quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Só revival

Muitas vezes já me perguntei por que Lô Borges não parou no disco do tênis. Depois de duas obras-primas (a outra é o Clube da Esquina, com Milton e toda aquela turma de mineiros que só não foram os Novos Mineiros porque não houve outros antes deles -- Primeiros Mineiros) o que ele fez não teve nenhuma importância e uma coisa foi até prejudicial, pôr letra em Clube da Esquina nº 2, que diz muito mais sem palavras.
Não é defeito do Lô, é da época; toda a música popular poderia ter parado no começo dos anos 70 que nada perderíamos, ou muito pouco. Caetano, por exemplo, fez muitas coisas, mas nada tão bom quanto o que fez antes. Chico, sim, continuou criando cada vez mais, mas se tivéssemos só Construção já bastaria... Rolling Stones continuaram e continuam até hoje, empalhados. Bob Dylan foi um furacão nos anos 60. E os Beatles. Quando se separaram, houve aquela avalanche de criatividades solos.
Para não falar nos brasileiros: Mutantes, Gilberto Gil, tropicalistas, todos aqueles dos festivais, Vandré, Banda de Pau e Corda, Moto Perpétuo, Som Imaginário, Vinicius e Toquinho, os incríveis Novos Baianos e mais, muito mais...
Depois da década de 60 -- a década de 60 na verdade terminou no começo dos anos 70, assim como o século XX começou em 1914 e terminou em 1991 -- a criatividade coletiva foi sufocada e se transformou em expressões individualistas compradas pelo mercado: produziu-se muito mais e ganhou-se cada vez mais dinheiro com obras ruins. Com exceções, como Chico e mais um ou outro. Muitos continuaram brilhando tocando e cantando o que foi feito antes ou reelaborando o que fizeram os criativos.
De vez em quando alguém brilhava novamente feito antes, como John com Double Fantasy, Paul McCartney com Tug of War e George Harrison com Cloud 9. Nostalgia.
E raros gênios continuaram suas trajetórias intocáveis: Chico, Tom...
Os anos 60 foram tão incríveis que tinha até Cat Stevens! Autor de pérolas, perdidas no oceano de banalidades que vieram depois. Cat Stevens só poderia existir nos anos 60 e musicar um filme como "Ensina-me a viver" (Harold & Maude).
Simon & Garfunkel. Quanta genialidade, que se esgotou nos anos 70. Creedence! A melhor banda de todos os tempos, Creedence Clearwater...
Depois foi só revival...
Até hoje vira e mexe me lembro de músicas dos anos 60, como esta.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

A cara de pau dos tucanos

Não tem limite.

Do iG.
Alckmin escolhe acusado de improbidade para Conselho de Administração da Sabesp
Por Vitor Sorano - iG São Paulo | 25/11/2014 06:00
Ex-prefeito de Franca responde a 4 processos por fraude em licitação sob sua gestão; nomeação acomoda aliado político

Acusado de explorar eleitoralmente a Sabesp, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) ampliou o Conselho de Administração da empresa para acomodar um correligionário. O escolhido para o órgão máximo da companhia é Sidnei Franco da Rocha, um ex-prefeito de Franca, no interior de São Paulo, que responde a quatro ações de improbidade administrativa por fraudes em licitações ocorridas durante sua gestão e foi multado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) dois meses antes de ser nomeado para o novo cargo.
A Casa Civil do governo Alckmin argumenta que o ex-prefeito nunca foi condenado e por isso está livre para ocupar o cargo, para o qual a legislação brasileira exige também reputação ilibada - sem definir exatamente o que é isso.
Sidnei Franco da Rocha foi o responsável por retomar o comando de Franca, pólo industrial de 340 mil habitantes governado pelo PT de 1997 a 2004, para o PSDB: venceu duas eleições para o partido, 2004 e 2008, e fez o sucessor, também tucano, em 2012.
Na última eleição, Alckmin teve 62% dos votos na cidade, acima da média do Estado, de 57%. Com essas credenciais, Rocha esperava ocupar uma secretaria no governo tucano, segundo um adversário político, mas teve a expectativa frustrada. A vaga na Sabesp, segundo esse adversário, foi uma espécie de prêmio de consolação.
A íntegra.

domingo, 23 de novembro de 2014

A guinada de Obama

Interessante, Obama. Depois de fazer um governo de direita e de perder maioria no Congresso, dá uma guinada progressista, por decreto.
No Brasil, isso seria chamado de golpe e se pregaria seu impeachment imediato.
Apesar do governo medíocre que fez (o presidente negro americano frustrou expectativas de esquerda, como Lula, mas não fez um governo surpreendentemente bom, como o presidente operário brasileiro), provavelmente Obama passará à história por esse ato.
Interessante também como os EUA, seja qual for o presidente e faça o que fizer, o país tem princípios orientadores aparentemente imutáveis, como reafirma Obama em relação à imigração.

Do El País Brasil.
Reforma nos EUA
Obama: “A imigração é o que nos define como país”
O presidente dos EUA defende sua ação executiva de evitar as deportações

