terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Miguel Nicolelis fala sobre ‘chip do cérebro’, IA e o futuro sem futuro

Tem me impressionado ultimamente (sempre me impressionou, desde jovem, mas ultimamente mais, como se estivéssemos numa época realmente de barbárie, e de fato estamos) como as pessoas riem de coisas sérias, tristes, desgraças, tragédias. Falo isso a propósito dos entrevistadores desse programa, que são rapazes aparentemente competentes, embora não os conheça, que riem em alguns trechos que seriam para chorar, mas há pouco, no ônibus, aconteceu um fato semelhante numa situação completamente diferente, do nosso drama diário de uma vida absolutamente sofrida e sem graça. Me parece que perdemos a noção da realidade e lidamos com tudo como se fosse virtual, por isso é engraçado, mas de fato, repito, trata-se da nossa vida cada vez mais desgraçada nesse mundo violento, no qual ninguém reage mais contra os desmandos e atrocidades cometidos pelos poderosos. "Tá rindo de quê?", era a pergunta que se fazia tempos atrás, e o bobalhão ficava sem graça. Hoje ninguém nem pergunta mais. 

No mais, a lucidez do Nicolelis, falando o que precisa ser dito e redito e continua se perdendo.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

domingo, 26 de janeiro de 2025

Suzana Herculano-Houzel: O cérebro nosso de cada dia

A brasileira que eu mais admiro. Uma palestra fantástica. Conhecimentos imprescindíveis. Vídeo antigo, nos últimos vinte anos ela nos iluminou muito mais. Aplausos.

'Ainda Estou Aqui' e Fernanda Torres no Oscar, o pior momento de Lula, Trump

Ótimas análises.

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

Olivia Hussey

Quando vi o filme encantador do Franco Zeffirelli no cinema, eu me apaixonei pela primeira vez por uma mulher efetivamente inacessível, não sei se pela Julieta ou se pela Olivia Hussey, mas na tela, ao dar vida à personagem imaginada por Shakespeare, as duas eram uma só. Ainda hoje me apaixono outra vez pela atriz ao ver sua imagem, ainda hoje suspiro ouvindo sua voz pronunciar a cena do balcão. O grande lance do filme, além das qualidades cinematográficas, foi usar pela primeira vez uma atriz e um ator com idades bem próximas às das personagens da tragédia. Até então a peça era representada no palcos por ator e atriz renomados porém mais velhos, fingindo-se de jovens, o que não seria possível no filme, e os protagonistas, Olivia em especial, arrasaram. Muito tempo depois o Galpão recriaria Romeu e Julieta aqui em BH, numa montagem igualmente encantadora e reconhecida mundialmente. Olivia faleceu em dezembro passado, aos 73 anos, em consequência de um câncer de mama.

 Morre a atriz Olivia Hussey, de 'Romeu e Julieta'; ator que viveu Romeu  lamenta

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

21 notícias que marcaram o século XXI: a saga dos 33 mineiros do Chile

A mais impressionante história deste século aconteceu no Chile, teve surpreendente final feliz e mostrou como os humanos de diferentes condições, nacionalidades e atividades podem se unir para realizar coisas boas.

O Brasil é um país de castas

Esse podcast do Uol Prime mostra mais um entre os inúmeros exemplos de privilégios e injustiças que a democracia brasileira perpetua. Parentes de criminosos militares têm direito a continuar recebendo proventos, como aconteceu com o condenado dessa história. As vítimas do crime não receberam nem justiça nem indenização. Há 303 militares criminosos nessa situação. As pensões recebidas por seus parentes custam cerca de R$ 20 milhões por ano ao país, há quem receba R$ 30 mil.

O fim da ditadura militar foi negociado e privilégios de quem mandava antes foram mantidos. Em troca, a Constituição de 1988 estabeleceu direitos para os comuns, os trabalhadores, os que pagam impostos, os que mantêm o sistema funcionando, mas grande parte desses direitos não saiu do papel. E os privilégios das castas foi aumentando, a ponto de chegar à presidência um representante deles, que também foi expulso do Exército e recebe uma considerável remuneração desde então. 

Não são apenas os militares, há também as castas do Judiciário, do Legislativo e dos demais setores do poder Executivo. E o presidente das castas ainda fez e continua fazendo propaganda contra o Estado. Quando o tamanho do Estado diminui, não é porque os privilégios das castas foram cortados e sim porque os direitos dos brasileiros comuns foram cortados.

Você paga por militares criminosos: entenda como. Podcast UOL Prime #53.

O elogio do jornalismo

Em tempos de fake news, faço o elogio do jornalismo: nunca se fez jornalismo tão bom como se faz hoje. 

Repórter Brasil é talvez o melhor exemplo disso, mas há inúmeros outros. Daniel Camargos, por exemplo, é um repórter que superou seus mestres, que estão entre os melhores repórteres da minha geração. A geração do Daniel e outros até mais jovens realiza o que jornalistas idealistas mais velhos pretenderam fazer e fizeram em parte, alguns mais outros menos, e que a invenção da internet possibilitou como nunca antes. O melhor jornalismo de todos os tempos está aí disponível para todos, inclusive para quem não lê, como se dizia antigamente, que o brasileiro não lê: agora é possível também ver (em vídeos no YouTube) e ouvir (em podcasts) ou até mesmo ouvir reportagens escritas (também no YouTube, no canal da BBC Brasil, por exemplo). 

