Da CartaCapital.
Pós-proletariado, a nova classe social das ruas
por Márcia Pinheiro
Guy Standing é PhD pela Universidade de Cambridge e professor de Estudos do Desenvolvimento da Escola de Estudos Oriental e Africano da Universidade de Londres. O ex-diretor da Organização Internacional do Trabalho veio ao Brasil a convite da União Geral dos Trabalhadores e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho da Unicamp para falar sobre a nova classe produzida pelo neo-liberalismo, o pós-proletariado. Standing recorre a um neologismo, precariado (precariat em inglês) para sintetizar a dupla condição de proletários e precários dessa parcela da população. Com uma agenda de reivindicações surpreendente mesmo para governos progressistas, partidos de esquerda e sindicatos, ocupa as ruas e praças das metrópoles mundiais e se manifesta, no Brasil, nos movimentos espontâneos de rua desde junho.
A íntegra.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Roda Viva com Juca Kfouri
Visto um mês depois, este Roda Viva mostra os abismos da imprensa e da sociedade.
É claro que a tevê tucana paulista quer com o programa atacar o governo federal petista, como faz sistematicamente, tanto que o programa já pode ser chamado de Roda Tucana, em vez de Roda Viva (quando não interessa à emissora, a gravação some da internet; este também tem um corte brusco).
O apresentador parece ter dificuldade de raciocinar e Dines é o flexível que quer fazer jornalismo sem ficar mal com ninguém, mas o eminente Juca eleva o nível e tentam acompanhá-lo. "Estou pouco me lixando pro PT e pros tucanos", diz o jornalista sociólogo.
A Copa foi um sucesso, a Seleção foi um fracasso, exatamente o oposto do que a imprensa previu.
Não houve a guerra fora dos estádios, como todos esperavam e aconteceu inesperadamente na Copa das Confederações.
Em grande parte porque a lei geral da Copa pôs o Brasil em estado de sítio e um aparato policial treinado e armado como nunca ocupou as cidades-sede.
A Seleção, que venceu admiravelmente a campeã Espanha em 2013 na final, deu vexame em 2014 -- a Espanha não passou da primeira fase, o que ajuda a esclarecer alguma coisa.
Ao contrário do que todos previram, a Copa foi um sucesso e a Seleção foi um fracasso.
O que nós perdemos na Copa não foi o título, com goleada para a Alemanha, mas o fato de governos -- de todos os partidos, como assinalada Kfouri -- se aliarem aos corruptos da Fifa, seus empreiteiros e empresas licenciadas para ganhar dinheiro, muito dinheiro, às custas do Erário e da supressão dos direitos dos brasileiros.
Aceitar as exigências da Fifa, construir estádios luxuosos e caríssimos, entregar os espaços públicos para empresas, remover moradores e outros para obras da Copa, armar a polícia para reprimir a população, impedir a circulação das pessoas nas "áreas Fifa", estes foram os prejuízos da Copa.
Juca Kfouri e a ESPN, o "oásis" no qual ele trabalha, são um raro jornalista e um raro veículo na grande imprensa que ainda têm discernimento para separar o joio do trigo e fazer jornalismo.
Vale a pena ver até o fim porque as últimas perguntas são as das melhores (mais que as respostas até).
O que a gente fica sem entender é como Juca Kfouri é grande amigo do reacionário lambe-botas que apresenta o programa.
É claro que a tevê tucana paulista quer com o programa atacar o governo federal petista, como faz sistematicamente, tanto que o programa já pode ser chamado de Roda Tucana, em vez de Roda Viva (quando não interessa à emissora, a gravação some da internet; este também tem um corte brusco).
O apresentador parece ter dificuldade de raciocinar e Dines é o flexível que quer fazer jornalismo sem ficar mal com ninguém, mas o eminente Juca eleva o nível e tentam acompanhá-lo. "Estou pouco me lixando pro PT e pros tucanos", diz o jornalista sociólogo.
A Copa foi um sucesso, a Seleção foi um fracasso, exatamente o oposto do que a imprensa previu.
Não houve a guerra fora dos estádios, como todos esperavam e aconteceu inesperadamente na Copa das Confederações.
Em grande parte porque a lei geral da Copa pôs o Brasil em estado de sítio e um aparato policial treinado e armado como nunca ocupou as cidades-sede.
A Seleção, que venceu admiravelmente a campeã Espanha em 2013 na final, deu vexame em 2014 -- a Espanha não passou da primeira fase, o que ajuda a esclarecer alguma coisa.
Ao contrário do que todos previram, a Copa foi um sucesso e a Seleção foi um fracasso.
O que nós perdemos na Copa não foi o título, com goleada para a Alemanha, mas o fato de governos -- de todos os partidos, como assinalada Kfouri -- se aliarem aos corruptos da Fifa, seus empreiteiros e empresas licenciadas para ganhar dinheiro, muito dinheiro, às custas do Erário e da supressão dos direitos dos brasileiros.
Aceitar as exigências da Fifa, construir estádios luxuosos e caríssimos, entregar os espaços públicos para empresas, remover moradores e outros para obras da Copa, armar a polícia para reprimir a população, impedir a circulação das pessoas nas "áreas Fifa", estes foram os prejuízos da Copa.
Juca Kfouri e a ESPN, o "oásis" no qual ele trabalha, são um raro jornalista e um raro veículo na grande imprensa que ainda têm discernimento para separar o joio do trigo e fazer jornalismo.
Vale a pena ver até o fim porque as últimas perguntas são as das melhores (mais que as respostas até).
O que a gente fica sem entender é como Juca Kfouri é grande amigo do reacionário lambe-botas que apresenta o programa.
Por que consumir orgânicos?
Da CartaCapital.
