- o jogo em São Paulo faz parte dessa tentativa. Não há partido neste país sem tradição partidária com raízes populares como ele. Conquistando o poder, como conquistou, administrando melhor do que os outros, como vem administrando, tendo um líder popular como Lula, ele reduziu ao mínimo as chances da direita retomar o poder. O PT poderia se chamar também PTC porque virou um partido dos trabalhadores e capitalistas, um partido de reformas no capitalismo, um partido que não tem pretensão revolucionária, que não tem pretensão de mudar radicalmente o capitalismo, mas governar bem para o capital, porém concedendo ganhos também aos trabalhadores. O que nos assusta na imagem de um Lula sorridente apertando a mão de uma mais sorridente ainda Maluf é que nos acostumamos a ver a história como o embate do bem contra o mal, a política como moral. Nada mais estranho ao capitalismo. No capitalismo, corrupção está no cerne, faz parte do sistema como a sua alma. Ou seria por acaso que é tão disseminada? O combate à corrupção é uma bandeira que a direita empunha contra a esquerda mas não contra os seus próprios candidatos. Está aí o senador DEMóstenes, fonte privilegiada da Veja -- ou melhor dizendo, um grande "parceiro" da Veja, que é como neoliberais gostam de se referir aos amigos --, para comprovar. A falta de escrúpulos do Maluf nos repugna, mas se olharmos para as últimas décadas da história brasileira os grandes vilões serão outros. Quem foi pior? Maluf, que derrotou o último candidato militar, ou Tancredo, que nos legou Sarney, um serviçal da ditadura? Nós, no entanto, somos eleitores, Erundina é política de longa data, acostumada a tudo, e, quando se emocionou ao aceitar ser vice do Haddad,  sabia que o PP estava no mesmo barco e que PP em São Paulo é igual a Maluf. Por que será que reagiu como reagiu? Enfim, não é de agora que a política brasileira é feita por indivíduos e não por partidos. O partido que veio para mudar isso foi o PT, mas desde 2002 ele é menor do que Lula, porque optou pela política burguesa, na qual se faz aliança com o diabo se for preciso e que se administra a economia para o capital ter muito lucro, com muita corrupção. Por que faz isso? Porque está no poder e no poder pode fazer isso e aquilo pelos "trabalhadores", como de fato tem feito, pode fazer melhor do que a direita faz. É bom lembrar que Erundina é do mesmo partido (PSB) do prefeito Lacerda, um neoliberal afinado com os demotucanos. Aqui, Serra é Lacerda, do partido de Erundina, mas o PT está com ele! Em outras palavras: é muito melhor eleger Haddad com apoio do Maluf do que eleger Lacerda com apoio do PT. Nós, belo-horizontinos, temos muito mais motivos para nos indignar. Erundina podia se indignar também.

