quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
Suzana Herculano-Houzel, no Roda Viva, 25/3/2013
Mente e cérebro, segundo Suzana Herculano
A inteligência e a beleza da Suzana Herculano. Pode pular os 80 segundos iniciais (tempo que o jornalista leva para fazer a seguinte pergunta: "Como é que você vê a relação entre o cérebro e a mente?"), bem como as interrupções posteriores, típicas de um defeito profissional sobre o qual não vou me estender agora.
domingo, 23 de fevereiro de 2025
Música do dia: Pode guardar as panelas, Paulinho da Viola
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
Lixo eletrônico, a nova e perigosa fonte de riqueza para organizações criminosas
A destruição ambiental não tem fim. Por isso a extinção da espécie humana é iminente e inevitável.
Há décadas sabemos dessa verdade, mas nada fazemos para impedi-la e fazemos cada vez mais para apressá-la. E todos colaboramos, comprando e usando e descartando alegremente nosso lixo eletrônico. Somos uma civilização assim, não ligamos para as consequências das nossas ações. Qualquer indivíduo racional pode pensar que o lixo não desaparece como mágica, vai para algum lugar, mas quem faz isso? Quem se importa?
A responsabilidade do Exército brasileiro
As instituições são feitas de indivíduos, os indivíduos têm ideologias, as instituições têm ideologias, as ideologias são o que faz as instituições e as pessoas funcionarem na sociedade em que vivem, desde que deixamos de ser animais como as outras espécies e nos tornamos humanos, transformando a Natureza e inventando o mundo.
O Exército brasileiro foi formado por gente do povo, principalmente escravos, para lutar na Guerra do Paraguai, episódio horroroso da história do Brasil, no qual morreram 60 mil brasileiros e 280 mil paraguaios, além de 60 mil argentinos e uruguaios. Basta comparar no mapa os tamanhos do pequeno Paraguai e dos gigantes Brasil e Argentina para constatar o massacre que terminou com o extermínio da população masculina adulta paraguaia. Ao final da guerra, o Exército tinha prestígio e era a primeira instituição a representar na sua composição o povo brasileiro, condição que o levou a liderar a derrubada da Monarquia e proclamar a República, fornecendo à nação seus dois primeiros presidentes.
Desde então o Exército brasileiro interferiu de forma sistemática na política nacional, considerando-se uma espécie de dono da República. Foi o Exército que levou ao poder o civil e futuro ditador Getúlio Vargas na Revolução de 30, governou com ele e o depôs em 1945. Foi o Exército quem tentou depor Getúlio, considerando-se acima do povo que o elegeu presidente e motivando seu suicídio em 1954. Foi o Exército que tentou impedir a eleição de JK em 1955 e também quem garantiu sua posse em 1956. Foi o Exército que tentou impedir a posse do vice-presidente João Goulart em1962, aceitou-o como presidente parlamentarista e o depôs em 1º de abril de 1964. O Exército brasileiro não se considera parte da República, considera-se dono dela, acima dela, uma espécie daquele esdrúxulo "Poder Moderador" imperial que D. Pedro I inventou para si mesmo na primeira Constituição nacional.
Parecia ter sido enquadrado pelos civis na Constituição democrática de 1988, mas voltou ao poder com um capitão da reserva expulso da instituição por insubordinação durante a transição democrática, eleito presidente em 2018, e que mais uma vez protagonizou uma tentativa de golpe com plano de assassinato do presidente e seu vice eleitos em 2022. O Exército brasileiro atual, porém é muito diferente daquele que fundou a República, daquele que liderou a Revolução de 30 e daquele que implantou uma ditadura de 21 anos em 1964. Não é mais uma instituição movida por ideias nacionalistas e um projeto autoritário para o Brasil, é só uma instituição que, como outras instituições do Estado brasileiro atual (como a Justiça, por exemplo; basta ver as reportagens do UOL sobre os juízes recém-formados que ganham muito mais do que o teto salarial público), abriga indivíduos cujo interesse é defender seus privilégios. Em 1989, o primeiro presidente civil eleito depois de 21 anos de ditadura militar prometia acabar com os marajás do serviço público. Depois de 36 anos, os marajás estão aí, mais ricos e poderosos do que nunca, acumulando privilégios. O Brasil é uma nação de castas, república de marajás e banqueiros.
O Estado brasileiro hoje funciona assim: é um Estado falido que não tem dinheiro para pagar um salário mínimo decente, aposentadorias decentes, salários decentes para professores, enfermeiras e o funcionalismo público que efetivamente trabalha, mas tem dinheiro para pagar salários astronômicos e benefícios de todos os tipos para castas privilegiadas, entre as quais estão os juízes e os militares; um Estado que não tem dinheiro para custear serviços públicos decentes para a maioria, mas tem todo dinheiro disponível para pagar aos banqueiros os juros mais caros do mundo.
