terça-feira, 9 de setembro de 2025

Socialismo ambientalista

Todas as manhãs, quando ligo meu computador, vejo uma imagem deslumbrante, quase sempre uma imagem da Natureza em algum ponto remoto do planeta, raramente é uma imagem urbana. Isso aparenta que uma grande empresa capitalista mundial se preocupa com a Natureza e que nós, usuários, gostamos da Natureza também. No entanto, o que fazemos todos, multinacionais capitalistas e indivíduos da espécie humana, é destruir a Natureza incessante e crescentemente, a ponto de estarmos impossibilitando a continuidade da nossa própria existência.

A questão ambiental é, de longe, a mais importante da civilização. A questão climática não é a questão ambiental, é apenas parte dela: porque destruímos os ambientes, mudamos o clima. A questão ambiental é como conciliar a civilização com a conservação da Natureza. O Homo sapiens só vai sobreviver se resolver essa questão. A espécie humana não vê a Natureza de forma, digamos, global, mas apenas pontual. Sabe que tem de fazer coisas urgentes para conter as mudanças climáticas e não faz; as consequências das mudanças climáticas se agravam em catástrofes e mesmo assim não agimos. Ao contrário, os governos de extrema direita neoliberais agem para agravá-las. Ao mesmo tempo, os indivíduos, formados pelas máquinas de propaganda ideológica capitalistas, querem consumir mais e melhor.

A destruição ambiental acelerada é o capitalismo. O capital é um câncer que não para de crescer enquanto não mata o corpo que habita. O corpo que o capital habita é a Terra, que ele destrói para criar riquezas para a espécie humana, que se considera dona da Natureza e que ela é matéria-prima. O capital só vai parar quando a espécie humana não puder mais destruir a Natureza, isto é, quando se exterminar também.

Simples assim. Há pelo menos quase dois séculos, desde que Karl Marx escreveu seu livro O Capital, temos consciência do que é o capitalismo. Foi no século XIX, o século em que o capitalismo industrial se estabeleceu, mudando radicalmente a Europa e o restante do planeta que ela colonizou a partir do século XV. Foi também o século em que se desenvolveram inúmeras ciências. Temos hoje a pretensão de viver numa civilização que se guia pelas ciências, seja na saúde, seja na comunicação, seja ao enviar naves ao espaço, mas ignoramos o conhecimento científico sobre como organizamos a nossa própria sociedade, sobre o capital.

A obra científica de Marx, digamos assim, propiciou o surgimento de um movimento social com o objetivo de tomar o poder político, acabar com o capitalismo e implantar o socialismo, uma sociedade sem os horrores do capitalismo, que todos viam e Marx descreveu magistralmente, que só se tornaram maiores desde então. Aquele movimento existe ainda hoje, mas já teve momentos melhores: no começo do século passado foi bem-sucedido em comandar uma revolução na maior nação do planeta e reorganizar sua economia, mas depois de 74 anos ela ruiu e voltou a ser dominada pelo capital. Outra grande nação asiática, a mais populosa, também fez uma revolução guiada pelo pensamento marxista e promoveu nas últimas décadas um desenvolvimento econômico sem igual, mas, tal qual o capitalismo, contribui enormemente para a destruição ambiental, o que me faz pensar que, caso os marxistas tivessem tido sucesso na Europa e outras nações desenvolvidas, esse caminho que seguimos rumo ao fim da civilização não seria diferente.

Das duas uma: ou a China não é comunista, é uma nação capitalista governada por um partido que controla a estrutura do Estado e impõe planejamento para produção econômica capitalista, ou o comunismo marxista-leninista não é suficiente para evitar a barbárie a que o capitalismo conduz a espécie humana, depois de destruir os ambientes naturais e exterminar as demais espécies da Terra.

O sentido do comunismo defendido pela obra científica do Marx é salvar a espécie humana e o planeta, é proporcionar ao Homo sapiens uma vida boa e longa na Terra, uma vida racional, uma vida sábia, o que pressupõe igualdade, liberdade, fraternidade, democracia. Não tem outro sentido a ideia da sociedade socialista. Se é para destruir a Terra e extinguir a espécie humana, tanto faz capitalismo ou socialismo, não é preciso mudar o sistema econômico. O socialismo só pode ser ambientalista. Isso é óbvio, carece de explicação, é a essência da teoria marxista, da ciência que explica o capitalismo.

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