quinta-feira, 27 de junho de 2013

Quem impede a reforma política

"Plebiscito? Ouvir o povo? Que maluquice é essa?", bradam os velhos coronéis da política brasileira. Realizar uma reforma política para fazer valer a vontade popular significa enfrentar a oposição demotucana e o verdadeiro partido de oposição: a velha imprensa (Globo, Veja, Folha etc.). O povo vai ouvir agora a gritaria dos reacionários contra as bandeiras que ele levantou nas ruas.

Do jornal GGN.
PSDB, DEM e PPS são contra plebiscito da reforma política
Os presidentes do PSDB, Aécio Neves, do Democratas, José Agripino Maia, e do PPS, Roberto Freire, divulgaram uma nota oficial negando apoio ao plebiscito sobre a reforma política proposta pelo governo. "Legislação complexa, como a da reforma política, exige maior discernimento, o que só um referendo pode propiciar”, afirma a nota. Para os presidentes dos partidos de oposição à presidente Dilma Rousseff, a iniciativa do plebiscito é "mera manobra diversionista, destinada a encobrir a incapacidade do governo de responder às cobranças dos brasileiros".
A íntegra.

Tarifa Zero não é novidade em São Paulo

Será novidade a disposição da população lutar por ela? A história é feita de luta de classes e sucessão de gerações.

Do blog Viomundo. 
As manifestações de junho de 2013 na cidade de São Paulo   
Por Marilena Chauí, na revista Teoria e Debate

Quando Luiza Erundina, partindo das demandas dos movimentos populares e dos compromissos com a justiça social, propôs a Tarifa Zero para o transporte público de São Paulo, ela explicou à sociedade que a tarifa precisava ser subsidiada pela Prefeitura e que ela não faria o subsídio implicar em cortes nos orçamentos de educação, saúde, moradia e assistência social, isto é, dos programas sociais prioritários de seu governo.
Antes de propor a Tarifa Zero, ela aumentou em 500% a frota da CMTC (explicação para os jovens: CMTC era a antiga empresa municipal de transporte) e forçou os empresários privados a renovar sua frota.
Depois disso, em inúmeras audiências públicas, ela apresentou todos os dados e planilhas da CMTC e obrigou os empresários das companhias privadas de transporte coletivo a fazer o mesmo, de maneira que a sociedade ficou plenamente informada quanto aos recursos que seriam necessários para o subsídio.
Ela propôs, então, que o subsídio viesse de uma mudança tributária: o IPTU progressivo, isto é, o imposto predial seria aumentado para os imóveis dos mais ricos, que contribuiriam para o subsídio juntamente com outros recursos da Prefeitura.
Na medida que os mais ricos, como pessoas privadas, têm serviçais domésticos que usam o transporte público, e, como empresários, têm funcionários usuários desse mesmo transporte, uma forma de realizar a transferência de renda, que é base da justiça social, seria exatamente fazer com que uma parte do subsídio viesse do novo IPTU.
Os jovens manifestantes de hoje desconhecem o que se passou: comerciantes fecharam ruas inteiras, empresários ameaçaram lockout das empresas, nos "bairros nobres" foram feitas manifestações contra o "totalitarismo comunista" da prefeita e os poderosos da cidade “negociaram” com os vereadores a não aprovação do projeto de lei.
A Tarifa Zero não foi implantada. Discutida na forma de democracia participativa, apresentada com lisura e ética política, sem qualquer mancha possível de corrupção, a proposta foi rejeitada. Esse lastro histórico mostra o limite do pensamento mágico, pois não basta ausência de corrupção, como imaginam os manifestantes, para que tudo aconteça imediatamente da melhor maneira e como se deseja.
A íntegra.

A morte do jovem na manifestação em Belo Horizonte

Jovem fugia de bombas jogadas pela polícia nos manifestantes pacíficos, apesar do compromisso do governador Anastasia de que isso não aconteceria.
Enquanto isso, baderneiros (ou seriam provadores infiltrados, conforme denúncias?) queimavam e incendiavam lojas e carros sem serem incomodados pelos 5 mil policiais mobilizados pelo governo.

Da Rede Brasil Atual.
Morre estudante que caiu de viaduto durante protesto em Belo Horizonte 
Douglas Henrique de Oliveira tinha 21 anos e é a quinta pessoa a morrer em consequência dos protestos que tomaram de assalto as principais cidades brasileiras desde o começo de junho

O protesto de ontem em BH deixou sete feridos e 25 presos, com repressão próxima ao Mineirão
São Paulo – O jovem que caiu de um viaduto no protesto reprimido ontem (26) pela Polícia Militar em Belo Horizonte, na Avenida Antônio Carlos, perto Mineirão, morreu hoje (27) no hospital, vítima de fraturas múltiplas. A manifestação, que reuniu mais de 50 mil pessoas, ocorreu durante a partida entre Brasil e Uruguai pela semifinal da Copa das Confederações.
Quando tentou se aproximar do estádio, para demonstrar suas discordâncias com a organização do evento, a marcha foi duramente reprimida pela polícia – que na semana passada alertou que teria "tolerância zero" com os manifestantes. Por exigência da Fifa, as autoridades brasileiras devem estabelecer um cordão de isolamento em torno das arenas que abrigam os embates da Copa das Confederações. A mesma regra valerá para a Copa do Mundo de 2014.
O jovem que caiu do viaduto e acabou morrendo se chama Douglas Henrique de Oliveira, tinha 21 anos e é a quinta pessoa a morrer em consequência dos protestos que tomaram de assalto as principais cidades brasileiras desde o começo de junho. Na segunda-feira (24), duas mulheres morreram atropeladas por um motorista que lançou seu veículo contra uma barreira feita por manifestantes em uma estrada de Goiás.
A íntegra.

Do jornal O Tempo.
Mãe de jovem que morreu em manifestação em BH implorou para que ele ficasse em casa
Aline Diniz
O jovem morava com a mãe e duas irmãs no bairro Nacional, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Douglas já havia participado de uma manifestação na capital mineira.
A morte precoce do rapaz trouxe, além de sofrimento, revolta para a família. De acordo com Rogério Caetano, um amigo de seu sobrinho contou que ele pulou o viaduto para se defender. "O acidente aconteceu enquanto ele fugia de uma bomba da polícia. Meu sobrinho não era vândalo e não merecia isso", afirmou.
O parente do garoto disse também que a família não recebeu nenhum tipo de suporte do governo ou da polícia. "As únicas pessoas que conversaram conosco foram os médicos e enfermeiras, ninguém da polícia nos explicou nada", informou Oliveira.
A íntegra.

A caixa-preta do sistema de transportes

O prefeito Haddad decidiu abrir a caixa-preta do sistema em São Paulo. Todos os prefeitos devem seguir seu exemplo. O sistema é ruim e caro para dar lucro a empresários gananciosos e financiar campanhas de políticos corruptos. Juntos, formam uma espécie de máfia. Existem muitas controlando órgãos de governos, operando no Congresso, nas assembleias estaduais e câmaras municipais. Não é coisa de pequenos nem de marginais, mas de graúdos e poderosos, de várias formas e interesses diversos.
Um sistema efetivamente público e controlado pela participação popular pode ser eficiente e gratuito.

Do portal GGN.  
A crise força a abertura da caixa preta dos ônibus 
Luís Nassif
A decisão do prefeito Fernando Haddad, de São Paulo, de cancelar a licitação de ônibus, montar um conselho e abrir as planilhas de custos do sistema, permitirá, pela primeira vez, escancarar a maior caixa preta do sistema público: as companhias municipais de transporte.
Ontem, no meu Blog, um comentarista contava a história esdrúxula. Uma criança foi atropelada por um ônibus. A mãe entrou com uma ação de indenização. Conseguiu a sentença final. Como não houve o pagamento espontâneo, tentou bloquear bens da empresa. Para sua surpresa, a empresa tinha se evaporado.
Trata-se de fato comum no meio. Montam-se empresas que, muitas vezes, conseguem contratos por métodos não ortodoxos. Essas empresas acumulam dívidas trabalhistas, fiscais e com fornecedores e são passadas para frente, para laranjas, ou simplesmente evaporam.
Algumas grandes fortunas se fazem com esse modelo, ou se mantendo na clandestinidade, ou evoluindo para a economia formal – praticamente o salto inicial da companhia aérea Gol se deu através desse processo cinza de acumulação de capital.
Praticamente nenhum partido manteve-se imune às relações suspeitas com as empresas de ônibus. A iniciativa de Haddad poderá por um fim a essa promiscuidade.
A íntegra.

Vozes da rua

Belo Horizonte -- e outras cidades também, pelo que mostram as notícias -- tem agora assembleias populares, iniciativas espontâneas da população mobilizada em manifestações. Na verdade, esse modelo parece estar presente em toda grande cidade que se mobiliza, num contexto em que partidos políticos e sindicatos foram enfraquecidos pelo neoliberalismo e pelo colaboracionismo -- o PT é só um exemplo de inúmeros partidos de trabalhadores e socialistas em todo o mundo que, no poder, governaram mais para a minoria de ricos que controla a economia do que para a maioria de pobres que os elegem. Assembleias são exercícios fundamentais de cidadania, mas não são fáceis de serem realizadas. Os movimentos populares de Belo Horizonte demonstram impressionante maturidade.

As assembleias são realizadas em espaços públicos, o que é outra coisa formidável.

Espaço público é espaço do povo. Não é à toa que o prefeito Lacerda e outros, representantes dos ricos, vêm privatizando os espaços públicos, fechando-os com grades, cobrando por seu uso, doando-os a grandes empresas, para que realizem "eventos", nos quais o "povo" não pode comparecer sem convite. Fato que aconteceu também com o Mineirão, doado pelo governo Aécio Anastasia a uma empresa de amigos, depois de reformado com dinheiro público, e esta empresa agora cobra caríssimo pelos ingressos, o que expulsou os torcedores pobres do estádio. Dessa forma, as manifestações populares são também uma retomada dos espaços públicos por quem tem direito a eles: o povo. Espaço público não é para empresas, não é para cercas, não é para uso restrito por amigos dos governantes, não é para acesso pago nem para gerar lucro. É público, é gratuito, é livre, é para o povo.

Os vídeos abaixo foram gravados pelo blog Praça Livre BH.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Jornalismo financiado coletivamente

Novas formas de jornalismo estão surgindo. 