O Supremo Tribunal Federal vem agindo exemplarmente, sob a admirável conduta do ministro Alexandre de Morais, para manter os militares nos limites da lei, mas quem enquadrará os juízes? Enquanto os preços dos alimentos disparam e os salários definham, o povo padece.
Acima das castas dos militares e dos juízes, só existe uma no Brasil: a dos banqueiros. Mesmo porque são eles que comandam também o agrotoxiconegócio, a mineração, a indústria, o comércio e os serviços. Os juros elevadíssimos da dívida brasileira são o primeiro pagamento a ser feito pelo governo, quebrado ou não, tendo déficit ou não: para os banqueiros sempre há dinheiro. É uma ironia tipicamente brasileira e reveladora que o diretor do filme brasileiro que concorre ao Oscar seja herdeiro do maior banco privado nacional, ou seja, um beneficiário direto dessa gigantesca dívida que os brasileiros pagam todos os dias com o suor e o sangue do seu trabalho.
Neste momento em que alguns militares vão ao banco dos réus por mais uma tentativa de golpe e de assassinato do presidente e do seu vice, Ainda estou aqui nos faz recordar a responsabilidade do Exército brasileiro nas atrocidades que foram cometidas contra os brasileiros no pior período da ditadura militar, o governo Garrastazu Médici (1969-1974). É dever da Justiça submeter os militares, os juízes, os deputados e senadores e todas as castas de privilegiados brasileiros aos limites da Constituição, assim como faz diariamente com todos os brasileiros comuns, que trabalham, sustentam o Estado e os privilégios e quase nada recebem de volta, inclusive justiça.
Ainda estou aqui, trailer Oficial.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
O homem que revolucionou a psicologia
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
O Brasil das castas
Os primeiros a descumprir a Constituição no Brasil são aqueles que devem zelar pelo seu cumprimento. É pertinente lembrar que isso acontece há décadas, como diz inclusive a repórter Amanda Rossi, no vídeo de apresentação da série Brasil dos privilégios, do UOL. A postagem abaixo foi feita aqui em setembro de 2019 reproduzindo reportagem do Estado de Minas. O Brasil é um país de castas.
Quanto ganha quem manda no Brasil desde 2015
Enquanto essa
gente diz que combate a corrupção, o Brasil afunda. Imagina quanto
ganham os procuradores da larva jato. As reportagens do The Intercept
Brasil estão mostrando. Como é possível que alguém que ganha dos cofres
públicos R$ 68 mil por mês esteja combatendo a corrupção, o crime? Como
vencimentos tão altos podem ser pagos por um Estado que não tem dinheiro
para pagar R$ 2 mil de aposentadoria a quem trabalhou mais de 30 anos? E
isso não é novo, desde os anos 1980 reportagens denunciam os
supersalários. O que é novo é o poder que essa gente ganhou ao mesmo
tempo em que seus supersalários aumentaram, em vez de diminuírem. O
Brasil é um país de castas privilegiadas formadas por procuradores,
juízes, militares e outras. Que se aliam a banqueiros, ruralistas,
mineradoras. E agora também ao crime organizado e igrejas evangélicas.
Para controlar o Estado. E garantir seus privilégios, supersalários, os
juros mais altos do mundo, a matança de pobres, o desmatamento da
Amazônia, o uso livre dos agrotóxicos, a destruição ambiental pela
mineração, o trabalho escravo.
Procurador que reclamou de salário ganha bem mais que R$ 24 mil por mês
João Henrique do Vale e Tiago Rodrigues*, Estado de Minas
Entre salário, indenizações e outras remunerações, ele recebeu em média
R$ 68,2 mil por mês entre janeiro e julho deste ano, segundo dados que
constam no portal da transparência do MPMG
O procurador de Justiça Leonardo Azeredo dos Santos, que se queixou em
uma reunião com colegas de receber o 'mizerê' de R$ 24 mil por mês,
ganha, na verdade, bem mais que o reclamado, segundo dados do portal da
transparência do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Isso, devido
a indenizações e outras remunerações que se somam ao salário. Somente
em março, mês em que obteve o menor valor, foi mais que o dobro de R$ 24
mil. Nesses sete meses, a média recebida por ele foi de R$ 68.275,34.
As informações que constam no portal da transparência do MPMG mostram
que o rendimento líquido total do procurador é, realmente, um pouco
abaixo de R$ 24 mil. Mesmo assim, outros valores se somam ao salário. Em
julho, por exemplo, que é o último mês com os dados disponíveis para
consulta, Leonardo recebeu indenização de R$ 9.008,30, e remunerações
retroativas/temporárias, de R$ 32.341,19. Ao todo, o valor recebido,
incluindo o salário, foi de R$ 65.152,99.
Clique aqui para ler a íntegra no saite do jornal Estado de Minas.