Do Viomundo. 
A política do bem e do mal
por Mirmila Musse
Os partidos não simbolizam mais a vida política. Joga sozinho aquele que é escolhido pelo partido para representá-lo. Aceitando a missão, tem um caminho árduo a trilhar. Se eleito, terá de lutar para, ao mesmo tempo, colocar seu partido para governar e tornar-se um personagem da política, sob o risco de cair no ostracismo. As pessoas, em geral, votam no palhaço, no marido da Carla Bruni etc., e não no PR ou no UMP.
Isso tende a se generalizar. Nesta semana, muitos disseram que não votam no Maluf, nem no Lula. Mas o candidato a prefeito não é o Fernando Haddad?! Na foto, amplamente divulgada em todas as mídias, quem estava entre Lula e Maluf, mas quase passou despercebido?
Essa questão talvez ajude a entender a atitude da ex-prefeita Luiza Erundina. Explicando sua renúncia à candidatura à vice-prefeita de São Paulo, ela alegou ter ficado chocada com a coligação entre o PT e o PP. Perdão, eu me enganei. Não foi nesses termos que ela explicou sua renúncia. Em entrevista ao telejornal Record News, ela disse: "O que aconteceu mesmo foi o fato de que a aliança não é com o PP, lamentavelmente foi com Maluf". Os jornalistas tampouco se lembraram de lhe perguntar por que o partido no qual ela está filiada, o PSB, está coligado em vários estados do Brasil ora com o PSDB, ora com o DEM e até mesmo com o PP, o partido do Maluf.
No episódio, parece que Erundina não agiu seguindo uma lógica partidária ou um cálculo político, mas antes uma motivação pessoal. Ao dizer, por exemplo, que "Lula teria passado dos limites", ela reforça a cultura de que a escolha eleitoral deve continuar assentada em lideranças individuais idolatradas, em celebridades, não em partidos.
O PP está coligado com o PT desde o primeiro mandato de Lula na presidência. Mas isso não parece importante. Para Erundina, não se trata de uma reedição na cidade de São Paulo de uma aliança já consolidada em âmbito nacional, mas sim de uma composição entre Lula e Maluf.
A presença do PP no governo federal afetou pouco ou quase nada o desempenho do PT na presidência. Esse dado sequer é considerado na avaliação do governo pela população.
Embora se saiba que não é Maluf quem irá governar caso o PT ganhe a eleição na cidade de São Paulo, o modo como a política tende a ser simbolizada e visualizada torna a coligação contraproducente. Nem por isso a escolha da camarada Erundina, abdicando da oportunidade de interferir ativamente na campanha e na futura gestão municipal, deixa de ser "infeliz".
Nessa mesma entrevista à Record News, ela cometeu um ato falho significativo. Depois de seis minutos, Erundina disse: "[soube] que iria começar uma tentativa de acordo com o PP para apoiar o Haddad. E aí eu perguntei ao vice, ao candidato, aliás, ao candidato a prefeito, Fernando Haddad". Ela gostaria de ser a candidata, a escolhida de Lula? Imagina que Maluf teria mais voz que a vice-prefeita? Não cabe aqui tratar dos desejos atuais de Luiza Erundina. Mas cabe a ela se perguntar de qual Outro busca reconhecimento? De Lula, da população, de sua base política, da mídia? Qualquer que seja a sua motivação, reforça-se a tese de que os políticos agem cada vez mais considerando como determinantes não os partidos, mas a ação individual. Nesse contexto, sequer soa paradoxal que a militante pela democratização dos meios de comunicação tenha escolhido o jornal O Globo e a revista Veja para anunciar seu desconforto e sua renúncia.
A íntegra.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Lacerda terá adversário

Pelo menos não vai ser eleito por W.O.


O golpe no Paraguai: impeachment relâmpago afasta presidente Lugo e empossa vice

Se a deposição do presidente Lugo do Paraguai se confirmar, isto é, se não for revertida, politicamente, seja por pressões internas, seja por pressões dos países da Unasul, estará aberto um precedente de sucesso do novo novo modelo de golpe de Estado na América Latina, que não é mais patrocinado (só ou principalmente) pelas forças armadas, mas pelos grupos de direita que monopolizam a comunicação e pelo parlamento com maioria de direta. O impeachment do presidente Collor, é preciso reconhecer hoje, fez os vampiros do PIG provarem o gostinho do sangue -- e gostaram. Não tiveram o mesmo êxito nas tentativas seguintes: na Venezuela (Chávez), no Brasil (Lula), no Equador (Correa), na Argentina (Kirchner), mas a derrubada de Lugo certamente vai animá-los. Veja já se apressou a apoiar o impeachment relâmpago, sem defesa, argumentando que o presidente paraguaio é culpado, portanto, sua defesa não mudaria o resultado do "julgamento". Um processo de impeachment normal, longo, não teria o mesmo sucesso, por isso é que foi relâmpago. Os governos dos demais países da América do Sul não podem reconhecer o governo do vice-presidente, um neoliberal que correu para receber a faixa presidencial e prometer obediência à direita. Qual deles sofrerá a próxima tentativa de golpe? Governos da Argentina e do Equador já se manifestaram: não reconhecem o novo presidente. Neste momento (21h58) falta Dilma. Os eleitores de Lugo têm de resistir. Algumas dezenas de deputados e senadores não podem se sobrepor à vontade popular. Aqui uma boa análise dos acontecimentos no Paraguai. Aqui a reportagem da CartaCapital. Aqui a reportagem da Adital. Aqui a cobertura da BBC. E aqui outra análise, da Agência Carta Maior.

