Um bom artigo do Luís Nassif.
Os 100 dias de Dilma e a consolidação do modelo Lula
Para analisar os cem dias de Dilma, é necessário entender o projeto de país de Lula. Não é um projeto teórico, fruto de elucubrações intelectuais. Mas algo que sai da própria formação política de Lula e ganha corpo especialmente quando pega as rédeas do governo – no segundo mandato. (...) O ponto novo do projeto Lula – de certo modo semelhante ao projeto Vargas – é o de romper com essa dicotomia e passar a noção de conjunto – ou seja, somos todos peças de um mesmo todo; e esse todo é a soma de todas as peças Daí a importância da consolidação do sentimento de Nação e o papel do estadista na explicitação desse modelo. Esse modelo foi exemplarmente explicado por Lula no evento de premiação da Carta Capital em 2009. (...) No evento da Carta Capital, Lula virou-se para Ivan Zurita, presidente da Nestlé, e lhe disse que os lucros da empresa eram excepcionais. E sabe a razão? Os recursos que iam para o Bolsa Família, o aumento do salário mínimo que permitiram o surgimento de uma nova classe consumidora. Lula conseguiu conduzir a maior política de inclusão social do país minimizando os conflitos de maneira inédita na história contemporânea, justamente através dessa estratégia de juntar todas as peças e mostrar que o país era a soma de todos. (...) A própria consolidação do governo Lula como de centro-esquerda permitiu esse pacto econômico-social. No final dos dois mandatos, tinha-se conseguido a pax de Lula. A prova estava nas entrevistas entusiasmadas de Roberto Setúbal, Abílio Diniz, Gerdau e outros campeões do setor privado. Restou um ponto de conflito: a velha mídia com seu poder de influência sobre a classe média convencional – média e alta gerência, classe B menos.
A íntegra.