sexta-feira, 31 de maio de 2013

Dedicated to the one I love

Não se fazem mais músicas assim, mas se fazem filmes como Elena.
Algumas canções ainda não estão prontas mesmo depois de gravadas e podem ser aperfeiçoadas, até encontrar sua versão definitiva, como se vê ao comparar a versão do The Mamas & The Papas (1967) com a versão original (1957), do The 5 Royales, conjunto que incluía o autor, Lowman Pauling. Escute a original e depois a definitiva: a primeira parece um rascunho.

Melhor do que goleada

O que aconteceu ontem no Horto foi muito melhor do que uma goleada. Goleada, os bons times dão com frequência, goleiro defender um pênalti nos acréscimos do segundo tempo e garantir a classificação é uma coisa rara. A favor do meu time, eu nunca tinha visto.
Nós, atleticanos, temos vivido emoções fantásticas, desde a chegada do Ronaldinho, há um ano. Esse time é diferente, tem feito a nosso favor o que antes acontecia contra nós.
Fiquei vários anos sem acompanhar futebol, na juventude, e voltei a ver justamente naquele Atlético X São Paulo, de 1978. Uma tristeza sem tamanho. Ontem foi o oposto. Sensacional.
Vi o primeiro tempo, que terminou 1 a 1, e não vi o segundo, porque o Galo estava jogando mal e eu não gosto de ver jogo ruim pela tevê, nem mesmo do Galo. Liguei novamente para saber o motivo da barulhada, pensei que o jogo tinha acabado ou que era pênalti a favor do Galo, e lá estava o mexicano de frente para o Victor, com a bola na marca da cal. Nem deu tempo de pensar nada antes que o lance épico acontecesse.
Minha mulher acha que foi a torcida que defendeu o pênalti, secando o batedor, com sua energia no estádio e na cidade. Talvez ela tenha razão. O fato é que Victor saltou para o lado direito e quando viu que a bola ia no meio levantou o pé esquerdo para chutá-la, acertou-a em cheio, com tanta força que ela foi parar fora do campo. Se ele não fosse canhoto não teria conseguido.
Foi uma coisa mágica, dessas que só acontecem no futebol. Contra nós é terrível, a nosso favor é uma alegria sem fim, uma lembrança que fica para sempre.
O Galo vai ser campeão da Libertadores? Não sei, mas esse time a cada jogo nos proporciona uma emoção nova.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Monsanto derrotada na Justiça

Multinacional tem apoio do governo americano, mas vem sendo derrotada em outros países. Seu objetivo é controlar a produção de alimentos no mundo com sementes transgênicas cuja patente obtém.

Da Agência Carta Maior.
Monsanto fracassa em tentativa de criminalização da luta social  
Vinicius Mansur

Brasília – Os cinco militantes pela reforma agrária processados pela Monsanto no Paraná (PR) foram absolvidos por unanimidade pelo Tribunal de Justiça do Estado (TJ-PR) na última quinta-feira (23/5). A empresa entrou com a acusação de esbulho possessório, dano e furto após um protesto realizado em maio de 2003 em uma de suas fazendas, usada para experimentos transgênicos, em Ponta Grossa (PR). De acordo com o coordenador da ONG Terra de Direitos e um dos cinco processados, Darci Frigo, todos os desembargadores disseram não haver provas para a condenação.
O protesto aconteceu em seguida ao encerramento do 2º Encontro da Jornada de Agroecologia, cujo tema era "Terra Livre de Transgênicos e sem Agrotóxicos". Cerca de 600 manifestantes se dirigiram a fazenda da Monsanto para denunciar a entrada das sementes geneticamente modificadas no estado, a realização ilegal de pesquisas e crimes ambientais cometidos pela empresa. Na ocasião, uma plantação transgênica foi destruída em protesto. Seis dias depois a área foi ocupada por agricultores familiares e sem terra.
"Eles [Monsanto] fizeram uma acusação contra a coordenação da jornada de agroecologia. Mesmo não tendo prova nenhuma, eles escolheram as pessoas que deram entrevista. O critério de criminalização foi um critério de exposição das pessoas", relata Frigo.
A íntegra.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

A Marcha Mundial contra a Monsanto

Uma das lutas mais justas e urgentes. O projeto da multinacional é controlar a produção de alimentos no mundo, tornando-se dona de todas as sementes. É o capitalismo levado ao extremo.

Da Página do MST.
Marcha Mundial Contra a Monsanto denuncia perigos dos transgênicos

Neste sábado (25/5), a Marcha Mundial Contra a Monsanto aconteceu em diversas cidades do mundo. Milhões de manifestantes pararam as ruas de cidades como São Paulo, Nova Iorque, Paris, Vancouver, Seattle, Berlim e muitas outras para protestar contra as práticas da maior transnacional fabricante de sementes transgênicas do mundo.
A Monsanto é responsável pela perda de diversidade das culturas no campo, substituindo as sementes crioulas pelas transgênicas, exigindo royalties dos produtores que utilizam a tecnologia; pelo uso intensivo de agrotóxicos; pelo monopólio de mercado dos alimentos e por sufocar estudos e pesquisadores que apontam malefícios à saúde advindos do cultivo de transgênicos.
A íntegra.

Desvio de dinheiro público por ministros do STF continua impune

Quem julga o STF? E Joaquim Barbosa, o arauto da moralidade, em vez de mandar devolver o dinheiro, justificou o gasto. Há alguma justificativa possível para mulher de ministro viajar às custas do dinheiro público? Fica por isso mesmo e é por isso que autoridades brasileiras não têm credibilidade.

Da Carta Capital.
Esposas a tiracolo 
Para deputado, gastos do STF com viagens de mulheres de ministros para o exterior precisam ser investigados

por André Barrocal
O Supremo Tribunal Federal (STF) gastou 608 mil reais com passagens para esposas de ministros acompanharem os maridos em viagens ao exterior entre 2009 e 2012. A corte apontou uma norma interna como amparo legal para as despesas. Auditor-fiscal, o deputado Amauri Teixeira (PT-BA) acredita que um ato interno não serve como justificativa. Por isso, pedirá ao Tribunal de Contas da União (TCU) que investigue o assunto e, no limite, cobre a devolução do dinheiro.
"Imagine o STF diante de resoluções internas de tribunais menores ou das cinco mil câmaras de vereadores autorizando pagar passagens para esposas de agentes públicos. Não dá para aceitar um ato interno desse", diz.
A íntegra.

O capitalismo está mudando

Graças à China, onde a intervenção estatal na economia e o planejamento fazem parte da política. Provavelmente é melhor do que o neoliberalismo selvagem. Resta saber se a ascensão do modelo chinês vai ser capaz de evitar a catástrofe que se avizinha. Para um mundo melhor, no entanto, não basta controlar o capital, é preciso democratizar a política, não com a democracia representativa controlada por lobbies empresariais e seus políticos corruptos, mas com a participação efetiva de todos na construção do nosso destino e do nosso dia-a-dia.

Da Agência Carta Maior.
O auge do capitalismo de Estado 
Se a América do Sul ainda aspira alcançar o desenvolvimento industrial, a inclusão social e a integração regional como processos duradouros e sustentáveis, a região não terá mais alternativa que subir à nova onda desenvolvimentista e abandonar as premissas privatizadoras do passado.  

