quarta-feira, 27 de abril de 2011

O fim das sacolas plásticas, educação e malandragem

Interessante o texto abaixo neste momento em que estamos mudando este hábito em Belo Horizonte. Hábito é questão de educação e educação é saber o que é melhor (melhor pra mim é também o que é melhor para os outros), o que é preciso fazer. Holandeses não são bacanas porque são europeus civilizados, como pensam nossas elites provincianas. Eles são educados, porque lá educação é importante, enquanto aqui as elites põem seus filhos em escolas particulares caras e estão se lixando para a educação pública, comportamento que já demonstra profunda falta de educação. E educação é uma questão de vontade política, como o fim das sacolas plásticas. O que os governos são capazes de fazer quando querem! (Aliás, a notícia sobre o fim das sacolinhas em Sampa mostra bem como funciona o capitalismo: as empresas reclamando do "desemprego" que a medida vai provocar. Como se não demitissem sem qualquer pudor quando uma máquina moderna substitui trabalhadores, agiliza a produção e reduz custos. Daí formam lobbies que impedem mudanças racionais em beneficio de todos. Foi quase um milagre que essa lei tenha passado na BH do prefeito Lacerda.) Logo vamos mudar nosso hábito e esquecer que usávamos centenas e centenas de sacolas plásticas todos os anos e depois simplesmente nos desfazíamos delas, as jogávamos no lixo, sem nos preocupar com o que acontecia. Os holandeses têm uma terra pequena, com poucos recursos, não podem se dar o luxo de não se preocuparem com o lixo, como nós, que temos terra, água e mata em abundância, por isso vamos destruindo tudo, sabendo que ainda tem mais. O holandeses fazem o que todos no planeta vamos ter de fazer, mais dia menos dia: pensar no consumo como um círculo fechado, no qual o lixo volta para nós, de alguma forma. O que acaba sendo uma filosofia de vida: tudo que fazemos tem consequências e consequências sobre a nossa vida. Isto está além do capitalismo, que é imediatista, que consome os recursos sem pensar nas consequências, que quer aumentar infinitamente a produção de riquezas, embora os recuros naturais sejam finitos. Me parece que aqui tem uma malandragem ainda no fim da sacola plástica: o uso de uma nova sacola, que o supermercado vende por 19 centavos e que seria biodegradável? É uma sacola contestada por ecologistas, que em vez de melhorar, pioraria a situação. Tem gente ganhando dinheiro com isso e vai ganhar muito mais até essa história ficar bem contada. Afinal, se sacolinhas comuns tem mil fabricantes, quantos detêm a tecnologia da nova sacola plástica? O negócio é fazer como os holandeses mesmo: sacolas permanentes e caixas de papelão. Como era antigamente.

Do Blog do Nassif.
O manejo do lixo na Holanda
Por Rodrigo Queluz (Comentário ao post O fim das sacolas plásticas em SP)
Estou há 3 semanas agora morando na Holanda, e me impressiono com a rigidez da população em relação ao lixo. Moro em uma cidade do interior (Nijmegen) e a coleta é extremamente seletiva. O lixo comum deve ser colocado em uma sacola especial, comprada no supermercado, que possui um lacre. O plástico deve ser colocado em outra sacola especial, e tem dia e horário para passar (quinta de manhã). E o papel também deve ser separado, e é coletado uma vez por mês. O que você tiver de vidro, você pode levar ao supermercado e trocar por dinheiro. Não muito, mas é alguma coisa. As pessoas têm por hábito levar sacolas retornáveis, mochilas, e coisas assim para o supermercado. E os que reclamam de andar ou algo assim, as pessoas aqui carregam todas as compras equilibradas em sua bicicleta. Se precisar, você pode solicitar sacolas, mas não é comum, e você não tem o que fazer com as sacolas depois.
A íntegra.