A forma como você se alimenta é um ato político
por Mariana Melo
Por que é bom consumir orgânicos? Dos adeptos "naturebas", a resposta vem de forma imediata: porque é melhor para a saúde. Mas, segundo a nutricionista Elaine de Azevedo, pesquisadora do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, essa resposta não demonstra todo impacto que o consumo orgânico pode ter na sociedade. Em uma discussão que abrange desde a problemática social do campo até a questão da fome mundial, consumir tais alimentos pode ser um gesto político.
"A agricultura orgânica é mais do que um modo produtivo, é uma proposta, é um movimento ativista. É importante ampliar os conceitos, para entender o que é que está por trás da produção orgânica", diz Elaine, autora do livro Alimentos Orgânicos: ampliando os conceitos de saúde humana, ambiental e social, da Editora Senac. Confira a entrevista.
CartaCapital: Alguns defendem o consumo de produtos orgânicos pelo viés ambiental, outros, nutricional. Você diz que os benefícios do consumo dos orgânicos são uma questão mais plural, que beneficia uma série de setores. Você poderia falar mais a respeito?
Elaine de Azevedo: Na verdade, esses vieses parecem que são separados, mas são costurados pelo contexto de saúde coletiva. A saúde coletiva implica em condições sociais, ambientais e de estilo de vida saudáveis. Quando você olha na perspectiva de saúde coletiva, para você ser saudável você tem que trabalhar, ter dignidade, estar com quem gosta em um ambiente sustentável pra ter saúde. Nessa perspectiva, o alimento orgânico de origem familiar vai ao encontro da promoção de saúde social, porque vai dignificar o agricultor, e isso repercute na qualidade de vida nas grandes cidades na questão do desemprego, da violência. Tem a ver com a saúde social urbana. E na saúde ambiental também, porque não adianta comer bem se o ar e o mar estiverem poluídos, se o clima estiver desequilibrado. Você tem repercussões sociais porque o ambiente não é só o indivíduo. Então, o aspecto de alimentos equilibrados nutricionalmente é quase uma consequência. Respirar ar poluído, não ter trabalho e viver em uma cidade violenta com graves problemas sociais não é saudável.
A íntegra.
A forma como você se alimenta é um ato político
por Mariana Melo
Por que é bom consumir orgânicos? Dos adeptos "naturebas", a resposta vem de forma imediata: porque é melhor para a saúde. Mas, segundo a nutricionista Elaine de Azevedo, pesquisadora do Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, essa resposta não demonstra todo impacto que o consumo orgânico pode ter na sociedade. Em uma discussão que abrange desde a problemática social do campo até a questão da fome mundial, consumir tais alimentos pode ser um gesto político.
"A agricultura orgânica é mais do que um modo produtivo, é uma proposta, é um movimento ativista. É importante ampliar os conceitos, para entender o que é que está por trás da produção orgânica", diz Elaine, autora do livro Alimentos Orgânicos: ampliando os conceitos de saúde humana, ambiental e social, da Editora Senac. Confira a entrevista.
CartaCapital: Alguns defendem o consumo de produtos orgânicos pelo viés ambiental, outros, nutricional. Você diz que os benefícios do consumo dos orgânicos são uma questão mais plural, que beneficia uma série de setores. Você poderia falar mais a respeito?
Elaine de Azevedo: Na verdade, esses vieses parecem que são separados, mas são costurados pelo contexto de saúde coletiva. A saúde coletiva implica em condições sociais, ambientais e de estilo de vida saudáveis. Quando você olha na perspectiva de saúde coletiva, para você ser saudável você tem que trabalhar, ter dignidade, estar com quem gosta em um ambiente sustentável pra ter saúde. Nessa perspectiva, o alimento orgânico de origem familiar vai ao encontro da promoção de saúde social, porque vai dignificar o agricultor, e isso repercute na qualidade de vida nas grandes cidades na questão do desemprego, da violência. Tem a ver com a saúde social urbana. E na saúde ambiental também, porque não adianta comer bem se o ar e o mar estiverem poluídos, se o clima estiver desequilibrado. Você tem repercussões sociais porque o ambiente não é só o indivíduo. Então, o aspecto de alimentos equilibrados nutricionalmente é quase uma consequência. Respirar ar poluído, não ter trabalho e viver em uma cidade violenta com graves problemas sociais não é saudável.
A íntegra.
O que é a Fifa
Reportagem da Agência Pública mostra bastidores da reunião mundial da Fifa realizada no Brasil.
Da Agência Pública, em 12/6/2014.
A falência moral da Fifa
por Jamil Chade
A Copa do Mundo está em todas as partes e, pelo planeta, milhões de pessoas aguardam com ansiedade o início do torneio hoje. Mas existe um lugar onde o futebol não é discutido e sequer tem credencial para entrar: no Congresso da Fifa. Em uma mistura de caudilhismo, coronéis, feudos europeus, monarquias asiáticas e clãs africanos, o evento anual da entidade é o retrato de uma organização bilionária, mas falida moralmente.
209 federações nacionais se reuniram nos últimos dois dias no Transamérica Expo Center, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, em um encontro que explicitou a guerra pelo poder dentro da Fifa e escancarou manobras para comprar votos e ganhar aliados. Tudo graças ao sequestro da emoção de milhões de garotos e famílias pelo mundo que dão parte de seu dinheiro ao futebol.
No centro do debate nesta semana estava a permanência de Joseph Blatter como presidente da organização, um cargo que ele ocupa desde 1998. Na Fifa, ele já está desde 1975. Mas sua avaliação é de que sua missão "ainda não acabou".
Nos dias que antecederam o Congresso, ele fez o que qualquer político faria: percorreu seus currais eleitorais, fez promessas, apertou mãos, sorriu para câmeras e criticou a oposição. Uma aula para qualquer iniciante e mesmo alguns dos políticos mais experimentados.