Eduardo Crespo*
Há alguns meses, na revista The Economist, está sendo debatida uma tendência internacional que a publicação nomeia com manchetes do tipo: “A ascensão do capitalismo de Estado"; "A volta da mão visível"; "A era do livre mercado chegou ao fim"; "O Leviatã está de volta". E a melhor de todas: "O retorno da história". Outras publicações como Business Week, Financial Times e Foreign Affairs fizeram eco do intercâmbio. Além disso, vários livros dedicados a esse tema já são best-sellers. Como acontece atualmente com tantos outros assuntos, o que motiva este debate é a ascensão econômica chinesa e as sérias interrogações que esse processo apresenta ao discurso econômico dominante das últimas décadas.
Fica complicado ao pensamento liberal interpretar um mundo cada dia mais permeado pela economia chinesa e pelas asiáticas em geral. Trata-se de organizações híbridas que combinam formas de propriedade incompatíveis com o paradigma dominante. Destas formas, a mais subversiva e irritante é a empresa pública. No período 2003-2010, um terço de todo o investimento estrangeiro direto registrado nas economias emergentes foi executado por empresas estatais e a porcentagem continua crescendo. Estas companhias ganham licitações para obras de infraestrutura em todos os continentes e simultaneamente adquirem, muitas vezes com a ajuda de fundos soberanos do Estado, empresas privadas estrangeiras.
No ranking das 2000 maiores empresas do mundo que a revista Forbes publica se incorporaram 120 empresas estatais de 2004 até 2009. São estatais as 13 maiores companhias de petróleo e gás do mundo, avaliadas por suas reservas.
Ao contrário do que proclama o pensamento econômico dominante, as elevadas taxas de investimento chinesas não encontram sua explicação na idílica frugalidade da “ética confucionista”, mas nas decisões de seus organismos estatais e empresas públicas que são responsáveis por aproximadamente 50% do total. As empresas públicas e mistas, por outra parte, representam cerca da metade do Produto Bruto não agrícola do país. A companhia estatal chinesa típica atua em escala global sem desatender critérios de rentabilidade privados, cotiza em Bolsa e é administrada por uma gestão profissionalizada. Os melhores graduados das universidades chinesas são majoritariamente monopolizados por estas corporações.
Excetuando o caso dos recursos naturais, onde está em jogo a apropriação de rendas, a ascensão deste capitalismo de Estado não coincide nesta ocasião com um assalto ao sector privado. O avanço destas companhias, ao contrário do que pregoa o discurso dominante, impulsiona o investimento e sustenta a inovação privada. Neste “novo capitalismo”, as empresas de particulares se integram nas redes que têm por centro instituições estatais como universidades, centros de investigação pública, forças armadas. O capitalismo chinês é uma formação social pragmática que ainda preserva várias ferramentas das economias "socialistas", como a capacidade de planejamento com base em planos quinquenais. O pai do "modelo", Deng Xiaoping, resumiu com maestria em sua célebre frase: "Não importa se o gato é branco ou preto, desde que possa caçar ratos".
Ainda que os rasgos desse "modelo" sejam mais acentuados na China que em outros países, suas características fundamentais vão ganhando terreno em várias outras regiões do planeta, esboçando uma tendência mundial.
Estamos diante de uma mudança de época. Esta polêmica sobre o "modelo" chinês, ou asiático, não é equiparável às pequenas discórdias sobre questões fiscais ou cambiais que entretiveram a maioria dos economistas ocidentais nas últimas décadas. Tampouco se refere a uma mera questão distributiva. Este debate diz respeito a conceitos fundamentais como o Estado e o Mercado. Também põem em tela de juízo, depois de muito tempo na imprensa dominante mundial, os pilares que sustentam a riqueza das nações e a ascensão destas na escala do poder geopolítico mundial.
A íntegra.

sábado, 25 de maio de 2013

A Hungria contra a Monsanto

A Monsanto tenta controlar as sementes e com isso a produção mundial de alimentos. Este é o sentido dos transgênicos, sementes patenteadas. Tem o apoio dos EUA, mas encontra resistências de pequenos agricultores e alguns governos. A Hungria dá o exemplo.

Do Opera Mundi.
Hungria destrói plantações com sementes transgênicas da Monsanto 
Nesta semana foram queimados cerca de 500 hectares das lavouras de milho 

A Hungria decidiu eliminar todas as plantações feitas com sementes transgênicas da Monsanto. De acordo com o ministro do Desenvolvimento Rural, Lajos Bognar, foram queimados nesta semana cerca de 500 hectares das lavouras de milho – equivalente a cinco milhões de metros quadrados. A intenção é que o país não tenha nenhum fruto com origem de material geneticamente modificado.
Segundo informações do portal Real Pharmacy divulgadas nesta quinta-feira (23/5), as plantações de milho destruídas estavam espalhadas pelo território húngaro e haviam sido plantadas recentemente. Assim, o pólen venenoso do milho ainda não estava a ponto de ser dispersado no ar, não oferecendo, então, perigo à população.
Os húngaros são os primeiros a tomar uma posição contundente na União Europeia em relação ao uso de sementes transgênicas. Durante os últimos anos, o governo da Hungria vem destruindo diversas plantações oriundas dos materiais da Monsanto. O ministro Bognar afirma que os produtores do país são obrigados a certificarem que não usam sementes geneticamente modificadas.
A íntegra.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Crianças francesas não têm déficit de atenção

Desde o final do século XIX, a medicina passou a se encaixar no capitalismo como indústria -- a indústria da doença. O que importa é pagar hospitais, exames e remédios. A doença virou um mal estranho ao paciente e o médico virou um receitador de remédios e solicitador de exames. Curar não interessa, prevenir muito menos, buscar as causas nem pensar; o melhor doente é o doente crônico, epidemias são muito bem-vindas, pela simples razão de que doença é lucro, não é para diminuir, mas para aumentar: quanto mais doenças, mais remédios, mais exames, mais hospitais, mais lucros. Ou alguém acredita que com tanta ciência, tanta tecnologia, tanto conhecimento faz sentido a gente adoecer mais do que um indígena que vive na selva?
No Brasil, médicos e "grande" imprensa fazem propaganda do modelo mercantilista americano.

Da revista Samuel.
Por que as crianças francesas não têm Déficit de Atenção

Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmemente estabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?
TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende de você morar na França ou nos Estados Unidos. Nos EUA, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento preferido também é biológico — medicamentos psicoestimulantes, tais como Ritalina e Adderall.
Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, veem o TDAH como uma condição médica que tem causas psicossociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social de fundo com psicoterapia ou aconselhamento familiar. É uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.
Os profissionais franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou o DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a Cftmea (Classification Française des Troubles Mentaux de L'Enfant et de L'Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do Cftmea está em identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e não em encontrar os melhores band-aids farmacológicos para mascarar os sintomas.
A íntegra.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Mudanças climáticas são provocadas pelo homem

Segundo os cientistas.

Do DW via DCM.
Céticos do clima são menos de 1% da comunidade científica, diz estudo 
Um estudo divulgado nesta semana com base na análise de publicações científicas das últimas duas décadas mostrou que 99% dos artigos apontam a ação humana como a causa das mudanças climáticas – um consenso frente aos chamados céticos do clima, que atribuem o aquecimento global a fatores exclusivamente naturais.
A análise é assinada por John Cook, estudante de pós-doutorado em astrofísica da Universidade de Queensland, na Austrália, e foi publicada no jornal científico Environmental Research Letters.
A íntegra.

O francês contra o inglês

Taí uma notícia que transcende o dia e revela o nosso tempo.
O capitalismo é na sua essência um sistema que destrói tudo que encontra pelo caminho para criar uma única civilização mundial baseada na busca do lucro, na produção de mercadorias e na apropriação privada das riquezas. Nisso está incluída a destruição de culturas, inclusive línguas, as mais fracas. Ao mesmo tempo, todas as culturas pré-capitalistas reagem -- a França reage ao inglês como reprime os africanos. Mas a globalização, essa lei do mais forte na economia, segue em frente. O língua do sistema é o inglês. Pelo menos enquanto a China não se impõe como a maior potência mundial. Aqui perto de casa já tem uma escola de mandarim.
E para sentir por que os franceses têm razão em reagir, basta ouvir a música abaixo. 

Da BBC via DCM.
Lei que autoriza inglês nas universidades gera revolta na França 
Um projeto de lei que autoriza as universidades da França a darem aulas em inglês, discutido atualmente pelo Parlamento, está causando grande polêmica no país.
Os opositores à medida – inúmeros intelectuais e políticos – afirmam que "a invasão do inglês" nas faculdades representa uma "ameaça" à língua francesa.
A polêmica é tão grande que o jornal Libération publicou uma capa toda escrita em inglês na terça-feira.
O governo ressalta que a iniciativa visa a atrair à França estudantes universitários de outros países, sobretudo emergentes, e também "excelentes professores" internacionais que não falam francês.
"Muitos alunos, sobretudo de Coreia do Sul, China, Brasil, Índia e Cingapura, gostariam de estudar na França, mas se sentem desencorajados pelo fato de que é preciso saber falar francês", afirma a ministra do Ensino Superior, Geneviève Fioraso.
A íntegra.