Do portal iG 
Senado do Paraguai aprova impeachment relâmpago de presidente Lugo
Cassação de mandato é feita em pouco mais de 24 horas; Lugo acata decisão, mas a caracteriza de 'golpe à história e à democracia do Paraguai'
Lugo foi considerado culpado de cinco acusações por 39 senadores. Apenas quatro votaram por sua absolvição. "(Após a votação nominal) se declara (Lugo) culpado e portanto (ele) fica separado dos plenos direitos de seu cargo", declarou o presidente do Senado Jorge Matto.
"Hoje não é Fernando Lugo que recebe um golpe, é a história paraguaia, sua democracia, que foi ferida, em que foram transgredidos todos os métodos democráticos. Espero que todos estejam cientes de seus feitos", disse Lugo em pronunciamento após a decisão do Congresso.
Apesar disso, Lugo afirmou que "ainda que a lei tenha sido retorcida, me submeto à decisão do Congresso, porque sempre respeitei a lei", disse. "Saio pela porta maior, a do coração", disse. O presidente cassado também pediu que não sejam negados aos cidadãos o direito de manifestar suas opiniões e que todas as manifestações sejam feitas de forma pacífica. "Que os sangue dos justos nunca sejam derramados mais por interesses mesquinhos."
Após o anúncio da decisão, milhares reunidos na Praça de Armas, na frente do Congresso, começaram a protestar violentamente contra a decisão e foram dispersados pela tropa de choque. Depois dos confrontos, os partidários de Lugo voltaram à praça, onde haviam começado a se aglomerar desde a noite de quinta-feira.Antes do anúncio da decisão do Senado, a Unasul declarou que consideraria uma ruptura da cláusula democrática a destituição de Lugo. “As ações em curso poderiam ser compreendidas nos artigos do tratado da Unasul sobre o compromisso dos governos, considerando uma infração à democracia", disse o secretário-geral da organização, Alí Rodríguez, na leitura de um comunicado no Palácio do Governo, em Assunção.
O comunicado foi resultado de reuniões mantidas pelos chanceleres com Lugo e com Franco. "É imprescindível o respeito aos processos constitucionais", disse Rodríguez, que integrou uma missão diplomática enviada ao país na quinta-feira à noite, após uma reunião de emergência durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
O processo de impeachment foi iniciado na quinta-feira pela Câmara dos Deputados, que aprovou a medida por 76 votos a um. Poucas horas depois, o Senado, também de maioria opositora, anunciou que o julgamento ocorreria nesta sexta, dando a Lugo apenas duas horas para defender-se. O julgamento foi impulsionado pelo conservador Partido Colorado, de oposição, por cinco acusações contra Lugo, incluindo o confronto que causou a morte de 11 sem-terra e seis policiais durante uma desapropriação em uma reserva florestal em uma fazenda privada em Curugutay, no Departamento (Estado) de Canindeyú, perto da fronteira com o Paraná e a 350 km de Assunção, há uma semana.
Na defesa de Lugo, o procurador-geral da República do Paraguai, Enrique García, lembrou que Lugo apresentou à Corte Suprema uma "ação de inconstitucionalidade" contra o processo sob a alegação de que não tinha sido garantido o devido direito à defesa. Segundo García, o presidente só recebeu as acusações das quais precisava se defender às 18h10 locais (19h10 de Brasília) de quinta-feira.
Antes da cassação ter sido anunciada, a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, classificou a situação no Paraguai de muito complicada, afirmando ser necessário "manter os direitos de justiça e manutenção da ordem democrática".
Questionada se o processo de impeachment de Lugo poderia levar à expulsão do Paraguai do Mercosul e da Unasul, Dilma respondeu que não queria raciocinar sob a hipótese, mas emendou: "Caso haja ruptura, o que diz o protocolo, é a aplicação de sanções nos órgãos multilaterais dos países membros." Segundo Dilma, a reunião do Mercosul está mantida para os dias 28 e 29, em Mendoza, Argentina.

