quarta-feira, 11 de maio de 2011
O provincianismo das placas de obras da prefeitura
Além de administrar a cidade como se fosse sua empresa, o prefeito milionário Lacerda é de um provincianismo impressionante. As placas que espalhou pela cidade em qualquer buraco que fura têm escrito em letras garrafais "obra da prefeitura". Como fazem os prefeitos de cidadezinhas do interior que querem capitalizar benfeitorias possibilitadas por recursos federais. O famoso "fui eu que fiz". Se a legislação permitisse, certamente ele colocaria seu nome nas placas. É claro que as placas – imensas, feias e fincadas em locais inadequados, obstruindo a passagem dos pedestres e poluindo a paisagem, como as outras placas de propaganda que ele mesmo mandou arrancar, no único ato razoável do seu governo – precedem as obras. A gente vê placa anunciando obra que não está sendo feita; também permanecem durante longo tempo depois que a "obra" acabou. Obras simples, corriqueiras, que qualquer administrador competente faria em uma semana ou um mês – como a da Savassi, que vai levar um ano e meio para ficar pronta nas vésperas da eleição do ano que vem e se fazer bastante propaganda em cima dela. É bom lembrar que ele multiplicou por oito o orçamento de publicidade da prefeitura este ano. Fazer obra é obrigação, prefeito é eleito para isso mesmo, e o dinheiro que ele usa, embora pense ser da empresa dele, é público. Tudo que é feito hoje em dia envolve recursos federais e estaduais, quando não estrangeiros. O mérito de um prefeitinho é muito pequeno, e o maior é quando melhora a cidade radicalmente sem alarde, como fizeram Patrus e Célio de Castro. Prefeito deve ser discreto, eficente e democrático, qualidades que Lacerda desconhece. O que melhora a cidade para seus moradores é o transporte público de qualidade – e o de BH é péssimo, caótico; é a educação pública de qualidade – e Lacerda neoliberal está privatizando as escolas; é a saúde pública de qualidade – idem; são áreas públicas amplas, numerosas e agradáveis para a população usufruir – mas Lacerda proibiu o uso da Praça da Estação, vendeu 80 terrenos públicos, vendeu o Mercado da Barroca e está vendendo o Mercado do Cruzeiro, para que seus amigos empresários do setor imobiliário possam construir mais arranha-céus, como se a cidade já não os tivesse bastantes. A presença da autoridade, fazendo valer a lei para os mais fortes que não respeitam o povo, também ajuda, mas o que vemos é a total omissão da prefeitura e do governo do estado. A PM não aparece quando a gente precisa, a Guarda Municipal ninguém sabe pra que serve, a BHTrans desaparece das ruas quando o trânsito congestiona, os fiscais batem papo em bandos, fingindo não ver o que acontece do seu lado... A lógica da segurança e lotar a cidade de câmaras de vigilância, porque assim têm de comprar equipamentos caros de empresários que financiam campanhas. Enfim, BH é uma cidade sem autoridade. Nunca tivemos tantas polícias e ao mesmo tempo tanta ineficiência policial. Nos dias atuais, Belo Horizonte é cada vez pior para seus habitantes e "cada vez melhor" nas propagandas oficiais.