Arquitetura da Gentrificação
Um projeto de Jornalismo por Sabrina Duran 
A Repórter Brasil apresenta seu primeiro projeto de jornalismo financiado coletivamente. Trata-se de uma proposta de investigação organizada pela jornalista Sabrina Duran, que tem como objetivo mapear a gentrificação em São Paulo e formas de resistência a este processo.
Gentrificação?!
Gentrificação é o nome que se dá à expulsão de moradores pobres de determinada região por meio de um conjunto de medidas socioeconômicas e urbanísticas marcado pela hipervalorização de imóveis e encarecimento de custos. Talvez você nunca tenha ouvido o termo, mas certamente convive com seus impactos.
A íntegra.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Dilma propõe plebiscito e constituinte para reforma política

Do Blog do Planalto. 
Dilma propõe plebiscito para reforma política
A presidenta Dilma Rousseff propôs, nesta segunda-feira (24/6), em reunião com governadores e prefeitos de capitais, no Palácio do Planalto, a convocação de um plebiscito para formação de uma constituinte específica para a reforma política e uma nova legislação que torne a corrupção dolosa crime hediondo. As medidas fazem parte dos cinco pactos propostos pela presidenta nas áreas de saúde, transporte público, educação, reforma política e responsabilidade fiscal.
Dilma ainda anunciou a criação do Conselho Nacional do Transporte Público, com a participação da sociedade civil, e um novo aporte de R$ 50 bilhões para obras de mobilidade urbana que privilegiem o transporte coletivo. A presidenta também pediu um pacto com os governantes pela saúde, com a contratação de médicos estrangeiros, além da criação de novas vagas de graduação e residência médica.
"Quero, neste momento, propor um debate sobre a convocação de um plebiscito popular que autorize o funcionamento de um processo constituinte específico para fazer a reforma política que o país tanto necessita. O Brasil está maduro para avançar. (…) Devemos também dar prioridade ao combate à corrupção de forma ainda mais contundente do que já vem sendo feito em todas as esferas. Nesse sentido, uma iniciativa fundamental é uma nova legislação que classifique a corrupção dolosa como equivalente a crime hediondo, com penas muito mais severas", afirmou.
A íntegra.

Infiltração de provocadores e neofascistas põe manifestações populares em alerta

As polícias militares são estaduais. Se os governadores não querem violência, basta que dêem ordem aos seus comandantes para que não atirem balas nem bombas contra manifestantes pacíficos e ao mesmo tempo prendam os manifestantes violentos.
Como as imagens e depoimentos têm mostrado, a atuação de diversas polícias -- especialmente as de Minas e São Paulo --  é o contrário disso: batem covardemente nos manifestantes pacíficos e permitem a atuação livre dos baderneiros, obviamente provocadores -- aquele brancão sarado e bem vestido que depredou a prefeitura de São Paulo, por exemplo, foi liberado "por falta de provas".
Basta que os governos alinhados ao governo federal atuem dessa forma, para distinguir dois padrões de comportamento e evidenciar o caráter político das manifestações violentas e do apoio a estas pela imprensa de direita.

Do Spresso SP.
Periferia em alerta: diante das mobilizações nacionais, coletivos criam frente periférica contra fascistas 
Por Sâmia Gabriela Teixeira
Cerca de cem artistas, lideranças comunitárias, militantes de coletivos culturais e movimentos sociais das periferias de São Paulo se reuniram na última sexta-feira (21/6/13) para discutir o atual cenário político do país, avaliado pelos presentes como imprevisível e alarmante, e criar uma frente periférica antifascistas e golpistas.
O receio da má informação que a grande imprensa e os canais na internet podem passar também é uma preocupação geral entre as lideranças. Jair, militante da região, ressaltou "a importância de desconstruir notícias falsas e eventos suspeitos na rede virtual", citando a reportagem fictícia que afirma a suposta intenção presidencial de bloquear o acesso à internet no Brasil, e a "greve geral" convocada nas redes sociais. O criador do evento, também dono da página do nebuloso PSPC (Partido da Segurança Pública e Cidadania), aparece em foto do perfil portando arma e defendendo, publicamente, campanha pró-armamento.
Contra essa movimentação de contornos fascistas nas redes, Hamilton, do coletivo cultural do Teatro dos Oprimidos, acredita que é urgente consolidar a união das redes das periferias, e fortalecer o trabalho verdadeiro dos militantes. "É urgente. O que eu sinto é que estou prestes a perder a minha voz. Temos de usar a cultura, arte e política como elemento aglutinador, e não aceitar ações de antipartidarismo, tão contraditório e antidemocrático."
A íntegra.

O que o Movimento Passe Livre vai dizer à presidente Dilma

Representantes do movimento foram convocados e se reúnem com a presidente hoje. O que vão dizer, divulgado na carta abaixo, não é novidade, e publicado algumas semanas atrás não ganharia destaque. O que é novidade e muda o teor das reivindicações é a disposição dos estudantes e da população de irem à rua lutar por seus direitos.
O que pode mudar é -- diante da pressão popular e da manifestação da presidente no seu pronunciamento de sexta-feira passada -- a política do governo federal, que tem privilegiado o transporte individual e a indústria automobilística e protegido a caixa preta das empresas concessionárias de transporte público, e tem a oportunidade de se tornar uma política voltada para o transporte urbano coletivo de qualidade e gratuito.
Ao contrário do que diz o prefeito Haddad (para não citar outros claramente identificados com interesses empresariais, como o de BH, Lacerda), a questão é simples: ou o sistema é mantido pelo Estado como serviço prestado à população ou é custeado pela população para dar lucro às empresas que financiam campanhas de políticos (em Minas Gerais essa relação é tão evidente que um representante das empresas foi vice do governador Aécio e hoje é senador). Governar é fazer escolhas.
Como diz o MPL, "a desoneração de impostos, medida historicamente defendida pelas empresas de transporte, vai no sentido oposto". "Abrir mão de tributos significa perder o poder sobre o dinheiro público, liberando verbas às cegas para as máfias dos transportes, sem qualquer transparência e controle."

Do blog Escrevinhador.
Carta à presidente
O transporte só pode ser público de verdade se for acessível a todas e todos, ou seja, entendido como um direito universal. A injustiça da tarifa fica mais evidente a cada aumento, a cada vez que mais gente deixa de ter dinheiro para pagar a passagem. Questionar os aumentos é questionar a própria lógica da política tarifária, que submete o transporte ao lucro dos empresários, e não às necessidades da população. Pagar pela circulação na cidade significa tratar a mobilidade não como direito, mas como mercadoria. Isso coloca todos os outros direitos em xeque: ir até a escola, até o hospital, até o parque passa a ter um preço que nem todos podem pagar. O transporte fica limitado ao ir e vir do trabalho, fechando as portas da cidade para seus moradores. É para abri-las que defendemos a tarifa zero.
A íntegra.

Médico da UFMG denuncia: direita quer um cadáver para acusar Dilma

Parte de um texto que circula na internet e está publicado em blogs e saites.
É o relato dramático do comportamento da polícia militar mineira e de policiais provocadores infiltrados em Belo Horizonte, por um professor da UFMG que atuou como médico de guerra nas manifestações da semana passada.
Omissão de socorro é um crime gravíssimo. Mesmo na guerra, médicos e enfermeiros atendem inimigos -- a PM mineira negou-se a isso. Mais: negou ambulância e equipamentos. Pior: impediu que médicos atendessem feridos graves. E o mais absurdo: lançou bombas e atirou contra eles.
Que diferença em relação ao comportamento  dos manifestantes, que protegeram com um cordão de isolamento a comandante do policiamento da capital, que se desgarrou da sua tropa. É a diferença entre esquerda e direita, entre povo e elites, entre a solidariedade popular e a violência do governo estadual.

Querem colocar um cadáver no colo da presidente
Giovano Iannotti, professor de Medicina
Ontem, 22 de junho de 2013, minha mulher e eu fomos à manifestação ocorrida em Belo Horizonte na qualidade de médicos. Somos professores e vários de nossos alunos estavam presentes. Como já havíamos testemunhado a violência no ato da segunda-feira anterior, fomos preparados para atender possíveis vítimas, levando na mochila alguns elementos muito básicos para pequenos ferimentos e limpeza dos olhos irritados por gás.
A manifestação foi tranquila durante todo o trajeto. Até mesmo a intolerância com militantes de partidos de esquerda foi pouco vista. Uma grande bandeira vermelha era orgulhosamente carregada e, salvo um ou outro, respeitada. Contudo, o clima começou a piorar quando a manifestação encontrou o cordão policial. Como tem ocorrido, a maioria aceitou o limite imposto, mas os provocadores instavam os moderados a enfrentarem a polícia. Parecem colocados estrategicamente entre o povo, porque se repartem em certo padrão e gritam as mesmas frases.
Como é sabido, eventualmente o conflito aconteceu. Retiramo-nos para a pequenina área verde que sobra naquele encontro as avenidas Abraão Caram e Antônio Carlos. E ali ficamos tratando sobretudo intoxicações leves e ferimentos superficiais causados por estilhaços e balas de borracha. Em um momento, fui chamado para atender um senhor ferido na cabeça. Fui correndo, mas ele já passara o cordão de isolamento da polícia. Identifiquei-me como médico aos policiais do Governo de Minas Gerais e disse que poderia atender o senhor ferido. A resposta foi uma arma apontada contra meu peito. Pedi para falar com algum oficial, mas a PM recomeçou a atirar. Voltei para nosso pronto-socorro improvisado. De dentro do campus da UFMG começaram a atirar bombas de gás sobre nós que atendíamos os feridos e recuamos ainda mais, para o meio da Antônio Carlos.
Minutos depois, chamaram-nos com urgência informando que alguém caíra do viaduto José de Alencar. Quando chegamos, um jovem com o rosto sangrando estava sofrendo uma pequena convulsão. Fizemos a avaliação primária e, na medida em que surgiam problemas, tratávamos da melhor forma possível. Aquele paciente precisava de atendimento avançado urgentemente, em um centro de trauma, mas a polícia não arrefecia.
Quando passamos a barreira, vi uma ambulância parada a uns 20 metros. Gritei para os que ajudavam para que fôssemos para ela. Todavia, para meu horror, a polícia não permitiu. Disse que aquela viatura era somente para policiais feridos.
Tentei discutir, mas vi que seria improdutivo. Disse a um oficial, então, que conseguisse outra. Não tínhamos muito tempo. Colocamos a vítima no chão, imobilizando sua coluna cervical e iniciei a avaliação secundária. Na medida do possível, limpamos o rosto ensanguentado do jovem e realinhamos os membros fraturados. Pedi aos policiais que, pelo menos, trouxessem equipamentos da ambulância "deles" para imobilização e infusão. Recusaram-se.
Esperamos um bom tempo até que uma ambulância do resgate do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais chegasse. O veículo praticamente não tinha nenhum equipamento. Somente a prancha, talas, colar cervical e oxigênio para ser usado com máscara. "Soro" não havia. Transferimos e imobilizamos o paciente. Nesse tempo, tentávamos descobrir para onde levar a vítima. Respostas demoravam a chegar. Pensamos no Mineirão, bem próximo de nós, mas primeiro disseram que era para torcedores e depois que não dispunha de centro de trauma. Fomos para o Pronto Socorro de Venda Nova Risoleta Neves. Lá uma colega assumiu o tratamento do ferido.
Depois de me deixar com a primeira vítima, minha mulher se identificou aos policiais e disse que queria passar também para me ajudar. A polícia não deixou e ameaçou atirar nela. Como as agressões reiniciaram logo depois, ela ficou presa entre bombas e pedras, até que conseguiu fugir e retomar a antiga posição para socorro, no meio da Antônio Carlos. Foi quando encontrou meu irmão. Logo depois, receberam um chamado, avisando que outro rapaz havia caído. A situação clínica desse paciente era muito pior do que a do anterior. A vítima não reagia, estava em coma, mas respirava e o coração batia. Meu irmão, sabendo da primeira experiência, correu para os policiais, desta vez um outro cordão formado na Antônio Carlos, levantando as mãos, agitando uma camisa branca e gritando que havia um ferido morrendo. Os policiais, vários, apontaram-lhe armas e gritaram para que ele fosse embora. Quando ele tentou avançar um pouco mais, os tiros começaram e ele correu em direção de minha mulher para ajudá-la.
Ali, ao lado da vítima, perceberam que a polícia atirava neles. Relatam que já não havia ninguém próximo. Somente a vítima, ele e minha mulher de jaleco branco. Os tiros e as bombas de efeito moral e de gás vinham com um único endereço. O deles. Ficaram o quanto aguentaram; mais não puderam fazer. Desesperados, tiveram que abandonar o rapaz que morria e buscar refúgio.
Depois, tiveram a notícia de que um terceiro homem caíra do mesmo viaduto. A cavalaria já estava em ação e não havia como atravessar a avenida para socorrer essa terceira vítima. Quando cheguei em casa, alguns alunos relataram que socorreram um homem que caíra do viaduto (perece que foram quatro, no total). Quando a polícia passou, eles conseguiram chegar à vítima e ficar com ela até que o Samu chegasse.