Barack Obama deixa a sala depois de se dirigir à nação. / Jim Bourg (AP)
Barack Obama dividiu as águas na noite de quinta-feira e avançou em uma direção que não gostaria, mas que se mostrou ser o único caminho livre para salvar parte da palavra prometida a um grupo que representa 17% da população dos Estados Unidos – 54 milhões de pessoas, mais de 25 milhões delas com direito a voto. Com a decisão de dar as costas a um Congresso que deteve sua presidência e o condenou a não assinar nenhuma lei de peso, com exceção da reforma na saúde – que segue sofrendo embates -, o presidente dos Estados Unidos põe fim a uma batalha para iniciar a guerra.
Com uma frustração disfarçada de elegância, Obama se dirigiu à nação em um simbólico horário de máxima audiência. Simbólico porque nenhuma das três grandes redes de televisão decidiu exibir o discurso presidencial em uma noite cheia de seriados e espetáculos que valem milhões de dólares em publicidade e espectadores. Apenas a Univisión transmitiu ao vivo as palavras do presidente, tendo que interromper durante 14 minutos e 57 segundos a transmissão do Grammy Latino – assim se faz história.
Como se fosse uma saga, o presidente contou uma história. A história de um país que há mais de 200 anos tem a tradição de receber imigrantes de todas as partes do mundo, o que o beneficia. “A imigração nos define como país”, disse Obama. E, como em toda boa saga, houve partes trágicas, amores não correspondidos, lágrimas e até uma moral por trás da história. O presidente lembrou que este país, a nação que foi criada por gente vinda de fora, tem hoje um sistema de imigração falido, com 11 milhões de pessoas vivendo nas sombras.
“Quando cheguei à Casa Branca me comprometi a consertar o sistema”, disse Obama, que abriu a narrativa referindo-se à segurança da fronteira, para, já de entrada, neutralizar aqueles que acreditam que a palavra “imigrante” só rima com “delinquência”. “Durante os últimos seis anos, as entradas ilegais diminuíram pela metade”, informou o homem que já foi chamado pelos ativistas pró-imigração de “deportador chefe”. Nesse ponto, Obama fez uma referência à grave crise humanitária vivida na fronteira no verão passado após a chegada aos Estados Unidos de milhares de menores de idade desacompanhados.
“No entanto, o número de pessoas que tenta cruzar a fronteira de maneira ilegal se encontra hoje em seu nível mais baixo desde a década de setenta”, destacou Obama. Recorrendo então a seus dotes mais didáticos, propiciando um “crescendo” e após declarar que o Congresso tinha se tornado um muro intransponível para sua ambiciosa lei de reforma – que teria aberto as portas para a legalização de milhões de indocumentados – , Obama afirmou que, como presidente, tem a autoridade para adotar medidas executivas e que é isso o que vai fazer.
“Primeiramente, continuaremos equipando a fronteira com mais recursos”. “Em segundo lugar, será mais simples para os imigrantes com estudos, empresários e pessoas de alto perfil permanecerem e contribuírem com nossa economia”. “Em terceiro lugar, daremos os passos necessários para tratar de maneira responsável os milhões de imigrantes ilegais que já vivem no nosso país”.
O terceiro ponto foi aquele que o presidente quis estender. Foi esse o assunto que o fez se transformar, de repente, no professor Obama. Apesar de antes de fazê-lo ter vestido a roupa de um homem de consenso e recordar as palavras que outro político que já ocupou o mesmo cargo costumava dizer em relação aos imigrantes que tornam possível o dia-a-dia dos Estados Unidos. “Como disse uma vez meu antecessor, o presidente Bush: ‘Eles são parte da vida americana’”. Obama descreveu o núcleo de sua ação executiva desta maneira: “Se você já está nos EUA há mais de cinco anos; se você tem filhos que são cidadãos americanos ou residentes legais; se você se registrar, passar por um controle de antecedentes criminais e estiver disposto a pagar uma parte justa dos impostos que deve; você poderá permanecer neste país temporariamente, sem medo de ser deportado. Você pode sair das sombras e fazer as pazes com a lei”.
"Sei que muitos daqueles que criticam a medida que estou tomando a chamam de anistia. Pois bem, não é"
Barack Obama
Não houve acompanhamento musical. Mas Obama acabava de iniciar a maior de todas as batalhas, a cruzada que pode fazer com que, em pouco mais de duas semanas, os republicanos ameacem com um novo isolamento do Governo como represália por sua atitude. Estava na mesa o assunto que definirá os próximos dois anos e que deverá ser prioridade que quem quer que seja o novo mandatário dos Estados Unidos em 2017. Obama tinha consciência disso. Sabe bem o que estava fazendo. Razão pela qual contra-atacou com sua dose habitual de bipartidarismo e memória histórica.
“As ações que estou tomando não só são legais como são o tipo de medida adotada por cada presidente republicano e cada presidente democrata durante o último meio século. E para os membros do Congresso que questionam minha autoridade para fazer com que nosso sistema de imigração funcione melhor, ou questione meu julgamento de agir onde o Congresso falhou, tenho uma resposta: ‘Aprovem uma lei’”.
Tudo estava dito. Obama acabava de jogar a bola para o campo republicano. Tinha movido as peças. Tinha se rebelado diante da inação e até perguntou se, por acaso, os EUA não seriam uma nação que tolera a hipocrisia, deixando que trabalhadores ilegais colham frutos e arrumem as camas enquanto se olha para o outro lado.
“Sei que muitos dos que criticam a ação que estou tomando chamam isso de anistia”, disse o presidente. “Pois bem, não é”, sentenciou. “Anistia é o sistema que temos hoje, no qual milhões de pessoas que vivem aqui não pagam impostos ou não estão em dia com a lei, enquanto os políticos usam o assunto para assustar as pessoas e ganhar votos nas eleições”. “Esta é a verdadeira anistia: deixar o sistema como está, arruinado”, continuou, dominando já a audiência que às portas da Casa Branca lhe agradecia com cartazes. “A anistia geral seria injusta. A deportação total seria ao mesmo tempo impossível e contrária a nosso caráter de nação. O que estou descrevendo é responsabilidade, abordar o tema com bom senso e chegando a um meio termo: se você atende aos critérios, pode sair das sombras e ficar dentro da lei. Se é criminoso, será deportado. E saiba que se está pensando em entrar nos EUA ilegalmente, aumentaram as possibilidades de que seja preso e enviado de volta”. Se Obama fosse um homem do Exército, a moral da história seria: “Senhores republicanos, vocês se meteram com o marine (fuzileiro naval) errado”.

“Obrigado, presidente Obama”

S. Ayuso
O sorriso não cabia no rosto de Henry Hernández na noite de quinta-feira. Apesar do frio intenso, ele permaneceu postado à frente da Casa Branca enquanto o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciava as medidas executivas que regularizarão temporariamente quase 5 milhões de pessoas sem documentos. Entre suas mãos enluvadas segurava uma bandeira norte-americana e uma vela.
“É uma alegria, uma emoção, uma felicidade, estamos muito agradecidos ao presidente Obama”, destacou este guatemalteco “orgulhosamente” que “como milhões” de pessoas vive sem documentos no país e espera poder beneficiar-se da ação executiva decretada pelo governante democrata devido à falta de ação no Congresso.
Com ele, cerca de uma centena de imigrantes e ativistas foram para a frente da residência de Obama para comemorar o anúncio que esperavam há anos. A mensagem estava resumida em cartazes agitados entre gritos de “Sim, nós podemos!” e “Conseguimos!”. “Obrigado, presidente Obama”, era a mensagem unânime dos cartazes. “Nos sentimos lisonjeados e agradecemos ao presidente. Esperamos por tanto tempo!”, exclamava Nelson, um salvadorenho que conseguiu a cidadania há apenas um mês, mas quis ir à Casa Branca para demonstrar solidariedade a tantos compatriotas que ainda esperam seus papéis.
Tanto ele como Hernández têm consciência de que as medidas de Obama não são mais do que um paliativo e que a verdadeira ação deve ser produzida no Congresso, o único capaz de redigir uma lei migratória integral.
Assim também se expressava pelas redes sociais alguém que pode ter de finalizar o caminho aberto agora por Obama, sua ex-secretária de Estado e potencial candidata presidencial democrata Hillary Clinton.
“Obrigada Potus (acrônimo de presidente dos EUA, em inglês) por tomar a ação frente à inação. Agora é tempo de uma reforma permanente bipartidário”, disse Clinton, no Twitter. Da Casa Branca, os ativistas prometiam que também continuarão “na luta” até que o Congresso reaja. “Mas, pelo menos esta noite, vamos comemorar”, afirmou Nelson.

O golpe a caminho: como Veja manipula

Que Veja não faz jornalismo há muito tempo, sabemos todos; que não é mais uma revista, mas um panfleto do "partido de oposição", qualquer leitor percebe.
Uma coisa no entanto é percepção que temos das distorções que a revista faz das informações, outra é como ela opera na prática, o que só quem é atingido sabe, e é o que mostra a nota abaixo, publicada ontem pelo Blog do Planalto.

