quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Esses meninos perambulando pela cidade me recordam outro dezembro...


"Esses meninos uniformizados perambulando pela cidade em algazarra no meio da manhã me recordam outro dezembro. Vejo meus colegas na porta do colégio, ouço suas vozes. É semana de provas finais, não carregamos pastas nem livros, só lápis, caneta, borracha e a caderneta no bolso da blusa. Terminada a prova, os professores nos dispensavam, com a recomendação de voltar imediatamente para casa, mas poucos faziam isso. Ficávamos por ali, surpreendendo o mundo acontecer além dos muros da escola. As meninas dobravam na cintura a saia plissada, para encurtá-la, e arriavam as meias até os tornozelos; logo surgia um carro com motor envenenado que as levaria a lugares misteriosos. Bandos barulhentos enchiam pontos de ônibus e tumultuavam as lotações, em busca de aventuras no centro da cidade: subir e descer nas escadas rolantes da Galeria do Ouvidor, entrar em lojas de discos e salões de cabeleireiros, percorrer os corredores das Lojas Americanas, remar no Parque Municipal…"

Assim começa o romance 17, passado num longínquo dezembro do começo dos anos 1970, no qual festinhas, jogos de futebol, festejos de Natal e réveillon são ambientes de ingênua rebeldia de uma turma de adolescentes belo-horizontinos contra a repressão dos velhos caretas. Primeiro volume da trilogia Cadernos do Calbercan, 17 retrata as angústias de uma geração prestes a se tornar adulta, que tenta compreender o mundo, o Brasil e os seus corações no auge da ditadura militar. 

Se você tiver interesse em ler a trilogia composta também pelos livros 1972 e 1977, ou o novo livro do autor, O homem que não gostava de trabalhar, pode entrar em contato com o autor pelo zap 31-9-97051955. Para entrega em BH, os livros custam R$ 36, R$ 35, R$ 42 e R$ 50, respectivamente. Para outras cidades, será acrescentada a taxa de correio. O pagamento pode ser feito por pix. Os livros também estão à venda na banca do Odair José, na Savassi (Avenida Getúlio Vargas, entre Antônio de Albuquerque e Alagoas), na livraria Scriptum (Rua Fernandes Tourinho, 99), na livraria virtual do Grupo Editorial Atlântico e outras livrarias na internet.

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Livro 'O homem que não gostava de trabalhar' já está à venda


Acaba de sair o meu novo livro, O homem que não gostava de trabalhar

O reencontro de amigos depois de duas décadas. Uma transformação surpreendente. Uma vida misteriosa sendo desvendada. Uma história de amor com final feliz. Estes são alguns dos ingredientes do quarto romance de Calbercan Fonseixas Costa, que tem como pano de fundo as turbulências políticas num país em crise e o balanço das experiências de uma geração que ajudou a construir a democracia brasileira. 

O livro pode ser comprado diretamente do autor, por R$ 50, em contato pelo zap 31-997051955 e pagamento por pix, para entrega em Belo Horizonte. Para outras localidades, envio pelo correio, com acréscimo da taxa deste. Também está disponível na banca do Odair José, na Savassi (Getúlio Vargas, entre Antônio de Albuquerque e Alagoas), e na página da livraria da editora.

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Para entender o conflito Israel x Hamas

Não é irrelevante o fato de Breno Altman ser judeu, por seu conhecimento do assunto e, nesse caso, por sua posição independente, fato difícil de ver numa imprensa influenciada pelo poder econômico e pela superficialidade endógena do jornalismo. 

O que é o sionismo? 20 Minutos Análise, por Breno Altman  

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

O Brasil do Olhar Estrangeiro, parte 6: O Brasil do revolto século 21

O futuro

Os dois vídeos abaixo, cada um a seu modo, falam da mesma coisa: o futuro. O segundo, sobre marxismo, fala do que era o futuro no fim do século XIX, e o primeiro fala do que será o futuro no final do século XXI, ou antes, nas próximas décadas, ou muito antes, nos próximos anos. O que me impressiona, me estarrece e entristece é como essa corrente de pensamento política, social e econômica, que há um século e meio pareceu tão promissora, virou uma coisa tão velha quanto as religiões neopentecostais, sem ter mais o apelo popular que estas, de forma igualmente estarrecedora, têm. 

Em 2023, a questão política é a sobrevivência da espécie humana, depois de exterminar grande parte das outras, e o que o pensamento científico precisa fazer é ser capaz de iluminar, mobilizar e dirigir o homo sapiens rumo a outro modelo de vida, coisas de que o vetusto e velhaco marxismo foi incapaz. Os marxistas, porém, continuam posando de progressistas, como se tais fossem, dizendo as mesmas ladainhas de meio século atrás, como sectários viciados no próprio pensamento que repetem sem parar uns para os outros, sem olhar a realidade em volta, muito menos para o futuro. Desconsiderando isso e ouvindo com velocidade 1.5 ou até 2.0, é uma aula de história do pensamento marxista, baseada em livro cuja leitura parece interessante. E Altman, como bom sectário, demonstra sua ignorância. 

