A notícia abaixo, da BBC Brasil, é a típica notícia maluca dos nossos dias: tem empresa vendendo sujeiras do café como se fossem café.
Como explica uma fonte da indústria do café: depois de colhidos e secados, os grãos de café passam por uma limpeza para separá-los das impurezas, tipo pedras, madeira, bichos etc., além dos grãos que são descartados por serem ruins e das cascas. Agora tem empresa que pega as impurezas, mói, embala e vende aos supermercados como se fosse café.
Tem gente que compra atraída pelo preço mais barato e porque a embalagem não informa o conteúdo real.
É incrível que na terra do café (o Brasil é o maior produtor mundial e Minas Gerais produz mais de 50% do total brasileiro), o café esteja tão caro e se tome café ruim. É muito difícil encontrar nos supermercados e lojas especializadas um bom café por menos de R$ 80 o quilo.
Mas não é de hoje que isso acontece. Até algumas décadas atrás, o café de qualidade era todo exportado. Nós, brasileiros, nos acostumamos durante séculos a comprar e tomar café ruim, provavelmente bem parecido com esse da notícia, que custa R$ 60 o quilo. Isso a fonte da indústria não diz.
Muita gente ainda toma café desse tipo, que são os cafés "fortes", sem indicação de tipo (o arábica é muito mais saboroso), procedência, produtor, torra etc., cafés que a indústria compra de vários produtores, mistura, embala e vende, com sua marca. Estes também, para mim, são outra bebida muito diferente do café que me acostumei a tomar ao longo da vida, apurando cada vez mais meu paladar. O café popular bebido no Brasil continua sendo muito ruim.
A verdade sobre o 'café fake': por dentro do 'parece, mas não é' que se espalha pelos supermercados
Mistura de café com impurezas tem sido vendido em embalagem semelhante à do café tradicional, segundo associação
Camilla Veras Mota
Da BBC News Brasil em São Paulo
10 fevereiro 2025
"O café é um monoproduto extraído do grão do café. Junto a esse grão, depois de secado e beneficiado, sobram casca, mucilagem (camada viscosa do grão), pau, pedra, palha e tudo o que vem junto com o café – mas não é café."
Foi assim que o diretor da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, descreveu, em um vídeo que circulou na última semana, o "cafake", item que vem sendo encontrado em alguns supermercados com embalagem semelhante à do café, mas que é outra coisa.
Trata-se de um "pó para preparo de bebida à base de café", que viralizou nas redes sociais como "café fake" e "cafake", uma mistura de café com impurezas que, segundo a Abic, não tem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser comercializada.
Na imagem que tem sido compartilhada na internet, o pacote de meio quilo sai por R$ 13,99, menos da metade do preço médio do café no varejo atualmente, quase R$ 30.
Presente na grande maioria dos lares brasileiros, o café foi um dos itens que mais encareceram em 2024, com alta de 39,6%, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), contra 4,83% do índice geral de inflação.