O novo ministro do Supremo é da Globo

Ontem Dilma acertou no tom da nota sobre a morte do barão Mesquita. Hoje derrapa.
Em matéria de STF os governos do PT não aprendem. Ou é mais um Fux ou nos surpreenderemos. O sujeito escreve para O Globo e foi advogado da Abert. E defende a reserva de mercado para a oligarquia da imprensa. Era só o que faltava, mais um ministro do Supremo contra a democratização da informação.
Com uma esquerda assim, quem precisa de direita?
PS: Do GGN, porém, vêm informações mais otimistas, como sua defesa do Cesare Battisti, que pode ser vista em vídeo. 

Do Diário do Centro do Mundo.  
O novo ministro do STF defende a reserva de mercado da mídia  
Paulo Nogueira
Seria de supor que Dilma, depois da barbeiragem espetacular na escolha de Luiz Fux, tenha sido mais cuidadosa ao optar por Barroso. Mas uma visita ao blog de Barroso não chega a ser exatamente animadora. Para começo de conversa, ele foi advogado da Abert, a associação de empresas de rádio e televisão que obedece ao comando da Globo.
Logo, suas relações com a Globo estão, desde já, sob suspeita de promiscuidade.
Isso fica claro num artigo que está em seu blog, e que ele escreveu exatamente para o Globo, em 2011. Nele, defendeu, com argumentos bisonhos, a manutenção de reserva de mercado para as empresas jornalísticas brasileiras.
É a chamada pataquada.
Considere: 
"A primeira questão a ser enfrentada diz respeito ao fato de que as empresas genuinamente brasileiras que atuam nesse mercado não podem ter mais de 30% de capital estrangeiro, por imposição constitucional. Admitir-se empresas com 100% de capital estrangeiro fazendo jornalismo ou televisão no Brasil não apenas viola a Constituição como cria uma competição desigual. Imagine se um jogo de futebol em que um dos times devesse observar as regras tradicionais e o outro pudesse pegar a bola com a mão, fazer faltas livremente e marcar gols em impedimento. A injustiça seria patente."
Ora, por que as regras seriam diferentes? Por que qualquer empresa estrangeira de mídia no Brasil poderia pegar a bola com a mão? A legislação de mídia seria a mesma, como acontece com qualquer outro ramo.
Nos anos 1990, o Brasil se livrou da reserva de mercado para automóveis, com ganhos expressivos para os consumidores, que se livraram das carroças caríssimas.
As novas fábricas que se instalaram no país, como a Fiat ou a Toyota, viveram desde o primeiro instante sob as mesmíssimas regras das demais montadoras.
Se essa lógica patética valesse, estaríamos sob reserva de mercado em todas as áreas. Você talvez estivesse condenado a ter um laptop da Itautec.
Mas Barroso foi adiante em sua insana cavalgada a favor do atraso.
"Existem (…) razões mais substantivas para que as regras sejam mantidas e respeitadas. O Brasil é um país cioso de suas tradições culturais, que incluem uma belíssima música popular, o melhor futebol do planeta, novelas premiadas mundo afora e cobertura jornalística acerca dos fatos de interesse nacional. Entregar o jornalismo e a televisão ao controle estrangeiro poderia criar um ambiente de surpresas indesejáveis. No noticiário e na programação, teríamos touradas ou jogos de beisebol. Ou, quem sabe, de hora em hora, entraria em tela cheia a imagem do camarada Mao, grande condutor dos povos. Como matéria de destaque, uma reportagem investigativa provando que Carlos Gardel era uruguaio e não argentino. Pura emoção. À noite, um documentário defenderia a internacionalização da Amazônia."
Raras vezes foram ditas tantas estupidezes num só parágrafo. Raras vezes uma situação de inaceitável privilégio foi defendida com tamanha pobreza de argumentos.
Um homem que escreve essas coisas -- que deveriam ter efeito desqualificador em qualquer escolha -- ter chegado as STF mostra quanto é baixo e primário o nível do sistema judiciário brasileiro, e quanto é frágil o critério de opção dos governos.
A íntegra.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Leite materno contaminado

Mais um grande feito do agronegócio.

Do Viomundo.
A pesquisadora que descobriu veneno em leite materno de mães brasileiras
A repórter Manuela Azenha esteve em Cuiabá, Mato Grosso, onde assistiu à defesa de tese da pesquisadora Danielly Palma. A ela coube pesquisar o impacto dos agrotóxicos em mães que estavam amamentando na cidade de Lucas do Rio Verde. A seguir, o relato:

Manuela Azenha
Lucas do Rio Verde é um dos maiores produtores de grãos do Mato Grosso, estado vitrine do agronegócio no Brasil. Apesar de apresentar alto IDH (índice de desenvolvimento humano), a exposição de um morador a agrotóxicos no município durante um ano é de aproximadamente 136 litros por habitante, quase 45 vezes maior que a média nacional — de 3,66 litros.Desde 2006, ano em que ocorreu um acidente por pulverização aérea que contaminou toda a cidade, Lucas do Rio Verde passou a fazer parte de um projeto de pesquisa coordenado pelo médico e doutor em toxicologia, Wanderlei Pignatti, em parceria com a Fiocruz. A pesquisa avaliou os resíduos de agrotóxicos em amostras de água de chuva, de poços artesianos, de sangue e urina humanos, de anfíbios, e do leite materno de 62 mães. A pesquisa referente às mães coube à mestranda da Universidade Federal do Mato Grosso, Danielly Palma.
A íntegra.

Marina Silva e o deputado Feliciano

Por que todo mundo que sai do PT vai para a direita? Essa Marina Silva está cada vez pior. E é contraditória e oportunista, como mostra este artigo. 

Do Diário do Centro do Mundo.
Marina Silva e Marco Feliciano são, essencialmente, a mesma coisa? 
Kiko Nogueira
O que está por trás da defesa do deputado do PSC.
Marina Silva, você sabe, saiu numa defesa atabalhoada do deputado Marco Feliciano. Como afirmamos no Diário, num post que se tornou viral, foi o fim de uma promessa de renovação. Numa longa e confusa peroração sobre o estado laico, em que cita a Bíblia algumas vezes, ela disse o seguinte no auditório da Universidade Católica de Pernambuco: "Feliciano está sendo criticado por ser evangélico e não por suas posições políticas equivocadas".
"Se porventura ele fosse ateu, eu não gostaria de dizer que as posições equivocadas dele eram porque ele é ateu." Fez analogias semelhantes com judeus e espíritas.
Diante da reação negativa, tentou se emendar. Disse no Twitter que suas palavras foram distorcidas e deu o link de uma matéria do mês passado, em que afirmava que o pastor é despreparado para a Comissão de Direitos Humanos.
Embora se apresente como uma alternativa a “tudo isso que está aí”, num partido que não é, segundo ela mesma, de direita e nem de esquerda, Marina não é, essencialmente, diferente de Feliciano em suas convicções. Feliciano talvez seja apenas mais tosco e transparente em seu obscurantismo.
A íntegra.

O que é o Estadão

A morte do dono nos possibilita conhecer um pouco mais sobre o Estado de S. Paulo, neste artigo escrito por um jornalista que conhece bem o jornal. E também um pouco mais sobre o governo Dilma, que se manifestou economicamente; eu não faria melhor, não acrescentaria uma palavra nem tiraria nenhuma, se estivesse na posição política do porta-voz, que, por dever de ofício, tem de emitir uma nota de pesar. Diz Nogueira: "O verdadeiro epitáfio de Ruy Mesquita diria o seguinte: foi um homem que defendeu os interesses de poucos, e nisso foi tão inepto que não soube defender sequer os seus, representados nos jornais da família. De quebra, contribuiu vigorosamente para que o Brasil se transformasse num dos campeões mundiais da desigualdade".

Do Diário do Centro do Mundo.
O legado de Ruy Mesquita
A morte de um barão da imprensa que quis ser jornalista e executivo ao mesmo tempo e fracassou em ambas as áreas.  