O primeiro vídeo trata do que realmente importa: a mudança de ideologia, política e economia pela espécie humana sapiens para uma civilização que considere as demais espécies e busque viver em harmonia com elas, para sobreviver. 

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Walk On By: Hadley Hockensmith & Tim Carmon

A música nos salva, salvará? Quando todos formos músicos, o mundo será bom?

quarta-feira, 19 de julho de 2023

I'll be seeing you (2)

Outra versão, contemporânea. E tem aquela famosa, com Rod Stewart.

I'll be seeing you - Fasouli | Bereris | Papanikolaou | Remsak

I'll be looking at the moon but I'll be seeing you

Que coisa mais linda. 

Billie Holiday - I'll Be Seeing You (Audio).

segunda-feira, 17 de julho de 2023

Jane Birkin (1946-2023)

La plus belle chanson d'amour. La voix plus belle du monde. La plus belle femme (comme ça Françoise Hardy). Primeiro e único orgasmo feminino gravado em música. Mais de cinquenta anos se passaram e nada tão transgressivo aconteceu. O que ficou? A beleza eterna da arte. Em 2023 como em 1969 a música é bela como a bela Jane Birkin. Não há experiência superior nessa vida ao sexo com a mulher amada. 

terça-feira, 11 de julho de 2023

sexta-feira, 16 de junho de 2023

Galpão: o Brasil é um cabaré

Aplausos para o Grupo Galpão, que mais uma vez estreia nova temporada em BH até este domingo, 18/6. É Cabaré Coragem, um espetáculo maravilhoso nesses tempos repetidamente, interminavelmente sombrios, secos, enfumaçados. Em 2023 não é possível falar do Brasil a não ser como um cabaré. Talvez nem o Galpão nem ninguém, nem cientistas políticos, muito menos jornalistas políticos, ou sociólogos, psicanalistas, cientistas de todas as modalidades saibam direito do que estamos falando quando tentamos interpretar esse país sob nova administração desde 1º de janeiro deste ano que continua governado por bozoístas, centrãozistas e todo tipo de gente que não foi eleita para governar, mas faz isso desde 1500 e apesar da Constituição de 1988, democrática e cidadã, respeitada pelos poderosos apenas quando lhes convém, ignorada pelos comuns. O Brasil é um cabaré, não o cabaré charmoso dos musicais de Brecht e Weill, mas um cabaré Bye Bye Brasil de beira de estrada na Amazônia dominada pelo crime, onde sonhamos um dia descerá um índio de uma estrela colorida brilhante, no Bloomsday ou em outro dia, no Cerrado eterno de Guimarães Rosa que o grande JK começou a destruir, no Pantanal sem igual, mundo de água que se transforma em deserto, na Mata Atlântica que virou madeira para europeus, nesta Serra do Curral e outras que viraram buracos de minério exportado, apesar das elegias eternas do nosso Carlos, há cinquenta anos. Quando se trata de destruir riquezas e cantar nossas misérias num cabaré, nós, mineiros, mineradores, poetas, conspiradores, sabemos como fazer. Sem utopias nem ilusões, em 2023 nos reunimos para cantar e beber e rir e chorar no cabaré em que transformamos o país do futuro.  

https://www.grupogalpao.com.br/_next/image?url=https%3A%2F%2Fimages.prismic.io%2Fgalpao%2F2e8d5ed4-bde5-40ef-9f4b-6aefd018f17f_20230518_GrupoGalpa%25CC%2583o01284.jpg%3F&w=640&q=90

sábado, 13 de maio de 2023

1977, 1968 e um mundo sapiens

Frei Beto (vai assim mesmo, com um tê só, porque não gosto dessa coisa de letra dobrada e acho que não combina com ele) escreveu num artigo publicado no Diplô (Le Monde Diplomatique Brasil) neste começo de maio ideias boas, lúcidas e ingênuas. “Políticas sociais mudam a cabeça do povo?”, pergunta no título, que pode ser lido exclusivamente por assinantes clicando aqui. Admiro o frei e sua rica história do lado do bem, mas tenho dificuldade de entender suas ideias, que expressam uma espécie de ingenuidade dos melhores bem-intencionados da nossa geração.