Os campos de concentração de indígenas em Minas Gerais durante a ditadura

Foram administrados pela polícia militar. A PM foi moldada durante a ditadura para servir aos militares que controlavam o governo. E foram mantidas intactas depois que os generais se recolheram aos quartéis. A mais alta patente nas polícias militares é a de coronel, justamente para caracterizar sua subordinação ao Exército: o comandante da PM, um coronel, obedece aos generais, patente superior. O caráter militar das polícias estaduais é um anacronismo que precisa ser extinto na democracia. 

Da Pública Agência de Reportagem e Jornalismo Investigativo.
Ditadura criou cadeias para índios com trabalhos forçados e tortura 
Por André Campos
Durante os anos de chumbo, após o golpe de 1964, a Fundação Nacional do Índio (Funai) manteve silenciosamente em Minas Gerais dois centros para a detenção de índios considerados "infratores". Para lá foram levados mais de cem indivíduos de dezenas de etnias, oriundos de ao menos 11 estados das cinco regiões do país. O Reformatório Krenak, em Resplendor (MG), e a Fazenda Guarani, em Carmésia (MG), eram geridos e vigiados por policiais militares. Sobre eles recaem diversas denúncias de violações de direitos humanos.
Os "campos de concentração" étnicos em Minas Gerais representaram uma radicalização de práticas repressivas que já existiam na época do antigo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) – órgão federal, criado em 1910, substituído pela Funai em 1967. Em diversas aldeias, os servidores do SPI, muitos deles de origem militar, implantaram castigos cruéis e cadeias desumanas para prender índios.
A íntegra.

Paulo Bernardo, o ministro quinta-coluna

O ministro da veja e da globo no governo Dilma. Sua função é zelar para que as vozes das ruas não sejam ouvidas.

O PT e o governo precisam de uma faxina  
Por Breno Altman 
Se a vontade política da presidente Dilma Rousseff e seu partido for realmente enfrentar a onda reacionária que tenta controlar as ruas, há uma lição de casa a ser feita. O PT e o governo precisam se livrar da quinta-coluna, que representa interesses alheios à esquerda e aos setores populares.
O termo nasceu na guerra civil espanhola, nos anos trinta do século passado. Quando Francisco Franco, líder do golpe fascista contra a república, preparava-se para marchar sobre Madri com quatro colunas, o general Quepo de Llano lhe assegurou: "A quinta-coluna está esperando para saudar-nos dentro da cidade". Referia-se às facções que, formalmente vinculadas ao campo legalista, estavam a serviço do golpismo.
A maior expressão de quinta-colunismo no primeiro escalão atende pelo nome de Paulo Bernardo e ocupa o cargo estratégico de ministro das Comunicações. Não bastasse vocalizar o lobby das grandes empresas de telefonia e a pauta dos principais grupos privados de comunicação, resolveu dar entrevista às páginas amarelas da revista Veja desta semana e subscrever causas do principal veículo liberal-fascista do país.
Na mesma edição na qual estão publicadas as palavras marotas do ministro, também foi estampado editorial que celebra a ação de grupos paramilitares, na semana passada, contra o PT e outros partidos de esquerda, além de reportagem mentirosa que vocifera contra as instituições democráticas e os governos de Lula e Dilma.
Nesta entrevista, Bernardo referenda que se atribua, à militância petista, um programa que incluiria a defesa da censura à imprensa. Vai ainda mais longe, oferecendo salvo-conduto à ação antidemocrática da mídia impressa e restringindo qualquer plano de regulação a perfumarias que deixariam intactos os monopólios de comunicação, o maior obstáculo no caminho para a ampliação da liberdade de expressão.
A íntegra.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Como funciona o Datafolha

Quando ler uma pesquisa do instituto da Folha de S. Paulo -- aquele jornal que emprestava carros para a ditadura transportar clandestinamente presos torturados -- vou me lembrar desta notícia.

Do Viomundo. 
Gilberto Nascimento: Sobre a nova pesquisa Datafolha 
por Gilberto Nascimento, no Facebook
"Há cerca de uma hora, na esquina de casa, vi uma mulher abordando outra para perguntar o que achava das manifestações e quebra-quebra no país e se era a favor do que vinha acontecendo.
Como o assunto me interessou, parei e fiquei um pouco próximo para ouvir do que se tratava. A mulher que perguntava tinha um crachá branco e azul, com o nome do Datafolha.
Minha surpresa foi quando a pesquisadora indagou em quem a mulher votava e se ela gostava da Dilma e do Lula. A entrevistada respondeu que votava e continuaria votando no PT.
Aí, a tal pesquisadora respondeu: "Fala baixo, você pode apanhar". Cheguei perto e questionei: "como pesquisadora, a senhora não pode interferir nas respostas".
A íntegra.

Os neofascistas no meio da multidão

Uma características dos protestos dos últimos dias é que a polícia ficou passiva diante das depredações e violências, e ao mesmo tempo agrediu manifestantes pacíficos.
Um brancão sarado e bem vestido quebrou a prefeitura de SP e a PM ficou olhando. Encapuzados quebraram vidros do Itamaraty e do Congresso e a PM ficou olhando. Outros mascarados alucinados espancaram militantes de esquerda, puseram fogo em bandeiras e as jogaram na multidão e a PM ficou olhando. Jovens marcharam pacificamente em direção aos estádios da fifa cantando o hino nacional e a PM baixou o porrete, jogou bombas de gás lacrimogênio, atirou balas de borracha, esguinchou gás de pimenta.
O fascismo prospera assim, agindo com violência, com conivência ou proteção da polícia. Primeiro contra a esquerda; depois contra o centro; por último contra a direita mesmo, porque seu objetivo é monopolizar o poder. Fingem que não têm partido, que são "patriotas", mas têm: o partido do medo, do terror, da morte.

Do portal GGN.
Mascarados iniciam confusão no sétimo ato contra a tarifa em São Paulo 
Mário Bentes
Um grupo não identificado iniciou uma confusão generalizada na noite desta quinta-feira (20/6/13), na Avenida Paulista, durante o sétimo ato contra a tarifa do transporte coletivo de São Paulo, ocasião em que o Movimento Passe Livre (MPL) foi às ruas com simpatizantes para comemorar a revogação do valor da passagem de R$ 3,20 para R$ 3. A confusão começou por volta de 19h, quando um grupo de homens, em sua maioria mascarados, começou a insultar com palavrões e gritos contra militantes de partidos como PT, PCdoB, PCO e de movimentos sociais, como MST.
Aos berros, os mascarados direcionavam basicamente os insultos aos petistas, que ao lado de membros de outros partidos, faziam uma corrente humana atrás de outros manifestantes que acompanhavam o pelotão de frente do MPL. "Mensaleiros", "ladrões" e palavras de baixo calão eram repetidas à exaustão. Apesar do clima tenso, alguns militantes do PT tentavam pedir calma e alegavam ter participado desde o começo das manifestações em São Paulo contra a tarifa. Pessoas não ligadas aos partidos hostilizados que acompanhavam a caminhada pelas calçadas, pediam calma aos mais exaltados.
O clima ficou mais pesado quando alguns dos mascarados começaram a lançar latas de cerveja e garrafas de água mineral contra o grupo, que não chegou a revidar naquele momento. Partidários do PT pediam que eles retirassem as máscaras para conversar – o que foi respondido com mais palavrões. Mas a discussão acalorada perdeu o controle quando, já chegando em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), um dos mascarados puxou uma das bandeiras e começou a rasgá-la, atitude que foi acompanhada de outras pessoas sem máscara. Os membros dos partidos tentaram, em vão, evitar a destruição das bandeiras.
Daí em diante, houve empurra-empurra entre partidários e os grupo auto-declarado "sem partido". Houve pancadaria em certas ocasiões, que eram separadas pelos dois lados. Depois de alguns minutos, as bandeiras dos partidos e movimentos sociais começaram a ser arrancadas dos militantes e queimadas. Por várias vezes, os mascarados lançaram as bandeiras em chamas contra a multidão à frente, formada basicamente por homens e mulheres do PT, PCO, PCdoB e MST. Algumas pessoas ficaram feridas, entre eles um homem branco, de cabeça raspada, que se envolveu em luta corporal. Sangrando na testa, ele foi retirado do local por pessoas próximas, sendo acompanhado pela imprensa.
Depois de quase uma hora de confusão, poucas bandeiras restavam inteiras. Muitas ainda ardiam em chamas no meio da avenida Paulista e nos canteiros centrais quando os partidários começaram a se dispersar. A reportagem do Jornal GGN acompanhou as confusões de diferentes pontos e não observou, em nenhum momento, qualquer tentativa da Polícia Militar, que estava dividida em grupos nas calçadas, de intervir na violência. Alguns jornalistas também foram empurrados e atingidos por latas de cerveja, garrafas de água e outros objetos durante o confronto.
A íntegra.