O PIG (Partido da Imprensa Golpista) internacional

Golpes de Estado fazem parte da história da América Latina e dos países pobres da África e Ásia. Elites locais e governos da Europa e dos EUA sempre mantiveram o poder na base da força, para garantir desigualdades e injustiças enormes. Nessas condições, liberdade e participação, mesmo na forma da democracia representativa, corrupta e manipulada pelo dinheiro, sempre representaram riscos, porque a maioria pobre tende a votar nos candidatos de esquerda. A novidade cada vez maior das últimas décadas é a substituição dos militares pelos veículos da "grande imprensa" como "partido da ordem". Não se trata mais de colocar os tanques e as fardas nas ruas, ou não se trata apenas disso, modelo que entrou para a história como ditadura e que é repugnado pela opinião pública mundial. Os golpes agora são preparados e liderados pela "grande imprensa", controlada por meia dúzia de famílias e grupos, articulados com a direita minoritária e revestidos da legalidade do impeachment -- testado no Brasil com sucesso contra Collor. São precedidos de intensa campanha dos veículos de comunicação denunciando suposta corrupção e supostos atos ilegais dos governos, moldando a opinião pública, especialmente das classes médias moralistas, confusas e facilmente influenciáveis. Foi assim na Venezuela em 2002, na Bolívia, no Equador, no Brasil, agora no Paraguai.

Da Agência Carta Maior.
"Estamos diante de uma guerra não convencional"
Representante de uma nova geração de líderes políticos da esquerda latinoamericana, o presidente do Equador, Rafael Correa, foi lançado para a linha de frente do cenário político mundial com o pedido de asilo político feito, em Londres, pelo fundador do Wikileaks, Julian Assange. Há poucas semanas, Assange entrevistou Correa e os dois conversaram, entre coisas, sobre um tema de interesse de ambos: as operações de manipulação conduzidas pelas grandes corporações midiáticas. Agora, durante sua passagem pela Rio+20, Rafael Correa voltou com força ao tema.
Em uma entrevista especial concedida à Carta Maior e aos jornais Página/12, da Argentina, e La Jornada, do México, analisa este que considera ser um dos principais problemas do mundo hoje: o poder das grandes corporações de mídia que, na América Latina, agem como um verdadeiro partido político contra governos que não rezam pela cartilha desses grupos. "Essa é a luta, não há luta maior. Estamos diante de uma guerra não convencional, mas guerra, de conspiração, desestabilização e desgaste". Na entrevista, Correa fala sobre o pedido de asilo de Assange, relata o debate sobre uma nova lei de comunicações no Equador e faz um balanço pessimista sobre os resultados da Rio+20.

Há um argumento segundo o qual a liberdade de imprensa é propriedade dos meios de comunicação empresariais. Imagino que essa não seja a sua opinião.

Correa: Não nos enganemos. Desde que se inventou a impressora a liberdade de imprensa, entre aspas, responde à vontade, ao capricho e à má fé do dono da impressora. Devemos lutar para inaugurar a verdadeira liberdade de imprensa que é parte de um conceito maior e um direito de todos os cidadãos, que é a liberdade de expressão, que defendemos radicalmente. No entanto, o poder midiático que faz negócios com o objetivo de ter lucro, até isso quer privatizar. Então, se eles têm tanta vocação para comunicar, como dizem, que o façam sem finalidades lucrativas, porque para mim isso é uma contradição.
Este é um grande problema na América Latina e também em nível planetário. Tenho tomado conhecimento que existem posições semelhantes às nossas, mas houve um tempo em que nos sentíamos muito sozinhos, quando fomos vítimas de um ataque tremendo por não abaixar a cabeça diante de um negócio muitas vezes corrupto e encoberto sob a capa da liberdade de expressão. Essa é a luta, não há luta maior. 

Presidente, nestes dias foram divulgados telegramas pelo Wikileaks onde apareceram jornalistas equatorianos que eram considerados informantes pela embaixada dos Estados Unidos. Isso confirma as hipóteses levantadas quando você foi vítima de um golpe de Estado. 

Correa: As mentiras deles sempre acabam sendo derrubadas. Entidades que financiam esses empórios midiáticos, certas organizações que, em nome da sociedade civil, nos denunciam ante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, a SIP, ante todos os lados. Agora vemos que esses senhores são identificados via Wikileaks como informantes da embaixada (estadunidense). Wikileaks que nunca é publicado pela maioria da imprensa comercial. Não é só isso. Essa gente é financiada pela Usaid, que vocês conhecem. A Usaid financiou com 4,5 milhões de dólares a estes supostos defensores da liberdade de expressão, supostamente para fortalecer a democracia e a ação cívica. Na verdade, para fortalecer a oposição aos governos progressistas da América Latina e os povos da região tem que reagir contra esse tipo de prática.
A íntegra.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A tentativa de golpe no Paraguai

Golpes de Estado na América Latina são a coisa mais corriqueira da história. A novidade é que agora estão sendo patrocinados pela imprensa de direita e pelo próprio parlamento, também de direita, graças a legislações conservadoras que manipulam a vontade popular.

