sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Como emendas parlamentares viraram canal de irregularidades

O Brasil apodreceu e esse modelo de emendas parlamentares é o mais fiel retrato disso. 

Três instituições funcionam e impedem que este projeto de nação nunca executado desmorone completamente: o STF, a Polícia Federal e a imprensa. Nenhuma delas é impecável, mas elas cumprem seu papel, pelo menos parcialmente, enquanto outras, como o Congresso, são o oposto do que deveriam ser. O Congresso deveria representar o povo que o elegeu, mas atua em benefício próprio, se apoderando do dinheiro público para fins pessoais, transformou-se num covil de bandidos, os quais, recentemente, tentaram incluir na Constituição sua impunidade, o que legalizaria o poder do crime organizado, que já domina amplamente o Estado brasileiro, dentro do qual as instituições ainda funcionam parcial e porcamente graças à dedicação de valorosos trabalhadores, não por empenho dos seus superiores. 

É preciso acrescentar que esse quadro medonho acontece e é resultado de quase 37 anos de governos civis, quatro de um governo civil-militar, quase 36 de governos eleitos pelo voto direto, dos quais 16 do PT, três de um vice aliado do PT, 11 deles do Lula. Não se pode dizer, portanto que Lula e o PT, a dita esquerda, não tenham nada a ver com isso. De fato, pode-se incluir nos já 27 anos de governos de esquerda, os oito anos do presidente FHC, pois este foi um destacado opositor da ditadura militar e inaugurou o modelo econômico e político ao qual Lula depois deu seguimento. Ficam na conta da direita os cinco anos do governo Collor (mas nem todos, uma vez que Itamar Franco governou dois anos, assim como temer, o minúsculo, governou dois dos quatro anos do segundo mandato da Dilma) e na conta da extrema direita os quatro anos do governo do bozo. 

Penso que basta listar os fatos para compreender o Brasil contemporâneo. Não foi a extrema direita nem a direita quem transformou o Brasil no que é hoje, foi a esquerda submissa ao projeto neoliberal. A direita começou a obra, com o Collor, mas FHC e Lula continuaram a executar o modelo, e a extrema direita tornou o modelo pavorosamente pior, mas o terceiro governo Lula não reverteu o quadro da desproteção do trabalho, destruição ambiental e desmonte do Estado. O Brasil, nesses 40 anos após o fim da ditadura militar, tornou-se a nação dos banqueiros, do agrotoxiconegócio e do crime organizado. A nação apodreceu, o Estado desmanchou, a sociedade degenerou. A esquerda não tem e nunca teve um projeto nacional, a não ser a volta da democracia burguesa. Tampouco a extrema direita tem, como tinham os militares sanguinários, seu projeto se limita a liberar o crime, e o projeto do centro é a pilhagem simplesmente. Além das instituições que funcionam ainda, como as citadas, mas que também são castas privilegiadas do serviço público, algumas vozes se fazem ouvir na esquerda, clamando pela revolução que o país nunca teve, que começou em 1930, mas não completou, pela revolução socialista. O povo, porém ouve as vozes dos pastores evangélicos e parece muito mais perto da extrema direita do que da extrema esquerda ou dos nacionalistas. Penso que só a substituição dessa geração que derrubou a ditadura e governa desde então por outra, dos seus netos, poderá trazer boas mudanças para o Brasil. Que nação, porém a nova geração herdará?   

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