Mais uma aula de história do Breno Altman. Desta vez, a aula inclui o PCB, o Partido Comunista Brasileiro, o partidão, sua trajetória sinuosa e contraditória e suas inúmeras defecções e dissidências, das quais Carlos Marighella é das mais famosas (antes de ser petista, B.A. foi do PCB; trocou o partidão pelo PT e Stalin por Lula). Estamos vivendo uma época rica em debates na esquerda. Podcasts, transmissões de programas, noticiários, debates, palestras etc. via YT. Espero que tudo isso seja também fértil em novas forças políticas de esquerda. É um fenômeno intelectual, reúne e atrai classe média, acadêmicos, estudantes, militantes diversos. As grandes forças sociais estão no trabalho, nos locais de trabalho, nos ambientes sociais, não nos virtuais, são os trabalhadores, e estes estão desorganizados, desmobilizados, e quando se mobilizam o fazem em torno de movimentos sociais conservadores, reacionários, de direita e extrema direita, isto é, das igrejas evangélicas e do bozoísmo. Isso acontece porque a esquerda, o PT e Lula se afastaram das suas bases sociais nas últimas décadas e se dedicaram a administrar o Estado capitalista, deixando o povo para a militância e as ideias da direita e da extrema direta. Esse fenômeno de discussões na esquerda expressa o fim de um ciclo, o ciclo protagonizado pela liderança do Lula e do PT, sendo que este foi sempre um instrumento daquele. Breno Altman é uma das principais estrelas do fenômeno e um dos principais expoentes do lulopetismo. Destaca-se por sua cultura ampla e por suas posições marxistas. É um marxista stalinista, o que é muito interessante, porque o stalinismo é o marxismo vitorioso, por assim dizer, e Altman mostra como funciona o pensamento de um stalinista, isto é, de um marxista vitorioso. É diferente do pensamento dos trotskistas, que são muito mais brilhantes, a exemplo do seu ídolo, Leon Trotski, o político revolucionário mais importante do século XX, porém foram e continuam sendo sempre derrotados, minoritários, oposição etc. (Trotski liderou a derrota dos inimigos externos da revolução russa, mas foi derrotado pelo inimigo interno, Stalin). O stalinista Altman é um marxista vitorioso mais uma vez, porque pode-se negar todas as qualidades ao PT, mas não se pode negar que, seguindo devotadamente o Lula (assim como os marxistas vitoriosos se curvaram ao Stalin), o PT é um partido vitorioso, mais do que foi o PTB e ao contrário dos demais partidos que pretenderam representar os trabalhadores brasileiros até hoje. É a vitória do Lula que legitima o discurso do Altman. A ponderada, culta, ilustrada e convincente retórica do Breno Altman é cheia de falácias, justificadas pelo cerne do pensamento stalinista, isto é, marxista vitorioso: se deu certo é porque é certo, é marxista, é materialista. Quem pensa diferente, como o Nildo Ouriques (com quem Altman debateu em alto nível, porque Ouriques é, como diz o Altman, "muito preparado", um dos marxistas mais qualificados do país, e de fato demonstra isso), é "idealista", porque não vê a realidade vitoriosa dos fatos que se resumem ao Lula, ao governo petista "de frente ampla", às vitórias eleitorais. Fora do Lula e do PT, não há salvação, diz a cartilha do Breno Altman, em resumo, assim como fora do Stalin e do Estado soviético não havia salvação para os comunistas, para os marxistas vitoriosos.
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