Para as organizações regionais pequenas, prometeu que vai estudar novos lugares para as seleções na Copa do Mundo, cargos na Fifa e programas sociais, numa espécie de assistencialismo com direito à retribuições em votos. Aos cartolas africanos, prometeu atacar o racismo e, para os asiáticos, insistiu em dar um lugar especial para a questão palestina.
Mas Blatter teve uma surpresa. Ao se reunir com as federações europeias, não apenas não ganhou o apoio da Uefa como foi fortemente questionado sobre os diversos escândalos de corrupção e sobre suas intenções de se perpetuar no comando da Fifa. O último escânalo gira em torno de denúncias que dirigentes teriam recebido dinheiro para escolher o Catar como sede da Copa de 2012.
"Nunca fui tão desrespeitado", declarou Blatter, pouco acostumado a ser pressionado ou ser exigido a dar explicações. Para os europeus, havia chegado a hora de dar um basta no "reinado" de Blatter, e não foram poucos os que acusaram de "não ter a capacidade de lidar com a corrupção". Mas o golpe dos europeus duraria apenas algumas horas. Hábil e acionando sua rede de aliados, Blatter fez questão de mostrar quem é que manda na entidade.
Uma nova Fifa, uma nova Era
O primeiro passo do contra-golpe foi organizar o pagamento do que equivale a uma “propina oficial”. Logo no início do Congresso – que contou com a cicerone Fernanda Lima apresentando o suiço como “o homem que guiou a Fifa com sucesso desde 1998″ – Blatter fez questão de anunciar que estava usando parte da receita da Copa do Mundo no Brasil, a mais lucrativa da história, para repartir bônus a todas as federações nacionais. No total, o cartola usou US$ 200 milhões para ganhar aliados. “Nunca estivemos tão ricos e tão fortes como agora”, declarou.
Cada dirigente saiu de São Paulo com US$ 700 mil a mais no bolso. Se o valor não seria significativo para um alemão ou inglês, o dinheiro fez delegações menores ovacionarem o "grande líder". "Vocês estão felizes?", gritava de seu púlpito o dirigente suíço.
A distribuição do "presente" não era por acaso. Momentos depois, surgiria na pauta do Congresso a proposta da Europa de limitar o mandato do presidente da Fifa. A Uefa queria estabelecer uma idade máxima de 72 anos para que um dirigente pudesse ser eleito. Os europeus ainda propunham uma lei que limitava os mandatos a apenas oito anos.
Para Blatter seria desastroso se qualquer uma das propostas fosse aprovada. O dirigente de 78 anos estaria fora do “limite” e teria de deixar sua cadeira em Zurique para um sucessor. O limite no número de mandatos também não agradava.
Afinal, são poucos no Comitê Executivo da Fifa que têm qualquer intenção de aceitar princípios de alternância de poder. Blatter, uma vez mais, cobrou a aliança dos pequenos países em torno de seus votos para derrubar o projeto europeu.
Assim, antes da votação, uma sequência de dirigentes pedia a palavra para apoiar Blatter. Todos vindos de federações com pesos insignificantes no futebol.
O primeiro foi o presidente da Federação de Futebol de Cuba, Luis Hernandez. Vindo de um país cujos líderes se perpetuam no poder, o cartola pediu ao Congresso que não aderissem à onda democrática. "Cuba considera o limite como discriminatório", declarou. "O que importa é a capacidade de trabalho. Sua capacidade física é importante. Mas sua liderança e moral é o mais relevante", disse. "Ninguém troca um jogador por idade se ele vai bem. Ninguém troca um treinador e nem o presidente da Fifa quando ela é vencedora", afirmou.
Quem também saiu em apoio a Blatter foi a delegação do Haiti, país que recebeu dinheiro da Fifa durante anos. "Seria uma discriminação catastrófica", declarou Yves Bart, presidente da Federação haitiana. Omari Selemani, presidente da Federação do Congo, Sri Lanka e Palestina, também saíram em apoio ao cartola.
Quando seus aliados acabaram de falar, Blatter cortou o papo e pediu que a votação fosse iniciada. No momento de apurar o resultado, nenhuma surpresa: as propostas feitas pelos europeus para reformar a Fifa e permitir uma mudança de geração no comando da entidade foram enterradas. E os dirigentes comemoraram como se tivessem feito um gol.
Enquanto uma vez mais a Fifa mostrava sua cara, as aberrações eram em parte encobertas por salas elegantes do centro de convenções que ocupa 100 mil metros quadrados, ao redor dos quais o trânsito era desviado pela CET para evitar protestos. E pelos dirigentes com seus ternos impecáveis, carros de luxo e uma proteção equivalente a de chefes de estado. Nos corredores, eles repetiam um comportamento de um clã que deve poucas explicações ao mundo. Questionamentos são tratados como traições. Aliados ganham beijos. E a ordem de todos é a de não falar a palavra maldita: corrupção.
A íntegra.
Da Agência Pública, em 12/6/2014.
A falência moral da Fifa
por Jamil Chade
A Copa do Mundo está em todas as partes e, pelo planeta, milhões de pessoas aguardam com ansiedade o início do torneio hoje. Mas existe um lugar onde o futebol não é discutido e sequer tem credencial para entrar: no Congresso da Fifa. Em uma mistura de caudilhismo, coronéis, feudos europeus, monarquias asiáticas e clãs africanos, o evento anual da entidade é o retrato de uma organização bilionária, mas falida moralmente.
209 federações nacionais se reuniram nos últimos dois dias no Transamérica Expo Center, no bairro de Santo Amaro, em São Paulo, em um encontro que explicitou a guerra pelo poder dentro da Fifa e escancarou manobras para comprar votos e ganhar aliados. Tudo graças ao sequestro da emoção de milhões de garotos e famílias pelo mundo que dão parte de seu dinheiro ao futebol.