Por que protestam os brasileiros?

Não é -- como na Europa e em outras partes -- por causa de desemprego e de queda na renda. Graças aos governos petistas, que não aplicaram o receituário neoliberal conservador de recessão e cortes de despesas, emprego e renda só cresceram no Brasil nos últimos dez anos. Dá até pra viajar para o exterior e gastar lá.

Da Agência Brasil.
Gastos de brasileiros no exterior batem recorde em maio   
Kelly Oliveira
Brasília – Os gastos de brasileiros no exterior chegaram a US$ 2,232 bilhões, em maio, de acordo com dados divulgados hoje (21/6/13) pelo Banco Central (BC). Esse foi o maior resultado para meses de maio, na série histórica do BC, iniciada em 1969.
Em igual mês do ano passado, esses gastos ficaram em US$ 1,829 bilhões. De janeiro a maio, os gastos de brasileiros ficaram em US$ 10,370 bilhões, contra US$ 9,019 bilhões registrados nos cinco meses de 2012.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, ressaltou que as viagens internacionais são "sensíveis" à cotação do dólar, que está em alta. "O câmbio tem oscilado e a conta de viagens internacionais tende a responder em alguma proporção em relação ao câmbio". Entretanto, Maciel disse que a renda dos brasileiros continua crescendo e isso estimula as viagens ao exterior.
A íntegra. 

Da Agência Brasil.
Brasil cria 72 mil empregos com carteira assinada em maio
Carolina Sarres
O número representa um crescimento de 0,18% em relação ao resultado de abril, quando houve expansão de 0,49% na comparação com o mês anterior. Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego.
A íntegra.

O sentido das manifestações: o povo quer mais

Os movimentos sociais levaram Lula e Dilma ao poder, e acertaram ao fazer isso: os governos petistas foram muito melhores do que os governos anteriores, desde 1964.
Graças a eles não entramos na crise capitalista em que grande parte do mundo está; graças a eles houve distribuição de renda e diminuição da miséria.
O povo na rua não quer tirar Dilma nem o PT, mesmo porque as alternativas a eles são muito piores, como demonstraram FHC, Collor, Sarney, tucanos, PFL-"democratas" e militares.
O povo não quer menos, o povo quer mais.

Da Agência Carta Maior
Carta aberta dos movimentos sociais à Presidente Dilma.

São Paulo, 19 de junho de 2013
Carta aberta à presidente Dilma Rousseff
Cara Presidente,
O Brasil presenciou nesta semana mobilizações que ocorreram em 15 capitais e centenas cidades. Concordamos com suas declarações que afirmam a importância para a democracia brasileira dessas mobilizações, cientes que as mudanças necessárias ao país passarão pela mobilização popular. Mais que um fenômeno conjuntural as recentes mobilizações demonstram a gradativa retomada da capacidade de luta popular.
Foi essa resistência popular que possibilitou os resultados eleitorais de 2002, 2006 e 2010. Nosso povo insatisfeito com as medidas neoliberais votou a favor de um outro projeto.
Para sua implementação esse outro projeto enfrentou grande resistência principalmente do capital rentista e setores neoliberais que seguem com muita força na sociedade.
Mas enfrentou também os limites impostos pelos aliados de última hora, uma burguesia interna que na disputa das políticas de governo impede a realização das reformas estruturais como é o caso da reforma urbana e do transporte público. A crise internacional tem bloqueado o crescimento e com ele a continuidade do projeto que permitiu essa grande frente que até o momento sustentou o governo.
As recentes mobilizações são protagonizadas por um amplo leque da juventude que participa pela primeira vez de mobilizações. Esse processo educa aos participantes permitindo-lhes perceber a necessidade de enfrentar os que impedem que o Brasil avance no processo de democratização da riqueza, do acesso a saúde, educação, terra, cultura, participação política, meios de comunicação.
A íntegra.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Com as manifestações dos últimos dias, o povo passa a interferir nas políticas públicas

Uma análise interessante do Nassif.

Do blog Luís Nassif Online.
O grande momento da cidadania
Por Luís Nassif
Coluna Econômica
Nos últimos anos a prioridade total da política econômica consistiu no atendimento das demandas empresariais, na isenção de impostos para veículos, bens de consumo. O cidadão ganhava por consequência, na condição de consumidor. Trata-se de uma prática recorrente de política econômica. Governantes agem preponderantemente em cima das pressões imediatas.
Nem os culpe. Gestões públicas são tão complexas, há um emaranhado tal de interesses envolvidos, que a prioridade sempre acaba sendo de quem tem maior poder de vocalização.
Desde tempos imemoriais do capitalismo, o circuito da vocalização de interesses é o mesmo: nasce dos grupos econômicos, é defendido pelos grandes veículos  de massa e pressiona as  autoridades públicas.
O Movimento do Passe Livre finalmente colocou o cidadão no centro das políticas públicas, rompendo com o circuito tradicional de mídia.
Desta vez, é o próprio cidadão que se torna protagonista. Apropria-se das redes sociais, sem nenhum comando centralizado. Apenas o grande caldeirão em que as conversas vão se entrelaçando, formando consensos aqui e ali até ganhar massa crítica. A partir daí, a história foi reescrita. Haverá muita cabeçada de lado a lado, até se consolidar o novo modelo. Mas o novo cidadão veio para ficar.
A íntegra.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

"A luta é nacional, a luta é mundial"

Vídeo gravado em Brasília, segunda-feira, 17/6/13.

Algumas bandeiras exequíveis que nascem das ruas

Está todo mundo tentando entender as manifestações no Brasil -- abaixo algumas análises interessantes. Poucos são os que, a esta altura, ousam criticá-las, como o empresário Eduardo Guimarães.
O que quase todos se perguntam é o que querem os manifestantes, em geral jovens, e no que vai dar tudo isso. Por ser espontâneo e estranho a sindicatos, associações e partidos, o movimento não tem direção.
Penso que, no entanto, algumas bandeiras estão se impondo, como consequência do próprias manifestações. Se elas forem alcançadas, muito terá sido ganho -- embora o ganho maior já tenha sido atingido: é a consciência do povo sobre o seu poder.

As bandeiras:

1) Pela extinção das atuais polícias herdadas da ditadura e criação de uma nova polícia civil da democracia, não como uma concessão eventual de um governante, mas como instituição para garantir o exercício da cidadania e das liberdades;

2) Por transportes públicos coletivos de qualidade gratuitos em vez do atual sistema que privilegia o transporte individual;

3) Pela participação popular nos orçamentos dos governos em todos os níveis, de forma a escolher em que o Estado investe seus recursos;

4) Por novas formas de participação do povo nas decisões dos governos, uma vez que é mais do que sabido e está afirmado pela população nas ruas que os políticos eleitos de quatro em quatro anos não nos representam: pela democracia direta, pela incorporação da internet, de votações online e plebiscitos frequentes.

Algumas análises:
Uma noite daquelas
Olha a polícia da ditadura!
Cuidado com a jaborização das manifestações
As redes, as ruas e os riscos da incerteza
Uma coerência maldita entre mídia e governo diante das manifestações em São Paulo
A moçada condenou todos os símbolos de poder
Dizei-me com quem andais que vos direi quem sois

Pela tarifa zero

Tarifa zero é possível. A redução também era impossível até se tornar possível.
É muito fácil saber de onde tirar dinheiro para subsidiar o transporte público (tão ruim que tem mesmo de ser de graça): do mesmo lugar de onde se tira dinheiro para pagar empreiteiras que fazem obras como os estádios, do mesmo lugar de onde se tira subsídio para o agronegócio, do mesmo lugar de onde se tira dinheiro para incentivar multinacionais a se instalarem no Brasil, do mesmo lugar de onde se tira dinheiro para financiar privatizações.

Da Agência Brasil. 
GDF e Movimento Passe Livre vão discutir tarifa zero no Distrito Federal
Luciano Nascimento
Brasília – O governo do Distrito Federal (GDF) se reuniu na tarde de hoje (19/6/13) com representantes do Movimento Passe Livre (MPL) para debater a implantação de transporte 24 horas e a possibilidade de instituir a tarifa zero no DF. "O governo aceitou discutir essa possibilidade, e foi aberto o diálogo. O governo acha complexo [adotar a tarifa zero], pois o custo é alto. Mas vai discutir", disse à Agência Brasil o secretário adjunto de Comunicação Social do Distrito Federal (DF), Rudolfo Lago. 
Lago lembrou que o DF já disponibiliza o passe livre para estudantes que moram na zona rural, crianças até 5 anos de idade e pessoas com mais de 65 anos. Segundo ele, o governo fez, no início da administração, um levantamento sobre os custos para a efetivação da tarifa zero e chegou ao valor de R$ 134 milhões por mês para a implantação do serviço. 
Na próxima segunda-feira (24), haverá outra reunião para discutir a proposta. De acordo com o secretário adjunto, os integrantes do MPL apresentaram uma proposta baseada na criação de um fundo para custear o transporte. A perspectiva é que sejam feitos debates para discutir as possíveis fontes de recursos.  
Em protesto, brasilienses pedem tarifa zero para transporte coletivo 
Marcelo Brandão
Brasília - Cerca de 600 pessoas, segundo a Polícia Militar, marcham por uma das principais ruas da capital federal pedindo tarifa zero para o transporte coletivo. Munidos com cartazes "Tarifa zero" e "Passe Livre", os manifestantes saíram da rodoviária e caminham de forma pacífica em direção à W3 sul, uma das principais vias da região central. 
Os policiais militares acompanham a movimentação e vão fechando o trânsito durante a passagem do protesto. De acordo com a Polícia Militar, 454 agentes fazem o policiamento. 
Em Niterói (RJ), manifestantes também estão nas ruas para pedir melhorias do transporte, da educação, saúde e protestar contra gastos públicos com a Copa das Confederações e a PEC 37, proposta de emenda à Constituição que limita o poder de investigação do Ministério Público. Em dois carros de som, eles gritam frases como "Vem pra rua" e "Da Copa eu abro mão, quero mais dinheiro para saúde e educação". 

A redução das tarifas de ônibus em BH, São Paulo e Rio

Duas conclusões óbvias. A primeira é que os trabalhadores têm que lutar, protestar, ir à rua, para fazer valer seus interesses. A segunda é que lucro de empresário, como dizia um ex-ministro, é "imexível": ou se aumenta a passagem e o povo paga, ou se cortam impostos e quem paga é o Estado. Autoridade nenhuma falou em momento nenhum diminuir o lucro das empresas concessionárias de ônibus, que aliás ninguém sabe quanto é, porque a informação não é divulgada. Por que será? (A única a tocar no assunto é a filósofa Marilena Chauí.)