Do Blog do Planalto, sábado, 22 de novembro de 2014 às 13:01.
Nota à imprensa sobre reportagem da revista Veja

Nota OficialA reportagem de capa da revista Veja de hoje é mais um episódio de manipulação jornalística que marca a publicação nos últimos anos.
Depois de tentar interferir no resultado das eleições presidenciais, numa operação condenada pela Justiça eleitoral, Veja tenta enganar seus leitores ao insinuar que, em 2009, já se sabia dos desvios praticados pelo senhor Paulo Roberto Costa, diretor da Petrobras demitido em março de 2012 pelo governo da presidenta Dilma.
As práticas ilegais do senhor Paulo Roberto Costa só vieram a público em 2014, graças às investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
Aos fatos:
Em 6 de novembro de 2014, Veja procurou a Secretaria de Imprensa da Presidência da República informando que iria publicar notícia, “baseada em provas factuais”, de que a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, recebeu mensagem eletrônica do senhor Paulo Roberto Costa, então diretor da Petrobras, sobre irregularidades detectadas em 2009 pelo Tribunal de Contas da União nas obras da refinaria Abreu e Lima. O repórter indagava que medidas e providências foram adotadas diante do acórdão do TCU. A revista não enviou cópia do e-mail.
No dia 7 de novembro, a Secretaria de Imprensa da Presidência da República encaminhou a seguinte nota para a revista:

“Em 2009, a Casa Civil era responsável pela coordenação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Assim, relatórios e acórdãos do TCU relativos às obras deste programa eram sistematicamente enviados pelo próprio tribunal para conhecimento da Casa Civil.
Após receber do Congresso Nacional (em agosto de 2009), do TCU (em 29 de setembro de 2009) e da Petrobras (em 29 de setembro de 2009), as informações sobre eventuais problemas nas obras da refinaria Abreu e Lima, a Casa Civil tomou as seguintes medidas:
a. Encaminhamento da matéria à Controladoria Geral da União, em setembro de 2009, para as providências cabíveis;
b. Determinação para que o grupo de acompanhamento do PAC procedesse ao exame do relatório, em conjunto com o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras;
c. Participação em reunião de trabalho entre representantes do TCU, Comissão Mista de Orçamento, Petrobras e MME, após a inclusão da determinação de suspensão das obras da refinaria Abreu e Lima no Orçamento de 2010, aprovado pelo Congresso.
Nesta reunião, realizada em 20 de janeiro de 2010, “houve consenso sobre a viabilidade da regularização das pendências identificadas pelo TCU” nas obras da refinaria Abreu e Lima (conforme razões de veto de 26 de janeiro de 2009). Foi decidido, também, o acompanhamento da solução destas pendências, por meio de reuniões regulares entre o MME, o TCU e a Petrobras.
A partir daí, o Presidente da República decidiu pelo veto da proposta de paralisação da obra, com base nos seguintes elementos:
1) a avaliação de que as pendências levantados pelo TCU seriam regularizáveis;
2) as informações prestadas em nota técnica do MME que evidencia os prejuízos decorrentes da paralisação; e
3) o pedido formal de veto por parte do então Governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Este veto foi apreciado pelo Congresso Nacional, sendo mantido.
A partir de 2011, o Congresso Nacional, reconhecendo os avanços no trabalho conjunto entre MME, Petrobras e TCU, não incluiu as obras da refinaria Abreu e Lima no conjunto daquelas que deveriam ser paralisadas.
E a partir de 2013, tendo em vista as providências tomadas pela Petrobras, o TCU modificou o seu posicionamento sobre a necessidade de paralisação das obras da refinaria Abreu e Lima”.

A inconsistência da reportagem de Veja é evidente. As pendências apontadas pelo TCU nas obras da refinaria Abreu e Lima já haviam sido comunicadas, em agosto, à Casa Civil pelo Congresso e foram repassadas ao órgão competente, a CGU.
Como fica evidente na nota, representantes do TCU, Comissão Mista de Orçamento do Congresso, Petrobras e do Ministério de Minas e Energia discutiram a solução das pendências e, posteriormente, o Congresso Nacional concordou com o prosseguimento das obras na refinaria.
Mais uma vez, Veja desinforma seus leitores e tenta manipular a realidade dos fatos. Mais uma vez, irá fracassar.
Secretaria de Imprensa
Presidência da República

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O golpe a caminho: Toffoli elogia 1964 e entrega contas de Dilma para Mendes

Agora que os militares não se prestam mais a esse papel, o golpe da direita que perde eleições é feito pela aliança entre "grande" imprensa -- que cria fatos -- e o judiciário -- que lhe dá roupagem legalista.
O golpe nunca diz que é golpe: 64 era "revolução", que pretendia "garantir a democracia".

Do jornal GGN. 
Armado por Toffoli e Gilmar, já está em curso o golpe do impeachment
ter, 18/11/2014 - 08:20
Luis Nassif

Já entrou em operação o golpe do impeachment, articulado pelo Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Antonio Dias Toffoli em conluio com seu colega Gilmar Mendes. O desfecho será daqui a algumas semanas.
As etapas do golpe são as seguintes:
1. Na quinta-feira passada, dia 13, encerrou o mandato do Ministro Henrique Neves no TSE. Os ministros podem ser reconduzidos uma vez ao cargo. Presidente do TSE, Toffoli encaminhou uma lista tríplice à presidente Dilma Rousseff. Toffoli esperava que Neves fosse reconduzido ao cargo (http://tinyurl.com/pxpzg5y).
2. Dilma estava fora do país e a recondução não foi automática. Descontente com a não nomeação, 14 horas depois do vencimento do mandato de Neves, Toffoli redistribuiu seus processos. Dentre milhares de processos, os dois principais - referentes às contas de campanha de Dilma - foram distribuídos para Gilmar Mendes. Foi o primeiro cheiro de golpe. Entre 7 juízes do TSE, a probabilidade dos dois principais processos de Neves caírem com Gilmar é de 2 para 100. Há todos os sinais de um arranjo montado por Toffoli.
A íntegra.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

O acordo entre EUA e China sobre mudanças climáticas

Notícia, importantíssima, mostra também por que as mudanças climáticas estão acontecendo: porque é preciso "criar empregos".
Criar empregos é um eufemismo -- como crescimento e desenvolvimento -- para capital, isto é, empregar dinheiro para gerar lucro.
Não há nenhum problema em distribuir empregos, em vez de criar novos; era isso que se previa no começo da revolução industrial: todos trabalharíamos menos.
O que aconteceu, porém, é que passamos a trabalhar mais, porque a produção de riqueza cada vez maior é apropriada pelos donos do capital.
A desigualdade de renda entre os capitalistas e os trabalhadores é maior do que a altura do Himalaia. Basta ver os ricaços que estão investindo bilhões para dar uma voltinha no espaço. Ou nos Estados europeus que não têm dinheiro pra previdência social, mas têm outros bilhões para mandar uma nave ao espaço para pousar num meteoro.
A questão não é crescer nem criar empregos, é dividir a riqueza e diminuir a jornada de trabalho.
Sugira isso a um capitalista ou a um governo para ver como reagirão.

Da CartaCapital.
China e EUA anunciam acordo histórico contra o aquecimento globalCompromisso firmando entre Xi Jinping e Barack Obama pode fazer avançar as decisivas negociações climáticas previstas para 2015, em Paris

Por Jérôme Cartillier

Os dois maiores emissores de gases que provocam o efeito estufa no planeta, China e Estados Unidos, anunciaram na quarta-feira 12 um acordo "histórico". O presidente americano Barack Obama e o chinês Xi Jinping se comprometeram em Pequim a avançar nas negociações climáticas, um ano antes da conferência do clima de Paris, da qual se espera um acordo global.
O acerto foi recebido com alívio pelos cientistas, mas com ceticismo pelos republicanos americanos, que o consideram uma ameaça à criação de empregos.
A íntegra.