Esse negócio de geração é engraçado. Não faço parte da geração de frei Beto, sou um tanto mais novo que ele, pertenço à geração de 1977, não vivi 1968, ano que mudou radicalmente o século XX. Só nove anos separam os acontecimentos que nos marcaram, mas foi um novênio suficiente para nos colocar em gerações diferentes. Ao mesmo tempo, a diferença de idades é insuficiente para que meu xará fosse, digamos, meu pai. Minha geração é muito diferente da geração do meu pai e foi a “geração” de frei Beto, que não podia ser meu pai, mas é um pouco velho para ser filho do meu pai, que criou a ruptura entre as gerações, de forma que rompemos com nossos pais, ainda que continuássemos vivendo como eles (segundo Belchior, ele próprio da geração do Beto), nos espelhando na geração de 1968.

A relação da geração de 1977 com a geração de 1968 – e aqui me refiro especialmente à geração universitária, porque foi no movimento estudantil principalmente que a geração do meu xará e a minha se expressaram – foi muito forte, inspiradora e castradora ao mesmo tempo. Nossos “irmãos mais velhos”, digamos assim, foram à guerra, lutaram, voltaram ou morreram como heróis e nós os vimos lutar e ouvimos contar suas histórias. Crescemos admirando-os, antes do desfecho inglório da sua luta, e venerando-os em seguida. Frei Beto é só um daquela época que teve heróis guerrilheiros como Fernando Gabeira, Guilherme Palmeira e José Dirceu, entre tantos outros, para citar os vivos, que preparavam a revolução iminente e cuja influência mais profunda veio pela música popular, cujos heróis eram Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Mutantes e muitos, muitos mais, isso sem falar nos estrangeiros.

Enquanto nossos heróis iam à guerra, nós ainda brincávamos e os admirávamos pela televisão. De repente, sumiram, mudaram de país ou de estilo musical. Outro Brasil nos era apresentado nos meios de comunicação, escolas e instituições, mas a gente sabia que nossos heróis continuavam ativos – no exílio ou na clandestinidade. Naquele novênio vivemos na mais completa ignorância e obscurantismo, tudo de bom com que tínhamos contato era dito ou mostrado de forma cifrada, sub-reptícia, camuflada, num armazém alternativo de Secos & Molhados montado por Novos Baianos num Clube da Esquina… E quem é que nos instruía, em discos, shows, peças, filmes ou organizações clandestinas? Nossos irmãos mais velhos sobreviventes de 1968.

Escrevo tudo isso para esclarecer como foi importante a relação da minha geração com a geração de 1968. Nós, que em 1977 lideramos a retomada da contestação à ditadura militar, com valentes movimentos estudantis, fomos terrivelmente submissos aos nossos veneráveis irmãos mais velhos. Nós estávamos na linha de frente, mas éramos profundamente ignorantes, e não podia ser diferente, depois de treze anos de ditadura, de nove anos de censura e repressão cruel, e quem pensava por nós eram eles, os sobreviventes de 1968. 

Só um pouco depois de 1977, os mais jovens de nós – que também fazem parte da nossa geração, mas eram nossos irmãos caçulas, digamos assim (eles sim talvez pudessem ser filhos da geração de 68) – se diferenciaram e afirmaram a personalidade própria da nossa geração, que se traduziu no chamado rock Brasil dos anos 1980, cuja estrela maior é Cazuza. É verdade que Asdrúbal Trouxe o Trombone é uma das mais excelentes expressões da minha geração e antecede 1977, mas em BH a personalidade da geração de 1977 explodiu quando o movimento estudantil refluía e já tinha cumprido seu papel. Politicamente, a expressão da minha geração é a chapa Roseta, lançada para o D.A. Fafich por Edwaldo Zampier, quem melhor compreendeu aquele momento, e na sequência a chapa Onda, vitoriosa no DCE UFMG – sucessos efêmeros. Na arte, o Grupo Galpão foi quem expressou melhor as inquietações nem um pouco stalinistas da nossa geração – sucesso duradouro.  

Ouso dizer que nossos irmãos mais velhos, com toda sua rebeldia e seu heroísmo, formaram, porém, a última geração stalinista. Sim, porque o stalinismo estava definhando, o próprio tinha falecido em 1953, mas sua influência no pensamento marxista foi e era ainda capital; a geração de 1968, crítica do stalinismo, desgraçadamente seguiu sendo stalinista e em parte o é até hoje. Nossos irmãos mais velhos, que tinham vivido experiências de uma época gloriosa – os anos 60 – que nós não vivemos nos transmitiram essa herança nefasta.

