domingo, 30 de novembro de 2025
Música do dia: Dedicated to the one I love, The Mamas & the Papas
terça-feira, 25 de novembro de 2025
Neoliberalismo: morto, vivo ou zumbi?, por Juliane Furno
'Governo Lula não é neoliberal, tem contradições'
domingo, 23 de novembro de 2025
Música do dia (2): Also sprach Zarathustra, Abertura, Richard Strauss
Para começar o dia ouvindo. Tem abertura de sinfonia mais bonita? Igual talvez.
Música do dia: Sândalo de dândi, Metrô
sábado, 22 de novembro de 2025
25 horas por dia
Minha lista de músicas prediletas chegou a 101 recentemente e aquela da qual eu mais gosto talvez seja esta gravação de I say a little prayer da Aretha Franklin. São todas músicas maravilhosas e o gosto depende do momento: como não dizer que Saudade do Brasil é a música mais bonita que eu conheço? Ou o Largo de Bach, a primeira da lista? Ou a Melodia Sentimental, do Villa-Lobos? Ou God, do John Lennon? Ou Dear old Stockholm? Ou O morro não tem vez? Ou Clube da esquina? Ou a Marcha fúnebre do Chopin? Ou o Prelúdio da Bachina nº 7? Ou a Abertura de Also Sprach Zarathustra, a mais recente na lista. Ou... Todas foram escolhidas segundo o critério explicado, que coloca cada uma como predileta. Por que então a predição por esta? Porque talvez seja a canção que eu mais canto espontaneamente (e nem sei a letra), sempre ouvindo a voz da Aretha. Bacharach e David fizeram uma obra-prima, mas nesse caso minha escolha vem com a interpretação, é essa versão que me comove (a gravação original é da Dionne Warwick, mas essa tem história). A voz da Aretha é deliciosa até quando se cala para que o coro cante. Eu não a ouviria só duas vezes, ouviria 25 horas por dia, pensando na mulher que mais amei, com quem eu ficaria 25 horas por dia também. Talvez minha predileção tenha outra razão, porque é uma obra de arte e arte é a verdade expressa na beleza. Isso me ocorre quando penso no significado da canção: ela é a prece da mulher de um soldado americano enviado para o Vietnã. A relação trágica entre arte e sofrimento. O que o indivíduo humano pode fazer contra as forças sociais tão superiores a ele? Rezar. Desejar ardentemente. Se colocar na frente de um tanque de guerra. Incendiar o próprio corpo. Criar beleza. Arte é revolta contra uma força superior.
quinta-feira, 20 de novembro de 2025
Miguel Nicolelis entrevistado por Breno Altman
quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Belém é muito quente 6
Há mais de cinquenta anos, Chico europeu Buarque de Holanda já tinha dito o mesmo, ao contrário, sobre a Europa que disse o chanceler alemão sobre o Brasil.
Belém é muito quente 5
Belém é muito quente 4
O alemão Werner Herzog expressou em filmes há meio século o que significou para a espécie humana (sob o olhar dos europeus, porque antepassados dos indígenas atuais já viviam neste paraíso há milênios) chegar ao "novo continente", que já tinha nome e habitantes, mas os europeus se apossaram dele e o colonizaram, exterminaram suas populações humanas e de outras espécies, propiciando, em cinco séculos, a destruição da Natureza exuberante, porque tudo que o capital toca é destruído para virar riqueza comercial.
Belém é muito quente 2
Giannetti questiona o famoso "complexo de vira-lata", expressão cunhada pelo dramaturgo Nélson Rodrigues. Eu não sei que caminho o Brasil deve seguir, sei que só teve um projeto nacional a partir da Revolução de 1930 até o fim da ditadura militar e que depois abraçou o neoliberalismo, que nos trouxe de volta à condição de nação exportadora de grãos, carnes e minérios. Sei também que, seja o projeto nacionalista seja o agroexportador, ambos são capitalistas europeus e que, quando os portugueses chegaram aqui, os povos indígenas já conviviam de forma muito mais sábia com a Natureza, que é o que o século XXI está exigindo que os europeus e seus colonizados mundo afora aprendam enfim. O Brasil precisa inventar um projeto nacional próprio, não capitalista, mas para isso precisa antes inventar o brasileiro não capitalista que seguirá esse rumo.