Paulo Nogueira
Dilma definiu Ruy Mesquita bem melhor do que Lula definiu Roberto Marinho, e isso é de alguma forma um sinal animador.
Pode sugerir que o governo já não está imobilizado, de joelhos, diante das grandes empresas de mídia, brindadas ao longo dos tempos com espetaculares mamatas por sucessivas administrações.
A conta sempre foi paga pelos contribuintes – em operações como a isenção de impostos sobre o papel ou em empréstimos a juros maternais pelos bancos públicos.
Lula, em seu elogio fúnebre, disse que Roberto Marinho era um brasileiro que esteve sempre “a serviço”, e comparou-o ao pobre Carlitos Maia, que ainda hoje deve estar se chacoalhando em sua última morada por conta da comparação.
Dilma, bem mais comedida, disse que Ruy Mesquita foi um “homem de convicções”. Só não disse, inteligentemente, quais eram estas convicções.
Ruy Mesquita, morto aos 88 anos, pertenceu à geração que arruinou o Estado de S. Paulo. Se você, com algum esforço, pode atribuir o declínio da Folha à internet, no caso do Estadão não existe esta atenuante.
O Estado foi vítima de si próprio e de uma família controladora que quis administrar o negócio e o conteúdo ao mesmo tempo sem ter talento para uma coisa e nem para a outra.
Não bastasse a falta de competência, os ramos em que a família se dividiu acabaram se atracando numa guerra civil em que o objetivo parecia ser destruir os primos e os tios que estavam do outro lado.
A miopia editorial se traduziu na incapacidade de perceber que o país mudara no final da ditadura militar, sob Figueiredo.
Os militares estavam já extraordinariamente enfraquecidos depois de uma obra desprezível em todas as áreas – na economia, na política, no campo social.
Enquanto o Estadão publicava receitas num gesto oco e vazio para responder à censura, a Folha erguia a bandeira das Diretas Já.
Você tinha de um lado um jornal velho, ou dois, se incluir o Jornal da Tarde, também dos Mesquitas, e de outro um jornal que captara ardilosamente o espírito do tempo – embora mais adiante o perdesse também.
A morte do Estadão começou ali, há mais de 30 anos.
A íntegra.

O brasileiro que quer fazer paralítico andar

É um cientista: Miguel Nicolelis. O mesmo que experimentou telepatia em ratos.

Da revista Ciência Hoje.  
Proposta de pé
Em palestra no Rio de Janeiro, o neurocientista Miguel Nicolelis fala sobre projeto que pretende fazer paraplégico andar até a Copa de 2014 e sobre iniciativas científicas e sociais promovidas pelo centro de pesquisa que coordena em Natal.   
Por Marcelo Garcia
Publicado em 22/5/2013 | Atualizado em 22/5/2013
Exoesqueleto ligado ao cérebro poderá devolver movimentos e sensações a pessoas com deficiência. A 13 meses da Copa, pesquisador ainda pretende surpreender o mundo na abertura do evento. (imagem: Projeto Walk Again) 

Junho de 2014. O Itaquerão lotado recebe a seleção brasileira para a abertura da Copa do Mundo. Um adolescente paraplégico entra em campo numa cadeira de rodas, com a camisa do Brasil. Próximo ao círculo central, se levanta, caminha cerca de 20 passos incertos e dá o primeiro chute na brazuca. Se nossos estádios ficarem prontos até lá e se tudo der certo para o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, da Universidade Duke, nos Estados Unidos, e do Instituto Internacional de Neurociência de Natal (IINN), o público poderá presenciar essa cena daqui a 13 meses.
Em palestra realizada nessa terça-feira (21/5), no auditório da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no Rio de Janeiro, o pesquisador apresentou suas expectativas e sonhos para o projeto Walk Again (andar de novo, em português). A iniciativa pretende desenvolver exoesqueletos movidos "por pensamento" para permitir que pessoas com danos motores possam voltar a andar e recuperar a sensibilidade dos membros afetados.
A íntegra.

Oba! Galpão novo!

E na praça, de graça! É a melhor coisa de BH.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

O bicampeão mineiro e o Ronaldinho Gaúcho

Relevando a trilha sonora ruim e a aparição rápida de um político ainda pior, o vídeo condensa o que a torcida atleticana vem vivendo desde junho de 2012. Quem podia imaginar há um ano o que aconteceu desde então? Ronaldinho renasceu e fez renascer o Galo carente de grande futebol desde 1999. Com eles, Bernard, Jô, Réver, Victor, Tardelli, Leandro Donizeti, Pierre, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Gilberto Silva, Richarlyson, Luan, Josué... Em onze meses vimos mais do que tínhamos visto em onze anos. Ronaldinho já entrou para a história do Galo e a história do Galo pode ser outra a partir dele. Ave Ronaldinho! A Massa te saúda! 

Joaquim Barbosa, o probo, e a farra de mordomias no Supremo

Aquele dos discursos moralistas do processo do "mensalão", enquanto estava de licença médica passeava às custas do erário público. E não foi uma vez nem duas, foram 19 vezes. E ainda tentou burlar a lei, sonegando informações. Ele, o presidente do tribunal supremo, não dá a menor pelota para a lei. Como, aliás, o julgamento demonstrou, pois não leu os autos e condenou inocentes. Barbosão é pura fachada. Só não sabia disso quem não queria. E as mulheres dos ministros do Supremo também passeiam de graça. E as férias dos marajás do judiciário ao exterior também são custeadas com o dinheiro dos nossos impostos. Deviam estar presos e estão julgando criminosos.

Do Estado de S. Paulo.
Barbosa usou passagens do STF quando estava de licença médica 
Dados obtidos através da Lei de Acesso mostram que presidente viajou 19 vezes em períodos nos quais estava afastado 

Por Eduardo Bresciani, Mariângela Galucci, Felipe Recondo 
Brasília -- O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, utilizou passagens aéreas pagas pela Corte em períodos nos quais estava licenciado do tribunal. Barbosa fez 19 viagens para quatro cidades nos anos de 2009 e 2010 em datas nas quais estava afastado de seus trabalhos na Corte.
O Estado solicitou dados sobre as passagens emitidas para os ministros em janeiro deste ano, com base na Lei de Acesso à Informação. A resposta enviada pela Corte omitiu as viagens de Barbosa, apesar de listar as realizadas por outros magistrados. Somente neste mês de maio o tribunal publicou na internet dados sobre as passagens usadas pelo ministro.
Barbosa tirou licenças médicas em 2009 e 2010 em razão de problemas de saúde. Ele sofre de dores crônicas na coluna e se submete a diversos tratamentos. As seguidas licenças de Barbosa mereceram críticas reservadas de colegas à época, a ponto de o então presidente da Corte, Cezar Peluso, cogitar a possibilidade de pedir uma perícia médica. Essa intenção de Peluso foi uma das razões para o embate entre ambos em declarações à imprensa no fim de 2011.
A íntegra. 

Supremo paga voos para mulheres de ministros e viagens no período de férias 
STF gastou R$ 903 mil com passagens para esposas e deslocamentos de magistrados na época de recesso 

Por Eduardo Bresciani e Mariângela Gallucci
Brasília - O Supremo Tribunal Federal (STF) reproduz hábitos que costumam ser questionados em outros poderes sobre o uso de recursos públicos para despesas com passagens aéreas. Levantamento feito pelo Estado com base em dados oficiais publicados no saite da Corte, conforme determina a Lei de Acesso à Informação, mostra que ministros usaram estes recursos, no período entre 2009 e 2012, para realizar voos internacionais com suas mulheres, viagens durante o período de férias no Judiciário, chamado de recesso forense, e de retorno para seus Estados de origem.
A íntegra.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A privatização da Cemig


Jânio de Freitas e a barbaridade no jornalismo

A coluna do Jânio de Freitas é o último sinal da dignidade da Folha de S. Paulo. Não que o jornal a tenha, ao contrário, aderiu com todos os préstimos ao pior da ditadura militar, mas quando viu que era inevitável vislumbrou corretamente a possibilidade de vender mais exemplares e aderiu à campanha das diretas, abrindo suas páginas democraticamente a todo tipo de opiniões. Mais tarde voltou ao seu leito original para se tornar o que é hoje quase sempre: um panfleto de direita. Mas jornais têm isso, essa fidelidade aos seus ícones, e este Jânio é o oposto do mais famoso, um sujeito, como se dizia antigamente, reto. Assim, octogenário, o decano dos colunistas de política do Brasil torna seu minifúndio diário um dos poucos (único?) espaços da Folha em que se pode respirar ar puro. Na Folha e em outros jornais: entre outros prejuízos, a atual fase da "grande" imprensa tornou o jornalismo político -- um exercício diário de reflexão sobre o País, que resiste ao tempo e se transforma em registro histórico, como é o caso do falecido Castelinho no JB -- uma atividade em extinção. Além do Jânio de Freitas, só me ocorrem dois outros nomes que fazem essa análise imparcial dos fatos políticos, hoje: Mauro Santayana, outro idoso, e o Marcos Coimbra.