Da Agência Carta Maior.
Lugo sob ameaça de golpe no Paraguai
Por Gilberto Maringoni.
A Câmara paraguaia, dominado pelos partidos de direita, abriu processo de impeachment nesta quinta-feira (21) contra o presidente Fernando Lugo. Senado agora também discutirá a medida. Trata-se de um eufemismo para golpe de Estado, segundo analistas consultados por Carta Maior.
Não é a primeira vez que setores dos grandes proprietários de terra aliados de setores empresariais tentam interromper a vida democrática do país vizinho. À diferença de outras situações ao longo do século XX é que a ação atual recobre-se de uma fachada legal.
O pretexto é que Lugo teria sido negligente na resolução de conflitos agrários, como o ocorrido há uma semana em Curuguaty, próximo a fronteira com o Brasil. Na ocasião morreram nove camponses e seis policiais.
Por "negligência" entenda-se as tentativas do mandatário de resolver os problemas com negociação e não através de violência pura que caracteriza historicamente a resolução de conflitos sociais no país.
Os presidentes da Unasul, reunidos no Rio de Janeiro, colocam-se frontalmente contra o golpe. A situação em Assunção é de calma aparente. Manifestações populares de apoio começam a acontecer na capital. Em pronunciamento feito nesta manhã e transmitido pela tevê paraguaia, Lugo descartou a possibilidade de renúncia.
A íntegra.

O mundo absurdo, em que metade morre de obesidade e metade de inanição

Da Agência Carta Maior.
Boaventura critica a economia verde, e Paul Singer exalta a economia solidária
Por Isabel Harari
Cerca de 200 pessoas se aglomeram em cadeiras de plástico, no chão de terra batida e até em uma árvore próxima. A tenda 14 da Cúpula dos Povos foi se enchendo e o calor tornou-se insuportável. Por volta do meio-dia, Boaventura de Sousa Santos, sociólogo e professor da Universidade de Coimbra, e Paul Singer, secretário nacional de Economia Solidária, sentaram-se à mesa junto a outros dois integrantes do Ripess (Rede Internacional de Promoção da Economia Social e Solidária) da América Latina e Caribe. "Os militantes e revolucionários estão se encontrando, com seus ideais, angústias e medos", disse Singer, apontando para a plateia.
A economia solidária como proposta de resistência ao modelo vigente foi o fio condutor desse debate que aconteceu na Cúpula dos Povos. "É preciso transformar o sistema político brasileiro", declarou Boaventura. Esse modo de gerir a economia, continuou, é baseado na gestão dos empreendimentos pelos próprios trabalhadores, que os administram por meio da auto-gestão, em uma forma de democracia direta. "Trabalha-se com a ação humana", explica o professor.
Para Boaventura, o capitalismo consiste em uma economia anti-solidária, anti-verde e anti-humanitária. O papel da sociedade civil é pífio, "apêndice do capitalismo", a hegemonia dos bancos, do agronegócio e das grandes corporações é evidente. Toma como exemplo as verbas destinadas à pesquisa: 95% são destinadas ao agronegócio e apenas 5% são cedidas aos estudos sobre agricultura familiar. "É um mundo absurdo, onde metade morre por obesidade e a outra por inanição", declarou.
A chamada "economia verde", tema debatido à exaustão nos eventos oficiais da Rio+20 e tratado como a solução para os problemas climáticos e econômicos, foi colocada em questão por Boaventura. "É uma perversão total transformar a natureza em mercado. Economia verde é suprir o capitalismo com mais capitalismo". E ele faz um alerta aos países com base industrial, como o Brasil, que estariam a reprimarizar suas economias, ou seja, exportando mais produtos agrícolas do que industriais. "Esses países estão exportando sua natureza, suas riquezas. Quando os recursos naturais acabarem, essas nações estarão muito mais pobres do que antes", diz.
A íntegra.