Em 2023 as marcas do stalinismo permanecem nas lúcidas e bem-intencionadas reflexões de frei Beto. Afinal, o que se pode dizer de um homem do nosso tempo que se cala sobre as mazelas da revolução cubana, conhecendo a ilha e seu regime de perto e por dentro, num convívio de mais de meio século? Eu, que nunca estive lá, mas, de cá, leio o que posso e acima de tudo a brilhante literatura de Leonardo Padura, sei que também em Cuba o socialismo fracassou. O primeiro passo da atividade intelectual é aceitar a realidade, é não se negar a ver a verdade. Vamos em frente, podemos até continuar defendendo Cuba, o socialismo, a revolução, o marxismo, mas comecemos reconhecendo o óbvio. Qualquer outra postura é ideológica, é religião, não é conhecimento.

Está certo, meu xará é religioso, cristão, católico, soldado da igreja católica, posição que concilia com o marxismo e o socialismo. Não vejo problema nisso também, compreendo o ambiente que contempla valores cristãos num “comunismo primitivo” e aproxima as duas ideologias. A questão fundamental para mim é que já passou da hora da geração de 1968 amadurecer intelectualmente.

A realidade é dura, o mundo caminha entre catástrofes para o abismo e não dá para ficar brincando de revolução nem para continuar militando em seitas maniqueístas. Precisamos urgentemente enxergar a realidade para agir nos limites do possível e do razoável e tentar salvar o planeta para as futuras gerações. Construir, enfim, um mundo sapiens no sentido exato do nome: um mundo sábio.


terça-feira, 2 de maio de 2023

Procure uma estrela

Look for a Star (Remastered), de Tony Hatch. 

Quando essa música se tonou sucesso mundial, inclusive no Brasil, tocando em rádios e programas de televisão, eu tinha cinco anos. É uma das canções mais antigas de que me lembro e me provocava uma melancolia profunda, não a versão original, cantada por Garry Mills, mas essa outra, orquestrada por Billy Vaughn, que tem instrumentos estranhos, teclados, acho, que penetram o peito como espadas pontiagudas. A música parece alegre, mas é melancólica. Até hoje tenho a lembrança da tristeza que me assaltava quando a ouvia. Uma curiosidade: no seu primeiro álbum, quando cantava de tudo e ainda não tinha entrado no ié-ié-ié, Roberto Carlos gravou uma versão dessa música.

sábado, 4 de março de 2023

quarta-feira, 1 de março de 2023

Mônica de Bolle, olhando o Brasil de fora: industrialização e reindustrialização

Há muito tempo penso com a minha cabeça, não sigo ninguém, não sou filiado a partido ou corrente política, filosófica, econômica etc., mas várias vezes na minha vida me identifiquei com algum intelectual ou artista que diziam o que eu pensava. Atualmente, quem fala mais coisas que me interessam e com as quais concordo é Mônica de Bolle, que há nove anos mora nos EUA e trabalha numa importante instituição econômica em Washington. Esse vídeo é interessante pelo conteúdo específico, mas também pelos comentários iniciais que assino embaixo. Ouvir Mônica de Bolle é um alento.

 

domingo, 19 de fevereiro de 2023

A classe dominante brasileira repensa a Amazônia

No programa Entrelinhas, de 17/2/2023, da TV Cultura de São Paulo, o banqueiro e intelectual João Moreira Sales mostra que a classe dominante brasileira finalmente começa a ver a Amazônia com outros olhos.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

'Grande' imprensa servil ao mercado e que se diz liberal pratica censura

A consagração da censura 

Jânio de Freitas, Poder 360, 17/2/2023 

No século 21, ainda há dirigentes de “mídia” – jornalistas profissionais ou não – que se ocupam de sonegar ou enfraquecer certas notícias, possuídos de uma visão patológica. É um vezo paranóico associado à falta de ética. A decisão repressiva parte de quem se imagina, e à sua publicação, com um poder gigantesco de influência sobre o leitor/ouvinte, visto, portanto, como inferior, incapaz de discernimento. A ética profissional e a pessoal, sempre indissociáveis, não convivem com os vezos paranoicos. 

Servilismo político e interesses financeiros tanto se alternam como se confundem na prática desse autoritarismo, vá lá, midiático. Dele vieram, nos últimos dias, 2 casos, exemplares. 

 A sociedade inteira recebe os reflexos dos juros oficiais, que o Banco Central estabelece com a autonomia de que desfruta há exatos 2 anos. A altitude dos atuais 13,75% contrapõe-se aos programas do governo, sobretudo aos sociais que são a sua prioridade. Um impasse complexo. Com mais 2 anos de mandato, Roberto Campos Neto preside o banco na condição de adepto íntimo do bolsonarismo e indemissível. 

O alcance dessa situação irracional, as formas da autonomia e ela mesma suscitaram reações do governo encabeçadas pelo próprio presidente Lula. A indisfarçável oposição majoritária da “mídia” abriu fartos espaços a economistas, políticos e empresários em ataques ao presidente e em defesa do Banco Central tal como está e faz. E daí se iniciou algo tão necessário quanto raro aqui: um debate público. Público em todos os sentidos. 