Da Folha de S. Paulo
Velhas ideias
Jânio de Freitas
Liguei o rádio no carro. Entrou de sola: "é crucial e não é bom!". Um susto. O que seria assim dramático? A caminho do almoço, o susto devorou o apetite. Claro, era mais um dado da realidade terrível que o Brasil vive. As vendas no comércio de varejo, no primeiro trimestre ou lá quando seja, caíram a barbaridade de 0,1%.
O comércio vendeu, no período, menos R$ 0,10 em cada R$ 100. Pois é, crucial e nada bom.
Os preços, como o seu e o meu bolso sabem, vêm subindo à vontade há tempos, o que fez com que o comércio precisasse vender muito menos produtos para completar cada R$ 99,90 do que, na comparação com o passado, precisara para vender R$ 100. Mas, na hora, não tive tempo de salvar o apetite com esse raciocínio, porque à primeira desgraça emendava-se a notícia de outra. A queda desanimadora nas vendas para o Dia das Mães, comparadas com 2012: queda de 1%.
É preciso lembrar o quanto os consumidores encararam em aumentos de preços de um ano para cá? O comércio brasileiro está lucrando formidavelmente, com o maior poder aquisitivo das classes C, D e E, aplicado na compra dos tênis aos eletrodomésticos, dos móveis às motos, quando não aos carros.
O terrorismo do noticiário e dos comentários econômicos martela o dia todo. Não sei dizer se o governo está aturdido com isso, como parece das tão repetidas quanto inconvincentes tranquilizações do ministro Guido Mantega. Ou se comete o erro, por soberba ou por ingenuidade, de enfrentar a campanha que está, sim, fazendo opinião.
A íntegra.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Qual o sentido da Comissão da Verdade

Quarenta anos depois? A resposta está no nome: a verdade.
Enquanto prevalece a história contada pela ditadura (e seus pupilos estão aí, soltos, mandando, roubando), ela continua dominando as mentes. A ponto de o maior jornal do País dizer que não houve ditadura, mas ditabranda. Tornar a verdade predominante é fundamental para que andemos para a frente e não aceitemos novos golpes e novas ditaduras.

Do jornal GGN.
Comissão da Verdade ouve mulher presa quando era bebê  
Mônica Ribeiro
Era uma noite de setembro, mais especificamente a terceira daquele mês, em 1973. Carmen de Souza Nakasu, 40 anos, tinha um ano de idade e estava na companhia dos pais, Elzira Vilela e Licurgo Nakasu, na estação da Luz, no centro da capital paulista.
A viagem da família foi interrompida por uma equipe de policiais da Operação Bandeirantes. No momento da prisão, antes de ser encapuzada e levada às dependências do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna), a mãe de Carmen só conseguiu ouvir um grito: "Entrega a menina!". Mesmo contrariada, ela entrega a criança às mãos de uma investigadora e fica três meses afastada da filha.
Os pais de Carmen ficaram 90 dias nas dependências do DOI-Codi e, durante este tempo, a menina foi usada pelos policiais para fazer chantagem - eles queriam que o casal delatasse os companheiros de luta. A resistência dos pais é reconhecida por Carmen, que nasceu, sob uma identidade falsa, em Valinhos, no interior do estado. Carminha, como é chamada pela mãe, diz que até um tempo atrás ainda tremia só de ouvir o barulho de uma simples descarga de vaso sanitário.
Se isso faz parte de uma possível sevícia à época da prisão, nem ela nem os pais podem dizer, mesmo havendo uma infeliz coincidência do pavor de Carmen com a técnica de afogamento usada pelos militares durante as sessões de tortura.
Aos três anos, por ter se tornado uma criança introspectiva, ela começou a fazer terapia psicológica. Durante as sessões, a terapeuta constatou que a pequena Carmen tinha, por repetidas vezes, sonhos em que era arrancada dos braços da mãe por soldados. Até aquele momento, nunca ninguém tinha contado a ela as circunstâncias em que tinha sido detida com os pais.
Aos 19 anos, Carmen passou por uma sessão psicoterapêutica que a ajudou a superar parte do trauma que guarda até hoje. Durante uma espécie de regressão, ela pôde se deparar com um bebê, muito assustado, que havia sido separado brutalmente dos pais. Ao se deparar com a criança, ela disse que pôde "acalmar" o bebê e dizer que estava tudo bem. A lembrança do procedimento faz Carmen sentir todo o pavor que estava guardado em algum espaço de sua memória. Às lágrimas, ela afirma que, mesmo com a sombra da ditadura em sua vida, teve a sorte de ter tido de volta seus pais.
A íntegra.

A MP dos portos, a comunicação e a corrupção

Tudo passa pela democratização da imprensa. Mas a orientação do governo petista é não entrar em confronto com o oligopólio da comunicação. Como disse o sujeito que caiu do vigésimo andar, ao passar pelo décimo: "até aqui, tudo bem".  

Do blog Luís Nassif Online.
O chefe de Eduardo Cunha é Sérgio Cabral
Luís Nassif
Coluna Econômica
Um dos principais personagens do submundo político são os operadores, as pessoas especializadas em identificar as áreas sensíveis do setor público, os vazamentos de recursos, e montar o meio campo com interesses econômicos escusos, amarrados a interesses pessoais ou partidários.
Em geral os operadores atuam na sombra, assumindo cargos na máquina ou em governos. Poucos se aventuram a se expor em cargos eletivos.
Desde a redemocratização, poucos foram tão atrevidos quanto Eduardo Cunha, deputado eleito, líder do PMDB na Câmara. Foi parceiro de PC Farias, operador do deputado Francisco Dornelles, aliado de parlamentares evangélicos, depois do governador Antônio Garotinho e, agora, do governador Sérgio Cabral Filho - e sempre acompanhado de lobistas cariocas especializados no submundo da administração pública.
Sua vida pública está coalhada de escândalos. Talvez nenhum homem público do país esteve envolvido em tantos escândalos. Pior: saindo praticamente ileso de todos eles.
A íntegra.

Da Agência Carta Maior.
MP dos Portos: Quando o governo vai abrir as comunicações? 
Saul Leblon
O desconhecimento da sociedade sobre qualquer tema é o solo fértil de toda sorte de manipulação ideológica e econômica.
A MP dos Portos, editada em dezembro último, cujo prazo de validade vence nesta 5ª feira, é o exemplo clássico desse redil capaz de imobilizar as melhores intenções.
Sempre hesitante em sua política de comunicação, o governo, mais uma vez, menosprezou uma dimensão crucial da luta pelo desenvolvimento que consiste em popularizar o debate das decisões estratégicas com toda a sociedade.
Não o fez com a agenda dos portos; como também não foi feito com a da licitação de ferrovias e rodovias e tampouco com outras iniciativas em resposta à crise mundial.
Teme-se o carimbo de populismo.
Cultiva-se o "não politizar a agenda do desenvolvimento", que não é outra coisa senão economia concentrada em escolhas políticas.
Em contrapartida, faculta-se a um oligopólio midiático a modelagem narrativa do passo seguinte da história do país, reduzido assim a um carnaval de tomates e beterrabas.
A receita torna o governo refém da entropia oportunista que prolifera em sua própria base.
A íntegra.

A folha corrida do líder do PMDB na Câmara

Extensa. Evangélicos conservadores, um novo partido brasileiro, espalhado por vários partidos. É claro que religião é só um pretexto pra fazer política, e a política para essa gente é sinônimo de interesses pessoais. Como é que um sujeito assim vira líder do maior partido do País? E a "ficha limpa"? Já caiu em desuso? Ninguém mais fala nela?