Delegados da Operação Lava Jato fizeram campanha para Aécio

O governo petista tem apoio popular, apoio democrático, expresso no voto.
Detém o poder. É assim que funciona a democracia.
Com apoio da velha imprensa, autoridades que não foram eleitas -- no Congresso, no Judiciário e na polícia -- e não representam ninguém usam seus cargos e poder para atacar os representantes eleitos do povo e tentar derrubar o governo.
Isso é golpismo.
Desrespeitam o povo e cometem crimes, que devem ser punidos numa sociedade democrática.

Do Sul 21.
Delegados da Operação Lava Jato atacam PT na internet

Delegados da Superintendência da Polícia Federal do Paraná, que atuam na Operação Lava Jato, que investiga o esquema comandado pelo doleiro Alberto Youssef, usaram as redes sociais para exaltar o tucano Aécio Neves e atacar o PT.
O delegado Marcio Anselmo, coordenador da Operação, por exemplo, escreveu: “Alguém segura essa anta, por favor”, em uma notícia cujo título era: “Lula compara o PT a Jesus Cristo”.
Em outros trechos divulgados em reportagem de Julia Dualibi, no Facebook, os delegados compartilharam propaganda eleitoral do então candidato tucano com o conteúdo da delação premiada de Youssef, que teria acusado Dilma e Lula de conivência com os desvios.
Eles também repassaram notícias sobre o depoimento à Justiça de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás, dizendo que o PT recebia 3% do valor de contratos supostamente superfaturados.
A postura foi contestada por especialistas. Segundo o professor de Direito Administrativo Floriano Azevedo Marques, da USP, o servidor não pode se valer de informações sigilosas para fazer suas manifestações: “não convém que (o delegado) repercuta informações sobre a investigação que está conduzindo.”
A íntegra.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

O golpe está a caminho

O que não significa que prevalecerá, significa que é a jogada política de uma parte da direita, que tem de conquistar apoio para ela.
Getúlio, em 54, Jango, em 64, e Collor, em 92, foram derrubados; JK, em 55, conseguiu impedi-lo e tomou posse, e Lula também, em 2006, impediu o impeachment e foi reeleito.
Mas o golpe está a caminho, como mostra o Nassif.
O seu líder, apesar de negá-lo, é Aécio -- por motivos óbvios (é o candidato derrotado, teria sido injustiçado, tem apoio de "metade" da nação e não terá vez em 2018, seu melhor momento é agora, o pós-eleição, depois vai decair cada vez mais).
Seus apoios são a velha imprensa controlada por meia dúzia de famílias em conluio com políticos reacionários, o STF e o Congresso.
Todos manipulando e "representando" a opinião pública.
Há uma batalha no STF, que é melhor hoje do que foi sob Joaquim Barbosa.
Há outra batalha no Congresso, com a atração do PSB e dos ressentidos do PMDB para o golpe, pelo PSDB.
No entanto, também na oposição há dissidências: o governador Alckmin, por exemplo, reeleito, estende sua mão à presidenta.
O ex-presidente FHC, talvez já um tanto senil, continua dando a mão a Aécio -- chegaria ao ponto de apoiar o golpe? Tudo é possível na política.
A batalha mais importante é ideológica, de informação, de propaganda.
Nesse sentido, a libertação de Pizzollato, pela justiça italiana, oferece a chance única de atacar a farsa do julgamento do "mensalão" e dividir a opinião pública manipulada
Afinal, um dos valores que a direita usa é que tudo que é estrangeiro é melhor, logo a justiça italiana é mais justa -- imparcial -- do que a brasileira.
É preciso também tomar da direita a bandeira da liberdade de imprensa: mostrar que as seis famílias, em conluio com os políticos (45% do Congresso) que detêm concessões de tevê e rádio, é que impedem a liberdade de imprensa e que o que governo e movimentos sociais é justamente garantir o cumprimento da Constituição e efetivar a liberdade.
E há a política miúda, que se faz paralelamente à grande política, mas que ganha força desproporcional quando o governo se limita a ela. Isto é: a negociação.
Do jeito que está, essa oposição exerce um poder que não tem, baseado na "opinião pública" que estaria contra a presidenta, na verdade baseado no apoio que recebe da velha imprensa.
Há também a política miúda na batalha da comunicação: tirar da frente reacionária a velha imprensa que não é golpista.
Formar uma nova base de governo, tanto política quanto ideológica.

Do jornal GGN.
O Xadrez da batalha do impeachment
qui, 6/11/2014 - 09:45
Atualizado em 7/11/2014 - 06:47
 
Luis Nassif

Nos próximos meses, recrudescerá a tentativa de impeachment da presidente da República. As cartas já estão na mesa. Aliás, estão desde o julgamento da AP 470.

Em regimes democráticos, golpes não são meramente uma quartelada planejada por meia dúzia de conspiradores. Há a necessidade de, inicialmente, criar-se a mobilização da opinião pública e, depois, se cumprir rituais, formalismos, dando aparência de legalidade ao golpe, que seja convalidado por um dos dois poderes da República – o STF (Supremo Tribunal Federal) ou o Congresso.

O modelo é conhecido, do suicídio de Getúlio, à queda de Jango e de Collor.

Na América Latina pós-ditaduras, todos os golpes – de André Peres e Fernando Collor a presidentes de esquerda – começaram com uma campanha midiática, que, exacerbando a opinião pública, convalidou o impeachment via Congresso ou Supremo.

A reação dos presidentes ajuda a reforçar a tese do contragolpe.




No caso de Getúlio Vargas, a pá de cá foi quando seus parentes, junto com Gregório Fortunato, planejaram o atentado da Rua Toneleros.

No episódio Jango, criou-se o clima de perda de controle da economia e de ameaça da tal república sindical. A pressão do cunhado Leonel Brizola o levou a um esboço de enfrentamento em condições de desigualdade. O mesmo ocorreu com Collor. Apenas reforçaram o golpe.

Depois, há a necessidade de um Congresso e um Supremo que endossem o golpe.

Contra Vargas, a conspiração contou com Café Filho; contra Jango, Auro de Mora Andrade e Ranieri Mazilli. A intervenção militar foi um acidente não previsto pelos conspiradores. Daí se entende a condenação de próceres do PSDB a esse chamamento à caserna. O golpe precisa ser civil.

Contra Collor, Ulisses, o PT e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) nacional dando uma suposta legitimação legal.
O quadro atual

Já estão em marchas os seguintes passos:

Ponto 1 – O clima de exacerbação.

A campanha sistemática da mídia contra a corrupção e o tal bolivarismo surtiu efeito na exacerbação da opinião pública. Seus ecos no centro expandido de São Paulo, nas associações empresariais, nos clubes sociais lembram em tudo o ambiente descrito por René Dreiffus em seu livro sobre o golpe de 64.

Ponto 2 – A manipulação da Lava Jato.