Clique aqui para ler a íntegra no Poder 360. 

Aqui link para a newsletter da economista Mônica de Bolle sobre o assunto: https://bolle.substack.com/p/episodio-9-a-solucao-para-a-censura?utm_source=podcast-email%2Csubstack&publication_id=904670&post_id=103493280&utm_medium=email#details  

E abaixo, matéria sobre a entrevista do economista André Lara Resende ao Canal Livre que a "grande" imprensa econômica dominada pelo mercado ignorou. 

 


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

Pobre tem direito a morar com a mesma dignidade do rico

Pode surpreender muita gente, mas grande parte do governo Lula foi dar continuidade ao plano de obras da ditadura militar, como as hidrelétricas na Amazônia e o Minha Casa Minha Vida. É um programa que nasceu na Revolução de 1930, continuou na democracia populista, ganhou forma e pujança nos anos JK e foi mantido pela ditadura até a crise que derrubou o “milagre brasileiro” e mais tarde o próprio governo militar. Chama-se “desenvolvimentismo”. É o ideal de todos os governos brasileiros e o governo Lula foi o que lhe deu maior impulso. A questão é que desenvolvimento no século XXI precisa considerar sempre como ponto de partida o meio ambiente, coisa que os governos petistas ignoraram, assim como habitação não pode ser atender a demanda da construção civil, mas antes de tudo atender a demanda da população pobre: morar com dignidade em local que ofereça todos os serviços públicos que os ricos que moram em bons bairros centrais têm, isto é, acesso a saúde, educação, transporte, lazer, cultura e segurança. Isso se chama democracia.


A volta do Minha Casa Minha Vida e a política habitacional no Brasil

Aline Pellegrini e Letícia Arcoverde, Nexo Jornal, 14 de fevereiro de 2023 (atualizado 14/2/2023 às 19h48)

Governo Lula relança programa que incentiva produção e aquisição de residências. Iniciativa tem como foco construções subsidiadas para famílias de baixa renda

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva relançou nesta terça-feira (14) o Minha Casa Minha Vida. O programa, que foi substituído pelo Casa Verde e Amarela de Jair Bolsonaro em 2020, volta agora com um novo formato e vai retomar a construção de residências subsidiadas pelo governo. O Durma com Essa resgata a trajetória dos mais recentes programas habitacionais do país, as críticas à primeira versão do Minha Casa Minha Vida e as mudanças na iniciativa.

Clique aqui para ouvir a íntegra no Nexo.

O que nos espera

A iniciativa das Nações Unidas mostra a gravidade das mudanças climáticas.

O projeto da ONU para disseminar sistemas de alerta do clima

Lucas Zacari, Nexo Jornal, 14 de fevereiro de 2023 (atualizado 14/2/2023 às 14h18)

Iniciativa quer que até 2027 todos os países consigam proteger população de eventos climáticos extremos com antecedência. Caribe foi primeira região a receber programa

A ONU (Organização das Nações Unidas) lançou em 6 de fevereiro em Barbados, pequeno país insular do Caribe, a Iniciativa de Alerta Prévio para Todos, um projeto que pretende criar sistemas de alerta precoce contra perigos climáticos em todo o mundo até 2027.

O Caribe é a segunda região mais propensa a desastres climáticos do planeta. Apesar disso, apenas 30% dos países filiados à Agência Caribenha de Gerenciamento de Emergências em Desastres possuem sistemas de alerta precoce contra desastres naturais.

Neste texto, o Nexo mostra os principais pontos da iniciativa mundial e como funcionam os alertas no Brasil. 

Clique aqui para ler a íntegra no Nexo Jornal.

Quando a gente pensa que já viu tudo

A realidade supera a ficção. 

Por que russas grávidas estão indo à Argentina para parir

Marcelo Montanini, Nexo Jornal, 14 de fevereiro de 2023 (atualizado 14/2/2023 às 22h29)

Ida de milhares de gestantes a país sul-americano desde início da guerra na Ucrânia acendeu alerta de autoridades, que investigam suspeitas de fraudes em pacotes de ‘turismo de nascimento’

O governo da Argentina identificou a entrada de cerca de 10,5 mil russas grávidas no país desde o início da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022. Desse número, 5.819 viajaram nos últimos três meses.

O movimento de gestantes russas levantou a suspeita das autoridades argentinas de que grupos mafiosos estejam lucrando com o chamado turismo de nascimento. Neste caso, a obtenção de um passaporte argentino seria o objetivo principal.