Do jornal GGN.
Eduardo Cunha: o ponta-de-lança contra a MP dos Portos
Mário Bentes
Um dos maiores adversários do governo federal para aprovar a MP dos Portos, ao menos na Câmara, está na própria base aliada. Mais precisamente, no PMDB do vice-presidente Michel Temer. Eduardo Cunha, líder da bancada do partido na Câmara, tornou-se o grande obstáculo para aprovação do texto resultante do acordo entre empresários, partidos e trabalhadores, costurado no gabinete do relator da MP, senador Eduardo Braga (PMDB-AM). Na última semana, Cunha protagonizou, ao lado de Anthony Garotinho (PR-RJ), uma acalorada discussão em plenário que terminou com o adiamento da votação da MP durante sessão ordinária na Casa – tudo o que a oposição e alguns setores privados desinteressados na MP queriam. Caso não seja votada até a próxima quinta-feira (16) – tanto na Câmara quando no Senado –, a MP perde a validade.
A discussão com Garotinho, que acusou Cunha de agir em função do lobby de setores privados, não foi o primeiro problema causado pelo peemedebista, cujo partido compõe a base aliada, ao próprio governo.
Uma das primeiras ações de Cunha que resultou em problemas (com a omissão do PT, em função da chamada "governabilidade") aconteceu pouco depois de confirmada sua votação para líder, pela bancada do PMDB na Câmara. Evangélico e muito articulado na bancada conservadora, Eduardo Cunha começar a traçar os acordos de bastidores junto ao PSC, uma das siglas sob sua influência, que terminaram com a indicação e ascensão do deputado e pastor Marco Feliciano à presidência da Comissão dos Direitos Humanos e Minorias.
Formado em economia, Cunha deu seus primeiros passos na política em 1989, quando conheceu Paulo César Farias, tesoureiro da campanha de Fernando Collor. O hoje parlamentar da base aliada ajudou a arrecadar fundos para a campanha.
Vencida a eleição, Eduardo Cunha colheu seu primeiro fruto: assumiu, com aval de Collor – hoje também na base aliada do governo petista –, a presidência da Telerj, estatal de telefonia do Rio de Janeiro, cargo em que ficou até 1993. Posteriormente, teve seu nome associado a acusações de corrupção na empresa.
Cunha viria a ser processado pelas acusações em 2004, mas o caso acabou arquivado com base em documento do Ministério Público Estadual que inocentava Cunha e outros gestores da estatal. Três anos depois, o Ministério Público constatou que o documento usado como base para o arquivamento das denúncias de fraudes na Cehab, em 2004, era falso. A peça foi elaborada pelo então subprocurador-geral de Justiça, Elio Fischberg, que chegou a ser condenado a três anos e dez meses de prisão pela falsificação.
Em 2000, um ano antes de assumir mandato como deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Cunha teve seu nome envolvido problemas com o fisco. A Receita Federal detectou incompatibilidade entre a movimentação financeira do deputado e o montante declarado ao Imposto de Renda.
Em 2003, já como deputado federal – mesmo ano em que trocou o PP pelo PMDB –, foi acusado pelo então presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), de achacar empresários do setor de combustíveis usando a Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.
A íntegra.

Mineração contra orangotangos

Desenvolvimento e progresso não têm nada a ver com melhoria da vida. Em geral são eufemismos de destruição. Não há racionalidade nem bom senso em fazer o que o capital faz em toda parte, como por exemplo, tirar minério da terra, quando isso implica em destruir floresta, secar nascentes, poluir rios, expulsar populações locais, extinguir espécies. 

Da Avaaz.
O plano para matar orangotangos
Eu vivo e trabalho no último lugar do mundo onde orangotangos, tigres, rinocerontes e elefantes ameaçados de extinção ainda podem circular livremente -- mas tudo isso será despedaçado a não ser que o nosso presidente escute nossos clamores e salve este habitat único.
Nesse exato momento, em uma das florestas mais antigas e intocadas da Indonésia, um governador da região em que a floresta se situa quer permitir que empresas de mineração e óleo de palma entrem no local para dizimar áreas do tamanho de 1 milhão de campos de futebol! E parece que o Ministro das Florestas indonésio vai deixar que tal governador deixe isso acontecer, a menos que o Presidente dê um passo a frente e rejeite o plano para matar orangotangos.
Sabemos que o presidente indonésio quer ser visto como um protetor das florestas, mas precisamos dizer a ele que sua 'reputação verde', e suas aspirações de assumir um cargo na ONU, estão em risco. Somente assim poderemos garantir que ele faça a coisa certa. Precisamos agir rapidamente – assine a petição urgente e conte a todos sobre esse ameaça fatal à nossa majestosa floresta. Se um milhão de pessoas assinar essa petição nos próximos 3 dias, eu vou garantir que o presidente nos escute.
Rudi Putra, da Indonésia. Vencedor do prêmio 'Future for Nature' de 2013.
Clique aqui para assinar a petição

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Contra privatizações de petróleo e hidrelétricas

A lógica do capital: o Estado constrói hidrelétrica com dinheiro público, a Petrobrás descobre petróleo com pesquisas financiadas com dinheiro público. Depois, na hora de ter lucro, o negócio é passado para a iniciativa privada, que é mais "competente". Competente pra quê? Pra lucrar, é claro.
Do mesmo jeitinho que as "arenas" da copa, que estão elitizando o futebol brasileiro.
O Estado serve ao capital, o dinheiro público serve ao capital. Quando é para dar dinheiro a pobres, a gritaria é geral: "peraí, esse dinheiro é meu!", berram os jornais do capital. "Trabalhador é vagabundo!" Mas dar dinheiro público pra capitalista não é dar dinheiro para vagabundo. Por quê? Ora, porque o Estado é deles, existe pra financiar o capital.
E se protestar, leva porrete, que a polícia militar está aí é pra isso, pra bater em trabalhador. Alguém já viu PM batendo em empresário? Por que será? Porque o Estado é deles, porque a PM serve a eles.
Deu pra entender ou quer que desenha?

Da Agência Carta Maior.
ANP e MME são ocupados contra leilões e privatização 
Vinicius Mansur
Brasília – As sedes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), no Rio de Janeiro (RJ), e do Ministério de Minas e Energia (MME), em Brasília (DF) e em Belo Horizonte (MG), amanheceram ocupadas nesta segunda-feira (13). Os manifestantes protestam contra a 11ª rodada de licitações de blocos para a exploração de petróleo e gás natural, marcada para terça (14) e quarta-feira (15) desta semana.
"Estamos solicitando reunião com o MME para cancelar ou adiar esse leilão. Manteremos as ocupações até termos um retorno", disse o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Moraes, presente no protesto em Brasília. Moraes acrescentou que as reivindicações assinadas por mais de 50 organizações sociais também foram enviadas à presidenta Dilma Rousseff através de uma carta (na íntegra ao final da matéria).
As organizações também pedem o cancelamento da privatização de hidrelétricas cujas concessões vencem até 2015, como é o caso de Três Irmãos, em São Paulo, e Jaguara em Minas Gerais. "Queremos que a União seja responsável pela exploração do petróleo e da energia hidrelétrica", afirmou Moisés Borges, coordenador nacional do Movimento dos Atingido por Barragens (MAB).
A íntegra.

Justiça?

É, justiça do capital. A lógica da justiça do capital é: tudo para o lucro. Perversa. E a semente da Monsanto, não foi derivada de outra, que a natureza criou? Ou a Monsanto é Deus? E as sementes que não são da Monsanto não existem mais. E a "justiça" acha certo. É que para decidir de outra forma, os juízes têm que mudar suas cabeças e querer outro sistema.

Do Opera Mundi. 
Justiça dos EUA decide a favor da Monsanto em caso contra agricultor de 75 anos 
Vernon Hugh Bowman foi processado em 2007 por ter replantado, cultivado e comercializado grãos de soja da empresa
Nessa reedição da luta entre Davi e Golias, ganhou o maior e mais forte. A Suprema Corte dos Estados Unidos tomou uma decisão favorável à gigante agroquímica Monsanto e contrária a um agricultor de Indiana (nordeste do país), acusado de violar a patente da empresa para produzir sementes. Vernon Hugh Bowman, de 75 ano, foi processado em 2007 pela Monsanto por ter replantado, cultivado e comercializado grãos de soja derivados de sementes compradas da companhia.
A íntegra.

O Brasil dos sonhos tucanos

A principal qualidade dos governos do PT é nos livrarem dos governos do PSDB.