A capa de Veja - com informação falsa sobre declarações de Alberto Yousseff - é comprovante de que haverá farto uso político da operação Lava-Jato, com vazamento seletivo de informações e a disseminação de boatos.

Ponto 3 – A intimidação do STF.

A entrevista de Gilmar Mendes à Folha, falando em “bolivarização” do STF é o primeiro ensaio de uma nova rodada de intimidação do Judiciário, especialmente do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Procurador Geral da República. Outras publicações já ousam pressões sobre Teori Savazki. A mitificação do juiz Sérgio Moro será utilizada, mais adiante, para um eventual enfrentamento com o legalismo do Supremo.

Juntando os pontos – A estratégia do impeachment.

É praticamente impossível que Dilma tenha participado ou compactuado com qualquer irregularidade. A Lava Jato provavelmente atingirá todo o mundo político. O doleiro Alberto Yousseff operava para todos os partidos. Mas, com o clima exacerbado, acreditar-se-á que em se plantando, qualquer factoide dá – como comprova a tentativa de Veja. Mas para isso há de se contar com um Supremo e um PGR intimidados pelo alarido da mídia.
Definindo a estratégia

Uma estratégia legalista de combate ao golpe terá que partir de uma análise detalhada das principais peças do jogo.
1. Mercado da opinião pública

Grosso modo, pode ser dividido em dois sub-mercados: o mercado do establishment e o mercado dos novos incluídos.


Simplificadamente, compõem o mercado do establishment o Poder Judiciário, estamento militar, Ministério Público, classe empresarial e classe média em geral. É um mercado amplamente influenciado pelos grupos de mídia, com valores e sentimentos em comum. No momento, o sentimento mais intenso a perpassar todos os grupos é o antipetismo.

Já o mercado dos novos incluídos é composto por movimentos populares tradicionais, como sindicatos e velhos partidos de esquerda, movimentos sociais mais antigos, até movimentos mais recentes de inclusão. Em outros tempos, era um mercado em que as informações chegavam apenas pelos sindicatos, Igrejas e assembleias. Hoje em dia, é majoritariamente digital. Mas obviamente não é hegemônico nem no digital.

Em todos grandes movimentos de inclusão da história – dos Estados Unidos do século 19 ao Brasil atual – esse paradoxo deflagra as crises políticas: o mercado dos incluídos têm o voto; o mercado do establishment, o poder.

Há um meio campo relevante no mercado do establishment, formado por personalidades públicas defensoras do legalismo, das responsabilidades sociais do Estado e contrárias à radicalização e aos golpes de Estado. É a chamada elite esclarecida, espécie meio rara em países politicamente anacrônicos.

O embate contra tentativas de impeachment têm que ocorrer no mercado de opinião do establishment, buscando-se aliança com vozes legalistas..

Qualquer reação de militâncias apenas ampliará os efeitos da retórica da bolivarização.
2. Os personagens da nova aventura

O jogo fica mais nítido quando se coloca a lupa sobre os principais personagens do mercado do establishment.

Há dois grupos de personagens.

No primeiro grupo, os inimigos irreconciliáveis do governo: PSDB e grupos de mídia, conforme se mostrará a seguir.

No segundo grupo, os personagens que serão disputados e decidirão o jogo do impeachment: sistema judiciário (STF e PGR), o Congresso, setores influentes do establishment, como juristas, lderanças empresariais, vozes influentes da sociedade civil.
O PSDB

O PSDB não conseguiu definir um projeto alternativo de poder. Seu discurso é exclusivamente antilulista.

O Instituto Teotônio Vilella não tem peso, os intelectuais tucanos ou desistiram do partido ou desistiram de pensar o novo e aderiram ao jogo de intolerância dos grupos de mídia. Até agora não há uma força visível no partido capaz de promover o aggiornamento necessário para torná-lo um partido efetivo, com propostas claras que não sejam meramente o exercício do anti.

A estreia triunfal de Aécio no Senado, na primeira sessão pós-eleições, comprova que a única maneira de ele preservar a visibilidade e o cacife acumulado nas eleições será através de eventos triunfalistas sucessivos. E só consegue na guerra e na aliança com os grupos de mídia. A submersão de José Serra é sintomático de que, no PSDB, já houve uma divisão racional dos trabalhos.

Essas circunstâncias colocam o PSDB inevitavelmente na aposta do impeachment – sem Forças Armadas, é claro.
Grupos de mídia

No período Vargas – anos 40 e primeiro governo até a queda de Jango-, o que mais acirrou os grupos tradicionais foram as tentativas de Getúlio de mobilizar empresários aliados a entrarem no setor.

No governo Jango, a imprensa radicalizou os ataques depois que novos grupos tentaram entrar no mercado de mídia, os Wallace Simonsen, na TV Excelsior, Santos Vahlis (um empresário venezuelano, que atuava no ramo imobiliário, ligado a Leonel Brizola) que tentou adquirir um jornal no Rio

Na redemocratização, teve início a era das TVs a cabo e do UHF. Através de Antônio Carlos Magalhães, Sarney negociou com vários grupos de mídia, que receberam concessões ou listas telefônicas. Já Fernando Collor não cedeu a nenhum dos pedidos e ameaçou montar sua própria rede, através da CNT dos irmãos Martinez.

Um chegou ao final do mandato, o outro, não.

Agora, com a Internet, a cada dia que passa a TV aberta perde relevância. A mídia impressa caminha para o fim antes que alguns dos grupos consigam fincar estaca no novo mercado.

Mantidas as condições atuais de temperatura, com o mercado publicitário rompendo a cartelização e caminhando para a Internet, a resultante é a seguinte:

Estadão (com exceção da Agência Estado) e Editora Abril perderam o bonde – o que explica a aposta do “tudo ou nada” de Fábio Barbosa à frente da Veja.

A Globo continuará um grupo poderoso, mas não voltará mais a ter o poder absoluto da era pré-Internet.

A Folha foi salva pela UOL. Mas não prescinde da influência política do jornal para competir com grupos internacionais muito mais poderosos no setor de serviços de Internet.

As demais TVs abertas não conseguiram expressão. Morrerão lentamente, junto com a TV aberta.

Em crise, os grupos de mídia terão que conviver com o avanço avassalador da Internet, com grupos de fora invadindo a área e com as propostas de regulação de mídia que se tornaram inevitáveis em todos os países desenvolvidos. O Google já é o segundo faturamento publicitário do país sem produzir uma só notícia.

Esta é a razão principal para não poderem aceitar qualquer armistício político. Ou conquistam o poder e tentam colocar o país remando para trás, ou serão varridos do mapa pelos ventos da modernidade.
Poder Judiciário

Há um evidente mal-estar do sistema judiciário – incluindo a corporação do Ministério Público Federal - com o PT e com Dilma. E o fator Paulo Roberto Costa ampliou essa resistência e ampliará ainda mais à medida que os depoimentos forem vazados para a mídia e tenha início o julgamento.

Se, de um lado, a Operação Lava-Jato tem um potencial explosivo muito maior que a AP 470, por outro lado tem-se um STF e uma PGR mais legalistas e capacitados para enfrentar as investidas da mídia. E uma OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) que livrou-se da politização rasteira do antigo presidente.

