sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Uma história de evangélicos

O maior fenômeno social do Brasil, intimamente ligado ao golpe de 2016 e à eleição do atual presidente. Mas desconsiderado pela esquerda e pela inteligência. E tem muita coisa estranha nessa história, especialmente números, datas, idades. Segundo o noticiário, o pastor assassinado tinha 42 anos. O casal ficou famoso por adotar 37 crianças e adolescentes em 1994; eles se conheceram num culto, em 1993. Ora, em 1993 ele tinha 16 anos, foi o primeiro adolescente que ela adotou, portanto. Ela tem 58 anos.

A grande família de pastores evangélicos destruída a tiros

Anderson do Carmo fundou uma igreja e uma família gigantesca junto à deputada Flordelis dos Santos de Souza. Dois de seus filhos foram indiciados por seu homicídio.

Naiara Galarraga Gortázar, El País

Naquele domingo de junho, o casal voltou de madrugada para casa depois de assistir a um evento religioso. Estacionaram na garagem do sobrado, sob os quartos onde dormiam 35 de seus 55 filhos. Eram conhecidos sobretudo por isso, por seus 55 filhos, a maioria adotados. Flordelis dos Santos, 58 anos, pastora evangélica e deputada federal, subiu ao seu quarto enquanto o marido, o pastor Anderson do Carmo, ficava para trás. De repente, disparos. "Pá, pá, pá, pá… pá, pá. Ouvi quatro tiros seguidos e dois mais", contou ela depois numa entrevista. Acabava de ser assassinado o homem junto a quem durante décadas Flordelis construiu uma família e uma carreira que combina religião, fama, poder -- possivelmente dinheiro -- e política. O Brasil acompanhou com atenção durante dias o crime do último 15 de junho em Niterói, em frente ao Rio de Janeiro, do outro lado da espetacular baía de Guanabara. Neste país imerso em uma voragem de mortes violentas, personagens pitorescos e escândalos diversos, o caso caiu num certo esquecimento depois que dois dos filhos foram detidos como suspeitos.

O casal também era muito conhecido no Rio por ter fundado uma Igreja evangélica, o Ministério Flordelis. O sucesso dos pentecostais que prometem a salvação junto a uma nova vida longe do vício e da pobreza, em troca do dízimo, é espetacular no Brasil. Os fiéis entregam com gosto a cada mês pelo menos 10% de seus ganhos. E pouco a pouco as igrejas vão virando poderosos impérios.

Clique aqui para ler a íntegra no El País.