Belém é muito quente 1
O sujeito evidentemente é um imbecil, e nem é da extrema direita europeia que está insurgindo, é só a estupidez usual, a mesma que os trouxe para este continente há quinhentos e poucos anos, mas até hoje, apesar de ajudas e aquecimento global, afora Hitler e duas guerras mundiais, não têm consciência do mal que causaram à Terra e à própria espécie Homo sapiens. De fato, penso que todo europeu é um pouco fascinazista, a questão é só o que prevalece, assim como todo brasileiro (todo latianoamericano? Talvez não) é um pouco europeu, e portanto fascisnazista também, uma vez que adoram viajar para aquela porção "civilizada" do planeta, e alguns na verdade só se sentem em casa lá, estas terras são só o lugar onde ganham dinheiro. Estes geralmente são de extrema direita, mas não só, podem ser banqueiros, cineastas e atores que vão arrebatar prêmios em festivais, funcionários públicos que promovem seminários anuais por lá e toda uma gama de brasileiros cuja mentalidade é europeia. E o que é ser europeu? É essencialmente ser capitalista. A esquerda marxista, europeia, é capitalista, quem diria. Mas isso é sabido há muito, até quando seguia as orientações de Moscou stalinista a esquerda marxista brasileira era capitalista e europeia, por isso não deu certo, no fim das contas, e o império totalitário desmoronou, ao contrário da China, que encontrou com sabedoria seu caminho e está aí hoje assumindo protagonismo nos destinos humanos. Precisa antes, porém reconhecer que o capitalismo, mesmo sob comando do Estado, que é o socialismo real, também nos levará para a autodestruição. De fato, mesmo que a China queira evitar, EUA e Europa já fazem o suficiente para continuar elevando a temperatura da Terra e deixar de herança para as próximas gerações uma vida miserável, um inferno, mas não foram os europeus que inventaram essa ideia de inferno como um lugar em chamas? Pois é, estão realizando o que imaginaram. Tudo isso está na Cop30. Só os indígenas do Pindorama (?), da Amazônia e outras paragens entendem na verdade do que se trata destruir a Floresta e extinguir espécies, eles inclusive, que são Homo sapiens como os europeus, mas até hoje os alemães, pelo menos os que vieram a Belém, não compreendem isso.
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
No Chile, comunista e ultradireitista disputarão segundo turno
Não é uma boa notícia, mas é um exemplo. A eleição do presidente Gabriel Boric foi comemorada há quatro anos como a chegada ao poder de uma geração jovem que tinha ido às ruas com a intenção de enterrar o passado da ditadura militar sanguinolenta, mas seu governo não conseguiu mudar a Constituição. O que aconteceu? Não sei. Nesse sentido, a esquerda chilena repete a situação brasileira em que, ao não conseguir oferecer um projeto à maioria da população, abre espaço para o crescimento da direita; as previsões são favoráveis ao candidato da extrema direita, lá e, temo, também aqui em 2026. Entretanto, o fato de Boric não se candidatar à reeleição, ou isso não ser possível lá, é um exemplo, pois deixa o caminho livre para uma nova liderança de esquerda, o que ainda não aconteceu no Brasil neste século. A esquerda chilena se uniu em torno da candidatura de Jeannette Jara, informa a BBC News Brasil. O crescimento da violência ao qual foi atribuída a votação do candidato de extrema direita é uma taxa de homicídio de 6 por 100 mil habitantes. No Brasil, em 2023, último dado disponível, a taxa foi de 22 e comemorada, porque diminuiu...