O Ministro Gilmar Mendes sempre exerceu a liderança de fato no STF devido ao seu conhecimento jurídico, malícia política e a uma agressividade sem limites.

A entrada de Teori Savaski e Luís Roberto Barroso inverteu esse jogo. Agora há uma nova correlação que fortalece o papel legalista de Ricardo Lewandowski e devolve o equilíbrio a Celso de Mello.

Os próprios abusos da mídia contra Ricardo Levandowski e, depois, contra Celso de Mello, os exageros persecutórios de Joaquim Barbosa provocaram críticas intensas no meio jurídico e geraram anticorpos, com as manifestações de juristas de todas as linhas que, no pós-mensalão, saíram em defesa das garantias individuais – de Celso Antônio Bandeira de Mello a Yves Gandra da Silva Martins e Cláudio Lembo.

Além disso, saiu um PGR totalmente submisso ao clamor da mídia e entrou outro que tem mostrado (até agora) maior capacidade profissional, sem embarcar no oficialismo mas sem ceder às pressões da mídia.

Finalmente, pela repetição reiterada, há um desgaste do padrão Gilmar-mídia de influir no jogo:

1. Gilmar Mendes criava um factoide – tipo “grampo no STF”, “grampo sem áudio”, conversa com Lula.

2. Os grupos de mídia reverberavam e geravam o clamor das turbas.

3. O clamor era utilizado como instrumento para Gilmar impressionar os colegas crédulos (como Celso de Mello) e pressionar os recalcitrantes.

Dificilmente os grupos de mídia terão a desenvoltura de atacar Ministros, como fizeram no mensalão. Mas as sementes plantadas contra o PT floresceram. E as bombas do Lava Jato são de um potencial imprevisível.
Meio empresarial

A ideia de que o meio empresarial conspira não é totalmente verdadeira.

Grandes grupos que negociam com o Estado compõem com o governo de plantão. Entram na conspiração apenas quando pressentem a queda iminente do governante. Os demais querem apenas um ambiente de negócios favorável e previsível.
Congresso e partidos políticos

Não é difícil compor maioria no Congresso. Mas o trabalho atual será dificultado pelas restrições orçamentárias, pela pulverização partidária e também pelo fator Eduardo Cunha, o deputado alvo de cinco inquéritos por corrupção que conseguiu fincar suas bases na parte mais podre da Câmara. Cunha é o retrato acabado da hipocrisia moralista dos grupos de mídia.
O xadrez político
A estratégia em 2013

Em fins de 2012, com o STF dominado circunstancialmente pelo grupos dos cinco, e a PGR sob o comando dúbio, montei o seguinte xadrez para o jogo político futuro.


A estratégia do golpe consistiria na escandalização, insuflando o clamor da mídia com cobertura intensiva do julgamento e pressionando Congresso e Judiciário. Àquela altura o STF estava dominado pelo pacto circunstancial dos cinco Ministros – Joaquim Barbosa, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Marco Aurélio de Mello e Celso de Mello.

Sugeriam-se as seguintes estratégias para esvaziar a tentativa:
Indicação de Ministros técnicos e legalistas para o STF e de um procurador de peso para a PGR.
Mudanças na Secretaria de Relações Institucionais, aprimorando as relações com o Congresso Nacional.
Precaução com os escândalos, especialmente com os super-financiamentos concedidos pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), grande fator de desgaste junto ao empresariado paulista.
Melhoria da gestão da economia e mudança da centralização de Dilma. Aprimoramento da gestão do PAC, do pré-sal e da qualificação do Ministério como um todo.
Preocupação com crescimento do PIB e inflação.

Na época, havia diferenças em relação ao momento atual:

o O quadro econômico não era tão ruim.

o O STF estava muito mais infenso a pressões dos grupos de mídia.

o O RDC (Regime Direto de Contratação) parecia ser fonte de problemas. Não foi. Assim como a Lei dos Portos.
A estratégia em 2015
Condicionantes atuais

Juntando-se as peças já analisadas, o quadro fica assim:

1.A Operação Lava-Jato tem potencial explosivo maior que a AP 470. Seus desdobramentos são imprevisíveis.

2.A radicalização dos últimos anos ampliou a capacidade dos grupos de mídia de insuflar o clamor da opinião pública.

3.O país enfrenta problemas na área econômica, com reflexos próximos sobre o emprego e as despesas sociais.

4.Haverá um Congresso mais hostil pela pulverização partidária, um orçamento mais apertado para atender às demandas políticas e os escândalos dos últimos anos tornam extremamente desgastantes os acordos políticos fundados em loteamento de cargos.

5.A disputa se dará entre o governo Dilma de um lado, PSDB e grupos de mídia de outro, os dois lados disputando os demais atores – empresários, políticos, classe média, intelectuais, movimentos sociais.
Juntando as peças

Em cima desses dados, o desafio é montar o jogo de xadrez analisando características de cada personagem, a dinâmica da ofensiva pró-impeachment e as estratégias defensivas.

Reversão de expectativas

Há uma estratégia de fundo, que consiste em reverter o atual quadro de expectativas do establishment. Sem expectativas favoráveis, a política econômica não decola. Sem crescimento, não haverá como reduzir a pressão dos empresários, fortalecer a aliança com os movimentos sociais, negociar com o Congresso e consolidar o segundo tempo.

Uma política econômica bem conduzida não trará frutos em menos de dois anos. Essa transição exigirá um Ministério de alto nível fazendo a mediação com a sociedade, e monitorando didaticamente a travessia.

A opinião pública terá que entender adequadamente o processo de recuperação da economia, os passos que estão dados e a maneira como irão se refletir no médio prazo.

Há que de colocar pessoas de nível na Fazenda, Tesouro e Banco Central e trabalhar rapidamente – ouvindo todos os setores – os pontos de estrangulamento dos investimentos públicos.

Mas é condição necessária uma forte atuação política de Dilma que crie expectativas favoráveis para a implantação do plano econômico. A revitalização do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) e a renovação dos madatos dos conselheiros poderá ser um bom momento para essa reaproximação com a sociedade civil.
Novo Ministério

No final da eleição, Dilma declarou que momentos de crise são aqueles mais propensos a grandes mudanças. Têm toda razão.

Por isso mesmo, na hora de definir seu Ministério terá que considerar que o Ministro escolhido será seu representante junto ao segmento econômico-social trabalhado pelo Ministério. E a adesão desses segmentos a um projeto de governo dependerá fundamentalmente da capacidade de criar canais de participação.
Jogo da informação

Até hoje, o governo Dilma foi inerte no mercado de mídia.

Não desenvolveu uma estratégia coordenada de contrainformação. Abandonou projetos de montar rede social interna do governo que permitisse articular o sistema de informações dos diversos Ministérios.

Permitiu a proliferação de práticas odiosas da Fazenda e Banco Central, de sonegar informação a veículos que não sejam da velha mídia. Quando perderam o apoio dos grupos de mídia, ficaram pendurados na broxa.

Depois de conhecido o resultado das urnas, seu primeiro gesto foi conceder entrevista às três redes de televisão.

Criou o terreno ideal para alimentar os inimigos: os grupos de mídia não têm nada a ganhar com Dilma (que não faz negócios) mas também não têm nada a perder.
Poder Judiciário

Mais do que nunca, há a necessidade de interlocutores do Palácio com o sistema judiciário.

