sábado, 9 de maio de 2020

Um governo da bagunça

Três dias antes de mais uma manifestação que pretende fechar o STF e o Congresso, cujos líderes são fanáticos seguidores do presidente e dizem que um comboio com militares da reserva está a caminho de Brasília, o presidente marcha sobre o tribunal acompanhado de ministros e dezenas de empresários, para pressionar pelo fim do isolamento social. E marca churrasco para a véspera. Dá maus exemplos e incentiva o desrespeito às leis e à Constituição, como sempre.
O capitão não governa, ele dá xous, debocha, provoca, diz e desdiz, faz e desfaz, usa de tudo para chamar atenção e manter seus seguidores fanáticos sempre mobilizados, enquanto bandidos tomam conta do país e a pandemia mata milhares. Não tem o menor compromisso com o Brasil.
A cena que acompanhamos na quinta-feira é absurda. O STF é um tribunal, última instância para decisões principalmente constitucionais. Mas se meteu a fazer política e é o que se vê. Se seu presidente tivesse um mínimo de dignidade, poria o capitão e seus fanáticos para fora a vassouradas. É o que aconteceria nos EUA, por exemplo. Mas lá nem Trump se mete a fazer o que o capitão fez.
Se o presidente do Supremo Tribunal Federal não entende o que está acontecendo e recebe o presidente e sua turma, como é que os cidadãos comuns podem entender?
Falta educação política aos brasileiros e, temos de reconhecer, 13 anos de governos do Partido dos Trabalhadores não ajudaram em nada. Quando veio o golpe, não houve reação. Não digo reação para defender a presidenta incapaz ou ex-presidente caudilho, mas o próprio povo, o voto da maioria, o direito constitucional de o povo escolher seus governantes, a democracia, enfim.
Agora vemos cenas absurdas como essa. A cada ato tresloucado do presidente, cada vez mais agressivo, todos ficam com medo de que em seguida venha um golpe militar, um "AI-5", uma ditadura, mas é preciso? O que o capitão já fez nesse ano e quatro meses de destruição do Brasil e dos brasileiros já contém os horrores de um governo arbitrário. Um governo da bagunça.

Crédito da foto: Sérgio Lima / Poder 360.
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Toffoli equilibra colaboracionismo e ação cirúrgica contra Bolsonaro 
André Barrocal, Carta Capital, 9/5/20
A passagem de Dias Toffoli pelo comando do Supremo Tribunal Federal (STF) termina em setembro e será marcada pela inédita “invasão” da casa pelo presidente da República e empresários. Sua atitude diante da iniciativa de Jair Bolsonaro custou-lhe críticas de bastidores por parte de colega do STF e de estudiosos do tribunal.
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Com empresários e ministros, Bolsonaro visita STF a pé e provoca aglomeração, em compromisso não agendado
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Bolsonaro diz que fará churrasco para “uns 30 convidados” no sábado
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Bolsonaro manda repórter calar a boca e diz que não interferiu na PF
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