Candidata de esquerda e ultradireitista se enfrentarão no 2º turno no Chile
Nova eleição no País deve acontecer em 14 de dezembro
Por AFP 16.11.2025 21h03 | Atualizado há 11 horas
A candidata de esquerda Jeannette Jara e o de ultradireita José Antonio Kast vão disputar o segundo turno para definir o próximo presidente do Chile, após as eleições deste domingo 16, cuja campanha esteve dominada pelo medo e a insegurança, que uma maioria associa à imigração irregular. Com quase 53% dos votos apurados, Jara, una comunista que representa uma ampla coalizão de centro-esquerda, supera por menos de 3% dos votos seu rival do Partido Republicano. Na terceira posição está um surpreendente Franco Parisi, um economista do Partido de la Gente, considerado um populista que supera o ultraliberal Johannes Kaiser, que as pesquisas situavam nessa posição.
Brasil, colônia chinesa
Tenho pra mim que a melhor solução para o Brasil seria se tornar uma colônia da China. A gente assina uma parceria público-privada, PPP, como os governos neoliberais brasileiros gostam, inclusive o atual (é, o atual, é só procurar que a gente acha essa prática grassando no governo Lula 3, assim como descobre que a polícia militar mais letal do país é a da Bahia, estado governado há 20 anos pelo PT), pode chamar de PPPI, Parceria Público-Privada Internacional, para inovar na nomenclatura da mesma merda, outra coisa que nossos governantes e ricos gostam de fazer, em vez de chamar de colônia, termo antigo que pega mal; uma PPPI de governo pra governo, com aval do STF, que no fim das contas é quem manda hoje, e aprovação do Congresso, que é quem controla o dinheiro, e entrega o Brasil para a administração chinesa por, digamos, cinquenta anos. Nossos descendentes nos agradecerão eternamente. Já demonstramos que não temos mesmo aptidão, ou vocação, ou apetite, ou seja lá o que for, para cuidar de território tão rico, que o destruímos sem dó, e pior, sem sequer tirar vantagem disso, deixando que estrangeiros e seus amigos banqueiros e latifundiários fiquem com tudo. Fomos colônia portuguesa, fomos colônia britânica, francesa, estadunidense, e somos ainda, disfarçadamente, de quem quiser nos colonizar, nossas classes ricas adoram ser colonizadas, de fato pensam que aqui é uma grande fazenda e um imenso balneário, mas sua vida mesmo é em Miami, Londres, Noviorque, Paris, Roma, Madri, Israel e Emirados Árabes, dependendo do gosto, por que não agora nos tornarmos colônia chinesa? A gente fica na nossa, trabalhando como mão de obra escrava, como sempre fomos, e entregamos o Brasil para administração dos comunistas chineses. Aposto que eles vão cuidar muito melhor do que nós. A Lagoa da Pampulha, por exemplo, aposto que em um ano eles saneiam ela e transformam o lugar num recanto maravilhoso, como começou a ser no passado, quando seu entorno foi construído por JK, que aliás tinha olhos puxados, olha só que coisa premonitória, ele, o presidente futurista, que fez cinquenta anos em cinco! Aposto também que os chineses, administrando o Brasil, não iam deixar o agrotoxiconegócio acabar de destruir a Amazônia e provavelmente a recuperariam, assim como o Cerrado e o Pantanal, o que não dizer da Caatinga e da Mata Atlântica, como estão fazendo com desertos na China. Enfim, para a Terra seria um negócio de valor ambiental extraordinário e para nós não pioraria nada, quer dizer, melhoraria, porque eles não iam tolerar o crime organizado tomando conta das favelas e do Planalto, como acontece hoje -- dizem que na China a polícia não usa arma e que ninguém teme andar na rua de madrugada. Dizem também que os chineses trabalham demais, mas e os brasileiros? Os jovens trabalhadores de hoje não têm mais jornada de oito horas nem descanso semanal nem férias remuneradas nem previdência social. Os direitos trabalhistas acabaram todos sob os governos de temer, o minúsculo, e bozo, o bobalhão genocida, e o grande líder dos trabalhadores que veio depois não os restaurou. Teve uma época que eu achava que a saída era transformar o Brasil num estacionamento para os carros americanos, mas hoje me parece que virar colônia da China é um futuro muito mais auspicioso. A PPPI já tem até slogan pronto: Brasil colônia, um negócio da China.
segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Clima e justiça intergeracional
"Justiça intergeracional." É justo o termo, sem trocadilho, e óbvio: a geração que manda no mundo hoje está condenando seus filhos e netos a viver num mundo em que não terão o que ela teve, porque estamos destruindo a Terra. O que me chama atenção, porém, mas uma vez, é a nossa capacidade de conversar fiado enquanto o mundo pega fogo. O que eu acrescentaria à explicação abaixo é: inclusive essa. Quer dizer: essa escolha de produzir textos acadêmicos em vez de agir. "Agir", para mim, é uma coisa muito simples que partidos, movimentos sociais, instituições científicas e de comunicação etc. e seus integrantes não fazem: se unirem num movimento mundial e forte para pôr fim ao capitalismo destruidor e começar uma nova civilização baseada na igualdade entre os humanos e no convívio em equilíbrio com a Natureza. Não será fácil, mas não é esse o problema, o problema é que não existe sequer a iniciativa determinada de fazer isso. A academia pretensiosa e a imprensa cínica brincam de formar a consciência do caos.
Esta publicação de certa forma se soma à anterior. Tudo é entretenimento no mundo absurdo do capitalismo medieval. Milhares de intelectuais e cientistas se dedicam a "trabalhar" e ganhar dinheiro público para produzir textos e pesquisas sobre o sexo dos anjos, o que significa narrar o que todos sabemos que está acontecendo e não fazer nada para mudar. Um comunista famoso do século XIX escreveu uma vez alguma coisa parecia com "os filósofos até hoje se dedicaram a interpretar o mundo, mas o que importa é transformá-lo", posição correta, embora pretensiosa, como a obra em geral daquele filósofo alemão, porque, de fato, filósofos foram também, digamos, "ativistas" e essa coisa de mudar o mundo é uma coisa dos séculos XIX e XX, fruto dessa ideologia comunista europeia, ao passo que civilizações antigas de outras partes do planeta viveram com muito mais sabedoria e muito menos pretensão, inclusive aqui neste continente denominado externamente pelo colonizador de "América".
Do Nexo. Clique aqui para ler a íntegra.
Clima e justiça intergeracional
Fillipi Nascimento 28 de Agosto de 2025 (atualizado 28/8/2025 às 17h52)
Parceiro Neri/Insper
A justiça intergeracional implica reconhecer que as escolhas feitas hoje podem impor custos desproporcionais a quem ainda não nasceu, tanto no acesso a recursos como na capacidade de enfrentar crises ambientais. Entenda noções centrais deste debate
Justiça intergeracional
A obrigação das gerações atuais de agir de forma a preservar as condições ambientais, sociais e econômicas necessárias para que as futuras tenham oportunidades equivalentes ou melhores de desenvolvimento e bem-estar. No campo climático, significa tomar decisões que limitem impactos irreversíveis, reduzam riscos e mantenham a integridade dos ecossistemas. Esse princípio exige políticas de longo prazo, que ultrapassem ciclos eleitorais e interesses imediatos, integrando ciência, planejamento e participação social.
A justiça intergeracional também implica reconhecer que as escolhas feitas hoje podem impor custos desproporcionais a quem ainda não nasceu, tanto no acesso a recursos como na capacidade de enfrentar crises ambientais. Trata-se, portanto, de um compromisso ético e político com a continuidade da vida em condições dignas, sustentado por princípios de equidade e responsabilidade compartilhada no tempo.