No centro do debate nesta semana estava a permanência de Joseph Blatter como presidente da organização, um cargo que ele ocupa desde 1998. Na Fifa, ele já está desde 1975. Mas sua avaliação é de que sua missão "ainda não acabou".
Nos dias que antecederam o Congresso, ele fez o que qualquer político faria: percorreu seus currais eleitorais, fez promessas, apertou mãos, sorriu para câmeras e criticou a oposição. Uma aula para qualquer iniciante e mesmo alguns dos políticos mais experimentados.
Para as organizações regionais pequenas, prometeu que vai estudar novos lugares para as seleções na Copa do Mundo, cargos na Fifa e programas sociais, numa espécie de assistencialismo com direito à retribuições em votos. Aos cartolas africanos, prometeu atacar o racismo e, para os asiáticos, insistiu em dar um lugar especial para a questão palestina.
Mas Blatter teve uma surpresa. Ao se reunir com as federações europeias, não apenas não ganhou o apoio da Uefa como foi fortemente questionado sobre os diversos escândalos de corrupção e sobre suas intenções de se perpetuar no comando da Fifa. O último escânalo gira em torno de denúncias que dirigentes teriam recebido dinheiro para escolher o Catar como sede da Copa de 2012.
"Nunca fui tão desrespeitado", declarou Blatter, pouco acostumado a ser pressionado ou ser exigido a dar explicações. Para os europeus, havia chegado a hora de dar um basta no "reinado" de Blatter, e não foram poucos os que acusaram de "não ter a capacidade de lidar com a corrupção". Mas o golpe dos europeus duraria apenas algumas horas. Hábil e acionando sua rede de aliados, Blatter fez questão de mostrar quem é que manda na entidade.
Uma nova Fifa, uma nova Era
O primeiro passo do contra-golpe foi organizar o pagamento do que equivale a uma “propina oficial”. Logo no início do Congresso – que contou com a cicerone Fernanda Lima apresentando o suiço como “o homem que guiou a Fifa com sucesso desde 1998″ – Blatter fez questão de anunciar que estava usando parte da receita da Copa do Mundo no Brasil, a mais lucrativa da história, para repartir bônus a todas as federações nacionais. No total, o cartola usou US$ 200 milhões para ganhar aliados. “Nunca estivemos tão ricos e tão fortes como agora”, declarou.
Cada dirigente saiu de São Paulo com US$ 700 mil a mais no bolso. Se o valor não seria significativo para um alemão ou inglês, o dinheiro fez delegações menores ovacionarem o "grande líder". "Vocês estão felizes?", gritava de seu púlpito o dirigente suíço.
A distribuição do "presente" não era por acaso. Momentos depois, surgiria na pauta do Congresso a proposta da Europa de limitar o mandato do presidente da Fifa. A Uefa queria estabelecer uma idade máxima de 72 anos para que um dirigente pudesse ser eleito. Os europeus ainda propunham uma lei que limitava os mandatos a apenas oito anos.
Para Blatter seria desastroso se qualquer uma das propostas fosse aprovada. O dirigente de 78 anos estaria fora do “limite” e teria de deixar sua cadeira em Zurique para um sucessor. O limite no número de mandatos também não agradava.
Afinal, são poucos no Comitê Executivo da Fifa que têm qualquer intenção de aceitar princípios de alternância de poder. Blatter, uma vez mais, cobrou a aliança dos pequenos países em torno de seus votos para derrubar o projeto europeu.
Assim, antes da votação, uma sequência de dirigentes pedia a palavra para apoiar Blatter. Todos vindos de federações com pesos insignificantes no futebol.
O primeiro foi o presidente da Federação de Futebol de Cuba, Luis Hernandez. Vindo de um país cujos líderes se perpetuam no poder, o cartola pediu ao Congresso que não aderissem à onda democrática. "Cuba considera o limite como discriminatório", declarou. "O que importa é a capacidade de trabalho. Sua capacidade física é importante. Mas sua liderança e moral é o mais relevante", disse. "Ninguém troca um jogador por idade se ele vai bem. Ninguém troca um treinador e nem o presidente da Fifa quando ela é vencedora", afirmou.
Quem também saiu em apoio a Blatter foi a delegação do Haiti, país que recebeu dinheiro da Fifa durante anos. "Seria uma discriminação catastrófica", declarou Yves Bart, presidente da Federação haitiana. Omari Selemani, presidente da Federação do Congo, Sri Lanka e Palestina, também saíram em apoio ao cartola.
Quando seus aliados acabaram de falar, Blatter cortou o papo e pediu que a votação fosse iniciada. No momento de apurar o resultado, nenhuma surpresa: as propostas feitas pelos europeus para reformar a Fifa e permitir uma mudança de geração no comando da entidade foram enterradas. E os dirigentes comemoraram como se tivessem feito um gol.
Enquanto uma vez mais a Fifa mostrava sua cara, as aberrações eram em parte encobertas por salas elegantes do centro de convenções que ocupa 100 mil metros quadrados, ao redor dos quais o trânsito era desviado pela CET para evitar protestos. E pelos dirigentes com seus ternos impecáveis, carros de luxo e uma proteção equivalente a de chefes de estado. Nos corredores, eles repetiam um comportamento de um clã que deve poucas explicações ao mundo. Questionamentos são tratados como traições. Aliados ganham beijos. E a ordem de todos é a de não falar a palavra maldita: corrupção.
A íntegra.
domingo, 13 de julho de 2014
A Copa do estado de sítio
Há várias análises para se fazer da Copa, do futebol brasileiro à política, da organização do Estado à fascistização da repressão.