"Agronegócio é a mentira do Brasil"

"Reforma agrária gera emprego e renda, agrotóxico mata." Um protesto de agricultores contra o agronegócio na Rio+20.

Da Agência Carta Maior. 
Via Campesina protesta contra 'casa do agronegócio' na Rio+20  
Por Vinicius Mansur
Manifestantes organizados pela Via Campesina Internacional realizaram um protesto na manhã desta quinta-feira (21/6/12) dentro do AgroBrasil, espaço preparado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) para a Rio+20.
Por volta das 11h30, um coro de vozes, que diziam "o Brasil é o maior consumidor de agrotóxico do mundo", tomou conta de um dos salões do AgroBrasil e deu início à abertura de faixas e a distribuição de cartazes com mensagens críticas ao agronegócio.
Em poucos minutos, centenas de manifestantes ocuparam o espaço, e uma enorme maquete, que simulava um latifúndio moderno, foi coberta por cartazes que diziam "Reforma agrária gera emprego e alimentos saudáveis. Agrotóxico mata". Em forma de samba, os militantes da via campesina cantaram:
"Comida ruim ninguém aguenta, é a Syngenta.
É veneno em todo canto, é a Monsanto.
Mata gente e mata rio, é a Cargil.
Agronegócio, a mentira do Brasil." 
O espaço AgroBrasil é organizado pela CNA no Pier Mauá, na zona portuária da cidade do Rio de Janeiro, e conta com o apoio da Monsanto, frigorífico JBS, Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Organização das Cooperativas Brasileira (OCB), Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
A íntegra.

Obra autorizada pela prefeitura ameaça lençol freático na Pampulha

Trata-se de um questão elementar de engenharia civil, que todas as obras têm de considerar, mas na administração Lacerda as construtoras podem tudo, a lei acabou, tudo é autorizado, por isso prédios caem como nunca aconteceu antes na cidade. Como é que uma administração tão repleta de incompetências, de obras mal feitas, de atentados à liberdade e outras mazelas pode ser bem avaliada? Como tantos se unem para reeleger esse prefeito? Este é um dos maiores mistérios da política.

Do jornal O Tempo, 21/6/12.
Compur ignorou risco a águas
Terraplenagem pode prejudicar lençol freático da Pampulha. Conselheiros sabiam do problema e não impediram liberação do empreendimento
Por Natália Oliveira
Membros do Conselho Municipal de Política Urbana (Compur) de Belo Horizonte ignoraram indícios de que as intervenções para a construção de dois hotéis a 1,5 km da orla da Pampulha poderiam comprometer toda a bacia da lagoa. A constatação do risco foi feita por meio de um parecer dado por técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, em junho de 2011, nove meses antes da liberação da obra pelos conselheiros. Mesmo assim, as obras foram autorizadas.
Os funcionários da secretaria fizeram a vistoria depois de uma denúncia de moradores. Com a constatação de risco ao lençol freático, o procedimento correto seria uma nova vistoria, do Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam) para que providências pudessem ser tomadas.
A assessoria da prefeitura afirma que fez a solicitação ao Igam e que o secretário Municipal de Desenvolvimento, Marcello Faulhaber, assim como o secretário da Regional Pampulha, Osmando Pereira, membros do Compur, sabiam dos riscos. Mas, como não havia comprovação do problema, eles não tomaram nenhuma atitude. "Eles sabiam e votaram a favor das obras sem faze nada à respeito", afirmou o vereador Iran Barbosa (PMDB), que denunciou o problema. A assessoria do Igam nega que a prefeitura tenha requisitado qualquer vistoria para confirmar os riscos ao lençol freático da Pampulha, área de preservação e um dos cartões postais da capital. O laudo técnico obtido por O Tempo atesta que a terraplenagem realizada pelo Bristol Hotel para o início das obras expôs o lençol freático da região. Além disso, o documento mostra que houve um "afloramento do lençol", ou seja, parte da água da bacia subterrânea da região começou a jorrar no terreno -- a água seria utilizada na obra.
A gerente de Recursos Hídricos da prefeitura, Sônia Knauer, disse que não há qualquer prejuízo ao meio ambiente. Mas especialistas ouvidos pela reportagem contestam a posição. Antônio Ferreira, professor especialista em recursos hídricos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirmou que o problema pode atrapalhar os recursos do local. "As águas subterrâneas estão sendo desviadas e isso pode prejudicar toda a bacia da região", disse.
A opinião é compartilhada por Ricardo Mota, ambientalista e também professor da UFMG. Segundo ele, todas essas intervenções podem acabar diminuindo o volume da água subterrânea na região, que alimenta a lagoa da Pampulha.
A íntegra.