As discussões medievais dos economistas
Uma civilização em que militares e economistas são importantes não pode ser levada a sério. Economistas são pensadores medievais, ficam discutindo seriamente, em detalhes e correntes divergentes os assuntos mais idiotas possíveis, todos eles remunerados com dinheiro público das universidades, ao mesmo tempo que, por fora, fundam bancos ou trabalham para capitalistas, sempre ganhando muito dinheiro. Dá para levar a sério? E no entanto, gozam de alto prestígio, mandam nos governos e os políticos os obedecem, os jornalistas reproduzem (tentando compreender -- e aí surgiu outra categoria correlata igualmente inútil, os analistas de economia) tudo que dizem. E tudo que dizem ou é estúpido ou é óbvio. Não sabem nem escrever, cometem erros elementares de português, como se vê no título original do vídeo, um exemplo desse tipo de discussão prestigiosa, que, por ser de difícil compreensão, assim como eram as discussões sobre o sexo dos anjos na Idade Média, a plateia acha que é científica e inteligente. Inúteis. A vida é outra coisa. Assim como os banqueiros, provavelmente nenhum deles jamais trabalhou: como podem entender o que é "economia"? Quando dizem alguma coisa importante, qualquer dona de casa já sabe e explica melhor.
domingo, 9 de novembro de 2025
Música do dia: Eu sou como você é, Lô Borges
Homenagem póstuma tardia ao Lô Borges. Não publiquei nada sobre ele nesses sete dias desde sua morte porque não cultuo Lô nem o Clube da Esquina. Clube da Esquina, pra mim, é o álbum, uma obra-prima como o Abbey Road, uma conjunção perfeita de astros, em que tudo deu certo, começando pela criatividade potencial de cada um e pelo encontro que cria outra coisa maior ainda. Imagina um disco que, além de tudo, tem arranjos de Eumir Also sprach Zarathustra Deodato. Um dos melhores de todos os tempos. Depois do Clube da Esquina, Milton foi cada vez mais um músico do topo e gravou coisas muito boas, mas nada se equipara àquele álbum, assim como os demais integrantes, dos quais, para mim, o talento mais brilhante e constante foi (é) Toninho Horta. Hoje, porém comecei a cantar "Meu irmão eu sou como você é" e lembrei do Lô, que, para continuar nas comparações, é, para mim, uma espécie de Rimbaud belo-horizontino, brilhou intensamente muito jovem e eclipsou. Não precisava fazer mais nada para entrar para a história além das canções do Clube e desse álbum estranho, irregular, gravado às pressas para atender a gravadora, sem nome, famoso como "o disco do tênis", uma obra de arte já na capa, assim como o Clube da Esquina, fotos do Cafi, ambos lançados no ano emblemático de 1972, marcantes na minha vida, ano e discos. Naquele ano, as canções do "disco do tênis", assim como o Clube da Esquina, tocavam direto na alma. Gosto do disco como um todo, de algumas canções em especial: Como o machado, Faça seu jogo, O caçador, Homem da rua, Aos barões, e continuo achando esta a melhor de todas.
sábado, 8 de novembro de 2025
Música do dia (3): Borzeguim, Tom Jobim
Música do dia (2): Saudade da Bahia, Caymmi e Tom
sexta-feira, 7 de novembro de 2025
Entretenimento, é disso que o capitalismo vive
Entretenimento é um dos nomes do capitalismo. Youtube não é outra coisa, inclusive em podcasts sérios, políticos, de informação. Informação é entretenimento. No YT e nas demais redes sociais. Depois de muito ver influenciadores políticos, gente bem informada, com posições respeitáveis, fico me perguntando se de fato são influenciadores políticos ou o que antigamente, na televisão, era chamado de showman. Cito Jones Manoel, que é talvez o mais consequente de todos, militante do PCBR, com participação em protestos e manifestações, posicionamento claro nas questões nacionais e internacionais, que demonstra boa formação e muita leitura. Que papel pode ele desempenhar numa revolução brasileira? Será mesmo capaz de liderar? A revolução não será feita por trabalhadores organizados, a partir dos locais de trabalho e espaços públicos? Será que a influência via redes sociais substitui as organizações reais dos trabalhadores, do povo ou será só mais uma forma de entretenimento? A quantidade de gente que tem ocupada em entretenimento deve ser maior do que trabalhando em atividades produtivas. Todo mundo quer se distrair da realidade e grande parte quer ganhar dinheiro distraindo os outros. Entretenimento não é trabalho, trabalho é atividade produtiva, que atende uma necessidade, entretenimento é feito para ganhar dinheiro, é parte da dinâmica capitalista. Trabalhadores que se mobilizam e organizam para reivindicar, protestar ou, quem sabe, mudar a ordem social o fazem por necessidade, não para serem "monetizados". Influenciadores são parte do espetáculo capitalista. Tudo gira em torno do dinheiro, é claro, nisso e em qualquer coisa. Porta dos Fundos diversifica e tem o seu programa de auditório.