As cidades-sede tornaram-se verdadeiras praças de guerra -- sem guerra, porque as manifestações praticamente não aconteceram.
A PM ocupou os espaços públicos de uma forma que não aconteceu nem mesmo na ditadura, com um aparato gigantesco, restringindo o ir e vir, reprimindo manifestações e prendendo "preventivamente". A população e até mesmo jornalistas foram impedidos de circular pelos "espaços Fifa".
A lei geral da Copa pôs o país sob verdadeiro estado de sítio, que é a situação legal em que os direitos são suspensos e o governo pode fazer o que quiser -- durante a Copa a polícia ganhou um poder excepcional.
Este foi o grande erro do governo federal -- que todos os governos estaduais e municipais reacionários apoiaram e executaram com entusiasmo.
Da BBC Brasil no Rio de Janeiro.
Prisões na véspera da final da Copa despertam crítica
Jefferson Puff e Ricardo Senra
A polícia do Rio de Janeiro prendeu neste sábado ao menos 37 pessoas por supostas conexões com manifestações marcadas para coincidir com a final da Copa do Mundo, entre Argentina e Alemanha, neste domingo no Maracanã. Consultadas pela BBC Brasil, a OAB e a Anistia Internacional avaliaram as prisões como "inconstitucionais e intimidatórias". O grupo também deve ser acusado de "formação de quadrilha armada".
Mais nove pessoas poderão ser presas nas próximas horas pela operação batizada de Firewall 2, que mobiliza 25 delegados, 80 policiais e até uma aeronave.
Para o presidente de Comissão de Direitos Humanos da OAB do Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Chalreo, as prisões são inconstitucionais. "As prisões têm caráter intimidatório, sem fundamento legal, e têm nítido viés político, de tom fascista bastante presente. O objetivo é claramente afastar as pessoas dos atos públicos".
Ao lado de representantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e de coletivos de advogados, Chalreo disse à BBC Brasil que os presos terão pedidos de habeas corpus protocolados ainda hoje, e que "ninguém ficará sem assistência judiciária".
As cidades-sede tornaram-se verdadeiras praças de guerra -- sem guerra, porque as manifestações praticamente não aconteceram.
A PM ocupou os espaços públicos de uma forma que não aconteceu nem mesmo na ditadura, com um aparato gigantesco, restringindo o ir e vir, reprimindo manifestações e prendendo "preventivamente". A população e até mesmo jornalistas foram impedidos de circular pelos "espaços Fifa".
A lei geral da Copa pôs o país sob verdadeiro estado de sítio, que é a situação legal em que os direitos são suspensos e o governo pode fazer o que quiser -- durante a Copa a polícia ganhou um poder excepcional.
Este foi o grande erro do governo federal -- que todos os governos estaduais e municipais reacionários apoiaram e executaram com entusiasmo.
Da BBC Brasil no Rio de Janeiro.
Prisões na véspera da final da Copa despertam crítica
Jefferson Puff e Ricardo Senra
A polícia do Rio de Janeiro prendeu neste sábado ao menos 37 pessoas por supostas conexões com manifestações marcadas para coincidir com a final da Copa do Mundo, entre Argentina e Alemanha, neste domingo no Maracanã. Consultadas pela BBC Brasil, a OAB e a Anistia Internacional avaliaram as prisões como "inconstitucionais e intimidatórias". O grupo também deve ser acusado de "formação de quadrilha armada".
Mais nove pessoas poderão ser presas nas próximas horas pela operação batizada de Firewall 2, que mobiliza 25 delegados, 80 policiais e até uma aeronave.
Para o presidente de Comissão de Direitos Humanos da OAB do Estado do Rio de Janeiro, Marcelo Chalreo, as prisões são inconstitucionais. "As prisões têm caráter intimidatório, sem fundamento legal, e têm nítido viés político, de tom fascista bastante presente. O objetivo é claramente afastar as pessoas dos atos públicos".
Ao lado de representantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e de coletivos de advogados, Chalreo disse à BBC Brasil que os presos terão pedidos de habeas corpus protocolados ainda hoje, e que "ninguém ficará sem assistência judiciária".
Genéricos ficaram mais baratos
Produção de remédios é uma das máfias do capitalismo. Genérico é uma ideia ótima e óbvia, que existe em todos os países desenvolvidos -- remédio é um produto que deve ser usado por quem está doente e precisa, não só por quem está doente e pode pagar; remédios de marca custam mais caro porque no seu preço está embutido o gasto com propaganda e promoção, como fazem cocas-colas e todos os produtos da sociedade de consumo.
Se não houver vigilância sobre o genérico no entanto em vez de benefício ele vira prejuízo para a população, porque os laboratórios fazem de tudo para aumentar seus lucros. No caso, elevar o preço até o preço do remédio de referência e ao mesmo tempo aumentar ainda mais o preço do remédio de referência.
Não basta ter um programa bom, porque empresários, políticos e tecnocratas corruptos sempre poderão desvirtuá-lo; é preciso que a população esteja no controle da sua execução, vigiando, por meio de mecanismos de participação.
Esta é uma diferença fundamental entre um governo petista e um governo tucano: tucanos restringem a participação da sociedade nos órgãos públicos criados pelos governos desde 1985 e ignoram as pressões populares.
É, mais uma vez, uma escolha que estará em jogo em outubro.
É a questão decisiva das eleições no Brasil: ainda não há um partido nem lideranças melhores do que os petistas. Todos os que se apresentam para derrotá-los são piores, são reacionários, estão à direita e pretendem tirar benefícios e poder conquistados pela população nos últimos 12 anos, querem favorecer ainda mais os ricos e as elites.
Simples assim.
