Na aparência, essa notícia é sobre o maior prêmio internacional, sobre o brasileiro cujas pesquisas contribuíram para o trabalho premiado, sobre essa área fantástica da ciência que é física quântica, sobre, enfim, coisas importantes, bacanas, do progresso, mas não é o que eu vejo. O que eu vejo nela é só ideologia. O que é o Nobel? Uma distribuição de dinheiro para personalidades dos países ricos, dinheiro deixado por um sueco que tinha a consciência pesada porque inventou a dinamite e outras mercadorias para destruição (sua história familiar de sucesso é trágica). Dois agraciados só, que eu saiba, tiveram a dignidade de recusar a premiação (que já foi dada até a Henry Kissinger e Menachem Begin), e foram eles: Jean-Paul Sartre e Le Duc Tho. A espécie humana investe muito e ainda dá mais dinheiro para os premiados na fantástica física quântica, mas não tem dinheiro para resolver os problemas realmente urgentes e importantes do mundo, é incapaz de salvar as crianças e os jovens palestinos assassinados em Gaza ou as crianças e jovens pobres brasileiros assassinados todos os dias. É assim. Para que serve a ciência? Para que serve o dinheiro? Para que serve o jornalismo? Para movimentar o circo do capital. O brasileiro da matéria é integrante de uma casta de acadêmicos que têm seu mérito, mas são pouco ou nada úteis para seu país, pois o Brasil não se interessa por ciência e tecnologia, uma vez que, há cinquenta anos, seus governantes escolheram importar tudo e exportar produtos agropecuários e minerais, de forma que as carreiras científicas servem só ao benefício pessoal. Por fim, de que progresso se fala, quando o que ele proporciona é só desigualdades, violências e destruição ambiental? Jornalismo é entretenimento, nos distrai da realidade com notícias assim, produzindo ideologia. Quando cumpre seu papel, é capaz de conter até os bandidos que tomaram conta do país, mas só faz isso quando os bandidos não são os próprios donos das empresas jornalísticas.
PS: Nenhum brasileiro jamais ganhou um Nobel, que já foi dado a personalidades de nações menos destacadas, inclusive argentinos, chilenos, venezuelanos e colombianos.
'Achava meio chato': brasileiro citado no Nobel de Física trabalhou por acaso na teoria que o transformou em referência internacional
Camila Veras Mora, BBC News Brasil
No último dia 28 de agosto, o físico Amir Caldeira se aposentou formalmente da Unicamp, onde dá aulas desde 1980. Sua rotina, entretanto, em nada lembra a de um aposentado, especialmente nos últimos dias.
Desde que sua pesquisa de doutorado foi citada no último prêmio Nobel de Física, divulgado no dia 7 de outubro, ele não parou de dar entrevistas e de receber convites para eventos.
"Se pra mim está sendo assim, imagina para os agraciados", ele diz, referindo-se ao britânico John Clarke, ao francês Michel Devoret e ao americano John Martinis.
O trio recebeu o prêmio pela pesquisa de fenômenos quânticos em escala macroscópica — em linguagem bastante simplificada, eles verificaram que propriedades até então observadas apenas no mundo subatômico, de partículas muito pequenas, também podem ser replicadas em objetos maiores, como circuitos elétricos.
Os experimentos, que abriram caminho para a computação quântica, usaram a base teórica desenvolvida por Caldeira junto a seu orientador, o britânico Anthony Leggett (que ganhou o Nobel de Física em 2003), na Universidade de Sussex, no Reino Unido, no fim dos anos 1970.
Curiosamente, a dissipação quântica (entenda melhor abaixo), tema do doutorado de Caldeira, que acabou transformando o físico brasileiro em referência internacional na área, não era o que ele tinha em mente quando saiu do Rio de Janeiro para a Inglaterra para fazer o PhD naquela época. Ele achava o tema "meio chato".
"Não era o que eu queria pesquisar", diz, dando risada e emendando que o acaso acabou colocando o tema no centro da sua vida acadêmica mais de uma vez.
O bizarro mundo da mecânica quântica
Caldeira, Leggett e o trio do Nobel se dedicam ao estudo da mecânica quântica, teoria que completa seu centenário em 2025 e busca descrever o comportamento de objetos muito pequenos, menores que o átomo.
Isso porque as leis da física clássica não conseguem explicar o mundo subatômico, que está recheado de fenômenos "estranhos", "bizarros" e "chocantes", adjetivos usados com frequência por Caldeira e por seus colegas.
Por exemplo: é impossível saber ao mesmo tempo a posição e a velocidade de uma partícula subatômica, como um fóton ou um elétron.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.