Do Estado de Minas.  
Lacerda enviará projeto à Câmara para reduzir valor da tarifa em BH
Marcelo Ernesto
O prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB), informou na tarde desta quarta-feira que vai enviar projeto à Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH) projeto para tentar viabilizar a redução dos preços da tarifa do transporte coletivo na capital. De acordo com a nota enviada pela Prefeitura de Belo Horizonte, o projeto "propõe a isenção do Imposto Sobre Serviços (ISS) na incidência dos custos do transporte coletivo". Ainda segundo a nota, os detalhes da proposta devem ser anunciados nesta quinta-feira.
A íntegra.

Da Agência Brasil
Prefeito e governador de São Paulo anunciam redução de tarifa para R$ 3  
Daniel Mello e Bruno Bocchini
São Paulo – O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o governador do estado, Geraldo Alckmin, anunciaram hoje (19) a revogação do aumento das tarifas do transporte público. Com isso o valor passa de R$ 3,20 para R$ 3. A decisão vale para ônibus que circulam dentro do município, trens e metrô.
"Nós vamos ter de cortar investimentos porque as empresas não tem como arcar", disse o governador, ressaltando que o governo dará prioridade máxima à questão do transporte público. O prefeito da cidade acrescentou que a população será informada sobre os impactos da redução. "Nós vamos ter de explicar esse gasto para a população da cidade."
Apesar de a revogação já estar valendo, há a necessidade de um período de até cinco dias para que os leitores de passagem sejam ajustados.
O anúncio ocorre um dia após a sexta manifestação em São Paulo contra o aumento das tarifas. O ato reuniu milhares de pessoas e concentrou-se em frente ao prédio da prefeitura e na avenida paulista. Alguns dos presentes na manifestação tentaram invadir, sem sucesso a prefeitura, depredaram o prédio e entraram em conflito com a polícia.
"A revogação nos pegou de surpresa. Estamos tentando nos reunir agora. Não sabemos se vamos fazer um protesto ou uma festa amanhã, mas manifestação vai ter", disse Mateus Preis, um dos membros do Movimento Passe Livre (MPL). O movimento havia programado um ato para ocorrer na Avenida Paulista, no final da tarde de amanhã.
A íntegra.

Da Agência Brasil
Rio suspende aumento de tarifas do transporte público 
Akemi Nitahara
Rio de Janeiro – O prefeito Eduardo Paes acaba de anunciar a suspensão do aumento das tarifas de ônibus, que subiram de R$ 2,75 para R$ 2,95 no dia 1º de junho. Há pouco, em São Paulo, o prefeito da capital, Fernando Haddad, e o governador do estado, Geraldo Alckmin, também anunciaram a redução das tarifas do transporte público (ônibus, metrô e trens).
Paes lembrou que o aumento já havia levado em consideração a desoneração do PIS-Pasep (Programa de Integração Social -- Programa de Aperfeiçoamento do Servidor Público) e da Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), anunciada pelo governo federal. Segundo o prefeito, a suspensão do aumento vai custar R$ 200 milhões por ano ao município. A prefeitura ainda vai estudar onde os custos serão cortados.
A íntegra.

STF derruba proibição de manifestações em Minas

Derrota do governador Anastasia.
Até Fux, aquele, se rendeu à voz das ruas. Agora falta derrubar o decreto do prefeito Lacerda que cobra da população que usa praças públicas. Na verdade, o decreto já foi derrubado pelo movimento Praia da Estação e outros, assim como o STF só ratificou o que as manifestações de rua desde sábado estão fazendo valer: os direitos de expressão, manifestação e reunião garantidos na Constituição.

Da Agência Brasil
STF derruba limitações aos protestos em Minas 
Débora Zampier
Brasília – O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux defendeu, em decisão divulgada nesta tarde (19/6/13), o direito de movimentos sociais protestarem nas ruas. Ele suspendeu decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, da última segunda-feira (17), que impedia manifestantes de interditar ruas durante protestos no estado.
De acordo com Fux, o direito de reunião é um "componente indispensável à vida das pessoas e à própria existência de um substancial Estado Democrático de Direito". O ministro respaldou seu entendimento em decisão anterior da Corte, que revogou normas editadas no Distrito Federal em 2009 contra manifestações nas ruas de Brasília.
Fux defendeu a participação ativa dos cidadãos na vida pública para estimular a reflexão sobre temas jurídicos, políticos e econômicos em pauta no país. "É preciso abrir os canais de participação popular para que os rumos da nação não sejam definidos exclusivamente ao talante [desejos] dos governantes eleitos", registrou.
A íntegra.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Dilma se manifesta

Será que ela vai dar o passo em direção a escolas públicas "padrão fifa" e à participação popular?

Da Agência Brasil.
Brasil acordou mais forte depois das manifestações, avalia Dilma 
Danilo Macedo e Pedro Peduzzi 
Um dia depois das manifestações que levaram mais de 200 mil pessoas às ruas de várias cidades do país, a presidenta Dilma Rousseff disse que a mensagem direta das ruas é por maior participação e contra a corrupção e o uso indevido do dinheiro público.
"O Brasil hoje acordou mais forte. A grandeza das manifestações de ontem comprova a energia da nossa democracia, a força da voz da rua e o civismo da nossa população", disse Dilma, durante apresentação do novo marco regulatório para o setor de mineração, ao avaliar as manifestações de ontem.
A presidenta disse que é preciso louvar o caráter pacífico dos atos públicos de ontem e o tratamento dado pela segurança pública à livre manifestação popular. "Infelizmente, porém, é verdade, aconteceram atos minoritários e isolados de violência contra pessoas, contra o patrimônio público e privado, que devemos condenar e coibir com vigor", observou, ressaltando, no entanto, que os incidentes não ofuscam o espírito pacífico das pessoas que foram às ruas reivindicar seus direitos.
Dilma disse que as vozes das ruas precisam ser ouvidas e ultrapassam os mecanismos tradicionais das instituições, dos partidos políticos e das entidades de classe. Segundo ela, os que foram ontem às ruas deram uma mensagem clara, sobretudo aos governantes.
"Essa mensagem direta das ruas é por mais cidadania, por melhores escolas, melhores hospitais, postos de saúde, pelo direito a participação. Essa mensagem direta das ruas mostra a exigência de transporte público de qualidade a preço justo. A mensagem direta das ruas é pelo direito de influir nas decisões de todos os governos, do Legislativo e do Judiciário. Essa mensagem direta das ruas é de repúdio à corrupção e ao uso indevido do dinheiro público", avaliou.
A íntegra.

A redução das tarifas depois dos protestos

O dinheiro para manter o sistema sempre sai de algum lugar, ou do bolso dos usuários (sem protestos) ou do lucro dos empresários concessionários.

Da Agência Brasil
Após manifestações, Pelotas e Cuiabá anunciam redução nas tarifas de ônibus
Yara Aquin
Brasília – Após as manifestações pelo país que começaram com a reivindicação de redução de tarifas de transporte coletivo, as prefeituras de Pelotas (RS) e Cuiabá (MT) anunciaram valores menores para a passagem a partir da meia-noite de amanhã (19). Em Porto Alegre, que ontem (17) também foi palco de manifestações, o prefeito José Fortunati (PDT) encaminhou projeto à Câmara Municipal para reduzir o preço da passagem.
Em Pelotas, haverá redução de R$ 0,15 e o novo valor será R$ 2,60. A redução ocorreu por meio de decreto assinado pelo prefeito, Eduardo Leite (PSDB). De acordo com informações da prefeitura, a redução foi possível devido à Medida Provisória (MP) 617, de 31 de maio de 2013, do governo federal, que zera o PIS/Pasep e Cofins incidentes sobre a receita da prestação de serviços de transporte coletivo de passageiros.
A íntegra.

Da Carta Capital.
Porto Alegre, Recife, João Pessoa e Cuiabá reduzem tarifas de ônibus
Depois de protestos terem levado, na segunda-feira 17, mais de 230 mil pessoas às ruas contra o aumento das passagens de ônibus em diversas cidades do Brasil, quatro capitais anunciaram reduções em seus preços do transporte público.
Nesta terça-feira 18, Porto Alegre, Pernambuco e João Pessoa informaram que realizarão cortes nos preços das tarifas. Cuiabá anunciou na segunda-feira a redução.
A íntegra.

O exemplo espanhol

Na política não há vácuo. Para tirar do poder a esquerda que caminhou para o centro, é preciso ter uma proposta e uma opção mais à esquerda, que não existe hoje.
A simples abstenção nas urnas tira votos da esquerda centrista e põe no poder a extrema direita. Como aconteceu na Espanha.
É preciso construir um novo partido de esquerda, democrático e com novas ideias, que não sejam o atual desenvolvimentismo nem o velho neoliberalismo.
Não serão os tucanos que nos darão isso, nem o PSB, nem a Rede, tampouco os confusos PSTU, PSOL etc.
As ruas sabem o que querem, mas não são profissionais como os políticos, os economistas e os empresários. Estes, no primeiro momento, ficam assustados, depois recobram o controle e dizem que o que as ruas querem, o que o povo quer é impossível, que somos sonhadores e estamos fora da realidade, que o queremos não pode ser como queremos mas está sendo feito etc. e tal.
E o povo das ruas fica confuso, se deixa convencer.
Por isso é preciso ter bandeiras claras e exigir que sejam atendidas.
E fazer a esquerda que se desviou para o centro depender do voto das ruas e se comprometer com elas.
O que veremos nos próximos meses será toda a direita, com Aécio e Globo à frente, tentar tirar proveito -- e votos -- da insatisfação popular. Mas a Globo é a favor da ditadura. E a política do Aécio mostrou ontem com balas de borracha e gás -- assim como Alkmin mostrou na semana passada e tem mostrado sempre -- o que pensa de manifestações populares. 