Basta comparar as administrações de Belo Horizonte sob Patrus, Célio de Castro e mesmo sob Pimentel com a atual administração catastrófica do milionário tucano-socialista.
Do saite do Idec, em 24/6/2014.
Genéricos estão mais baratos após cobrança do Idec
O Instituto ainda critica o teto estabelecido pela Cmed, que é muito distante do preço praticado pelo mercado, o que possibilita reajustes durante o ano de mais de 100%, mesmo após o anúncio do índice anual
Um ano após a pesquisa do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que apontou que os medicamentos genéricos estavam mais caros do que os de referência, atualização deste levantamento mostra que todos eles tiveram redução de até 53% nos preços.
Em 2013, o Idec questionou o fato à Câmara de Regulação de Medicamentos -- Cmed, órgão ligado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em quatro situações, o Idec havia identificado preços de genéricos acima do valor do medicamento de referência: um no ponto de venda e três na tabela da própria Cmed.
Este ano, a comparação com a amostra de 2013 ocorreu em 9 medicamentos e todos apresentaram redução no preço entre 6% e 53%. A queda máxima (53%) foi no antibiótico de princípio ativo Amoxicilina 500mg, com 30 comprimidos, produzido pelo laboratório EMS (2013 - R$ 35,42 / 2014 - R$ 16,54).
A íntegra.
Se não houver vigilância sobre o genérico no entanto em vez de benefício ele vira prejuízo para a população, porque os laboratórios fazem de tudo para aumentar seus lucros. No caso, elevar o preço até o preço do remédio de referência e ao mesmo tempo aumentar ainda mais o preço do remédio de referência.
Não basta ter um programa bom, porque empresários, políticos e tecnocratas corruptos sempre poderão desvirtuá-lo; é preciso que a população esteja no controle da sua execução, vigiando, por meio de mecanismos de participação.
Esta é uma diferença fundamental entre um governo petista e um governo tucano: tucanos restringem a participação da sociedade nos órgãos públicos criados pelos governos desde 1985 e ignoram as pressões populares.
É, mais uma vez, uma escolha que estará em jogo em outubro.
É a questão decisiva das eleições no Brasil: ainda não há um partido nem lideranças melhores do que os petistas. Todos os que se apresentam para derrotá-los são piores, são reacionários, estão à direita e pretendem tirar benefícios e poder conquistados pela população nos últimos 12 anos, querem favorecer ainda mais os ricos e as elites.
Simples assim.
Basta comparar as administrações de Belo Horizonte sob Patrus, Célio de Castro e mesmo sob Pimentel com a atual administração catastrófica do milionário tucano-socialista.
Do saite do Idec, em 24/6/2014.
Genéricos estão mais baratos após cobrança do Idec
O Instituto ainda critica o teto estabelecido pela Cmed, que é muito distante do preço praticado pelo mercado, o que possibilita reajustes durante o ano de mais de 100%, mesmo após o anúncio do índice anual
Um ano após a pesquisa do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que apontou que os medicamentos genéricos estavam mais caros do que os de referência, atualização deste levantamento mostra que todos eles tiveram redução de até 53% nos preços.
Em 2013, o Idec questionou o fato à Câmara de Regulação de Medicamentos -- Cmed, órgão ligado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em quatro situações, o Idec havia identificado preços de genéricos acima do valor do medicamento de referência: um no ponto de venda e três na tabela da própria Cmed.
Este ano, a comparação com a amostra de 2013 ocorreu em 9 medicamentos e todos apresentaram redução no preço entre 6% e 53%. A queda máxima (53%) foi no antibiótico de princípio ativo Amoxicilina 500mg, com 30 comprimidos, produzido pelo laboratório EMS (2013 - R$ 35,42 / 2014 - R$ 16,54).
A íntegra.
terça-feira, 8 de julho de 2014
Copa em São Paulo
É o que acontece também na Savassi. Passei lá só depois ou antes de jogos, mas o mau cheiro e a sujeira continuavam lá. E havia muitos estrangeiros. Mais ainda policiais. E carros de polícia. E grades cercando tudo.
Do DCM.
Quando a diversão deu lugar ao caos na Vila Madalena
por Thiago Sievers
É na Vila Madalena que as coisas acontecem em São Paulo. Assim tem sido nos últimos tempos. O bairro paulistano tem sido o ponto de encontro mais importante da capital para os jogos da seleção, superando até mesmo o Vale do Anhangabaú, onde acontece a Fan Fest.
Segundo a prefeitura, 25 mil pessoas assistiram a Brasil e Colômbia na festa oficial da FIFA no centro e 70 mil no bairro da zona oeste.
Eu estive lá. E o que eu vi não foi um carnaval de alegria.
Ainda que o tempo estivesse ameno, muitos homens andavam sem camisa e se instalavam na beirada dos corredores por onde as pessoas passavam para investir em qualquer mulher que atravessasse o caminho. Segurar no braço, cheirar o cangote e andar alguns metros acoplado à retaguarda das garotas era o roteiro.
Os banheiros químicos instalados próximos à festa liberavam um cheiro forte e o chão já começava a tomar contornos de lixão. Mas as pessoas pareciam se divertir, dançando, cantando, bebendo e beijando.
Não consegui observar tantos gringos quanto os relatos que li e alguns amigos que estiveram nas últimas festas diziam haver. Vi um ou outro fotografando com brasileiras e balançando o corpo ao som das músicas que animavam as rodas que se formavam aqui e ali.
Para assistir ao jogo havia o famoso telão da Aspicuelta com Mourato Coelho, que estava banhado pela luz do sol, outro telão menor e mal posicionado na Fradique Coutinho, ou as televisões dos bares instaladas na calçada. Então eu optei por um bar ali do lado que estivesse mais tranquilo.