Aldo Rebelo no podcast 3 Irmãos
Aldo Rebelo é um político de opiniões próprias, fortes e corajosas. Foi num programa da extrema direita, que queria seu apoio para o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes e outras bandeiras antidemocráticas, golpistas e pró-intervenção americana no Brasil, discordou, e criticou os que ficam atacando o Brasil protegidos nos EUA, defendeu a soberania nacional, argumentou que para melhorar o STF há caminhos constitucionais. O apresentador, que disse ser daqui de Lagoa Santa (MG), ficou abobalhando, se perdeu e perdeu a compostura com seu convidado, ofendeu-o e recebeu resposta à altura. Vale a pena ver, quem quiser constatar a coerência do Aldo Rebelo, que no podcast abaixo defende a curiosa tese de que o principal problema do Brasil são as ongs, o Ibama, o Ministério Público e os ambientalistas. Ataca até mesmo a plataforma Sumaúma, exemplo de jornalismo contemporâneo. Discordo radicalmente do Aldo Rebelo, porque vejo nele uma mentalidade do século XX, ele defende o modelo desenvolvimentista que o Brasil abandonou há cinquenta anos e ignora o colapso ambiental da Terra, mas admiro seu conhecimento amplo do país, sua coerência e sua coragem. O podcast é fraco para apertar o entrevistado, mas é bom para conhecer suas ideias. Será Aldo Rebelo um negacionista do colapso do clima? Não dá pra saber.
quinta-feira, 6 de novembro de 2025
A vitória do candidato socialista, mulçumano e antissionista em Nova York
Uma boa análise da vitória do Mamdani, o prefeito eleito socialista, muçulmano e antissionista de Nova York.
quarta-feira, 5 de novembro de 2025
Meio século de dilemas da esquerda democratista dita revolucionária
As discussões da esquerda de meio século atrás continuam na ordem do dia, ou voltaram a ela. Em meados dos anos 1970, depois que a luta armada foi derrotada pela ditadura militar, o que restou da esquerda revolucionária, isto é, aqueles que não foram assassinados, presos ou exilados, passaaram a avaliar seus erros e discutir com atuar dali pra frente. Havia muitas divergências, a esquerda autoproclamada marxista-leninista se dividia em inúmeras organizações clandestinas, mas todas concordavam em duas coisas: a afirmação da revolução socialista e a avaliação de que a luta armada tinha sido um erro. O que fazer numa conjuntura em que a esquerda, que até 1968 demonstrara força impressionante, apesar da ditadura, a ponto de tentar derrubar o governo, estava agora muito enfraquecida, tinha sido golpeada quase mortalmente? Esta era a questão.
Lembremos: as lideranças trabalhistas, que estavam no poder até 1º de abril de 1964, e seus apoiadores comunistas, do PCB, o "partidão", ou seja, a esquerda reformista, tinham foram mortos, presos ou exilados na primeira hora, portanto uma década antes; a esquerda revolucionária, que foi a parte que radicalizou entre 1964 e 1968, rompendo com os reformistas, e que liderou um movimento de massas principalmente estudantil, que fez greves e manifestações de massa nas ruas, também foi dizimada após o AI-5, pela ditadura total.
Enquanto isso, a ditadura militar dominava o país com censura à imprensa e às artes, controle dos sindicatos e da política convencional, na qual só dois partidos eram tolerados, a Arena, partido do governo, e o MDB, partido pretensamente da oposição. A máquina repressiva do governo funcionava a todo vapor, também clandestinamente, fora do controle até mesmo do general presidente, perseguindo, prendendo, torturando, matando, desaparecendo com corpos e o que mais fosse necessário para eliminar fisicamente toda e qualquer oposição.