Neste texto, o Nexo resume como funciona o movimento identificado entre Rússia e Argentina, quais fatores o impulsionam e o que as autoridades sul-americanas investigam. 

Clique aqui para ler a notícia completa no Nexo.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Aplausos para Burt Bacharach (12/5/28 - 8/2/23)

Compositor teve canções gravadas por artistas como Dionne Warwick, Aretha Franklin e Tom Jones. Obra ficou marcada por trilhas para o cinema

Foto: Dylan Martinez / Reuters 27/6/15. Burt Bacharach se apresenta no festival de Glastonbury, no Reino Unido.

Burt Bacharach sentado em um piano, tocando de terno e gravata.

O músico Burt Bacharach morreu nesta quinta-feira (9) aos 94 anos. A morte foi confirmada por sua agente Tina Brausam. A causa não foi divulgada. (CORREÇÃO: A MORTE FOI NO DIA 8.)

Bacharach nasceu em 1928 em Kansas City, no estado do Missouri, nos EUA. Ele começou a carreira na música nos anos 1950, quando emplacou seus primeiros sucessos, já em parceria com o letrista Hal David, com quem colaborou por mais de 15 anos.

A fama do músico cresceu ainda mais na década de 1960, quando compôs algumas das canções mais icônicas de sua carreira. Uma delas é “I Say a Little Prayer”, de 1966, cantada por Dionne Warwick e regravada posteriormente por diversos artistas. Warwick foi uma das artistas que mais gravou composições de Bacharach – a lista inclui também Aretha Franklin, Herb Alpert, Tom Jones e o brasileiro Sérgio Mendes.

Segundo levantamento do jornal britânico The Guardian, Bacharach atingiu a lista de 40 músicas mais vendidas 73 vezes nos EUA, e outras 52 vezes no Reino Unido. 

Clique aqui para ler a matéria completa no Nexo.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Os ianomâmis somos nós

 

As análises da sensata Mônica de Bolle são muito boas. Com seu amplo conhecimento, ela mostra que a discussão sobre a taxa de juros é uma discussão política, não é econômica. E que Lula mete os pés pelas mãos ao atacar o BC. O hábil Lula não está sendo habilidoso. "Bater cabeça com o BC não é pragmático, não ajuda, só afunda o Brasil no atoleiro. Nem o BC tem que pressionar o governo nem o governo tem que pressionar o BC a fazer nada. Não é assim que funciona. Nos EUA não é assim, o FED e o governo cooperaram entrei si", explica Mônica, que concorda que a taxa de juros no Brasil está muito acima do que deveria estar. 

O que ela não diz (no finalzinho do vídeo, quase diz), mas escancara, porque é a conclusão óbvia, é que os juros são tão altos porque o capital financeiro manda no Brasil. Manda no BC, manda na Globo, manda na CNN, manda na Folha, manda no Estadão, manda até na piauí!, que é uma revista de banqueiros. E mandava no governo anterior. Tudo na política se resume a quais são os interesses que prevalecem no governo -- e o BC é um instrumento de governo. E Lula e o PT praticam a política do confronto e da polarização, em vez de buscarem a cooperação. 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos pela redução da idade de aposentadoria!

Centrais sindicais protestam contra reforma da previdência do governo Emmanuel Macron

Absurda como tudo no capitalismo, a reforma da Previdência que políticos de esquerda, cientistas políticos, economistas, analistas, jornalistas e até dirigentes sindicais acham normal. Estão todos comprometidos até a medula com o sistema. Deveriam estar lutando pela redução da idade de aposentadoria, assim como pela redução da jornada de trabalho. A vida é pra viver, não é para trabalhar! Que fique bem claro: as pessoas que defendem o aumento da idade da aposentadoria não trabalham! São todos uns sanguessugas dos trabalhadores, vivem do trabalho alheio, de privilégios do Estado, de rendas, de lucros, do capital. E vêm com esse discurso hipócrita de que a Previdência está falida, na França, no Brasil, em toda parte.

Música do dia: Caymmi, Dois de Fevereiro

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Oh Yoko!

No dia 18 do próximo fevereiro Yoko Ono completará 90 anos.

A segunda posse do Lula


 

No seu comentário de hoje no UOL, o jornalista Josias de Souza disse que Lula teve ontem, na reunião seguida de caminhada pela Praça dos Três Poderes com os governadores e representantes do Legislativo e do Judiciário, uma segunda posse. Me parece o resumo perfeito de tudo que está acontecendo no Brasil desde a invasão dos palácios do Planalto, do STF e do Congresso pelas hordas de bozoístas domingo 8/1/23. Quarenta e oito horas depois daquelas cenas estarrecedoras, uma semana depois da sua posse, o governo Lula começa novamente, hoje, na forma necessária, de união nacional na defesa da democracia.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Relato de uma jornalista no Congresso em 8/1/23

 

O vídeo acima contém um excelente relato de uma (ou um) jornalista de O Tempo que acompanhou a invasão do Congresso ontem. Ela foi cercada, agredida, roubada e ameaçada de morte com revólveres nas costas e na cintura por não estar vestida como "patriota", não se comportar como eles, ser considerada "infiltrada". 