Depois da partida, o ambiente era o mesmo, só que bastante mais intenso. O cheiro desagradável havia proliferado pelo lugar e os banheiros químicos tinham perdido suas funções (ao menos para os homens).
O chão estava empesteado de lixo e totalmente molhado, apesar de não ter chovido. Os plásticos sob os pés, somados à umidade e ao odor, davam a impressão de que se estava caminhando sobre o esgoto.
A íntegra.
Do DCM.
Quando a diversão deu lugar ao caos na Vila Madalena
por Thiago Sievers
É na Vila Madalena que as coisas acontecem em São Paulo. Assim tem sido nos últimos tempos. O bairro paulistano tem sido o ponto de encontro mais importante da capital para os jogos da seleção, superando até mesmo o Vale do Anhangabaú, onde acontece a Fan Fest.
Segundo a prefeitura, 25 mil pessoas assistiram a Brasil e Colômbia na festa oficial da FIFA no centro e 70 mil no bairro da zona oeste.
Eu estive lá. E o que eu vi não foi um carnaval de alegria.
Ainda que o tempo estivesse ameno, muitos homens andavam sem camisa e se instalavam na beirada dos corredores por onde as pessoas passavam para investir em qualquer mulher que atravessasse o caminho. Segurar no braço, cheirar o cangote e andar alguns metros acoplado à retaguarda das garotas era o roteiro.
Os banheiros químicos instalados próximos à festa liberavam um cheiro forte e o chão já começava a tomar contornos de lixão. Mas as pessoas pareciam se divertir, dançando, cantando, bebendo e beijando.
Não consegui observar tantos gringos quanto os relatos que li e alguns amigos que estiveram nas últimas festas diziam haver. Vi um ou outro fotografando com brasileiras e balançando o corpo ao som das músicas que animavam as rodas que se formavam aqui e ali.
Para assistir ao jogo havia o famoso telão da Aspicuelta com Mourato Coelho, que estava banhado pela luz do sol, outro telão menor e mal posicionado na Fradique Coutinho, ou as televisões dos bares instaladas na calçada. Então eu optei por um bar ali do lado que estivesse mais tranquilo.
Depois da partida, o ambiente era o mesmo, só que bastante mais intenso. O cheiro desagradável havia proliferado pelo lugar e os banheiros químicos tinham perdido suas funções (ao menos para os homens).
O chão estava empesteado de lixo e totalmente molhado, apesar de não ter chovido. Os plásticos sob os pés, somados à umidade e ao odor, davam a impressão de que se estava caminhando sobre o esgoto.
A íntegra.
sábado, 5 de julho de 2014
John Lennon, Be my baby
Quando eu acho que já ouvi tudo de John Lennon, descubro esta pérola, versão do clássico lançado por The Ronettes.
O futebol sem a Fifa
No primeiro tempo, o jogador colombiano chutou o joelho do Hulk, violentamente, deslealmente. Falta para cartão vermelho, mas o juiz não lhe deu sequer o amarelo. Dizem que foi instruído para não dar cartões que tirassem jogadores dos jogos finais. No segundo tempo, o mesmo jogador atingiu Neymar por trás, subiu nas suas costas, puxou seus ombros com as duas mãos e deu-lhe uma joelhada na coluna. Fraturou uma vértebra do craque, tirou-o do jogo e da Copa, afastou-o do futebol por sabe-se lá quanto tempo, oxalá sem sequelas. Mais uma vez o colombiano sequer levou cartão amarelo.
Não foi uma jogada normal. Assim como juízes, jornalistas estão cada vez mais tolerantes com a violência como "jogada normal". Dentro da área então, tudo é permitido: segurar, puxar camisa, empurrar, apoiar-se nos ombros do adversário, tudo. "Jogada normal" dizem os "comentaristas", muitas vezes obrigados a se contradizer quando a mesma cena é mostrada de um novo ângulo por outra das mil câmaras que hoje transmitem os jogos.
A falta violenta em Neymar não foi um lance normal de jogo. Foi sim um lance corriqueiro no futebol violento que vemos hoje e na breve vida deste craque que desde que surgiu com seus dribles desconcertantes de moleque vem sendo caçado em campo por adversários truculentos. Repare-se no corpo do tal colombiano: estaria melhor num ringue de luta livre. Mas isso também ficou normal no futebol, cada vez mais um jogo de atletas de um metro e oitenta, pesando noventa quilos ou mais, com muito mais músculos do que talento. Parece ser preciso estar fora do ambiente do futebol para perceber essa degeneração.
O episódio triste, que roubou a alegria da vitória e da passagem da Seleção para a semifinal, parece ter acontecido para nos lembrar que, apesar da bela Copa do Mundo que o Brasil está fazendo e do novo ambiente criado no país nas últimas três semanas, a Copa é da Fifa e tudo que ela faz, faz mal e não passa de propaganda, até mesmo escalar e orientar um árbitro ou coibir a violência.
Todos os descalabros ocorridos na organização da Copa vieram de exigências descabidas da Fifa, garantidas numa lei de exceção, a "lei geral da Copa", que pôs 12 cidades em verdadeiro estado de sítio, lotadas de policiais militares armados até os dentes, fechando espaços públicos com grades e veículos, agredindo populares e imprensa, como a Copa fosse uma guerra e não uma competição esportiva. E tudo isso para quê? Para garantir que a Fifa e as empresas que ela licencia ganhem muito dinheiro.
