O fim do mundo está a caminho, mas a gente, de dentro, não percebe. Não tem nada a ver com 2012, mas com a destruição do planeta pelo capitalismo. As condições de vida vão desaparecendo. O hábito diário de tomar mel vai se tornar um luxo, mas isso é de menos: a falta da abelhas afeta toda a flora, toda a agricultura, toda a produção de alimentos. Qual a causa do desaparecimento das abelhas? Agrotóxicos. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Agir para reverter o quadro implica em mexer com os interesses da Monsanto e de outras empresas gigantescas, que têm lobbies poderosíssimos, gente dentro dos governos. Significa mexer com o modelo agroexportador, com as grandes empresas produtoras de grãos, com grandes latifundiários, com a poderosa bancada ruralista do Congresso, que tem até um deputado comunista (!) e está mudando o Código Florestal. As abelhas são trabalhadoras não remuneradas do ambiente, mas o capital só entende a linguagem do dinheiro. O lucro é incapaz de impedir o desaparecimento das abelhas. Precisamos de outro sistema, outra lógica, outros valores para a humanidade seguir em frente. O capital, por exemplo, investe muito em tecnologia, para aumentar a produtividade, mas quase nada em conhecimento sobre os hábitos dos bichos – as abelhas, por exemplo – e sua influência sobre o meio ambiente. Por conta do capitalismo, é cada vez mais lucro até o fim, até a Terra virar uma grande bola de lixo. Os EUA, de onde as abelhas sumiram primeiro, estão importando colmeias. Sem abelhas, não tem mel, também não tem maçãs, não tem outras frutas, não tem nem soja. Será que quando a produção de soja cair, os latifundiários capitalistas vão repensar seu projeto de derrubar a Amazônia, depois de destruirem o Cerrado?
Do IHU On-Line.
As abelhas sumiram!
Entrevista especial com Afonso Inácio Orth
Primeiro, as abelhas começaram a desaparecer nos Estados Unidos, depois no Canadá e, então, no Brasil. "Nós, em Santa Catarina, tivemos um problema muito sério na primavera passada. Aliás, esse problema tem se agravado muito e sempre nesta mesma épóca do ano", explica o professor Afonso Inácio Orth, um dos principais especialistas em abelhas do país e que tem acompanhado os estudos que buscam respostas para o desaparecimento dos insetos desde que este problema foi detectado. "O primeiro grande risco é a fragilização da produção mundial de alimentos, principalmente pelo fato de nós dependermos quase que exclusivamente das abelhas. Além disso, um risco secundário, mas não menos importante, é o de afetarmos toda a ecologia local, porque essas abelhas também acabam polinizando as plantas nativas e, a partir do momento em que você elimina os polinizadores, essas plantas nativas deixarão de se reproduzir e, com isto, nós poderemos estar alterando profundamente os ecossistemas", apontou na entrevista que concedeu à IHU On-Line por telefone.
A íntegra.