Da Agência Carta Maior.
'Custo Brasil': a solução é asiática?
Por Saul Leblon
Um incêndio matou sete pessoas num prédio de 11 andares da fabricante de vestuário Tung Hai Group, em Bangladesh, nesta 5ª feira.
Grande exportadora de suéteres e jerseys, a empresa tem como clientes algumas das maiores redes varejistas ocidentais.
O incêndio é o quarto desastre de grandes proporções em fábricas de vestuário de Bangladesh desde dezembro.
Em abril, o desabamento de um condomínio vertical de indústrias têxteis, na região metropolitana da capital bengali, Dacca, chocou o mundo.
No início desta semana, as autoridades locais informaram que 800 operários teriam morrido.
Somente ontem, 5ª feira, as equipes de resgate chegaram aos porões dos prédios.
Descobriram mais 100 corpos. Hoje 6ª feira, as estimativas falam em mais de 1.000 corpos.
O negócio têxtil no entroncamento Índia/Bangladesh rende US$ 20 bilhões anuais em exportações ; gera 3 milhões de empregos
O setor é considerado um titã naquilo que alguns analistas enchem a boca e reviram os olhos antes de escandir em tom de admoestação ao Brasil: "com-pe-ti-ti-vi-da-de".
Condições de trabalho dos primórdios da revolução industrial; piso salarial em torno de US$ 40 dólares, o equivalente a ¼ do valor hora da China; baixa regulamentação e fiscalização complacente. Eis a fórmula que está na cabeça de muitos dos nossos engomados analistas e dirigentes empresariais quando se reclama "um custo Brasil competitivo".
A íntegra.

Na Grécia, trabalho forçado e prisão para grevistas

Nós que viemos depois, como disse Brecht, costumamos nos espantar ao conhecer a ascensão do nazismo, tamanho o horror que provocou. Como foi possível que não reagissem? Pois agora mesmo estamos vendo prosperar não o nazismo, mas a forma autoritária de governo do neoliberalismo, que ainda não tem nome. E a Europa, civilizada e culta, não reage.
É a história do sapo na panela com água fria que vai esquentando aos poucos.
O que os governos conservadores fazem é tão óbvio: demitir 15 mil funcionários -- equivale dizer: cortar os gastos do Estado com 15 mil trabalhadores -- pode, mas deixar de pagar a dívida -- equivale dizer: cortar os lucros dos banqueiros --, não.
A crise deixa claro que o Estado é instrumento dos capitalistas, que ficam ainda mais ricos e continuam recebendo todos os incentivos e remunerações por emprestimos.
O capital é o único problema da economia, quando é que vamos substituí-lo por um sistema melhor? 


Do Opera Mundi. 
Em caso de greve, governo grego forçará professores a trabalhar "O decreto é vergonhoso e horroroso", acusa o sindicato dos profissionais da educação; quem se manifestar pode ir até para prisão 
A Grécia aprovou no final do mês passado um pacote de medidas para o corte de gastos do orçamento do país. O projeto prevê, entre outras coisas, a demissão de 15 mil funcionários do governo nos próximos dois anos. Neste domingo (12/5), os professores gregos receberam a notícia que, caso não trabalhem por motivos de greve ou por manifestações contra os cortes, podem ser punidos pelo governo com até vários meses de prisão.
Em nota oficial, a Grécia emitiu um decreto de mobilização forçosa dos professores para evitar a greve que o Olme (Sindicato de Trabalhadores do Ensino Médio) ameaça colocar em prática na próxima sexta-feira (17/5), quando começa o período de vestibulares para seleção das universidades do país. As informações são da Agência Efe.
O decreto foi divulgado hoje (12) pela imprensa local e teve sua publicação feita no Diário Oficial do Estado e fala sobre "mobilização forçosa". "O governo deve preservar os exames de admissão às universidades que estão ameaçados de anulação pela decisão do Olme", declarou o ministro da Educação Pública, Konstantinos Arvanitopulos.
A íntegra.

sábado, 11 de maio de 2013

Joaquim Barbosa pagou cobertura da imprensa

Com dinheiro público, é bom que se diga. O presidente do STF que fez o discurso indignado da moralidade e do bom uso do dinheiro público no julgamento do "mensalão". 

Do Diário do Centro do Mundo.
Folha recusou convite do STF que Globo aceitou 
Paulo Nogueira
Na tentativa de atenuar a conduta antiética do Globo e de Joaquim Barbosa, alguns leitores comentaram, no Diário, que todos os jornais tinham feito a mesma coisa.
A mídia brasileira teria, em massa, embarcado na caravana da alegria patrocinada pelo contribuinte mas oferecida pelo Supremo para que fossem feitas matérias positivas para JB na inútil, irrelevante, desprezível viagem que este fez para a Costa Rica.
Pesquisei os textos da Folha sobre JB na Costa Rica. Não encontrei a informação de que o repórter da Folha teria viajado 'a convite' do STF.
Fui tirar a dúvida na fonte. Fiz essa pergunta, pelo Facebook, a Sérgio Dávila, editor executivo da Folha e antigo colega de Abril.
A resposta: "Recebemos e recusamos o convite. Custeamos todas as despesas de nosso enviado".
Que fique claro, então, que houve sim o terrível convite com o qual o contribuinte bancou uma operação autopromocional de Joaquim Barbosa.
O fato de a Folha, tão pronta a aceitar convites para se livrar de despesas editoriais indispensáveis ao bom jornalismo, ter recusado este do Supremo mostra o tamanho do abismo ético que havia na operação.
A Globo é assim no trato do dinheiro público: não tem cerimônia.
Como a Globo se comporta é sabido, do BV aos vários financiamentos de mãe para filho concedidos por sucessivas administrações.
O fato novo, no episódio, é como Joaquim Barbosa lida com o dinheiro público.
Dizem que é um homem inteligente. Quer dizer, os que querem promovê-lo dizem. Pergunta: com este alegado QI ele não foi capaz de enxergar o absurdo ético de patrocinar uma viagem ridícula com o dinheiro público?
Ou dinheiro público, para ele, pode ser usado assim mesmo, com imenso desprendimento?
A íntegra.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

O melhor país para ser mãe

E pela foto, para ser pai também.

Do Opera Mundi.
Cuba é o melhor país da América Latina para ser mãe, diz estudo 
Cuba é o melhor país da América Latina para a maternidade e o 33º do mundo, segundo um índice da organização britânica Save the Children. No topo está a Finlândia e a República Democrática do Congo em último. Os Estados Unidos estão em 30º lugar e o Brasil em 78º.
A ONG, cuja sede fica em Londres, leva em conta fatores como bem-estar, saúde, educação e situação econômica das mães, assim como a taxa de mortalidade infantil e materna, para definir a tabela.
Levando em conta somente a América Latina e Caribe, Cuba está à frente da Argentina (36), Costa Rica (41), México (49) e Chile (51). O Haiti está no 164º lugar. Também em postos relativamente baixos estão Honduras (111), Paraguai (114) e Guatemala (128). A Venezuela está em 66º.
A íntegra.


Cubanas comemoram 1º de maio em Havana. País caribenho está à frente de Argentina, Costa Rica e México em índice sobre maternidade (Efe, 1/5/2013)

A saúde na pior administração de BH de todos os tempos

Essas notícias sobre a prefeitura podem vir acompanhadas de vários refrões de futebol e humorísticos, como "Eu já sabia!" ou "Quem mandou votar no homem?". Que alguém me cite uma notícia positiva sobre a gestão Márcio Lacerda. Não existe. Em todas as áreas a administração pública vai mal: saúde, educação, transporte, cultura, trânsito, obras, limpeza, corrupção, segurança, meio ambiente... O respeito ao cidadão, ao pedestre, à pessoa comum é cada vez mais raro. A cidade, que até a primeira gestão do Pimentel melhorava, está cada vez pior. Nunca deixo de me espantar ao pensar que o pior prefeito da história de Belo Horizonte foi reeleito.

Do jornal Hoje em Dia
Sem solução da prefeitura, saúde de BH está em fase terminal 
Fernando Zuba e Celso Martins
O ápice da dengue está ficando para trás e já não serve mais como justificativa para explicar a superlotação dos postos de saúde administrados pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Com certeza, o poder público encontrará outros fatores para esclarecer o caos instalado no segmento médico-hospitalar da capital, como a greve parcial no setor. Enquanto o problema crônico e recorrente permanece sem solução, evidenciando a incapacidade da administração municipal de gerenciar crises, pacientes de todas as idades agonizam sem atendimento qualificado.
Desde a última quinta-feira, Ana Carolina Aragão, de 30 anos, tenta atendimento médico para os dois filhos dela no Hospital Municipal Odilon Behrens. Os meninos, Matheus Eduardo, de 1 ano e 7 meses, e Ryan Otávio, de 6, sofrem de bronquite e asma, ambas as doenças em estágio agudo.
"Já não sei mais o que fazer, pois, a cada tentativa de atendimento para as crianças, há uma informação diferente para a não prestação do serviço. Os atendentes dizem que a unidade está lotada, que os servidores estão em greve ou ainda que é troca de plantão", lamentou a mulher que, na terça-feira, mais uma vez, buscava sem sucesso socorro médico para os filhos.
A íntegra.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Roqueiros reacionários

Podia ser nome de banda.
Não tem novidade nenhuma em cantor que o público considera bacana ser mau caráter. Assim como não tem contradição no fato de uma estrela pop riquíssima pensar com o bolso. Assim como é mais que comum que um grande poeta seja um ignorante em outros assuntos.
O erro está em qualquer um de nós se interessar pelo que pensam os artistas, além do que exprimem na sua arte, e se influenciar por eles, em vez de pensar com a própria cabeça.

