É o que se deduz do comunicado em que a maior rede de televisão do país desiste de negociar a transmissão dos jogos do campeonato brasileiro de futebol com o Clube dos 13. Nessa briga não tem mocinho, mas a Globo, como é do seu costume, deturpa os fatos: ela detinha os direitos exclusivos de transmissão dos jogos, pelos quais pagava, obviamente, mas ganhava muito mais, certamente. Uma cláusula contratual garantia que ela pudesse cobrir propostas de outras emissoras – pelo mesmo valor, tinha preferência. Dona dos jogos, obrigava que eles se enquadrassem na sua grade de programação, isto é, depois da novela das oito, que agora é das nove. Por isso os jogos são às 22h. Interesse do torcedor? Sair do estádio à meia-noite, chegar em casa uma hora da manhã ou mais e levantar cedo no dia seguinte pra trabalhar... Até para quem está em casa esse horário é ruim, porque, além de terminar muito tarde, os torcedores, que agora veem os jogos nos bares, saem, bêbados, tocando buzina e fazendo barulho quando as pessoas estão dormindo. Não é à toa que cervejarias são os maiores patrocinadores do futebol e o treinador da seleção faz propaganda imoral de bebida alcoólica. E a Globo vem dizer que não vai fazer acordo com o Clube dos 13 em respeito ao público. Na verdade é porque o clube reajustou em 100% o valor do contrato, exige que os jogos sejam às 21h e a cláusula da preferência foi derrubada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O episódio é emblemático da decadência da Globo.
Do Comunique-se.
"As condições impostas na carta-convite não se coadunam com nossos formatos de conteúdo e de comercialização, que se baseiam exclusivamente em audiência e na receita publicitária, sendo incompatíveis com a vocação da televisão aberta que, por ser abrangente e gratuita, é a principal fonte de informação e entretenimento para a maioria dos brasileiros. Assim é, em respeito ao interesse do público, que a Rede Globo se sente impedida de participar desta licitação e pretende manter diálogo com cada um dos clubes para chegarmos a um formato para a disputa pelos direitos de transmissão que privilegie a parte mais importante desse evento: o torcedor."
A íntegra.