A primeira utopia política nasceu na Grécia, a República de Platão, e era reacionária e elitista. Os gregos praticavam a democracia direta, em praça pública, sem participação, no entanto, dos escravos, que eram muitos. Platão, discípulo de Sócrates, não gostava da democracia, que tinha levado seu mestre à morte com cicuta. Achava que a democracia possibilita a demagogia e que o povo é ignorante e manipulável, quem sabe das coisas são os filósofos, e eles é que deveriam governar. Inventou a utopia tecnocrata. Um ótima leitura a respeito, além de a melhor reportagem já escrita, é O julgamento de Sócrates, do jornalista americano I.F. Stone. Os militares brasileiros que mandaram durante 21 anos pensavam como Platão e punham ordem na casa para que os Delfins Netos e Robertos Campos da vida fizessem as coisas certas, sem a tal demagogia. Não funcionou, é claro, porque a corrupção na ditadura é ainda maior e porque os sábios tecnocratas demonstraram ser incompetentes, levando o país a se endividar como nunca e a inflação a crescer muito mais do que nos tempos do presidente que eles derrubaram. O gregos também viveram sob uma ditadura militar, nos idos de 60 e 70. Agora estão nas ruas contra os ajustes exigidos pelo FMI. O parlamento aprovou, o que nos leva a concluir que o parlamento não representa a vontade do povo. Como sempre, o partido socialista, que é o partido capitalista da reforma, desde o século XIX, lidera o processo parlamentar. Quem lidera o povo? Há um século, os comunistas nasceram para isso, mas o que aconteceu depois, com o stalinismo, todos sabemos. O problemas continuam e as soluções capitalistas também são as mesmas: ajuste significa tirar do povo e dar ao capital. É assim que o capitalismo funciona, porque funcionar para o capitalismo significa concentra renda, acumular capital, entre uma crise e outra, que não são defeitos, mas partes integrantes do sistema. Questionar essa lógica, distribuir renda em vez de concentrar, é tirar o ar que mantém o capitalismo vivo.
Da Agência Carta Maior.
Cercado por multidão, parlamento grego aprova plano do FMINum parlamento cercado por manifestantes, o primeiro-ministro socialista conseguiu a maioria dos votos para um novo plano de privatizações, cortes salariais e aumento de impostos, uma condição imposta pelo FMI para emprestar mais 17 bilhões de euros à Grécia. Nas ruas, milhares de pessoas manifestaram-se contra o novo plano de austeridade, no segundo dia de greve geral. Foi a primeira vez desde o fim da ditadura militar que os gregos entraram em greve por mais de 24 horas.Esquerda.netO plano de austeridade passou por 155 votos contra 138, tendo um deputado do Pasok (Socialista) votado contra o seu partido e um deputado da oposição apoiado o plano do governo. Nas ruas, milhares de pessoas manifestaram-se contra o novo plano de austeridade, no segundo dia de greve geral. Foi a primeira vez desde o fim da ditadura militar que os gregos entraram em greve por mais de 24 horas. A noite de terça-feira ficou marcada por confrontos nas ruas entre a polícia e grupos de manifestantes e mesmo depois do anúncio da votação têm-se repetido as cenas de violência. Milhares de policiais foram destacados para a zona do parlamento e dispararam gás lacrimogêneo e balas de borracha sobre os manifestantes. Depois das dezenas de feridos nos confrontos de terça-feira, a Praça Syntagma voltou hoje a ser transformada num campo de batalha, com milhares de pessoas em fuga e a polícia a tentar encurralá-las nas ruas mais estreitas daquela zona da cidade. O correspondente da BBC em Atenas afirma que bombas de gás lacrimogêneo foram atiradas para a estação do metrô, fazendo diversas pessoas cair nas escadas, sufocadas. Cerca de 500 pessoas receberam assistência no interior da estação, com problemas respiratórios devido à nuvem de gás que percorria o centro de Atenas.