sábado, 14 de maio de 2011

Chuva em Buenos Aires

Chuva (Lluvia), filme argentino em cartaz no Belas Artes. A página da Usiminas informa que o filme é de 2010, mas não é, é de 2008 e em 2009 participou do Festival de Gramado (o descaso da Usiminas com os cinemas que patrocina é evidente). Os argentinos também encontram seu jeito de fazer cinema, fenômeno que ocorre em todo o mundo. O cinema é uma arte, o cinema de Hollywood é apenas uma das suas possibilidades, a predominante e a mais pobre, mais fácil, embora sustentada por muito dinheiro e tecnologia. Quando diretores de qualquer país, como a argentina Paula Hernández, contam uma história para a câmara estão inventando sua forma de fazer arte. Cinema é isso, uma história a partir de uma situação: chuva. Não é preciso preencher todos os espaços com uma história densa e repleta de explicações. Importa a forma de contar – a história brota da experiência humana. Sensibilidade, talento, competência. Bela música, bela fotografia, bons atores. Uma história. Com a marca argentina, mais europeia do que latinoamericana. Paula Hernández conta a história com ritmo (de chuva?), acrescentando informações à medida que a narrativa exige, sem pressa, contendo, para criar o mistério, que não há, afinal, que é corriqueiro, como nossas vidas. Cinema é ilusão, arte é ilusão, o ser humano é ilusão: inventamos a nós mesmos em busca da nossa importância transcendental e nossa invenção ilude o outro, a geração seguinte. Presos no cinema, como se fica preso na chuva ou no trânsito, prestamos atenção, observamos, nos distraímos, esperamos o fim. Um belo filme argentino.