Todos os dias, em fotos deslumbrantes de lugares maravilhosos, ao ser ligado, meu computador me mostra que vivo numa civilização eurocêntrica. É só uma questão de ver. A empresa de tecnologia me vende turismo, essa “indústria” horrorosa, símbolo glamouroso da nossa época. Como se o mundo fosse um parque de diversões, exibe recantos cheios de prazeres que precisamos conhecer e desfrutar, mas não diz que isso só pode ser feito por quem tem dinheiro, muito menos mostra que a mesma civilização que vende o turismo está destruindo esses recantos e todos os ambientes do planeta paraíso. A civilização que destrói a Terra crescentemente há mais de cinco séculos, desde que portugueses e espanhóis começaram a atravessar o Atlântico, revela ser eurocêntrica exatamente porque seu olhar para lugares exóticos é o olhar de quem não está lá, o olhar estrangeiro, o olhar do predador, o olhar do consumidor de lugares encantadores, o olhar do turista, exatamente aquele que, ao visitar, destrói o lugar, ao transformá-lo de um lugar onde as pessoas vivem, em um lugar que é visitado, um lugar maquiado para o visitante, cujos moradores transformam suas vidas em função dos visitantes, se transformam em seus serviçais e transformam o próprio lugar em outro, que não é mais o lugar original, não é um lugar para as pessoas viverem, é um lugar adaptado para o turismo, a realização do capital. De diferentes formas, o capital transforma e destrói tudo onde chega.
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