Era nessas condições extremamente adversas, traumáticas, obscurantistas que a esquerda revolucionária sobrevivente e clandestina atuava, isto é, pensava, discutia, fazia autocrítica da atuação anterior e elaborava suas novas formas de atuação. Sob risco permanente de ser descoberta, presa, torturada, morta e desaparecer, como continuava acontecendo. De tempos em tempos, a repressão da ditadura fazia novas prisões e eliminava "comunistas" -- o caso mais lembrado é o da emboscada que fuzilou o célebre Carlos Marighela, mas há inúmeros outros.
O fato que eu quero ressaltar é que, nessas condições extremamente frágeis, a esquerda revolucionária brasileira optou majoritariamente por um programa político, sintetizado no lema "Pelas liberdades democráticas", que defendeu a aliança com todos os setores burgueses que se opunham à ditadura militar com o objetivo de alcançar a volta da democracia burguesa. E foi o que veio.
Desse ponto de vista, a esquerda revolucionária foi bem-sucedida; até mesmo uma ala dos militares, liderada pelo general presidente Geisel, pelo general Golberi e pelo general presidente Figueiredo, hegemônica, passou a defender a volta da democracia e tomou uma série de medidas nesse rumo: suspensão da censura à imprensa, anistia, liberdade partidária, eleição direta de governadores e outras, de forma que ainda sob o último governo militar parecia que o Brasil era novamente uma democracia burguesa, condição que ele proclamava.
Faltava só eleger o presidente pelo voto direto. E nisso a ditadura militar não transigiu, apesar da campanha popular Diretas Já!, a maior da história do país, e impediu a aprovação pelo Congresso da emenda constitucional com esse teor, de forma que tivemos de esperar mais um governo não eleito pelo povo depois do último presidente militar. Certamente, a ditadura não queria correr o risco de ver eleito Brizola ou outro líder de esquerda e a volta do reformismo, com um acerto de contas com os militares.
Se a gente pode dizer que foi vitoriosa a bandeira das liberdades democráticas levantada pelo esquerda revolucionária nos anos 70 para unir todos os setores oposicionistas e derrubar a ditadura, com mais certeza se pode afirmar que o projeto dos militares de devolverem o poder aos civis foi plenamente exitoso. A eleição direta do primeiro presidente adiada para 1989, portanto 25 anos depois do começo da ditadura militar (incluídas aí a presidência do Sarney e a eleição do Collor, dois filhotes da ditadura), foi só o êxito final, mas não foi o único nem o principal. Com a anistia, os militares garantiram que seus crimes não seriam punidos; com a entrega da legenda do PTB para uma aliada, garantiram que Brizola não reacendesse a chama do trabalhismo forte e ascendente entre 1945 e 1964; com a liberdade partidária, dividiram o MDB, que vinha se tornando de fato oposicionista.
Política é isso mesmo, um jogo de xadrez, um jogo de movimentação de peças e ocupação de espaços, de vitórias e derrotas. O que eu quero ressaltar é o significado do aparente sucesso da bandeira das liberdades democráticas levantada pela esquerda revolucionária. Dos militares redemocratizantes às organizações marxistas-leninistas, todos estavam disputando espaço, ou, como se diz, a hegemonia no que viria a ser novo regime civil pós-ditadura. E a esquerda dita revolucionária renunciou ao horizonte revolucionário.
Em nenhum momento desde então, e já se vão quase cinquenta anos, a esquerda revolucionária brasileira sobrevivente da ditadura militar, cuja obra mais expressiva foi o PT, colocou a conquista do socialismo como objetivo posterior e superior à conquista da democracia burguesa. A revolução, o socialismo, a superação do capitalismo e da democracia burguesa foram completamente abandonados. Com o passar do tempo -- e das eleições burguesas -- o objetivo da esquerda marxista-leninista foi se transformando na eleição do Lula presidente, e depois que esse objetivo foi alcançado, na sua reeleição, na eleição e reeleição da sua escolhida, na sua nova eleição, e novamente e mais uma vez, no ano que vem.