É o único relato de jornalista que ouvi e vi até agora, porque o que aconteceu ontem foi uma versão distópica, como se diz agora, daquele documentário "A revolução não será televisionada". No Brasil de 2023 a imprensa foi interditada, não pelo governo nem pelos barões da mídia, mas pelos próprios manifestantes de extrema direita. Cobrir os extremistas é correr risco de vida. 

Tudo que vimos ontem foram imagens de longe ou posteriores feitas pela imprensa e imagens de perto feitas pelos próprios criminosos, uns imbecis alucinados que produziam provas contra eles mesmos. A imprensa, exceto essa admirável repórter, não acompanhou os fatos, como aconteceu na invasão do Capitólio, há dois anos, quando uma repórter da Globonews, por exemplo, transmitiu direito do meio da confusão, entre invasores e polícia. 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Dia de Reis

Trecho do livro 17

-Vale seis, ladrão de milho!
Tio Quito deu um pulo jogando a cadeira para trás e começou a gesticular em direção ao tio Lindolfo.
-Seis só! – repetia.
Em volta deles, a meninada tentava entender aquele teatro que se repetia uma vez por ano. Na mesa estavam os quatro jogadores: papai, tio Tom, tio Quito e tio Lindolfo.
Tio Lindolfo dera as cartas.
-Eu sou pé – disse.
E fez a primeira mão matando um três jogado pelo papai com um sete de ouros. Na segunda, tio Quito foi obrigado a gastar o zap, a carta mais alta do jogo, para matar outro três. Agora, na mão decisiva, papai jogava mais um três e tio Tom não deixava passar.
-Truco esse três – disse.
Tio Quito fez cara de surpresa. Coçou o queixo, olhou para papai.
-Jogamos errado – comentou.
-Truco! – entusiasmou-se tio Tom.
-Quanto eles têm? – quis saber tio Quito.
Papai contou:
-Com o truco eles fecham a partida.
Tio Quito fez que ia pôr sua carta no baralho, mas voltou a mão.
-Vamos ver? – sugeriu.
-Ainda tem um três rodando – observou papai.
-Vocês vão ou não vão? – perguntou tio Tom, impaciente.
-Cai – ordenou tio Quito.
Tio Tom sorriu e jogou na mesa sua carta, certo da vitória. Era mais que um três, era a espadilha. Tio Quito coçou o queixo outra vez, o olhar desolado. Tio Tom fez menção de puxar os grãos de milho. Foi quando tio Quito deu o pulo da cadeira e gritou, assustando todo mundo.
-Vale seis, ladrão de milho! Vale seis!
Tio Quito era o rei do truco. Podia não ser o melhor jogador, mas era a principal atração do Dia de Reis, quando se comemorava lá em casa o aniversário de casamento dos meus pais. Aprontava tal estardalhaço que a gente nunca sabia se ele tinha ganhado ou perdido: ria, gritava, gesticulava, fazia sinais, piscava, levantava, sentava, e até subia na cadeira.
Tio Quito era o rei do truco e a alegria da meninada. Sempre chegava com balas ou outra guloseima nos bolsos, repetindo vovô, que no trajeto da sua casa à nossa ia deixando balas debaixo da porta de toda casa onde havia criança. Irmão mais velho de papai, tio Quito fazia contraste com ele. Papai era severo, contido, certinho; tio Quito era brincalhão, carinhoso e desbocado; papai era forte, saudável, jogava futebol, tio Quito era miúdo, cego de uma vista e mancava; papai estava sempre sóbrio, tio Quito adorava uma cachacinha. Papai, o mais bem-sucedido dos irmãos, lamentava frustrações pessoais – uma delas envolvendo o próprio tio Quito: cedendo a pressões familiares, papai vendeu barato o lote do Caiçara ao irmão, que não construiu e se desfez do imóvel. Tio Quito, simples balconista, funcionário na loja do sogro, sem casa própria, gozava a vida com humor e alegria. Tinha sempre uma história pra contar.
-Escuta esta aqui – dizia, chamando um dos sobrinhos para sentar do seu lado.  

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quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Conflito distributivo

Começou um novo governo e começou uma nova fase do conflito distributivo. 