Maconha, Uruguai, Colômbia e EUA

A notícia abaixo não é o que parece, a começar pelo título absurdo: não cabe ao presidente de um país "rebater" a política de outro país. Na verdade, todos sabem que o presidente da Colômbia só mexe os lábios, quem fala é o presidente dos EUA. Não é estranho que o presidente colombiano diga que outro país não pode ter uma política própria para o combate ao narcotráfico? Por que a política tem de ser a colombiana (americana)? Por que o governo da Colômbia, um dos maiores produtores de maconha do mundo, não consegue coibir a produção? Por que seu "combate" ao narcotráfico não tem êxito, apesar de tantos "esforços" e tantos "investimentos"? Por que faz questão de monopolizar esse "combate"? Até o ex-presidente FHC, 81, sabe que maconha é um problema menor do bebida alcoólica e que a política de "combate" ao narcotráfico dos EUA e da Colômbia é um fracasso.

Do Último Segundo.
Colômbia rebate decisão do Uruguai de legalização controlada da maconha Anderson Dezan
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, rebateu nesta quinta-feira a decisão do governo uruguaio de apresentar um projeto de lei para a "legalização controlada" da maconha. Para o chefe de Estado colombiano, a venda de drogas é um problema internacional e não pode ser tratada de forma unilateral. A Colômbia é um dos maiores produtores de maconha do mundo e trava há anos uma guerra contra os cartéis do tráfico. "A decisões unilaterais não são as melhores. Esse é um problema que tem de ser enfrentado por uma comunidade internacional de países. Se um país legaliza a venda e outro não, temos um problema. Precisamos de foco comum no assunto e não individual", afirmou Santos, durante coletiva de imprensa na conferência Rio+20. "Somos o país que mais sofre com as consequências do narcotráfico", completou.
A íntegra.

A Marcha dos Povos na Rio+20

Cooperativismo e desenvolvimento sustentável

Pesquisador traça panorama do cooperativismo no Brasil e diz que modelo é o mais adequado para o densolvimento sustentável. Lei da ditadura militar ainda em vigor emperra o setor.

De O Fluminense.
Cooperar e Construir como caminho alternativo  
Por Roberta Thomaz, 17/6/2012 
PhD em Análise Institucional e Políticas Públicas pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e especialista em Inovação Tecnológica e Social pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, Júlio Aurélio Viana Lopes defende o cooperativismo como o caminho mais seguro para a realização de interesses individuais, especialmente o trabalho e o consumo. Para incentivar o cooperativismo no Brasil, ele lançou o livro "Cooperativismo Contemporâneo: Caminho para Sustentabilidade", que contará também com uma versão em inglês para ser distribuída na conferência Rio+20.

Por que é importante investir em cooperativas?
As pesquisas comprovam que as cooperativas potencializam o desenvolvimento sustentável – econômico, social e ambiental – em todos os países e regiões onde se disseminaram, de modo que só há sustentabilidade real quando a cooperação é abrangente.
O cooperativismo também pode exercer uma função social? Numa amostra de 94 países analisados, quanto maior o setor cooperativo da economia, maior a igualdade social e o desenvolvimento humano. Mais cooperação traz, além de crescimento, menos desemprego e mais qualidade de vida.
Como associar o cooperativismo à sustentabilidade?
Não é preciso muita habilidade política para associá-los, já que a ética da sustentabilidade condena a pobreza como desperdício de talentos humanos, tanto para os pobres quanto para a sociedade, que deixa de aproveitá-los. Além disso, condena a poluição como desperdício de recursos naturais. De sua associação depende o potencial hegemônico do cooperativismo nas sociedades contemporâneas, na medida em que a cooperação com a natureza caracteriza as energias renováveis e é o único modo de integrar os mercados à sociedade abrangente, envolvendo todos os indivíduos que a compõem.
A íntegra.