Da Agência Carta Maior.
Saturação e projeto
A ausência de uma plataforma capaz de dar unidade e coerência a aspirações fragmentadas e avulsas pode asfixiar o que as ruas tentam dizer.
Vem da Espanha reluzente de protestos na Praça do Sol um alerta desconcertante.
Madri e Barcelona consagraram-se como o epicentro da indignação global.
Desde 15 de maio de 2011, quando o 'Democracia Já' convocou uma manifestação na Praça do Sol, até os protestos em 92 países, em 15 de outubro de 2011, passaram-se fulminantes cinco meses de ascensão linear das ruas.
A passeata original deu lugar a um acampamento formado por um mar de indignados.
A ocupação na Praça do Sol resistiria por 79 dias.
O termo 'indignado' globalizou-se.
Surgiu o 'Ocupe Wall Street’, que mirou com argúcia o alvo da indignação: o dinheiro sem pátria e a pátria rentista sem fronteira, mas detentora de governos e Estados.
Em outubro de 2011, o sentimento nascido na Praça do Sol tornou-se o novo idioma político global, compartilhado por um milhar de cidades em todos os continentes.
Mas nem por isso imune às sombras.
No momento em que as praças rugiam a insatisfação de milhares de vozes, o voto popular consagrava nas urnas o Partido Popular, de Aznar.
A cepa herdeira do franquismo obteve uma vitória esmagadora nas eleições espanholas de 20 de novembro de 2011.
A votação recebida pelo conservadorismo, que hoje esfola e sangra o povo espanhol, estendendo o desemprego a 52% de sua juventude, garantiu-lhe, ainda, maioria folgada no Parlamento.
O paradoxo do 'sol e da escuridão' não pode ser esquecido, nem minimizado pelo frescor da indignação que ecoa agora de uma dezena de capitais do país.
Hoje, ninguém é de ninguém.
Em política, como dizem, com razão, suas 'raposas', não existe vácuo.
Na Espanha, a vitória eleitoral do ultra-conservadorismo, em 2011, só foi possível porque a abstenção, sobretudo jovem, atingiu proporções epidêmicas no berço mundial dos indignados.
A íntegra.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O que querem os nas ruas

Vi hoje o jornal nacional, depois de muitos anos, para ver a cobertura das manifestações. Vi coisas surpreendentes, que mostram como o canal que se acostumou a mandar nas autoridade do País está perdido. O que revela o baixo nível intelectual de quem o comanda. Enquanto o chefe estava passeando em Fortaleza, onde não acontecia (quase) nada, Patrícia Poeta, com cara de bunda -- pois não há outra definição para aquela cara de má vontade e desinteresse pelo trabalho que ela demonstrou hoje (será sempre assim? Não sei) --, comandava o jornal.
E no entanto fez jornalismo como há muito tempo eu não via. Mostrou todas as manifestações, disse em mini-editorial que é a favor da liberdade de manifestação e contra a violência, inclusive da polícia, e derrapou, para mostrar que continua sendo a mesma globo, ao denunciar funcionários lotados na assessoria da presidência da República, com nomes e fotos, como responsáveis pelo protesto em Brasília, sábado, que teria sido pago. Alguém disse isso em depoimento à polícia, a polícia divulgou e a globo, que funciona como porta-voz da polícia, amplificou a denúncia -- sem ouvir os acusados, como sempre. Ou seja: para não nos deixar esquecer que continua uma merda, depois de fazer jornalismo quase imparcial, fez questão de se sujar.
Mas em uma matéria um repórter citou que, ao passar pelo prédio da globo, em São Paulo, manifestantes gritaram frases contra a emissora, coisa que acontece desde as manifestações das diretas, mas nunca tinha sido levada ao ar.
Enfim, depois que jornalistas apanharam da polícia em São Paulo, semana passada, a imprensa protofascista resolveu cobrir as manifestações. E a cobertura revela toda a fragilidade dessa imprensa. Vi também outros canais e a confusão é geral. De tão acostumada a ser oficial, sensacionalista e contra os governos petistas, ela não consegue sequer expressar o que vê.
Na Bandeirantes, por exemplo, as imagens mostravam a violência da PM e o repórter narrava a violência... dos manifestantes!, brigando flagrantemente com as imagens. Pior: protegia-se atrás da tropa de choque e só entrevistava o chefe da polícia.
Apesar da cena do dia, que foi a comandante do policiamento da capital, depois de se perder dos seus comandados e acabar no meio da manifestação, foi conduzida sobre proteção até soldados do Exército, por um grupo de manifestantes.
Aliás, havia Exército nas ruas em Belo Horizonte, coisa que não aconteceu em nenhuma outra cidade. Belo Horizonte foi também a única cidade onde houve violência hoje. Em todas as outras a polícia foi mantida sob controle, para evitar as cenas da semana passada, mas em BH fez as covardias de sempre: bateu, jogou bombas, feriu e prendeu manifestantes pacíficos.
Tudo que está acontecendo é surpreendente, embora seja absolutamente compreensível. Vivemos todos os dias sob a violência, o incompreensível é que as ruas não se manifestem todos os dias como se manifestaram hoje.
A polícia militar, sobrevivente da ditadura, precisa ser extinta e substituída por outra, da democracia, que proteja os cidadãos e seus direitos, em vez de reprimir manifestações, prender e matar pobres e se aliar a bandidos.
Mas não é só a polícia que ainda é a da ditadura: a própria política brasileira é. Todos os ideais, bandeiras e esperanças que o fim da ditadura representaram foram corrompidos em 28 anos de governos civis; por fim, o próprio PT, que canalizou aqueles anseios num partido político, se curvou e se corrompeu, pensando que o certo é fazer como todos os outros, afinal, é assim que se governa, é assim que se ganha eleição etc. e tal.
O que surpreende nas manifestações atuais é a falta de organização institucional, a espontaneidade. Isso mostra, por um lado, que PT, sindicatos e velhas associações (bandeiras do PSTU foram renegadas, em São Paulo e em Belo Horizonte, o que mostra como o partido não tem qualquer liderança sobre o movimento), formados na luta contra a ditadura não representam mais o povo que vai para as ruas.
Por outro lado, mostra que este povo não tem organização: novas associações, sindicatos e partidos. Movimentos políticos vigorosos como este que não se organizam, acabam se esfacelando, se desviando, sendo cooptados e manipulados. Ainda mais por se tratarem de jovens, idealistas e inexperientes.
Representam, porém, tudo de bom que precisamos para o País e o mundo, mas já descremos. Só podemos esperar que essa nova geração mantenha seus ideais e não se corrompa como se corrompeu a geração que hoje está no poder. E na oposição.
Os problemas que a sociedade contemporânea enfrenta são grandes demais e, se exigem participação popular para serem resolvidos, também exigem organização. Sair a ordem que nos leva para o caos pode ser só o começo do caos.
Há muito mais o que dizer sobre essa onda de manifestações, como por exemplo, as consequências delas para o governo petista: é a primeira vez que ele enfrenta manifestações populares desde que está no poder, manifestações anteriores contra o "mensalão" foram ridículas manipulações da imprensa protofascista e não mobilizaram mais que centenas de pessoas. Isso, no entanto, pode esperar. Terá a presidente Dilma (assistida por seu guru Lula) sensibilidade para reagir à voz das ruas? Isto pode significar renunciar à copa do mundo. Fingir que não entendeu o recado, pode custar caro em 2014 -- não só na copa, mas na eleição.

Da revista vaidapé.
O que queremos? 
Por Paulo Motoryn, colaborador da Revista Vaidapé, estudante de Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP).

Desde o ato da última quinta-feira contra o aumento da passagem do transporte público em São Paulo, em que a violência e a repressão policial viraram notícia em todo o planeta, mais uma ameaça ronda o sucesso das manifestações organizadas pelo Movimento Passe Livre: a instrumentalização do povo.
A evidente mudança de postura da imprensa em relação aos protestos deve ser motivo de desconfiança, não de festa. Isso porque nos últimos dias, imperou o comentário: "Agora até a grande mídia defende as manifestações". Como se isso fosse algo positivo.
Por um lado, a máxima "não é só pelos 20 centavos" conseguiu convencer diversos setores da população a ir às ruas, por outro, abriu uma questão polêmica: se o aumento da passagem foi só o estopim, o que mais nos incomoda? Quais são os reais motivos do fim da letargia política em São Paulo?
A íntegra.

domingo, 16 de junho de 2013

A passeata dos 20 mil em BH

Ontem. Contra as copas da fifa e tudo mais. Convocada na internet. Pacífica. Cada um com seu cartaz. Principalmente jovens, mas não só. A maior dos últimos anos. Da Savassi até a outra praça, que já foi do povo e agora está fechada para a fifa. Admirável.

Do blog da kikacastro.
Cenas do protesto com milhares de pessoas em Belo Horizonte 
Fazia uma linda tarde de sol, com céu azul e jogo do Brasil inaugurando a Copa das Confederações. Aquelas pessoas poderiam estar na piscina, no buteco, ou simplesmente estiradas no sofá de casa, com uma latinha de cerveja na mão, de frente pra TV. Ah sim: também poderiam estar no Facebook.
Mas preferiram sair de casa, empunhando cartazes, faixas, bandeiras, apitos e narizes de palhaço, para protestar por uma causa que é ampla o suficiente para comportar dezenas de grupos diferentes, muitos dos quais apartidários. E, embora estivessem acompanhados de perto por policiais militares, na cavalaria, no choque, a pé, em motos e carros, tudo o que testemunhei desse protesto coletivo foi pacífico, do início ao fim.
Diz a polícia que havia 8.000 pessoas. No Facebook, 21 mil confirmaram. O fato é que havia muita gente, gente que nunca vi reunida, em tamanha quantidade e disposição, nos meus 28 anos de Beagá. Milhares de pessoas que percorreram juntas, ao menos das 14h às 16h30 (tempo em que acompanhei), um trajeto de 3 km.
A íntegra.

Uma prefeita exemplar

Ela tem muito que ensinar a Haddad. E a Lacerda, mas este não acredito que seja capaz de aprender.

Do Sul 21.
"Somos empregados do povo", diz a prefeita mais velha do mundo
Rachel Duarte
Gastar bem o dinheiro público, ouvir a população e ser honesta. Esta é a receita da prefeita canadense Hazel McCallion, de 92 anos, para estar no poder há mais de três décadas. Eleita com mais de 90% da preferência dos eleitores de Missisauga, província da região metropolitana de Toronto, na última eleição municipal, ela demonstra firmeza e disposição não vista em muitos jovens que passaram a integrar a política ao redor do mundo. Sem nenhum assessor, Hazel esteve no Brasil esta semana participando do III Fórum de Autoridades Locais de Periferia (Falp) e conversou com o Sul21.
A entrevista foi em pé, já que após os inúmeros registros fotográficos e sessões de autógrafos ela dispensou o convite da reportagem para sentar. "Estou bem assim. Só fale um pouco alto e deste lado para eu poder te escutar", recomendou, indicando o ouvido direito. O desgaste natural da audição com o amadurecimento não impede que esta seja a principal forma de alcançar bons resultados no governo municipal. "É necessário escutar a comunidade, se envolver. Pedir para eles te fazerem as perguntas e encontrar as respostas. Um prefeito tem que ter respostas. Nós somos empregados do povo", disse.
A íntegra.

Globo censura, Uol protesta

É a política do governo petista em andamento, com seus ganhos e suas perdas.
Aliado da fifa, que é aliada da Globo, Dilma foi poupada da divulgação da vaia que recebeu no Mané Garrincha, juntamente com Blatter -- que não foi capaz de falar meia dúzia de palavras em português e discursou em espanhol. (Aliás, competência não é o forte da fifa, que exige competência dos brasileiros: provocou filas quilométricas de torcedores, porque não foi capaz de distribuir os ingressos vendidos para o jogo de ontem.)
PT não quer confronto com a velha imprensa, por isso não faz a lei -- urgente e imprescindível, conforme palavras de Franklin Martins, ex-ministro de imprensa de Lula -- de democratização dos meios de comunicação.
Uol/Folha se sente traído pela Globo, já que a velha imprensa é o "partido da oposição".
Aqui uma boa análise da vaia de ontem, que evidencia as contradições petistas: os estádios reformados para as copas da fifa expulsam o povo, que não pode pagar fortunas pelos ingressos, e se tornam diversão da classe média endinheirada e reacionária, que lê veja e odeia Lula e Dilma.

