Minha lista de músicas prediletas chegou a 101 recentemente e aquela da qual eu mais gosto talvez seja esta gravação de I say a little prayer da Aretha Franklin. São todas músicas maravilhosas e o gosto depende do momento: como não dizer que Saudade do Brasil é a música mais bonita que eu conheço? Ou o Largo de Bach, a primeira da lista? Ou a Melodia Sentimental, do Villa-Lobos? Ou God, do John Lennon? Ou Dear old Stockholm? Ou O morro não tem vez? Ou Clube da esquina? Ou a Marcha fúnebre do Chopin? Ou o Prelúdio da Bachina nº 7? Ou a Abertura de Also Sprach Zarathustra, a mais recente na lista. Ou... Todas foram escolhidas segundo o critério explicado, que coloca cada uma como predileta. Por que então a predição por esta? Porque talvez seja a canção que eu mais canto espontaneamente (e nem sei a letra), sempre ouvindo a voz da Aretha. Bacharach e David fizeram uma obra-prima, mas nesse caso minha escolha vem com a interpretação, é essa versão que me comove (a gravação original é da Dionne Warwick, mas essa tem história). A voz da Aretha é deliciosa até quando se cala para que o coro cante. Eu não a ouviria só duas vezes, ouviria 25 horas por dia, pensando na mulher que mais amei, com quem eu ficaria 25 horas por dia também. Talvez minha predileção tenha outra razão, porque é uma obra de arte e arte é a verdade expressa na beleza. Isso me ocorre quando penso no significado da canção: ela é a prece da mulher de um soldado americano enviado para o Vietnã. A relação trágica entre arte e sofrimento. O que o indivíduo humano pode fazer contra as forças sociais tão superiores a ele? Rezar. Desejar ardentemente. Se colocar na frente de um tanque de guerra. Incendiar o próprio corpo. Criar beleza. Arte é revolta contra uma força superior.
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