Os brasileiros não ameaçaram a segurança de jogadores e turistas para merecer tais violências. Tampouco a Fifa -- é preciso dizer claramente -- realiza a Copa pelas alegrias que o futebol proporciona, mas pelo dinheiro que ela ganha com ele, como entidade que detém o direito exclusivo de promover competições internacionais de futebol. Tudo que envolve a Copa dá lucro para a Fifa -- dos ingressos vendidos a peso de ouro aos álbuns de figurinhas, das transmissões dos jogos às publicidades de empresas licenciadas, da cerveja que o torcedor bebe ao sanduíche vendido no estádio. Tudo que envolve a Copa é licenciado e quem não paga à Fifa fica excluído da Copa... É por causa dos lucros que aufere que a Fifa realiza a Copa. Os critérios que orientam a entidade são essencialmente financeiros, suas campanhas de "fair play" e "contra o racismo" são pura perfumaria.
Se o craque uruguaio Suarez foi banido da Copa, do Brasil e do futebol por conta de uma mordida num italiano, que punição mereceria o colombiano que fraturou uma vértebra do Neymar? E o juiz que permitiu que tal acontecesse? E a Fifa, que o instruiu a "economizar" cartões? A mordida de Suarez foi ridícula, risível, e sua punição exagerada, um despropósito típico das arbitrariedades da Fifa. O chute no joelho de Hulk e a fratura na coluna de Neymar foram ações graves de um "atleta" que, como tantos outros, entra em campo para impedir que os jogadores talentosos joguem futebol. Não à toa, há milhares de Zuñigas no futebol atual e raros, raríssimos Neymares.
A Fifa tornou-se, há décadas, sinônimo de corrupção. A partir da Copa 2014, seu nome também estará ligado indelevelmente a arbitrariedades, desorganização e violência permitida dentro do campo. O futebol não precisa da Fifa, a Copa não precisa da Fifa, o mundo não precisa da Fifa. O Brasil demonstrou como pode ser uma boa Copa do Mundo. O mundo precisa demonstrar como pode ser o futebol sem a Fifa.
Não foi uma jogada normal. Assim como juízes, jornalistas estão cada vez mais tolerantes com a violência como "jogada normal". Dentro da área então, tudo é permitido: segurar, puxar camisa, empurrar, apoiar-se nos ombros do adversário, tudo. "Jogada normal" dizem os "comentaristas", muitas vezes obrigados a se contradizer quando a mesma cena é mostrada de um novo ângulo por outra das mil câmaras que hoje transmitem os jogos.
A falta violenta em Neymar não foi um lance normal de jogo. Foi sim um lance corriqueiro no futebol violento que vemos hoje e na breve vida deste craque que desde que surgiu com seus dribles desconcertantes de moleque vem sendo caçado em campo por adversários truculentos. Repare-se no corpo do tal colombiano: estaria melhor num ringue de luta livre. Mas isso também ficou normal no futebol, cada vez mais um jogo de atletas de um metro e oitenta, pesando noventa quilos ou mais, com muito mais músculos do que talento. Parece ser preciso estar fora do ambiente do futebol para perceber essa degeneração.
O episódio triste, que roubou a alegria da vitória e da passagem da Seleção para a semifinal, parece ter acontecido para nos lembrar que, apesar da bela Copa do Mundo que o Brasil está fazendo e do novo ambiente criado no país nas últimas três semanas, a Copa é da Fifa e tudo que ela faz, faz mal e não passa de propaganda, até mesmo escalar e orientar um árbitro ou coibir a violência.
Todos os descalabros ocorridos na organização da Copa vieram de exigências descabidas da Fifa, garantidas numa lei de exceção, a "lei geral da Copa", que pôs 12 cidades em verdadeiro estado de sítio, lotadas de policiais militares armados até os dentes, fechando espaços públicos com grades e veículos, agredindo populares e imprensa, como a Copa fosse uma guerra e não uma competição esportiva. E tudo isso para quê? Para garantir que a Fifa e as empresas que ela licencia ganhem muito dinheiro.
Os brasileiros não ameaçaram a segurança de jogadores e turistas para merecer tais violências. Tampouco a Fifa -- é preciso dizer claramente -- realiza a Copa pelas alegrias que o futebol proporciona, mas pelo dinheiro que ela ganha com ele, como entidade que detém o direito exclusivo de promover competições internacionais de futebol. Tudo que envolve a Copa dá lucro para a Fifa -- dos ingressos vendidos a peso de ouro aos álbuns de figurinhas, das transmissões dos jogos às publicidades de empresas licenciadas, da cerveja que o torcedor bebe ao sanduíche vendido no estádio. Tudo que envolve a Copa é licenciado e quem não paga à Fifa fica excluído da Copa... É por causa dos lucros que aufere que a Fifa realiza a Copa. Os critérios que orientam a entidade são essencialmente financeiros, suas campanhas de "fair play" e "contra o racismo" são pura perfumaria.
Se o craque uruguaio Suarez foi banido da Copa, do Brasil e do futebol por conta de uma mordida num italiano, que punição mereceria o colombiano que fraturou uma vértebra do Neymar? E o juiz que permitiu que tal acontecesse? E a Fifa, que o instruiu a "economizar" cartões? A mordida de Suarez foi ridícula, risível, e sua punição exagerada, um despropósito típico das arbitrariedades da Fifa. O chute no joelho de Hulk e a fratura na coluna de Neymar foram ações graves de um "atleta" que, como tantos outros, entra em campo para impedir que os jogadores talentosos joguem futebol. Não à toa, há milhares de Zuñigas no futebol atual e raros, raríssimos Neymares.
A Fifa tornou-se, há décadas, sinônimo de corrupção. A partir da Copa 2014, seu nome também estará ligado indelevelmente a arbitrariedades, desorganização e violência permitida dentro do campo. O futebol não precisa da Fifa, a Copa não precisa da Fifa, o mundo não precisa da Fifa. O Brasil demonstrou como pode ser uma boa Copa do Mundo. O mundo precisa demonstrar como pode ser o futebol sem a Fifa.
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