Do Uol.
Globo não inclui vaia a Dilma e Blatter em vídeo à imprensa
A TV Globo não incluiu a vaia à presidente da República, Dilma Rousseff, e ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, entre os momentos mais relevantes de Brasil x Japão em compacto distribuído aos veículos de comunicação que fizeram a cobertura jornalística da Copa das Confederações neste sábado.
Por isso, o UOL e os demais veículos independentes da Fifa, viram cerceado seu direito de informar ao não poderem exibir a sequência em que Blatter e Dilma foram fortemente vaiados quando discursavam no estádio Mané Garrincha, em Brasília, para a abertura da Copa das Confederações.
Em todas as outras competições realizadas no país, a Lei Pelé permite que os veículos de comunicação escolham, a seu critério, os flagrantes que mereçam ser exibidos, desde que dentro de um limite de até 3% da duração total do evento.
A íntegra.

Entrevista exclusiva com o prefeito Haddad

A nova geração do PT do capital em âmbito municipal, na maior cidade do País. Seus argumentos são contestados pela esquerda do seu próprio partido, o PT dos trabalhadores. Observe no raciocínio do prefeito: ele não cogita em tirar do lucro das empresas, só do bolso dos usuários de ônibus e metrô, o que evidencia que interesses ele representa. Mas ele tem um sorriso simpático. O prefeito, que diz não entender o Movimento Passe Livre, pode dar uma olhada nos cartazes da manifestação hoje, em Berlim, talvez o ajudem a compreender. Também pode ler as análises sempre sensatas do Sakamoto e da Raquel Rolnik. E se quiser realmente saber como fazer a tarifa zero, pode ler aqui. E, ainda, se estiver lhe faltando assessoria política, pode ler aqui ou aqui. Mas se o caso é de assessoria econômica e gráficos para entender a realidade, pode ler aqui.
O som da entrevista é baixo (melhora com fones de ouvido), mas o que vale é a novidade do jornal GGN.
Embora Nassif, é preciso que se diga, funcione como jornalismo chapa branca: enquanto a velha imprensa bate, ele dá voz ao prefeito sem voz.
Não aperta o prefeito -- por exemplo, checando o aumento das tarifas acima da inflação desde 1994.
O prefeito diz que o sistema custa R$ 6 bilhões por ano e pergunta "como vamos financiá-lo?".
A resposta óbvia, que Nassif não faz, é: Como é financiada a construção dos estádios da copa? Como é financiado o agronegócio? Como são financiadas as empresas que se instalam no País? Como são financiadas todas as obras feitas pelo capital? Com dinheiro público!
Por que o Estado não pode subsidiar o transporte do trabalhador como subsidia os investimentos do capital?
Nassif não pergunta sequer quanto é a remuneração do capital no sistema. Qual a porcentagem de lucro das empresas privadas concessionárias? Qual é o volume de dinheiro que vai para o bolso dos empresário desse total de R$ 6 bilhões? Será que o prefeito saberia responder? Não seria bom o leitor saber? Não seria bom o usuário do transporte coletivo saber? Esta não é uma informação que o cidadão tem direito de ter?
Os governos petistas fazem uma escolha, como qualquer governo, e escolhem financiar o capital e cobrar a conta dos trabalhadores.
Nenhuma palavra também, nem do entrevistado nem do entrevistador, sobre a incompetência da polícia militar para lidar com manifestações populares legítimas, mas tem palavras veladas de censura aos manifestantes: "respeitando o Estado democrático de direito, não pode tudo".
Mas não é mesmo de se esperar do Nassif um posicionamento assim; ele não tem esse perfil de expressar pontos de vista populares, mas expressa um importante ponto de vista de uma classe média que não caminhou para o protofascismo, como aconteceu com os tucanos e seus eleitores.

Do Portal GGN.

Entrevista exclusiva com a presidente Dilma

Com as contradições de sempre dos políticos brasileiros: nada mais importante e urgente do que a educação. Por isso o governo está investindo bilhões na construção de... estádios para as copas da fifa. Aliás, o significado de educação para a presidente é a velha ideia de qualificar mão-de-obra para tornar as empresas competitivas.

Do portal GGN.
Dilma, exclusivo: estamos preparando o país para os próximos vinte anos
Luís Nassif
Criaram-se lendas de que Dilma irrita-se com críticas, a ponto de romper com o crítico. Não foi o que transpareceu na conversa de duas horas, quinta-feira, no Palácio do Planalto.
Um dos interlocutores de Dilma garante que a imagem da "gerentona" não faz justiça a ela. Segundo ele, poucos presidentes na história tiveram a visão estratégica de futuro de Dilma. "Ela sempre pensa no país daqui a 10, 15 anos", explica o interlocutor. "Não se inebria com resultados imediatos."
Na hora da operação, esbarra na fragilidade de alguns ministros e no acomodamento de outros. Aí, é obrigada a perder parte relevante do tempo corrigindo problemas operacionais. O álibi "Dilma truculenta" é invocada por muitos ministros para justificar sua própria mediocridade e apatia.
A entrevista revela uma presidente com plena clareza sobre os caminhos estratégicos do país.
Ao ouvir o nome do jornal GGN, pergunta a relação com o Grupo Gente Nova (GGN), organização de lideranças jovens cristãs, que vicejou em Minas nos anos 60. O berço do GGN foi Belo Horizonte e, através das freirinhas do Sion, Dilma e outros jovens faziam trabalho social em bairros pobres, discutiam política e o Concílio Vaticano 2 de João 23. O GGN transbordou para Poços de Caldas, também através de freirinhas – na caso, as dominicanas.
Dilma recorda desses tempos, compara com o que sua neta encontrará pela frente. E dá o mote para o início da entrevista.

O novo país 
GGN – Que país a senhora pretende que nossa geração entregue para a de nossos netos?
Dilma – Está vindo por aí uma nova geração totalmente diferente, que encontrará um país totalmente diferente do que nossa geração recebeu. Nós vamos transformar o Brasil em um país rico, de classe média. Pessoalmente acho que essa herança ficará não apenas eliminando a pobreza, mas conseguindo uma educação de altíssima qualidade. Só a educação permite um ganho permanente, irreversível. Por isso defendo os royalties para educação.
A íntegra.

As copas, a liberdade e a ditadura

No momento em que o País se encontra sob uma espécie de estado de sítio imposto pelo governo federal por exigência da fifa -- que reprime com violência protestos contra os desmandos feitos em nome das copas, proíbe manifestações de trabalhadores, festas juninas em espaços públicos, estacionamento de carros nas portas das casas nas imediações dos estádios, venda de acarajé e qualquer comércio que concorra com os dos patrocinadores das copas e outros absurdos -- é bom lembrar desses acontecimentos insólitos ocorridos no ano passado, no Rio de Janeiro.
Militares de pijama comemoraram com missa o golpe de 64, democratas protestaram na porta da igreja e foram violentamente reprimidos pela tropa de choque da PM; os militares apresentaram queixa contra o cineasta Sílvio Tendler, que teria gritado "abaixo a ditadura!" na porta da igreja, e ele foi intimado a depor na delegacia. Apresentou-se em cadeira de rodas, da qual depende para se locomover e informou que no dia do protesto estava em casa, devido às suas condições de saúde.
Os ditadores e torturados que não foram punidos, por conta da lei da anistia negociada entre o governo do falecido general presidente Figueiredo e o governo eleito indiretamente de Tancredo e Sarney, na "transição pacífica" para um regime político civil, continuam levantando a bandeira da "revolução de 1964".
A oposição ao governo petista, liderada pelos tucanos, tornou-se uma direita raivosa que namora o fascismo. Sob suas asas, esbravejam o STF de Joaquim Barbosa e a velha imprensa de direita.
E o PT caminhou para o centro, tornando-se o novo partido da ordem. Como tal, assume até a defesa da repressão violenta aos movimentos populares, dos quais se originou, feita pelas tropas de choque da polícia militar, organizada pela ditadura e mantida intocada na democracia.
Ao contrário de avançar, as liberdades conquistadas nas lutas das década de 1970 e 1980 e constitucionalizadas em 1988 estão retrocedendo.
Enquanto as polícias atuais não forem substituídas por uma nova polícia da democracia, que garanta a liberdade e os direitos de manifestação, em vez de reprimir o povo, e atuem em defesa da Constituição e não contra ela, a sombra de um novo estado de exceção estará sempre presente, inclusive em acontecimentos de pequena importância e ridículos como estas copas da fifa.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

A polícia militar e baderneira

Sem comentários. Aliás, um só um, repetir o mais importante: a Polícia Militar, como o próprio nome diz, é ainda a polícia da ditadura, corrupta e sanguinária, despreparada para a democracia; a democracia precisa de uma nova polícia, civil, que saiba lidar com manifestações públicas. Na democracia, a função da polícia é conter a violência, não é praticá-la nem insuflá-la como faz a PM em qualquer manifestação popular legítima e constitucional. Mesmo porque sua ação violenta é absurdamente desproporcional, covarde e criminosa, pois ela detém o monopólio das armas. Quando age assim, a polícia incita o armamento popular e o resultado é a guerra civil. É isso, em última instância, que estão estimulando os governantes e políticos que adiam, ignoram e impedem a reforma do sistema policial brasileiro.
Aqui a análise do lúcido Mauro Santayana.
Aqui uma análise da esquerda do PT (sim, ainda existe esquerda no PT) sobre as razões dos protestos e o aumento das tarifas muito acima da inflação ("As tarifas de ônibus aumentaram de R$ 0,50 em 1994 para R$ 3 em 2011, sendo que se fosse aplicada apenas a inflação do período elas teriam o valor de R$ 1,50 hoje; as tarifas do metrô subiram de R$ 0,80 em 1995 para R$ 3 em 2012, sendo que se fosse aplicada apenas a inflação do período, teriam o valor de R$ 1,84 hoje; os professores da rede estadual fizeram 3 semanas de greve no final de abril e o governo estadual tucano não cedeu nada; os professores da rede municipal de São Paulo fizeram outras 3 semanas de greve em maio e Haddad também não cedeu").