Isso significa que ao fazer mudanças na economia o novo governo vai afetar interesses e que os interesses que estão ganhando vão reclamar. Mônica de Bolle explica isso muito bem, de forma que todo mundo entende, desmascarando "o mercado". 

"O teto de gastos é inconstitucional. A tecnocracia ignora a Constituição. Essa economia não serve mais. Essa economia levou o mundo ao estado de extrema desigualdade que hoje temos", diz Mônica, que é economista excelente e trabalha nos EUA. O que dizer? Não há nada a acrescentar, exceto bater palmas.

Quando os analistas e pseudojornalistas da Globoetc. dizem "o mercado" na verdade estão falando dos interesses dos ricaços e dos que têm influência na mídia, na Globo, na Folha, na CNN, na Band, no Estadão, na Record etc.

Por isso eles defendem o teto de gastos e dizem que as mudanças na política econômica vão desequilibrar as contas públicas e provocar inflação bla-bla-bla. 

Inflação é uma coisa ruim, é a pior coisa para quem vive de salário, mas essa gente não vive de salário, vive de renda, por que então diz isso? 

Para assustar o povo e parecer que estão preocupados com o país, com o Brasil, com os brasileiros, com o povo. Na verdade, eles estão preocupados com a sua renda, que vem dos juros altíssimos pagos à dívida do governo.

Por isso eles defendem o teto de gastos que impede que o governo gaste mais com programas sociais, saúde, educação etc., mas não impede que o governo gaste mais com pagamento de juros, que está fora do teto de gastos. 

Na verdade, o teto de gastos é para que o governo gaste com juros e não com programas sociais. 

Simples assim. Isso é conflito distributivo. O dinheiro é escasso, quem vai ficar com ele? Os ricaços que ganham R$ 737 bilhões por ano e que têm voz na Globoetc. querem que fique com eles, para continuarem vivendo no luxo, comprando jatinhos e iates e mansões e fazendas e todo tipo de artigo de luxo e dando festas de arromba para celebridades. Enquanto isso, milhões passam fome, quem trabalha tem salário sem reajuste, porque o salário mínimo é uma miséria e os sindicatos foram destruídos pelos governos Temer e bozo, e para completar o imposto sobre o salário aumentou nos últimos anos, já que as alíquotas não foram reajustadas. 

(Chamam o imposto sobre salários de "imposto de renda", embora só o pague quem ganha salário. Quem realmente vive de renda não paga "imposto de renda", porque sua renda vem de lucros e dividendos, que não são tributados. O Brasil é assim, um país de absurdos, que continua o mesmo sai governo, entra governo. Moto, o verdadeiro "carro popular", paga IPVA, mais iate e jatinho não pagam. Por quê? Porque é bom para o país? Não, porque quem manda na política e na mídia são os que têm jatinho e iate e vivem de lucros e dividendos. O único candidato na eleição do ano passado que denunciou e prometeu mudar isso foi Ciro, mas ninguém queria escutá-lo. Agora é inevitável que a discussão retorne, com o novo governo, que assumiu compromissos com os trabalhadores. Será que terá coragem de enfrentar os ricos e a Globoetc. que o apoiaram?) 

Tudo é política, mas os ricos e poderosos se escondem por trás de mentiras que dizem ser ciência econômica. Como bem lembra Mônica, a economia não existe sem a política e o direito. Eu acrescentaria: e sem a ideologia produzida pela mídia. Por isso os ricaços controlam o governo, fazem reformas constitucionais e dominam os veículos de comunicação. 

Mônica explica, por exemplo, que as fontes que os jornalistas da Globoetc. citam em defesa do teto de gastos etc. são na verdade economistas que trabalharam em governos anteriores e há décadas vivem de ganhar dinheiro com os juros da dívida pública, por isso querem que eles continuem altíssimos. 

Essa gente ganhou R$ 737 bilhões em 2022 graças à diferença entre a inflação de 5% e os juros de 13%. E quer continuar ganhando. 

É isso o conflito distributivo, a essência da economia, que a economia não resolve, quem resolve é a política. E a lei, o direito. Por isso temos uma Constituição magnífica, democratizante, que nunca foi regulamentada em vários pontos, os pontos que não interessam aos ricaços e poderosos, e que foi emendada inúmeras vezes, nos pontos que interessam aos ricaços e poderosos. 

Simples assim. 

A esquerda, porém, em vez de enfrentar a política real, prefere fazer discursos ideológicos socialistas e se corromper. Esse é o resumo dos governos do PSDB e do PT. Será que Lula terceiro, que tem um tucano histórico como vice, será diferente? 

Será que Lula vai governar para o povo que o elegeu no único dia em que teve poder, o dia da eleição, ou será que vai governar para aqueles que têm poder em todos os outros dias, os ricaços, os donos da mídia, o "mercado"?