quinta-feira, 5 de maio de 2011

O fenômeno cultural do novo carnaval belo-horizontino

Dá alento ver que tem mais gente percebendo o enorme retrocesso da administração Lacerda. Como diz a matéria e mostra o vídeo, pular carnaval em BH é um ato subversivo, reprimido pela PM de Anastasia, com escopeta e gás lacrimogêno. Os truculentos policiais parecem dizer: "Que negócio é esse de querer ocupar espaços públicos?!" Na cidade de Lacerda e Anastasia, em que praças são reformadas, mas não se pode pisar na grama, espaços públicos são apenas imagem de propaganda para atrair turistas para a Copa.

PATÉTICA from Pulsatrix on Vimeo.


Do overmundo.
Chuta a família mineira!
Makely Ka
Esse é o refrão de uma das marchinhas que se pôde ouvir pelas ruas do Centro de Belo Horizonte nas ultimas semanas, mais especificamente no Bairro de Santa Tereza e nas imediações da Praça da Estação nos sábados à tarde. Não é o único, mas chama a atenção ser justamente esse um dos mais cantados. Vale destacar alguns aspectos no mínimo curiosos desse fenômeno, que traz consigo toda uma nova perspectiva cultural, política e comportamental para a cidade. Em primeiro lugar se destaca a afronta clara a uma idéia de moral e bons costumes representados pela tradicional família mineira. O imaginário nacional que se criou em torno de Minas Gerais dá conta de um estado que abriga uma população conservadora e recatada, passiva e ingenuamente desconfiada. Esse imaginário remonta ao período colonial, formando uma espécie de caricatura generalizada que não corresponde às transformações ocorridas no decorrer do processo de urbanização intensa de Belo Horizonte e das principais cidades do estado nas últimas décadas. Chutar a família mineira é, portanto, mais do que uma simples agressão verbal, um grito de inconformismo, uma tomada de consciência e uma chamada para si de responsabilidade. Não é gratuito o fato de que o movimento do carnaval de rua, que popularizou a marchinha desbocada, seja de certa forma o desdobramento de um protesto lúdico e inusitado contra um decreto municipal que proibia eventos nas praças públicas da cidade. Mais do que contestar o decreto que dá prosseguimento ao processo de higienização urbana e prepara o terreno para a especulação comercial dos espaços públicos da cidade, a Praia da Estação é uma manifestação espontânea, um happening em resposta à suposta passividade e conservadorismo dos mineiros.
A íntegra.