Tem que ser um jurista de alta estirpe, legalista até a medula, acatado pelo Supremo e pelo Ministério Público Federal, com influência sobre as cabeças liberais da opinião pública e liderança sobre a Polícia Federal, com capacidade para dialogar com o mundo político e jurídico e experiência suficiente para entender e monitorar o jogo de contrainformações que já brota da Operação Lava Jato.
Opinião pública

O combate radical à corrupção terá que ser peça central do segundo governo Dilma. Tem que tomar medidas expressas que convençam a opinião pública da blindagem definitiva das estatais e dos Ministérios e a definição de novas regras de aliança partidária.

Choque de gestão

É isso.
Quebrar o estado, não investir em saúde, não pagar o piso constitucional aos professores, deixar os rios secarem, elevar a dívida pública à estratosfera e distribuir "lucros" aos acionistas privados das empresas estatais. Mais até do que o permitido por lei.
E multiplicar os gastos com propaganda para dizer que faz o que não faz e dar muito dinheiro para a imprensa amiga, que prega a eficiência do Estado, mas depende do dinheiro público para sobreviver.
É o que o governador eleito Fernando Pimentel está herdando.



Do jornal GGN.
Cemig ultrapassa teto de distribuição de lucros
ter, 11/11/2014 - 17:30
Tatiane Correia

Jornal GGN - A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) oficializou na última sexta-feira a decisão de pagar dividendos extraordinários aos investidores no valor de R$ 1,1 bilhão, o que corresponde a R$ 0,874208588 por ação.
Segundo comunicado divulgado ao mercado, o valor a ser pago será retirado da reserva de lucros Estatutária. O crédito será feito aos acionistas no dia 19 de dezembro, e terão direito todos os titulares de ações constantes do livro de registro de ações nominativas em 7 de novembro, e os papéis estão sendo negociados ex-direitos desde o dia 10 de novembro.
O que poderia ser um evento normal de mercado acabou tomando outras proporções diante dos questionamentos efetuados pelo Sindicato dos Eletricitários de Minas (Sindieletro-MG). "Somando o repasse extra com os dividendos já distribuídos em 2014, a Cemig repassará R$ 3,35 bilhões de dividendos, o que, em termos percentuais, representa a transferência de 108,2% do lucro obtido pela estatal no ano passado (veja gráfico abaixo)", diz a entidade, em comunicado, ressaltando que a estatal está entrando com recurso no Tribunal Superior do Trabalho (TST) para adiar o pagamento de 3% de aumento real que a Justiça garantiu para os trabalhadores.
Em entrevista ao Jornal GGN, o diretor do Sindieletro-MG, Jefferson Leandro, explica que este não é o primeiro ano em que o valor encaminhado aos investidores supera os 100% do lucro apurado. “A gente vem denunciando isso desde o início do governo Aécio Neves. No governo Itamar Franco o estatuto foi cumprido, uma vez que o limite mínimo seria de 25% e era isso que o Itamar repassava. Quando Aécio entrou, o valor de repasse chegou a 50%, mas existe uma amarração no acordo dos acionistas que acaba permitindo que isso aconteça. Acionamos o Ministério Público e não conseguimos efetivamente uma redução desse repasse aos acionistas”.
A íntegra.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Gandarela, ambiente e no que PT e PSDB são iguais

Ambos desconsideram o meio ambiente.
Dilma cria parque, mas deixa de fora dele o mais importante e autoriza a mineração que vai destruí-lo.
O "desenvolvimento" é prioridade, para o PT, como para o PSDB.
Desenvolvimento é o outro nome do capital, cujos interesses prevalecem, sempre.
A mineração e as divisas que proporciona são mais importantes do que o ambiente, as espécies animais, a vegetação, as nascentes, a água.
A consequência é a seca, que está aí nos "castigando".
Nem assim o governo entende a importância de pôr a conservação e a recuperação do ambiente acima de todos os outros interesses.

Sendo verdadeira a queixa -- e não tenho motivo pra duvidar --, o absurdo é tanto que provoca desânimo e revolta. 

Do movimento Águas do Gandarela.
Gandarela Informa 29out2014

Parque Nacional foi criado no dia 13/10/2014, mas não protege serra e águas do Gandarela


decreto inicio

O Parque Nacional da Serra do Gandarela, pedido pela sociedade e em estudos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) desde 2009, foi criado pela Presidência da República, com área de 31 mil hectares, conforme publicação no Diário Oficial da União (DOU) de 14 de outubro de 2014.
Deveria ser motivo para grande comemoração mas, infelizmente, não temos muito a festejar já que os limites da nova Unidade de Conservação federal, tão sonhada e batalhada por muitos, foram profundamente alterados.
Não respeitaram todo o processo de criação, as consultas públicas realizadas em 2012 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), os objetivos de conservação e as demandas de comunidades locais. Esperamos que o governo federal reverta este fato!
Convocamos a todos a multiplicar estas informações para garantir a criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela e da Reserva de Desenvolvimento Sustentável com os limites adequados.
Veja abaixo o mapa do Parque Nacional criado.

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Conheça os motivos para não comemorar.



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Clique aqui e saiba mais sobre os limites do Parque Nacional e o que significam.

Aquífero: do Latim "aqua" + "ferre”

Clique aqui e assista a um vídeo sobre a importância da Serra do Gandarela.

Criação do Parque Nacional da Serra do Gandarela perdeu chance de ser modelo

Artigo de João Madeira, biólogo e doutor em Ecologia, que trabalha como analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e atuou desde o início no processo de criação do Parque Nacional. Clique aqui para ler.

Carta aberta à Presidente Dilma
Diante do fato do Parque Nacional da Serra do Gandarela ter sido criado pela Presidente Dilma com graves situações nos seus limites, que aconteceu ao mesmo tempo em que novos minerodutos são pretendidos em Minas Gerais, cuja licença compete ao governo federal, o Comitê Mineiro em Defesa dos Territórios Frente à Mineração tomou a iniciativa de uma petição à Presidente.

arte abaixo assinado 3nov2014
Colabore com duas importantes causas ligadas à água. 
Clique aqui e assine a petição.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O juiz e a fiscal de trânsito, no país da carteirada e do povo otimista

As coisas boas do povo e da internet, que fazem a gente manter o otimismo, como poucos povos, como mostra pesquisa internacional.
Na campanha eleitoral, pensei num bordão que podia ser usado pela situação e pegar: "Deve ser eleitor do Aécio".
Pensava isso toda vez que via um bacana fazendo coisa errada em local público.
Como esse juiz da notícia.
Não lembra um senador "moralista" que às escondidas dirige embriagado, com carteira vencida, constrói aeroportos pra família com dinheiro público e faz carteira falsa da polícia?