Do blog Escrevinhador.
A baderna é da polícia de São Paulo! 
por Rodrigo Vianna  
publicada quinta-feira, 13/6/2013 às 20:37 e atualizada sexta-feira, 14/6/2013 às 1:12

Atualização: No fim da noite, o prefeito Haddad (PT) saiu da toca e falou de forma clara: “(…) infelizmente, hoje não resta dúvida de que a imagem que ficou foi a da violência policial”. Haddad também disse que, nesta sexta-feira (14), avaliará as medidas que tomará para tentar conter a escalada de violência nos protestos. (Imagens via Facebook)

Qual o nome para o que a Polícia Militar fez em São Paulo durante mais uma manifestação contra o aumento das passagens de ônibus e metrô? Proibiu carros de som e megafones nas ruas, agrediu jornalistas e fotógrafos, encurralou manifestantes, atirou bombas a esmo, pisoteou a Democracia.
Desacostumado com manifestações públicas, o brasileiro aceitou a versão da velha mídia que, após os atos da semana passada, classificou os manifestantes como simples "baderneiros"?
Dessa vez, quem tentou impedir uma manifestação pacífica em São Paulo? Como se pode nomear as cenas protagonizadas pela polícia (e devidamente registradas e espalhadas em tempo real pelas redes sociais)? Baderna ou barbárie?
A polícia tentou cercear o direito à manifestação. Atacou a liberdade de expressão. Isso se chama "subversão". Sim, a PM paulista subverteu a ordem democrática.
A Polícia Militar foi baderneira e subversiva!
A íntegra.

Tostão e as cidades-fifa

Sim, até a universidade foi afetada pelo estado de sítio da copa. Bairros vizinhos também.

Da Folha de S. Paulo.
Poderosas cidades-Fifa
Tostão
As poderosas cidades-Fifa já tomam conta das áreas de dois quilômetros quadrados de raio em volta dos estádios. Paralisaram até a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Mais que isso, mesmo sendo só um ensaio para o Mundial, as cidades-Fifa prejudicam milhares de pessoas que querem estudar e trabalhar. Imagine na Copa.
É impressionante que, a um ano da Copa, já aconteçam milhares de eventos, festas, com tantas pessoas querendo faturar ou arrumar uma boquinha com o poder.
A íntegra.

PT, PSDB, Folha, Estadão e Globo: finalmente unidos!

A repressão tucana em São Paulo não é nova, a novidade é a adesão dos petistas, via prefeito Haddad e por conta do estado de sítio das copas, que o governo federal impôs ao País. Ainda é tempo do PT recuperar a razão.
A matéria da Folha é patética. Ela própria pediu repressão para os manifestantes. Agora fala em "falta de discernimento da PM". Traduzindo: bater e atirar em manifestantes, está certo, mas nos nossos repórteres (que trabalham como assessoria de imprensa da PM, para publicar o ponto de vista oficial reacionário), não.
E é com essa imprensa decrépita que o PT está perfilando. É essa polícia covarde (palavra da Folha) e sanguinária que o prefeito Haddad está apoiando.
O relato da repórter da Folha atingida no olho:  
Giuliana conta que um policial, que estava a cerca de 20 metros de distância, mirou em sua direção e disparou. Ela conta que estava com o crachá da Folha pendurado no pescoço, mas acredita que o policial não tenha visto a identificação. "Não estava protestando, não tinha nenhum manifestante na rua em confronto. Ele simplesmente apontou a arma na minha direção e atirou. Eu estava na porta do estacionamento, na calçada." 
Para a jornalista, o policial teve a intenção de atingi-la. "Eu não estava filmando, não estava tirando foto. Estava apenas na rua quando ele disparou", afirma. 
 Giuliana conta que cobriu os protestos de terça-feira (11) e de ontem e que a violência por parte da polícia estava maior no último protesto. "A situação estava fora de controle. Na terça, existia confronto. Ontem, as pessoas pediam para não haver violência e mesmo assim a PM jogou bombas e atirou com balas de borracha".

Repórter da Folha experimenta o "rigor da lei", pedido pelo jornal  

Do blog Escrevinhador.
A liberdade está salva!
Folha e Estadão pediram ordem: Geraldo Alckmin atendeu
por Rodrigo Vianna
Folha e Estadão são velhos defensores da ordem. Em 64, defenderam uma "ordem" curiosa: em nome da Democracia, era preciso atentar contra a Democracia. A gloriosa imprensa nacional implorou pelo golpe. E foi atendida. Nos anos seguintes, jornalistas foram presos, torturados. Na época, a maioria dos jornalistas tinha noção exata de que o interesse do patrão não era o interesse do jornalista. Os dois não se confundiam.
Os anos 90 transformaram os jornalistas em "novos-ricos", apesar de quase sempre mal pagos. O novo-riquismo se expressava em um jeito "moderno" de se vestir, que eu vi de perto na Redação da Barão de Limeira: chefes com calça pula brejo, gravatas coloridas, um jeito espalhafatoso que alguns chamavam de "yuppie". Muitos, mesmo sem ser chefes, embarcaram no modismo. Vestiram roupa dos chefes, passaram a pensar como os patrões. Jovens recem-saídos da faculdade chegavam às redações achando que eram sócios da "liberdade de imprensa" dos patrões.
Muitos jornalistas defendem as ideias do patrão porque se confundem com o jornal ou a revista (ou a TV, ou a rádio, ou o Portal da internet) em que trabalham. Claro que há exceções, há lucidez aqui e ali. E há aqueles que, simplesmente, lutam para sobreviver em redações cada vez mais insanas. Folha e Estadão, nas últimas semanas, forneceram um ensinamento importante. A opinião do dono do jornal não se confunde com o interesse do jornalista. Representantes do pensamento (?!) oligárquico, os dois ex-jornalões paulistanos passaram os últimos dias a implorar ao governador bandeirante: bote ordem no coreto, prenda e arrebente.
A íntegra.

Da Folha de S. Paulo.
Em protesto, sete repórteres da Folha são atingidos; 2 levam tiro no rosto
Sete jornalistas da Folha foram feridos com balas de borracha ou atingidos por spray de pimenta de policiais militares de São Paulo enquanto cobriam as manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus na região central. Os sete estavam identificados como profissionais de imprensa.
A repórter da TV Folha Giuliana Vallone teve a região do olho direito atingida por uma bala de borracha e foi hospitalizada. A Folha repudia toda forma de violência e protesta contra a falta de discernimento da Polícia Militar no episódio.
A cabeleireira Valdenice de Brito, 40, testemunhou o momento do disparo. "Quando ela me disse para sair dali por causa do tumulto, um policial mirou e atirou covardemente nela."
A íntegra.

O estado de sítio da fifa em Minas

Aceitar isso é aceitar o avanço do pensamento conservador. O que dizer então de que foi o próprio governo do PT que criou as condições para essa situação absurda de intervenção estrangeira no País? E por conta dessa coisa ridícula que são a copa do mundo e a das confederações. O povo não pode se manifestar, a população não pode fazer festa junina, os comerciantes não podem vender, os bares têm que tirar placas de propaganda, quem morava nas imediações das obras foi expulso, o museu do índio foi expulso, o acarajé foi proibido, a escola modelo do Rio foi despejada, os torcedores não podem mais ir ao campo, até parques esportivos foram despejados! Tudo isso pra quê? Para a fifa se locupletar, para as empreiteiras cobrarem o dobro pelas obras, no que incluem a cota dos políticos, para a rede globo e seus patrocinadores faturarem. E os torcedores ainda foram expulsos dos novos estádios, cujos ingressos são caríssimos, e sequer poderão ver os jogos! Quem explica como é que tudo isso pode ser feito por um governo popular? Com um governo popular assim, a elite nem precisa de um governo tucano.

Do Portal Minas Livre.
Justiça proíbe manifestações durante a Copa das Confederações
Por Thaís Mota 
Uma liminar da Justiça proibiu protestos e manifestações públicas durante os jogos da Copa das Confederações em Minas Gerais. A decisão foi divulgada nesta quinta-feira (13) e é resultado de uma ação do governo de Minas contra o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG) e o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil Estado de Minas Gerais (Sindpol/MG).
Em greve, as duas entidades sindicais estavam programando manifestações durante os dias de jogos em Belo Horizonte. O objetivo era chamar a atenção da população, do governo e dos turistas para a situação da educação e segurança pública no Estado. "Nunca dissemos que iríamos invadir o Mineirão. Apenas vamos mostrar à sociedade como o governo trata os policiais civis e os professores", destacou o presidente do Sindpol, Denilson Martins.
A íntegra.

Os retrocessos sociais, os sonhos e o PT

Enquanto o Movimento Passe Livre é massacrado pela PM em São Paulo (e em outras cidades) e o prefeito petista Haddad justifica a violência da polícia, é bom pensar sobre o que está escrito abaixo. O PT foi o partido que no Brasil representou o progresso social. No poder caminhou para o centro e compôs com a direita para governar. Foi um avanço em relação a governos anteriores, mas um retrocesso em relação aos seus propósitos e ideais -- aos "sonhos". como diz o artigo. Será capaz ainda de ocupar o espaço das transformações ou perdeu-se definitivamente? Quem ocupará esse espaço?

Do blog Luís Nassif Online via GGN.
Jovens vão às ruas e nos mostram que desaprendemos a sonhar. 

Aos que ainda sabem sonhar
André Borges Lopes 
O fundamental não é lutar pelo direito de fumar maconha em paz na sala da sua casa.
O fundamental não é o direito de andar vestida como uma vadia sem ser agredida por machos boçais que acham que têm esse direito porque você está "disponível".
O fundamental não é garantir a opção de um aborto assistido para as mulheres que foram vítimas de estupro ou que correm risco de vida.
O fundamental não é impedir que a internação compulsória de usuários de drogas se transforme em ferramenta de uma política de higienismo social e eliminação estética do que enfeia a cidade.
O fundamental não é lutar contra a venda da pena de morte e da redução da maioridade penal como soluções finais para a violência.
O fundamental não é esculachar os torturadores impunes da ditadura.
O fundamental não é garantir aos indígenas remanescentes o direito à demarcação das suas reservas de terras.
O fundamental não é o aumento de 20 centavos num transporte público que fica a cada dia mais lotado e precário.

O fundamental é que estamos vivendo uma brutal ofensiva do pensamento conservador, que coloca em risco muitas décadas de conquistas civilizatórias da sociedade brasileira.
O fundamental é que sob o manto protetor do "crescimento com redução das desigualdades" fermenta um modelo social que reproduz – agora em escala socialmente ampliada – o que há de pior na sociedade de consumo, individualista ao extremo, competitiva, ostentatória e sem nenhum espaço para a solidariedade.
O fundamental é que a modesta redução da nossa brutal desigualdade social ainda não veio acompanhada por uma esperada redução da violência e da criminalidade, muito pelo contrário. E não há projeto nacional de combate à violência que fuja do discurso meramente repressivo ou da elegia à truculência policial.
A íntegra.