Como explicar então que com tanta informação boa, com tanto jornalismo de primeira, com tantas reportagens excelentes, a informação mentirosa seja consumida e repetida pela maioria da população, considerando que há pouco mais de seis anos a maioria dos brasileiros elegeu o bozo e há algumas semanas a maioria dos americanos reelegeu o bozo deles? 

É uma questão de escolha, todos nós temos discernimento, todos nós temos cérebro para pensar por conta própria e identificar o que é certo e o que é errado, o que é bom e o que é ruim. 

Não se pode ignorar porém que o capital joga pesado a favor da mentira. Na internet, o capital existe nas redes sociais, em produtos de consumo que viciam, equivalentes a um sanduíche méqui e tantas porcarias que os humanos consomem como se fossem alimentos, mas na verdade são vícios. A informação falsa é um tipo de vício. 

A ciência explica isso, basta procurar na internet e em livros que a gente encontra exposições de cientistas sobre como o celular e seus aplicativos viciam seus usuários, ou seja a população inteira, porque praticamente todo mundo hoje vive olhando seu celular em qualquer parte e não olha mais em torno se si, para os outros indivíduos, para o mundo à sua volta. 

Os efeitos disso são inúmeros e inesperados. Reparei, por exemplo, como ninguém mais reclama de esperar ônibus urbano em filas intermináveis que podem durar uma hora. Por quê? Porque estão todos ocupados com seus celulares e não têm pressa de chegar, porque no lugar onde chegarem vão fazer a mesma coisa que estão fazendo: olhar seu celular. Só o que querem é achar um lugar para sentar no ônibus, principalmente mas não só jovens, que, uma vez sentados, ignoram assentos prioritários e idosos, grávidas, deficientes etc. em pé, pois simplesmente não estão olhando para além da telinha do seu celular.

Estão todos lendo, vendo ou ouvindo conteúdos incríveis como os da Repórter Brasil, da BBC Brasil, do Uol Prime, da Piauí e de inúmeros outros produtores de informações de qualidade? Ou vendo e ouvindo os conteúdos viciantes que enriquecem os donos da Meta, X, Microsoft, Amazon, Google etc., os quais, por sua vez doam dinheiro para a posse de Trump e compram ouro ilegal de terras indígenas da Amazônia? A segundo opção é a mais provável. 

O ciclo que destrói o ambiente e muda o clima do planeta, que financia a extrema direita, que nos vicia em fake news e que enriquece meia dúzia de magnatas é o mesmo, é o ciclo do capital. Enquanto não deixarmos de ser escravos do capital e não nos tornarmos seus senhores, o Homo sapiens continuará caminhando aceleradamente para a autodestruição. 

O melhor jornalismo de todos os tempos está aí nos mostrando isso. Informa-se quem quer.

Do Repórter Brasil:


Revelamos como o ouro ilegal sai da Amazônia e termina no seu celular ou computador. As quatro empresas mais valiosas do mundo foram o destino final do produto de duas refinadoras, a italiana Chimet e a brasileira Marsam, que têm produção contaminada por metal extraído de garimpos clandestinos
Por Daniel Camargos | Edição Ana Magalhães*
 25/7/2022
DE REDENÇÃO E TUCUMÃ (PA) – Você não sabe disso, mas ao ler esta reportagem você pode estar usando ouro extraído ilegalmente de terras indígenas brasileiras. Celulares e computadores das marcas Apple e Microsoft, bem como os superservidores do Google e da Amazon, têm filamentos de ouro em sua composição. Parte desse metal saiu de garimpos ilegais na Amazônia, passou pela mão de atravessadores e organizações até chegar nos dispositivos das quatro empresas mais valiosas do mundo, revela uma investigação da Repórter Brasil. 

Para ler a íntegra, clique aqui

Clique aqui para ver o saite da Repórter Brasil e suas excelentes reportagens.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Republicando notícia de 2012 e atual

Pra gente relativizar. A fonte é o insuspeito Sakamoto, tido depois como "petista". 

j o r n a l a i c o: Governo Dilma não vai mais ouvir indígenas: É o que se deduz dessa notícia. O que distingue o desenvolvimentismo dos governos Lula e Dilma do desenvolvimentismo da ditadura militar é j...

Música do dia 2: O portão, Roberto Carlos

Será essa a música mais bonita do RC? É uma música chiclete, mas bonita, e a letra é emblemática, qualquer um se identifica, porque, evidentemente, e ainda mais se tratando da geração deles (RC e EE, ou EC) e da minha, que veio em seguida e pegou as rebarbas do que eles (os Beatles mais que quaisquer outros) fizeram, esse portão é o da casa dos pais. É uma canção cinematográfica (não à toa virou trilha de um comercial sei lá de quê) como Que maravilha (que também virou música de comercial de tevê), esta alto astral, no estilo Jorge Ben (e Toquinho), a de RC/EC piegas, no estilo deles. Apesar de ser apelativa, fica no limite do bom gosto, não é como outras tão ou mais celebradas das quais não gosto e não vou citar. Gosta tanto dela quanto gosto de alguns poucos roquinhos ingênuos de RC no começo da carreira. Não sou fã de RC (me identifico muito mais com outro cachoeirense, Sérgio Sampaio, este sim compositor genial) como não sou lulólatra, mas reconheço as qualidades dos dois ícones brasileiros; RC (e EC: suspeito que essa música tem muito deste e talvez seja expressão perfeita de ambos) traduz muitos dos nossos sentimentos, que, afinal, é o que faz um artista. 

Música do dia: Saudade da Bahia, Caymmi e Tom

Minha Bahia é em outro lugar.