Do Diário do Centro do Mundo.
Lobão, Roger e o rock de direita  
Kiko Nogueira
A guinada à direita de Lobão, Roger do Ultraje e mais alguns de seus colegas de geração pode ter deixado muita gente decepcionada (me refiro àqueles que esperavam alguma coisa deles).
Como podem roqueiros, com seu estilo de vida, vamos dizer, libertário, virarem direitosos? Como esses caras que mergulharam em sexo, drogas e roquenrol puderam se tornar reacionários depois dos 50?
Eu não tenho certeza da motivação deles (no caso de Lobão, é uma mistura de oportunismo e fanfarronice). Mas é ingenuidade pensar que rockers são automaticamente de esquerda, antiestablishment, revolucionários ou coisa do gênero.
Lobão, Roger e – lembrei de mais um – Leo Jaime não estão sozinhos no mundo em sua paranoia antiesquerdista. Eles fazem parte de uma longa tradição. Mo Tucker, a veterana baterista do Velvet Underground, a banda mais subversiva de todos os tempos, por exemplo, anunciou há poucos anos sua filiação ao ultradireitista Tea Party.
Alice Cooper, um dos pioneiros da união entre rock, teatro e filmes de terror nos anos 70, com sua sexualidade ambígua e suas letras depravadas – virou um evangélico fanático e antiobamista de coração.
Joe Perry, guitarrista do Aerosmith, que fazia com o vocalista Steven Tyler uma dupla apelidada Toxic Twins (dado o grau de ingestão de cocaína), apoiou o republicano John McCain nas eleições de 2008.
Phil Collins prometeu deixar a Inglaterra se o Partido Trabalhista fosse eleito. Noel Gallagher, ex-Oasis, aproveitou a deixa: "Vote nos trabalhistas. Se os conservadores forem eleitos, Phil está ameaçando voltar".
Em 76, Eric Clapton, bêbado, fez um discurso num show, apoiando o racista Enoch Powell.
Agora, ninguém bate Elvis Presley. Em novembro de 1970, Presley entregou uma carta de seis páginas para o então presidente Nixon, em que expressava sua preocupação com o país, sugerindo que ele podia usar sua posição para acabar com a "cultura da droga, os elementos hippies e os Panteras Negras". Pediu para ser nomeado agente colaborador do FBI no Departamento de Narcóticos e Drogas Perigosas.
A íntegra.

Portal GGN: novidade na rede

Escrevo sobre isso frequentemente há algum tempo, a primeira e a segunda vezes em 12 de outuro de 2009. No ano passado, a Avaaz anunciou um projeto, até onde sei ainda não lançado. Agora sai este GGN, aqui no Brasil.
"GGN, o jornal de todos os Brasis", novo portal colaborativo do jornalista Luís Nassif, surge dinâmico e atraente. Vale a pena acompanhar. Não sei o que significa a sigla.
Tenho pra mim que, à parte a agilidade, a atualização contínua e o caráter colaborativo inerente ao meio, o novo jornalismo da internet é na verdade o velho jornalismo, que a "grande" imprensa, principalmente no Brasil, deixou de fazer, para se dedicar a ser o "partido de oposição" sensacionalista.A internet publica o que a "grande" imprensa não publica mais. Não tem nada de revolucionário nisso, a não ser o caráter intrinsecamente revolucionário da verdade.
A novidade revolucionária da internet é transformar qualquer um e todo mundo em jornalista, capaz de reportar o que acontece ao seu redor -- escrevendo, gravando, filmando. Ao jornalista profissional cabe, digamos assim, "gerenciar" a circulação dessas informações.
Essa democratização da produção da informação as grandes empresas não vão fazer jamais, nem no papel nem na internet.
A morosidade do parto da nova imprensa colaborativa demonstra certa incapacidade empreendedora dos pequenos, dos trabalhadores, das associações de todos os tipos, dos cidadãos comuns, enfim.
A propósito, Nassif escreveu sobre isso hoje. Também deu entrevista

Do Portal GGN.
STF pode sustar lei, mas não suspender tramitação de projetos no Legislativo, diz procurador 
Sandra Oliveira Monteiro
Não existe nenhum impedimento para que o Supremo Tribunal Federal invalide uma lei aprovada pelo Congresso, mas que tenha flagrantes inconstitucionalidades. O que foi problemático, no caso da concessão de liminar pelo ministro Gilmar Mendes a um mandato de segurança contra um projeto de lei em tramitação, foi Mendes suspender uma tramitação em andamento dentro do Congresso, na opinião do professor titular de Direito Constitucional da Universidade de São Paulo (USP) e Procurador do Estado, Elival da Silva Ramos.
"O maior problema dessa questão é a forma como a decisão que paralisou o trâmite do projeto aconteceu. Ou seja, por meio de liminar, antes mesmo que o Congresso chegasse a transformar o projeto em lei", opinou o professor, em entrevista ao JornalGGN.
Ramos criticou, todavia, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 33, que tramita no Congresso e tem por objetivo submeter ao Legislativo as decisões do Judiciário sobre constitucionalidade. O procurador concorda que há um certo ativismo do STF, atribui isso à inação do Legislativo, mas acha que essa não é a melhor forma de resolver esse problema. "Se o STF está praticando ativismo, o remédio não está no amesquinhamento do papel do Supremo Tribunal pelo Congresso", afirmou. "A PEC é assustadora do ponto de vista do autoritarismo", concluiu.
A íntegra.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Copa 2014 será realizada sob estado de sítio

É o que se deduz dessa notícia.

Da Rede Democrática.
O AI-5 da Copa do Mundo
"Da maneira como está na lei, qualquer manifestação, passeata, protesto, ato individual ou coletivo pode ser entendido como terrorismo.... Isso é um cheque em branco na mão da Fifa e do Estado", diz Martim Sampaio. "É a ditadura transitória da Fifa" diz presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, sobre PL que corre no Senado em paralelo à Lei Geral da Copa.
Então vamos começar a conhecer o AI-5 da Copa do Mundo? Projeto que corre paralelo, e na surdina (normal quando é para políticos aprovarem leis que favorecem a eles, ou aos setores privados). Sugerimos não perderem uma linha desta matéria.
Enquanto as atenções estão voltadas para o projeto de Lei Geral da Copa (2.330/11) que está sendo votado na Câmara nesta terça-feira (28), os senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), Ana Amélia (PP-RS) e Walter Pinheiro (PT-BA) correm com outro Projeto de Lei no Senado, conhecido pelos movimentos sociais como "AI-5 da Copa" por, dentre outras coisas, proibir greves durante o período dos jogos e incluir o "terrorismo" no rol de crimes com punições duras e penas altas para quem "provocar terror ou pânico generalizado".
A íntegra.

O país que não quis a copa

O presidente da Colômbia disse não às exigências de João Havelange e renegou a copa. Hoje a própria Fifa admite que o brasileiro fazia negócios por fora.

Do Almanaque da Bola.
O dia em que a Colômbia peitou a Fifa e desistiu de organizar a Copa Diego Salgado
A Copa do Mundo da Fifa chegará à 20ª no Brasil, daqui a pouco mais de 15 meses. Em 84 anos, desde 1930, somente um país não aceitou as exigências da entidade e deixou de organizar o Mundial durante a preparação. Em outubro de 1982, a Colômbia peitou a Fifa e afirmou que o torneio de 1986 não lhe convinha e que as necessidades do país eram outras.
Na ocasião, o presidente Belisario Betancur, empossado no cargo em 7 de agosto de 1982, confrontou a Fifa – que tinha o brasileiro João Havelange no comando. "Aqui não se cumpriu com a regra de ouro em que a Copa deve servir à Colômbia e não a Colômbia à multinacional Fifa. Por essa razão, a Copa de 1986 não ocorrerá no nosso país. Não há tempo para atender às extravagâncias da Fifa e seus sócios", disse.
A íntegra.