Do Viomundo.
Vaquinha para agente que parou juiz e tomou carteirada estoura a meta
publicado em 4 de novembro de 2014 às 23:39 
Agente condenada por dizer que 'juiz não é Deus' não se arrepende: ‘Faria tudo de novo’
d’O Globo, sugestão de Conceição Oliveira

A decisão do desembargador José Carlos Paes, da 14º Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, provocou um sentimento de impotência à Luciana Silva Tamburini.
A agente licenciada do Detran-RJ, condenada em segunda instância a indenizar em R$ 5 mil o juiz João Carlos de Souza Correa, diz não se arrepender de ter dito ao magistrado — abordado durante uma blitz da Operação Lei Seca, no Leblon, Zona Sul do Rio — que “juiz não é Deus”.
O caso aconteceu em 2011, quando João Carlos de Souza Correa foi parado pela fiscal por dirigir um veículo sem placas identificadoras e estar sem a Carteira Nacional de Habilitação.
O magistrado chegou a dar voz de prisão a Luciana por desacato. Segundo a agente, a decisão que a condena por “ironizar uma autoridade pública” é uma ameaça ao trabalho de fiscais de trânsito e quaisquer outros agentes de segurança pública.
A íntegra.

O brasileiro está otimista

Ou melhor: continua otimista. O Brasil é hoje melhor do que jamais foi para a maioria da população. Exceto pela visão distorcida que a "grande" imprensa das elites nos dá da realidade, mas também pelos problemas que elas não veem como tal, isto é, a destruição desenfreada da natureza e a deterioração da qualidade de vida nas cidades, que o "desenvolvimento" provoca.

Do Diário do Centro do Mundo. 
Como o brasileiro vê o futuro, segundo uma ampla pesquisa mundial
Postado em 05 nov 2014 
por : Paulo Nogueira

Como é o brasileiro?
Se você se baseia na mídia, é um ser torturado, infeliz, revoltado, pessimista desde o momento em que acorda até a hora em que põe o pijama e vai dormir.
Foi este o brasileiro que, em sua campanha, Aécio apresentou aos eleitores.
Não apenas ele.
Marina, em sua louca cavalgada quando foi ficando para trás nas pesquisas, esgrimiu também este brasileiro.
Vamos chamá-lo de BI, Brasileiro Imaginário.
Lembremos também as vociferações de candidatos como Pastor Everaldo e Levi Fidelix em nome do BI.
Agora, feita esta introdução, entremos na vida como ele é.
Acaba de sair uma pesquisa internacional feita por um dos institutos mais consagrados do mundo, o Pew Research Center.
O Pew entrevistou 44 000 pessoas em 48 países para aferir o grau de otimismo delas.
Em apenas cinco países, sete entre dez entrevistados se declararam otimistas com o futuro.
O Brasil está nesta lista dourada.
A íntegra.

sábado, 1 de novembro de 2014

O capitalismo decadente e o ser humano adequado a ele

As ligações entre tráfico de drogas, indústria bélica, grandes grupos econômicos, capital financeiro, grande mídia, consumismo, governos corruptos e bandidos são características do capitalismo decadente contemporâneo, que criou o "homem adequado ao consumo".
Guerras, tráficos de armas e de drogas, terrorismo, violência, consumismo e destruição ambiental não são defeitos do sistema, mas políticas deliberadas para manter vivo o capital.
Capital é o dinheiro aplicado para obter lucro e ser sempre maior do que antes. Crescimento econômico e desenvolvimento são eufemismos de capital. A humanidade, há muito tempo, produz mais do que o suficiente para todos vivermos com conforto, o que é preciso fazer é distribuir a riqueza, não é produzir cada vez mais.
O PT é um partido capitalista, apesar do nome. O fato de haver uma oposição de direita a ele tão agressiva, como houve na eleição deste ano, é motivo de espanto e preocupação.
Significa que setores políticos poderosos querem muito mais do que aumentar seu capital, querem o desmanche do Estado para ganharem também abertamente com os tráficos diversos, isto é, o lucro subterrâneo, ilegal, muito maior do que o declarado e taxado, que é o que provoca todo tipo de crime e a corrupção desenfreada.
Como acontece já em alguns países países latino-americanos governados pela direita, com influência forte dos EUA.

Do Opera Mundi. 
'Capitalismo criou ser humano adequado ao consumo', diz filósofa sobre burguesia
Ester Vaisman, organizadora de 'Lukács: Estética e Ontologia', diz que manipulação do capital atravessa relações humanas, apoiando conservadorismo 

Dodô Calixto e Rodolfo Machado | São Paulo - 30/10/2014 - 13h11

"A decadência ideológica se manifesta, primeiro, na afirmação de uma impotência do ser humano, não só de conhecer a realidade, mas de mudar e transformar o mundo. Portanto, qualquer ideia de libertação ou emancipação é considerada como uma utopia, ou uma recaída tardia às tendências socialistas, de constituição de um mundo onde todas as pessoas possam viver bem em todos os níveis, não só no material, mas também no cultural", analisa. "O capital não é algo material. Pelo contrário, é uma relação social. Porém, ele ganha uma autonomia, como se tivesse uma vontade própria, construindo um ser humano adequado a ele. Portanto, o fato de um shopping center se tornar um lugar de lazer no fim de semana é um símbolo maior dessa alienação que se dá no nível do consumo. Logo, a alienação não se dá apenas na fábrica, na indústria: ela atinge a todos, mesmo os que não atuam, no chão de uma fábrica", analisa.
O ano de 1848 marca, na Europa, a emergência de um novo sujeito histórico: a classe trabalhadora. A partir daí, o pensamento da direita, enraizado no capital, entra em declínio, no que é considerada a decadência ideológica burguesa. Essa é a análise de Ester Vaisman, professora de filosofia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Organizadora do livro "Lukács: Estética e Ontologia", ela cita o filósofo húngaro György Lukács para exemplificar como o capital mostrou no decorrer dos últimos séculos “uma sobrevida, uma capacidade de autoperpetuação e reprodução inimagináveis”.
A íntegra.

"Vivos los llevaram, vivos los queremos"

43 estudantes mexicanos estão desaparecidos há mais de um mês, depois de terem sido sequestrados pelo narcotráfico que domina a política local.
O presidente do México se mostra impotente para responder aos bandidos que parecem ser mais fortes do que o governo central.

Do Opera Mundi.
México: pais de alunos sumidos pedem a Peña Nieto que pare de procurá-los em valas comuns
Vanessa Martina Silva | São Paulo - 30/10/2014 - 11h49

A reunião de quase cinco horas na noite desta quarta-feira (29/10) entre o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e os pais dos 43 estudantes que desapareceram há mais de um mês em Iguala, no estado de Guerrero, não contribuiu para aumentar a confiança dos familiares no empenho do governo para encontrar os jovens. Apesar do acordo de dez pontos assinado pelo mandatário, a avaliação dos pais é de que os compromissos “não são suficientes”. Eles reiteram que os jovens devem ser encontrados com vida e que se tratou de um crime de Estado, já que as evidências iniciais apontam que o ex-prefeito de Iguala foi o mandante da ação.
Em coletiva de imprensa realizada logo após o encontro, o porta-voz dos pais, Felipe de la Cruz Sandoval, disse que o grupo deixou claro durante a reunião que “não confia” no governo de Peña Nieto e que, se a atual gestão “não se considera competente para dar resultados, que esses venham da Comissão Interamericana de Direitos Humanos”. Além disso, ele afirma ter pedido ao presidente que pare de buscar os estudantes em “valas comuns e depósitos de lixo” - e os traga vivos.
A íntegra.