A esquerda marxista-leninista foi fagocitada pelo PT, que se transformou no partido da ordem burguesa, partido no poder em praticamente todo o século XXI, de tal forma que o partido e os políticos que contestam a ordem são da extrema direita. Era isso mesmo que ela pretendia? Ser o partido da ordem burguesa? Ou as "liberdades democráticas" eram só uma bandeira tática para unir a oposição e derrubar a ditadura?
O fato é que, depois de derrubada a ditadura e alcançada a democracia burguesa, o Brasil não deu nem um passo além para a esquerda. O ápice foi a Constituição de 1988, cuja regulamentação ficou pendente, incapaz de afirmar importantes avanços sociais, permanentemente dependente das decisões do STF, um tribunal claramente político, marcado por decisões questionáveis, por avanços e retrocessos e que hoje se posiciona à esquerda do governo, tanto este se encaminhou para a direita. A conquista das "liberdades democráticas" não foi, definitivamente, um meio para se alcançar a revolução e o socialismo, objetivo da esquerda marxista-leninista completamente abandonado.
O vídeo abaixo suscita a mesma questão de outra forma: em nome da revolução, deve-se abandonar então a luta por objetivos imediatos? É evidente que não, mas, como disse, a esquerda só tem objetivos imediatos, não tem um objetivo final, abandonou o socialismo e a revolução. O governo petista -- melhor dizendo lulista, ou lulopetista -- sequer é reformista, nem o atual nem os anteriores. Os governos lulupetistas estão muito à direita do que foram os governos trabalhistas pré-64.
Em resumo, falta à esquerda marxista-leninista ser marxista-leninista, falta à esquerda revolucionária almejar a revolução, falta à esquerda brasileira ser de fato esquerda. Falta ao Brasil um partido com um programa de esquerda, com militância, propaganda e ações de esquerda, que participe da vida política burguesa afirmando sempre que seu objetivo é o socialismo e apontando as bandeiras concretas que defende para atingir esse objetivo. Mais ou menos um partido que diga assim ao povo: nós vamos fazer isso e isso e isso, se chegarmos ao poder, vamos implantar o socialismo, vamos fazer uma revolução, é só você me dar a chance. Não existe isso no Brasil. Os grupos de esquerda ditos revolucionários que ainda existem são inexpressivos, sectários e incompetentes, seus projetos não são factíveis e sequer chegam aos trabalhadores ou são compreendidos por eles. A impressão que eu tenho é que a esquerda brasileira dita revolucionária não tem a menor ideia do que fazer realmente para conquistar o poder e transformar o Brasil numa nação socialista.
Qual o programa da revolução brasileira? Programa 20 minutos, com Breno Altman e Nildo Ouriques.
domingo, 2 de novembro de 2025
Uma aula de história da Venezuela, da colônia até hoje
O brilhante jornalista Breno Altman, que já nos deus aulas sobre a história do sionismo, do Estado de Israel e do genocídio dos palestinos (sempre é importante lembrar que ele é judeu), nos dá agora uma aula detalhada da história da Venezuela, chegando ao chavismo e à situação atual, que acompanha de perto desde 1984. Vale a pena ouvir. Conhecer história muda a ideologia.
Breno Altaman - A história da Venezuela - podcast 3 Irmãos #857
sábado, 1 de novembro de 2025
Além de data centers, Lula negocia entregar terras raras
Mais entreguismo e mais destruição ambiental. A simpatia do presidente americano pelo presidente brasileiro não é à toa. Com um governo "de esquerda" bom assim, pra que extrema direita? Conforme lembra Jones Manoel, o governo FHC equiparou empresas estrangeiras a empresas nacionais e em cinco governos o PT ainda não quis mudar isso. Assim como manteve a política econômica do tucano e não revogou a desregulamentação do trabalho feita por temer e bozo.
Trump, Lula e o interesse nas terras raras